O dinheiro ou
moeda é um direito que os consumidores têm a uma determinada quantia de
mercadoria. Quando o governo, escorado na falácia da “teoria geral” de Keynes
de que o défice promove o emprego e lida com os problemas do juro e do
dinheiro, acaba gerando inflação, o direito do consumidor àquela quantia inicial
de bens e serviços é suspenso temporariamente ou permanentemente, o que
corresponde a ditadura ou tirania económica do estado sobre o consumidor,
respectivamente.
O dinheiro é um dos assuntos centrais da
economia e se calhar o mais importante. Os economistas dizem que o “dinheiro” é
moeda e como tal é qualquer coisa que é geralmente aceite como meio de troca.
Agora, o dinheiro ou moeda tem aceitação geral porque tem curso legal. Então,
entramos no âmbito do direito.
Todos sabemos que aquilo a que os
economistas chamam dinheiro ou moeda, eles também o chamam de papel-moeda.
Deste modo o metical é o papel-moeda de Moçambique, o dólar é papel-moeda dos
EUA, a libra é o papel-moeda do reino unido, etc. Sabemos também que o papel
tem apenas valor de troca mas não tem valor de uso e que nós só o aceitamos
porque tem curso legal.
Do dado de que o dinheiro ou moeda tem
curso legal pode-se deduzir que o dinheiro é um direito a uma quantia determinada
de mercadoria. Ora, Simone Weil disse que “direito é dever de outrem”. Ou seja,
se o dinheiro é direito a uma quantia determinada de mercadoria tem que
necessariamente existir alguém cujo dever é prover essa quantidade de
mercadoria caso contrário esse direito é meramente uma cenoura de burro, digo,
uma ideologia para contentar a massa de idiotas úteis e perseguir adversários
políticos, dado como pressuposto que o conceito de política endossada é nos
termos schimitiano de “amigos-inimigos”.
É impossível falar de dinheiro ou moeda
sem se falar de um facto económico chamado “inflação” que é a subida contínua e
sustentada do nível geral de preços. Não temos como tratar o dinheiro
dissociado da inflação porque, como disse Milton Friedman, o expoente máximo da
escola monetarista, “a inflação é sempre e em toda parte um fenómeno
monetário”. É por isso que eu disse que o dinheiro está no centro mesmo da
teoria económica porque se você eliminar o dinheiro acabou a economia.
Você pode dizer: “ah, mas se eliminarmos o
dinheiro acaba o capitalismo e não a economia”. Isso é falso porque não existe
economia a não ser economia capitalista de modo que o capital é economia e
economia é capital. Quando Marx escreveu “O Capital”, ele não estava falando
contra o capitalismo e a favor da economia socialista. Ele estava falando
contra a economia mesmo porque a economia socialista é uma cenoura de burro. Já
em 1921, o economista austríaco Ludwig Von Mises dizia no seu livro “o cálculo
económico no socialismo” que a economia socialista é um quadrado redondo, ela é
pura e simplesmente inviável como também demonstrei em outros artigos sobre
essa matéria. Então, se você elimina o dinheiro você destrói a economia e é por
isso que eu disse que o dinheiro ou moeda está no eixo da economia.
Quando ocorre a inflação o dinheiro perde valor
real. Sendo o dinheiro um direito a uma quantia determinada de mercadoria isso
significa que o seu direito a aquela quantia de mercadoria foi violado.
Portanto, estamos perante um “direito injusto” como diria Rudolph Stammler.
Porque, se no sentido romano da jurisprudência, ou seja, do senso prudente de
medida, justiça é dar a cada um o que é de cada um, dura lex sed lex, o alcance do da justiça se torna inviável. Agora,
isso ocorre quando o governo, escorado na falácia auto-hipnótica da “teoria
geral” de Keynes de que o défice resolve os problemas do emprego, juro e
dinheiro, faz de filho pródigo e gasta para além do que os impostos colectados
podem pagar.
Já vimos num outro artigo postado neste blog que quando o governo incorre em
défice ele acaba se endividando, quer internamente, quer externamente e que a
consequência disso é sempre e em toda parte uma espiral inflacionária e a
estagnação da economia. Então, o povo paga quer pelo desemprego, quer pela
inflação porque, no final das contas, inflação também é imposto, um imposto
negativo.
De modo que quando o governo diz que o IVA
é 17%, isso não passa de um discurso exotérico para contentar a massa de
idiotas úteis. Por quê? Porque o governo só está a fazer referência ao imposto
positivo e olvida qualquer referência ao imposto negativo que é a inflação. Também
é totalmente falaciosa a crença de que existe neste país pessoas que não pagam
imposto porque sendo a inflação um fenómeno geral ele afecta a todos não da
mesma maneira evidentemente mas ele é um imposto negativo que todos pagam sem
saber.
Sabemos que a inflação de consumo em Moçambique,
o IPC, é de mais de 20%. Deste modo, o consumidor paga de imposto os 17% do IVA
que é o imposto positivo mais os 20% da inflação que é o imposto negativo, o
que totaliza por volta de 30% de impostos sobre o consumo.
Sendo o dinheiro um direito e sendo que a
inflação corrói o poder de compra desse mesmo dinheiro, pode-se concluir que,
no final do dia, a inflação é uma suspensão do direito do consumidor a uma
certa quantia determinada de bens e serviços. Ora, se essa suspensão por
temporária, então, temos uma ditadura económica do estado sobre os consumidores
mas se ela for permanente, então, temos uma tirania económica do estado sobre
os consumidores que pela inflação vêem suspensos os seus direitos económicos à
quantia de mercadoria constante do valor de face do dinheiro ou moeda em seu
poder.
ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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