sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Quem paga os títulos do tesouro que você compra?

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Da exposição a cima feita fica claro que quem paga o título da dívida pública que você compra do estado é você mesmo.
Quer dizer, você compra o título da dívida pública, o que significa que você dá dinheiro ao estado em troca de títulos. Quando chega a data do vencimento do título o estado lhe cobra imposto e depois pega nesse imposto e lhe paga de volta e você fica satisfeito quando, na verdade, você apenas perdeu.

Diz-se que é sempre melhor emprestar seu dinheiro ao estado, comprando os títulos de dívida pública: bilhete de tesouro e obrigações de tesouro, do que emprestá-lo ao privado alegadamente porque um privado está sujeito a falência enquanto o estado permanece para sempre.

Não é preciso fazer muito esforço mental para perceber que essa proposição é falaciosa e que deve ser rejeitada in limine. Não é mais vantajoso você emprestar seu dinheiro ao estado e nem é verdade que o estado permanece para sempre. Os estados também vão a falência e estão sujeito a desaparecer como qualquer outra coisa debaixo do sol e não é preciso ser um historiador da dimensão de um Arnold Toynbee para saber que quando os estados perdem a dinâmica, eles desaparecem.

Quando as pessoas físicas e as pessoas jurídicas vão ao open market para comprar títulos de dívida pública, a primeira pergunta que deveriam fazer é, pois a seguinte: “como é que o estado vai pagar o principal e os juros?” Porém, infelizmente, as pessoas não se colocam essa questão tão simples.

Diz-se que o estado não produz. Isso não é totalmente verdade, mormente num estado socialista em que impera a planificação central porque o estado, aí, é dono das empresas públicas e dos factores de produção. Numa economia de livre-mercado, o estado pode não produzir bens, porém, ele sempre vai produzir serviços públicos. A emissão de B.I., passaporte, defesa e segurança, etc., são serviços oferecidos por qualquer estado do mundo.

Quando olhamos para os EUA que ninguém pode dizer não ser uma economia de livre mercado, o estado não produz apenas serviços mas também bens militares que depois acabam tendo uso civil como microondas, computadores, internet, GPS, etc.

Vendendo esses bens e serviços, os estados conseguem arrecadar alguma receita, a que chamamos de receita parafiscal. Porém, a fonte mesma, por excelência das receitas do estado são as receitas fiscais, portanto, os impostos directos (IRPC, IRPS) e os impostos indirectos (IVA). Quem paga os impostos directos? As empresas e seus trabalhadores. Quem paga os impostos indirectos? Todos os consumidores.

Quando os impostos não são suficientes para cobrir os gastos fixados no orçamento, temos o défice orçamental. Para financiar o défice orçamental o estado recorre ao endividamento público interno e externo através, por exemplo, da emissão de títulos de dívida pública. Então, voltamos àquela questão inicial: “quando você compra um título de dívida pública, onde é que o estado arranja o dinheiro para pagar isso?”

Da exposição a cima feita fica claro que quem paga o título da dívida pública que você compra do estado é você mesmo. Quer dizer, você compra o título da dívida pública, o que significa que você dá dinheiro ao estado em troca de títulos. Quando chega a data do vencimento do título, o estado lhe cobra imposto e depois pega nesse imposto e lhe paga de volta e você fica satisfeito quando, na verdade, você apenas perdeu.

Um exemplo:

O João é empresário. O estado está a vender bilhetes de tesouro e João vai e compra um bilhete de tesouro no valor de $ 35.000 U.M. Na véspera do vencimento do título, o estado cobra ao João pelo exercício da sua actividade empresarial um IRPC no valor de $ 200.000 U.M. O estado pega nesse dinheiro e paga ao João $ 40.000 U.M pelo principal e juros do bilhete de tesouro. No final das contas, o estado fica com $ 160.000 U.M e o João fica, apenas, com $ 40.000 U.M.

É isso que acontece quando você, ao invés de colocar seu dinheiro num banco comercial a capitalizar, o empresta ao estado. Poderão, alguns, dizer que essa consignação não existe, que o estado não paga a dívida que tem para com o João com o dinheiro do João mas com o dinheiro do Pedro, do Tiago, do Tristão, etc. contudo, isso não muda o resultado final do jogo de que o estado sempre ganha mais $ 120.000 U.M que o João.

Quando você coloca seu dinheiro no banco numa conta a prazo, é certo que o banco vai usar seu dinheiro para conceder empréstimo aos tomadores que, por sua vez, pagarão juros ao banco que o banco repartirá com você. Neste caso, se João tivesse colocado as $ 35.000 U.M num banco comercial, ele ganharia as $ 40.000 U.M do exemplo anterior, porém, o banco comercial não ganharia mais do que $10.000 U.M porque ele não pode obrigar, por meio do IRPC ou IRPS, o João a pagar a dívida que o banco tem com o João.

Isso é a coisa mais óbvia do mundo. Não se ganha nada emprestando dinheiro ao estado. Só se perde. Mas parece que as pessoas se tornaram incapazes de pensar como economistas. O economista busca a racionalidade económica a qual consiste na análise custo-benefício, procurando alcançar o máximo de benefício possível com o menor custo possível. Caso contrário, prodigalizaremos recursos escassos, o que só atestara a falta de compreensão do que é a verdadeira acção humana, a qual se funda na escolha de meios escassos tendo em vista fins alternativos mas sempre em busca da satisfação das necessidades humanas de consumo, produção e bem-comum.

ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|   shathreksousa@gmail.com

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