Uma das grandes críticas que os neoclássicos faZem contra o estado é pois o seu excesso de despesas. Que o estado gasta cada vez mais, isso ninguém pode negar. Na verdade, as despesas do estado tendem a aumentar de um exercício econômico para o outro. Isso nos dá bem a ideia de qual é a natureza dos Estados que temos ou que preponderam hoje em dia. Um estado mais conservador tende a ser parco nas suas despesas. Porém, um estado progressista ou mais progressista tende a ser um estado mais inchado, mais gastador. Podemos assim dizer que os Estados que temos hoje em dia são progressistas ou menos conservadores.
Temos um estado cujas despesas são muito elevadas, muito acima até do tecto orçamental. Qual a saída para isso? Geralmente aqui surgem duas posições que se ob põe. Temos a corrente clássica e neoclássica e temos a corrente keynesiana. A corrente clássica e neoclássica vamos chamar de corrente ortodoxa e a corrente keunesiana e neokeynesiana vamos chamar de heterodoxa. A corrente ortodoxa advoga o equilíbrio orçamental. Nestes termos, as despesas do governo ou do estado devem ser financiados com recursos vindo dos impostos ou receitas fiscais. Os heterodoxos dizem que o déficit orçamental não é mau porque estimula a actividade econômica através da demanda efectiva.
Neste ensaio não queremos olhar para a corrente heterodoxa mas apenas para a corrente ortodoxa. Se o correcto é ter um equilíbrio orçamental e, no entanto, as despesas estão a crescer a solução que os ortodoxos oferecem é o corte das despesas do estado ou do governo. Porém, é aqui onde está o problema porque os hterodoxos vão perguntar: "você quer cortar as despesas mas qual despesa você vai cortar"? Realmente, essa tem sido uma questão difícil de obter resposta e resposta satisfatória da parte dos neoclássicos.
Hoje em dia, todos os Estados do mundo perseguem ou tem como alvo aquilo que se chama de economic walfare ou seja, bem estar. Ora, os pilares do chamado bem estar são (3) três, nomeadamente: 1) sistema de educação; 2) saúde e 3) providência ou segurança social. Voltamos a questão anterior: onde o estado vai cortar? Se cortar num dos itens acima, o estado será acusados ser contra o bem-estar. Não obstante há clamores que tem sido feitos todos os dias pelos deputados, sociedade Civil, etc., para que o estado melhore a educação, a saúde, saúde segurança, etc. Contudo, surge uma outra questão, a saber: como o estado vai fazer isso sem aumentar os seus gastos? Quer dizer, as mesmas pessoas que defendem um estado de bem-estar são as mesmas que exigem uma política de austeridade e não entendem que essas duas coisas são mutuamente exclusivas e, portanto, incompatíveis um com o outro.
Os neoclássicos e os clássicos caem na sua própria armadilha. Eles defendem um estado mínimo. Porém, defender um estado mínimo é defender a permanência do estado. Portanto, é defende o estado. Contudo, como disse Jesus Huerta de Soto, o erro que eles cometem é pressupor que uma vez que tenham conseguido seu estado mínimo o estado permanecerá mínimo para sempre o que é um erro porque uma vez que se aceita a existência do estado tem que se aceitar o facto de que ele vai crescer. Na verdade, a tendência do estado é de se tornar num leviata como diria David Hume, ou seja, sua tendência é se rornar num poder totalitário.
A resposta correcta a pergunta que estamos tentando responder sobre onde o estado deve cortar não é que o estado deve cortar nas despesas supérfluas, não é que i estado deve cortar no salário, não é que o estado deve cortar no estado de bem estar. De modo algum. Mesmo que o estado corte hoje ninguém garante que ele não vai amanhã enxertar o que cortou e faze-lo crescer mais ainda porque o estado não é uma instituição independente. Vemos na escola da public choice que as escolhas públicas estão sujeitas a pressões de grupos de pressão, de grupos de interesse. Assim, a proposta que apresentamos não é uma resposta da economia clássica smithiana e nem a resposta neoclássica marshalliana mas uma proposta anarcocapitalista. Por outra palavras, a perguntar não é onde o estado deve cortar porque isso significa manter a existência do estado mas sim quando é que vamos começar a fazer as reformas tendentes a abolir o estado.
Na economia, a abolição do estado é feita pela substituição do capitalismo e do socialismo pelo anarcocapitalismo. É preciso tirar a economia das mãos do estado. Como? Através da privatização dos meios de produção e atraves da provatizacao das instituições econômicas como o banco central e os meios liberatorios. Portanto, nao se trata de cortar as despesas do estado mas se trata de cortar o próprio estado.
As pessoas que são céticas a essa nossa proposta dizem que se contarmos o estado ou seja se abolormos o estado vai se instaurar um caos econômico, político e social. Eles também dizem que isso é mau para os não privilegiados, para os pobres. Porém, nada mais falso do que isso. Como dizia Ronald Reagan, o estado não é a solução mas sim o problema. É por isso que Thomas Sowell está montado na razão quando diz que a tarefa do economista não é dizer ao estado o que o estado deve fazer mas sim dizer ao estado o que o estado não deve fazer. Porém, para você dizer ao estado o que o estado não deve fazer o estado deve existir. Portanto, essa abordagem de Sowell não está completa porque cai no mesmo erro de todos neoclássicos.
O estado é sinônimo de violência, é sinônimo de guerra, é sinônimo de prisão, é sinônimo de expropriação, é sinônimo de ineficiência e assim por diante. Sem o estado a economia se torna mais flexível e essa flexibilidade permite uma mais eficiente alocação e realocação dos bens de capital fixo, capital circulante e bens de consumo final. Acreditar que o estado vai melhorar a nossa vida ou vai tornar a nossa vida melhor é crer na possibilidade so socialismo, caindo assim num erro que já foi recitado em 1920, quase 100 anos por Ludwig Von Mises no seu livro "socialismo: um cálculo econômico e sociológico". O estado por mais bem intencionado que seja não pode substituir a acção criativa dos empresários pelo simples facto de que para isso o estado devia ter informação sobre o passado, o presente presente o futuro. O estado teria que ser o Deus omnisciente. Assim, a ideia de que a informação de que se precisa para planear a economia é uma informação objectiva, centralizada, articulada e de classe de eventos é um erro. A função empresarial requer aquilo que I M. Kirzner chamava de alertness que é suspicacia e informação. Porém, essa informação não é aquela informação que está armazenada em livro texto, computador, revista especializada, etc., mas aquela informação que Polanyi chamava de informação de tipo tácita que é uma informação que nao se pode articular. Portanto, o problema da falta desse tipo de informação torna o cálculo econômico impossível no socialismo. Agora, se não há cálculo econômico também não há planificação Central feita pelo estado. Assim, qualquer intervenção do estado na economia será uma intervenção baseada numa informação incompleta, ultrapassada em relação a realidade que pretende modificar e portanto uma informação falsa. Sendo assim, essa intervenção está fadada a ser desastrosa.
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