Uma evidência é uma prova, um fundamento. O que esse
pessoal todo não entende é que a prova de alguma coisa é sempre algo que você
não precisa provar porque é auto-probante, auto-evidente. Se você precisar de
provar a prova da prova, então, aquela prova da prova não é prova nenhuma. E, a
mera pretensão de querer provar a existência de Deus já pressupõe em si uma
existência anterior a existência do próprio Deus que se quer provar. E, um Deus
que precisa de uma existência anterior a sua para provar-lhe a existência não é
Deus.
Os argumentos contra a
existência de Deus são bastantes fracos e pueris no final das contas, o que
atesta que as pessoas que os expõe estão tentando pontificar acerca de questões
que não estudaram e em que nunca meditaram, principalmente no meio académico
como se a ciência fosse a chave-explicativa de toda a realidade quando, na
verdade, a ciência não estuda a realidade mas apenas um recorte, matematizável,
dela.
Um dos argumentos contra
a existência de Deus é que “Deus não existe porque nunca ninguém o viu” como
disseram aqueles russos que foram os primeiros homens a viajar pelo espaço que
eles não viram Deus por lá.
Levar a sério essas
afirmações por um único minuto que seja já é sinal insofismável de profunda
deficiência mental e não estou querendo fazer piada. Porquê? Porque primeiro, a
premissa de que nunca ninguém jamais viu a Deus não serve como prova ou como
elemento de prova da não existência de Deus, o máximo que se pode tirar dessa
premissa é a conclusão por entimema da invisibilidade de Deus e nunca a
conclusão da sua inexistência o que significaria cometer um histriónico non sequitur. Entretanto, há muitas
pessoas que cometem esse erro sub-primário e, no entanto, não se vexam, mas
ficam brandindo histericamente esse cacoete mental e saem gritando o “eureka” arquimédico
como se tivessem descoberto a verdade última das ciências como esses Richard
Dawkins, Daniel Dennet e tutti quanti.
Outro argumento contra a
existência de Deus diz que “se Deus existisse não haveria maldade e miséria na
terra, portanto Deus não existe”. Ora, na terra não existe apenas maldade e
miséria, também existe bondade e prosperidade. Na terra não existe apenas
mentira, também existe verdade e assim por diante. O que essas pessoas têm que
provar é que a maldade que existe na terra é uma maldade absoluta e que a
miséria que existe na terra é uma miséria absoluta.
Agora, como você vai
fazer isso sem aniquilar a maldade e a miséria porque o próprio conceito de
maldade absoluta e miséria absoluta já é em si mesmo auto-contraditório. Toda a
maldade e toda a miséria, ou seja a maldade absoluta e a miséria absoluta são
uma negação de toda e qualquer positividade o que já demonstra que tem que
haver uma positividade primeiro para que esta seja negada depois quer pela
maldade, quer pela miséria.
Portanto, usar a maldade
e a miséria existentes na terra como prova da não existência de Deus é coisa de
analfabeto funcional, aventureiro e palpiteiro metido a intelectual. Por outro
lado, a existência da maldade e da miséria na terra na melhor das hipóteses só “pode”
provar que Deus é um demiurgo mau como é da crença dos gnósticos de que Deus é
mau e a humanidade inviável, mas mesmo assim isso chega a ser contraditório
porque se dissermos que Deus não existe porque há maldade na terra, por outras
palavras estamos dizendo que se Deus existisse haveria bondade na terra logo
Deus é bom e se Deus é bom ele não pode ser a causa do mal e se ele não pode
ser a causa do mal, logo a maldade existente na terra não pode provar sua não
existência.
Outra tese contra a
existência de Deus diz que “Deus não existe porque ele é apenas uma ideia que
as pessoas criaram para explicar fenómenos que não entendiam”. Isso é
problemático, ou seja tem contradição lógica interna porque um Deus que é
apenas uma ideia, por definição não pode ser Deus. Deus não é uma ideia, um
objecto ideal, um ente de razão como a triangularidade, a humanidade, a esfericidade,
a concavidade, etc. Se ele não é um objecto ideal, o que ele é? Ele só pode ser
o inverso disso, ou seja Deus é objecto da nossa experiência e não uma ideia
como disse São Paulo, o apóstolo: “nele nos movemos, vivemos e somos”.
Outra tese contra a
existência de Deus diz que “Deus não existe porque não há evidência” como disse
o dr. Richard Dawkins no seu livro “God, a Delusion” parafraseando Bertrand
Russel. Na verdade, isso só reflecte uma confusão no próprio fundamento da
questão. As pessoas se arrogam ao dever prometeico de refutar a existência de
Deus sem nem mesmo ao mínimo serem capazes de dizer para elas mesmas o que é
Deus. Nunca encontrei um ateu que fosse capaz de dizer o que é Deus ou quem é
Deus acertadamente. Suas respostas sempre foram confusas e esquivas, o que
reflecte o verdadeiro estado de espírito de suas almas.
Uma evidência é uma
prova, um fundamento. O que esse pessoal todo não entende é que a prova de
alguma coisa é sempre algo que você não precisa provar porque é auto-probante,
auto-evidente. Se você precisar de provar a prova da prova, então, aquela prova
da prova não é prova nenhuma. E, a mera pretensão de querer provar a existência
de Deus já pressupõe em si uma existência anterior a existência do próprio Deus
que se quer provar. E, um Deus que precisa de uma existência anterior a sua
para provar-lhe a existência não é Deus.
Diante disso, muitos
dizem que acreditar em Deus é uma questão de fé, entendendo fé como o acto de
acreditar sem ver. Porém, é preciso ser bastante pueril para acreditar numa
coisa dessas. Ora, você acreditar que algo é auto-probante como os primeiros
princípios da lógica a exemplo do princípio de identidade não é uma questão de
fé mas sim de racionalidade lógica e como disse Edmund Husserl: “Deus é o
princípio de identidade”.
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