segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Esclarecendo contradições sobre a Bíblia (1)

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Que Jesus morreu na cruz, isso é um facto científico mas que Deus é imortal ou que Deus não morre não é um facto científico, é uma doutrina.
Sendo a morte de Cristo um facto e a sua divindade uma doutrina, não é preciso ser muito inteligente para compreender que do facto da morte de Cristo nada se pode concluir a favor ou contra a doutrina da divindade de Cristo, ou seja, de um facto não se deduz uma doutrina porque isso seria cometer um non sequitur.


Uma das contradições que os críticos têm apresentado para negar a divindade de Cristo, ou seja, negar que Jesus é Deus é o facto de Ele ter morrido na cruz pois dizem eles que uma vez que Deus é imortal e Jesus morreu na cruz, logo ele não pode ser Deus porque Deus não morre.

Que Jesus morreu na cruz, isso é um facto científico mas que Deus é imortal ou que Deus não morre não é um facto científico, é uma doutrina. É por isso que a morte de Cristo chegou até nós em forma de narrativa porque um facto narra-se e não está aberto a discussão. Aliás, já dizia Sto Tomás de Aquino que contra factos não há argumentos. Enquanto isso, uma doutrina vem sempre em linguagem mitopoética e suscita uma multiplicidade de significados possíveis.

Quando digo que a imortalidade de Deus não é um facto, cônscio estou de que isso pode soar um pouco herético aos ouvidos de um debutante na fé, que a despeito do seu zelo, carece de entendimento. Porém, se você parte da origem ou étimo da palavra facto, aí você percebe o que estou querendo dizer porque a palavra facto, factum, se refere a aquilo que aconteceu ou que começou a acontecer, ou seja, só há facto onde há sucessão e não onde há simultaneidade. Sucessão tem a ver com tempo e simultaneidade tem a ver com a eternidade.
De duas, uma: ou a imortalidade de Deus é um facto, ou não é um facto porque pelo princípio de identidade ambas as hipóteses não podem ser válidas sob o mesmo aspecto.

Se a imortalidade de Deus é um facto, segue-se que essa imortalidade “se deu ou começou a se dar” num dado momento da história do universo o que é auto-contraditório porque a imortalidade só é possível in totum, totta simul o que faz com que a hipótese da factualidade da imortalidade de Deus deva ser rejeitada in limine, levando-se automaticamente a não-rejeição da hipótese contrária.

Sendo a morte de Cristo um facto e a sua divindade uma doutrina, não é preciso ser muito inteligente para compreender que do facto da morte de Cristo nada se pode concluir a favor ou contra a doutrina da divindade de Cristo, ou seja, de um facto não se deduz uma doutrina porque isso seria cometer um non sequitur. Isso é lógica elementar e não percebo como é que indivíduos que pretendem ser críticos do que quer que seja desconhecem totalmente as regras elementares da arte de bem pensar e ainda assim juram de pés juntos que seu raciocínio é coerente, quando, na verdade, seu raciocínio é inválido. Por exemplo, do facto de que Jesus jejuou 40 dias e 40 noites não podemos deduzir a doutrina do jejum, ensinando que os seguidores de Cristo, os cristãos devem jejuar 40 dias e 40 noites. Isso seria um nonsense.

Negar a divindade de Cristo somente por causa das acidentalidades da sua existência ou seja porque ele nasceu de mulher, chorou, teve fome e comeu e bebeu e morreu revela uma má colocação do problema, revela uma incompreensão ou falta de domínio dos conceitos que estão em discussão, o que somente serve para fomentar gritarias histéricas que em nada contribuem para esclarecer a questão. Aliás, já dizia Leonardo da Vinci que “onde há gritaria, não há verdadeiro conhecimento” do que podemos concluir do alvoroço que se faz em torno da questão da divindade de Cristo que esse somente serve para encobrir a questão e lançar uma confusão geral sobre homens de boa vontade.

ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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