terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Jesus e Deus são a mesma pessoa?

Resultado de imagem para jesus
Na verdade, a questão deveria ser: “Jesus e Deus são o mesmo ser”? Porquê digo isso? Porque uma das grandes confusões que tenho identificado nas pessoas ao discutir essa questão é que confundem “pessoa” com “ser” e vice-versa, de modo que, quando elas dizem que Deus e Jesus são pessoas diferentes, elas pensam que estão a falar de seres diferentes. Isso é um erro grave e só serve para lançar confusão.

Que Deus, o pai é uma pessoa distinta do filho e vice-versa e que estas duas pessoas são distintas do Espírito Santo e vice-versa, disso não tenho dúvida. Porém, ser pessoas distintas não é o mesmo que ser “seres” diferentes.

A última divisão do ser consiste em “ser a se” e “ser ab alio”. O ser ab alio é aquele que recebe o seu ser de um outro ser. Neste caso, o ser que deu o ser e o ser que recebeu o ser são seres distintos mas não apenas isso, eles também são pessoas distintas. O ser a se é aquele que recebe o ser de si mesmo e, logo, a partida vê-se que não há possibilidade lógico-formal e nem material de que se trate de seres distintos senão do mesmo ser sempre, podendo, entretanto, se tratar de pessoas diferentes. E, é isso que muita gente não entende.

A palavra “pessoa” é um termo que vem das artes cénicas. Ela vem do latim persona que quer dizer “máscara”. Um ser pode ter várias máscaras ou seja, várias pessoas. Quando um homem está diante dos seus pais, ele veste a máscara de filho, ele representa esse papel. Quando esse mesmo homem está diante da sua esposa, ele veste a máscara de marido e representa esse papel. Quando esse mesmo homem está diante do seu patrão, ele veste a máscara de subalterno e representa esse papel. Se trata da mesma pessoa? É claro que não! Mas se trata do mesmo ser.

Deus pai e Jesus Cristo são a mesma pessoa? É claro que não. Mas são o mesmo ser, somente com uma máscara diferente. O Espírito Santo e Jesus Cristo são a mesma pessoa? É claro que não. Mas são o mesmo ser, simplesmente mudando sua máscara.

Então, você pode perguntar: “mas se são o mesmo ser, com quem Jesus falava quando ele orava”? Ou por outras, “como se explica que no baptismo de João, o céu tenha sido aberto sobre Cristo e o Espírito Santo tenha descido sobre Jesus e o Deus pai tenha dito: ‘este é o meu filho amado, em quem me comprazo’”? Mas isso é só para quem ainda não entendeu a subtileza da coisa, mas ela é simples. É claro, depois de explicada, ela, obviamente, fica simples.
Quando Jesus orava, ele estava falando com o pai, o qual é uma pessoa distinta dele, mas ele não estava falando com um outro ser. Em termos pessoais, Jesus estava dialogando com o pai mas, em termos ontológicos, Jesus estava travando um monólogo, ou seja, ele estava falando consigo mesmo, ele estava pensando.

Eu posso travar um diálogo silencioso com meu próprio ser, ou seja, eu posso pensar mas eu não posso travar um diálogo simultâneo com todas as minhas personas que eu visto no meu dia-a-dia porque eu sou um ser presente e não um ser omnipresente como o é, o ser chamado Deus que pode vestir-se de todas as suas máscaras simultaneamente sua actuação pertence ao plano da eternidade. Ou seja, enquanto as minhas representações pessoais se sucedem umas as outras, as representações pessoais de Deus são simultâneas.

Be continued…

ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário