segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Crise de transporte

A crise de transporte tem sido imputada ao mercado. As pessoas e até mesmo aquelas que são especialistas ou seja, formadas em economia culpabilizam o mercado pela crise de transporte. Será que a crise transporte é culpa do mercado ou tem uma outra causa?

Vamos aos factos. Como disse Sto.Tomás de Aquino, nós falamos com palavras mas Deus fala através de palavras e das coisas, quer dizer, através dos factos mesmos. O facto que mais facilmente salta aos nossos olhos está ligado às tarifas de transporte. A tarifa de transporte em Moçambique é fixada por decreto e não surge espontaneamente como resultado do cálculo econômico feito pelos agentes.

Uma vez que o preço ou tarifa de transporte não reflecte as apreciações subjetivas dos agentes que comparam o valor subjectivo dos fins que pretendem alcançar com os custos aos quais eles renunciam tendo se resolvido a alcançar o fim escolhido, de modo que não faz sentido culpar o mercado. O único culpado aqui é o estado. É o intervencionismo do estado. 

O intervencionismo do estado faz agravar a descoordenacao no mercado de transporte entre aqueles que oferecem o serviço de transporte e aqueles que procura o serviço de transporte. Ha milhoes de de pessoas que procuram os serviços de transporte e há centenas ou milhares de operadores de transporte neste país. Cada um desses agentes operadores de transporte produz diariamente milhares de informações através daquilo que Mises chamou de acção humana e Jesus Huerta de Soto chama de função empresarial. Essa informação nao pode ser produzida pelo ministério dos transportes que é o planificado central de transporte porque essa informação nao é uma informação científica (Oakeshot), não é uma informação centralizada (Hayek), não é uma informação de probabilidade de classe (Mises) e não é também uma informação articulada (Karl Planyi) mas uma informação tácita e não articulavel (K.Polanyi). Portanto, essa informação nao está armazenada em nenhum livro, revista especializada, CD, etc. É uma informação prática que surge ao longo do exercício da função empresarial.

Não tenho essa informação, a planificação central do serviço de transporte é impossível e inviável. Existiram ao longo dos anos, mormente século XX esforços no sentido de resolver o problema do cálculo do preço num sistema socialista pprque o que temos no mercado de transporte é um socialismo cru e duro. Esses esforços foram feitos por Walras e todos aqueles que usaram sua equação de equilíbrio geral para resolver esse problema como Oskar Lange, Lerner, Dobb e outros como Taylor através do método de solução através de tentativa e erro. Contudo, tudo isso falhou porque esses  economistas não entenderam o problema do cálculo econômico proposto por Mises e Hayek. O problema do cálculo econômico é um problema de uma economia real, a qual é sempre uma economia dinâmica ao passo que a solução algébrica ou de sistema de equações proposta pelos economistas neoclássicos só se aplica a uma economia objecriva e estática, a qual não existe na realidade. 

O planeamento central do transporte é inviável porque os planificadores não podem fazer cálculo econômico. Eles não podem fazer cálculo econômico porque não tem i formação tipo tácito que somente pode ser produzida pela função empresarial. O argumento de que o cálculo econômico é um problema computacional que pode ser resolvido em alguns segundos é não compreender a questão porque os planificadores não podem descobrir novos fins e novos meios. Portanto, pressupor que os planificadores ou engenheiros sociais não passa daquilo que F.A.Hayek chamou de "arrogância fatal" e os resultados estão aí e não importa quantos autocarros disponibilizem porque um gestor público por mais incentivos que se lhe dê não poderá nunca agir como um empresário e, portanto, nunca será capaz de produzir aquela informação que somente a função empresarial pode produzir. 

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