domingo, 19 de março de 2017

Esoterismo e radicalismo islâmico


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R.Guenón diz que “o segredo é da natureza mesmo do poder”. Por outras palavras, a causa e a natureza do poder islâmico reside nas suas organizações esotéricas das quais ele se serve como um manto de invisibilidade.

Deste modo, uma das coisas mais urgentes neste momento para se entender o esquema de poder no mundo é estudar o fenómeno do esoterismo porque é aqui que reside a unidade de tudo quanto acontece no mundo islâmico e no mundo ocidental levado a cabo pelos mussulmanos desde as acções de terror até a onda imigrações em massa.

O livro “Versículos satânicos” do romancista anglo-indiano Salman Rushdie, o qual lhe valeu um fatwa da autoridade espiritual do Irão, o Aiatolá Komenei, mostra que a génese do fundamentalismo islâmico é o próprio Alcorão e que, portanto, o terrorismo islâmico não é um desvio acidental do verdadeiro Islam. Na verdade, suras que instigam os mussulmanos a perseguir, acuar e matar os kafiris (infiéis), superlotam as páginas do texto corânico.

Isso me faz lembrar de uma palestra proferida nos EUA por David Horowitz em que uma jovem estudante mussulmana que tinha no seu pescoço um lenço usado pelos terroristas se levantou para perguntar ao D. Horowitz por quê é que ele associava o movimento dos estudantes islâmicos nos EUA com os movimentos terroristas. Davi Horowitz perguntou se ela condenava o Hamas. Depois de hesitar um certo momento ela respondeu: “NÃO”. Então, aí estava a prova de que o terrorismo islâmico não é um desvio da religião de Maomé mas a sua essência mesmo. É assim em todo mundo. Os mussulmanos cometem todo tipo de actos de terror e aí as autoridades mussulmanas dizem que “o islam é a religião da paz” e que portanto aquilo nada tem a ver com a religião de Maomé Mustafá. Contudo, quando convidados a condenar esses movimentos terroristas eles não o fazem ou dizem que temem a National Security como disse aquela estudante. Quer dizer, é a bilingues maledictus inerente ao movimento revolucionário que faz com que eles se limpem na sua própria sujeira.

Eu não estou dizendo que o Islam é revolucionário no mesmo sentido em que o iluminismo, o marxismo, o comunismo, o socialismo, o nazismo, etc., são revolucionários. De modo nenhum. Contudo, o Islam tem um grande potencial revolucionário o qual se cristaliza nas ideias de um 120 Imãm, o califado universal. O cristianismo também tem um forte potencial revolucionário cristalizado na ideia do advento do Messias. Aliás, o comunismo como movimento revolucionário é uma caricatura demoníaca do messianismo cristão.

O primeiro a usar a violência, a matança dos “infiéis” no Islam foi Maomé quando ele oferecia aos povos “infiéis” a opção entre a conversão ao Islam e a morte. Aliás, as pessoas dizem que Islam quer dizer “Paz” porém na letra e no espírito Islam quer dizer submissão. Então, é preciso submeter os infiéis a autoridade da Sharia como estão tentando fazer na Inglaterra com a chancela da casa real britânica.

O terrorismo islâmico não acabou com a morte de Maomé. De modo nenhum. Vemos seu genro Ali fazendo a mesma coisa como um continuador das obras de Maomé. É claro que nem todos aceitaram a autoridade de Ali e é por isso que com a morte de Maomé, sua sucessão gerou problemas porque uns diziam que Maomé era o selo da profecia e que agora eles precisavam de um líder que não fosse um profeta. Esses são os sunitas. Sunita vem de suna que são costumes e isso é uma clara alusão aos hadiites que são os ditos e feitos de Maomé, uma espécie de biografia de Maomé. Porém, há um outro grupo que disse que o sucessor de Maomé devia ser alguém imbuído do carisma profético. Esse grupo é dos xiitas. Xia quer dizer companheiro e neste caso subentende os companheiros de Ali.

Esse cisma do Islam aconteceu porque Maomé não deixou nenhuma instrução acerca da constituição do estado. Quando Maomé estava vivo ele era o estado. É claro que isso não tinha comparação com o que foi Luís XIV, o rei sol, que disse: “l’etát c’ést mois”. Por quê? Porque o Luís XIV tinha apenas autoridade política enquanto Maomé tinha autoridade religiosa, política, económica, social, enfim, ele era um absolutista completo, um deus. De modo que os mussulmanos podem tolerar tudo até mesmo a blasfémia contra Deus. Porém, blasfémia contra Maomé mesmo que seja apenas uma caricatura do mesmo sujeita-lhe a um fatwa. Então, quando as pessoas falam em estado islâmico, isso é apenas uma figura de linguagem. Não existe um estado islâmico, seja ele do Iraque, da Síria, Iémen, etc. O Corão não fala nunca da constituição do estado. É como no cristianismo. Os evangelhos também nada falam sobre a constituição do estado. Aliás, são de Cristo as palavras: “o meu reino não é deste mundo”. De modo que falar em estado islâmico ou estado cristão é uma vacuidade.

Irmandade mussulmana
Agora, hoje em dia, você não pode falar de terrorismo islâmico, radicalismo islâmico, fundamentalismo islâmico ou seja lá quê, sem falar da irmandade muçulmana, a qual foi fundada por Hassan al-Bassa. Porém, o grande ideólogo da fraternidade islâmica foi Sayd Qutb. Ele escreveu um livro chamado “A Sombra do Islam” em vários volumes. Um parêntese: o filósofo Olavo de Carvalho disse que isso só pode ter sido um acto falho freudiano porque se fosse coisa boa não seria “a sombra do Islam” mas sim “a luz do Islam”.

Nesse livro, Sayd Qutb pega versículo por versículo do Islam e lhes dá uma interpretação revolucionária. Por exemplo, Sayd Qutb, baseado no Corão, diz que um governo tirânico é aquele que permite o que Alá proíbe e que proíbe aquilo que Alá permite. Isso não é apenas um convite a golpes de estado mas mormente ao terrorismo porque, ele oferece um ponto arquimédico como diria Mário Ferreira dos Santos para que todo e qualquer mussulmano que reside num estado em que o governo seja tirânico nos moldes do Islam tem a obrigação sagrada de derrubá-lo.

Ora, não é preciso ser muito inteligente para se dar conta de que os estados europeus e a maior percentagem dos estados do mundo por não se submeterem a sharia são tirânicos pelo que todo e qualquer muçulmano tem a obrigação de derrubá-lo. Portanto, a divisão entre mussulmanos radicais e mussulmanos moderados é um quadrado redondo porque a moderação neste caso como diz o corão é somente até que os mussulmanos estejam em condições de subjugar os infiéis.

É aqui que entra o conceito de jihad. Muitas pessoas imaginam que jihad é guerra santa. Isso não é correcto. Jihad quer dizer “esforço”. Esforço no sentido de ascetismo. Então, você tem a jihad maior que é um ascetismo espiritual e um jihad menor que inclui a tal da guerra santa que é o contrário do que seria uma guerra profana.

Agora, o presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser, leu aqueles volumes da “sombra do Islam” e achou aquilo tudo muito horrível e mandou enforcar Sayde Qutb. Porém, a geração seguinte gostou da ideia. De onde surge o ISIS ou ISIL, o famigerado estado islâmico? Da Al Quaeda. De onde surge a Al Qaeda? Da irmandade mussulmana. Quer dizer, é Sayd Qutb de novo.

Sufismo
Temos muitos movimentos terroristas islâmicos como Al Qaeda, ISIS, Hamas, Hezbolla, Boko Haram, Al Shabab, etc. não importa o pretexto que eles usam, é tudo terrorista. Digo isso porque muitos analistas qualificam o Hamas como um movimento político. E você pode perguntar: “mas o Hamas tem armas e promove terror”. Os analistas, parafraseando Lenine, dizem: “isso não é terrorismo. Isso é propaganda armada”. Porém, não ninguém melhor para falar do Hamas do que o general romeno, Ion Mihai Pacepa, exilado nos EUA. Ele trabalhou para a KGB e deu treinamento terrorista ao Yasser Arafat cujo primeiro grande feito foi sequestrar um avião em pleno voo.

  Muitas vezes, os analistas tendem a tratar cada um desses movimentos terroristas de modo isolado. Isso é captar apenas os acidentes desses movimentos e não a sua essência. O psicólogo Reuven Feuerestein disse que você não captar a constante por trás de um fluxo de acontecimentos é um sinal de deficiência mental.

Portanto, há uma unidade por trás de todos esses movimentos radicais islâmicos. Essa unidade tem um nome chamado sufismo. Sufismo é prático ascético islâmico de carácter voluntário reservado apenas para os iniciados. Isso remonta ao tempo de Maomé. Sufismo é esoterismo. Essa divisão da religião em dois aspectos, a saber, esotérico e exotérico é algo inerente ao Islam. No cristianismo isso está totalmente ausente. São de Cristo as palavras proferidas diante de Caifás: “nada fiz em oculto”.

Então, o que é sufismo? São práticas esotéricas islâmicas. Elas acontecem nas tariqas. O que são tariqas? São organizações esotéricas islâmicas sob as ordens de um sheik sufi. Tariqa em árabe quer dizer caminho. Caminho para haqiqa, ou seja, verdade. Há muitos sheiks sufi no islam. Podemos distinguir o nome de Moiedin Ibn Arabi. Um grande sábio. Na verdade, ele é o simétrico do que foi Sayd Qutb. No século XX, o sheik sufi mais importante é, sem dúvida alguma, o francês René Guenón. René quer dizer renascido. Guenón quer dizer Babuíno, macaco.

Guenón foi mestre de um outro grande mestre sufi, o Frithjof Schuon, autor do “The transcendental unity of religions” que ninguém nada menos do que o Nobel de literatura T.S.Elliot disse ser o melhor tratado de religiões comparadas que ele já tinha lido. Olavo de Carvalho que chegou a frequentar a tariqa de Schuon chama esse seu antigo guru de “um génio das religiões comparadas”. Schuon era um artista. Ele foi a Argélia para receber iniciação islâmica e quando ele retornou a Europa ele disse algo que algumas pessoas acharam ser uma piada na altura. Ele disse: “eu voltei para islamizar o ocidente”. Isso foi muito antes dos Bin Laden, Zawairi e tutti quanti. Isso só mostra que tudo que está acontecendo na Europa é resultado da penetração do esoterismo islâmico no Ocidente. Quando um indivíduo entra numa tariqa ele deve total obediência ao sheik. Um dado importante é que de uma tariqa nunca se sai só se entra ao menos que o sheik o expulse e o proíba de usar o nome islâmico que lhe foi atribuído e de praticar os rituais prescritos pelo sheik. Existe o caso de Rama Coomaraswamy que era católico mas que continuava fiel ao sheik Schuon tendo discordado dele apenas uma vez na vida. Schuon disse que eram 11hrs15 e ele disse que eram 11hrs10. Isso é só para ver a obediência canina que existe nas tariqas islâmicas.

A tariqa de Schuon era diferente das outras tariqas. Ela era multiconfessional. E ele atraiu a inimizade, digamos assim, das outras tariqas por causa disso. Como disse Olavo de Carvalho, “Schuon queria ser uma espécie de papa de todas as religiões”. Agora, quando se lê “The False Dawn” de Lee Pen percebe-se claramente que a implantação de uma religião biónica é uma das etapas da implantação do governo mundial da ONU. Porém, é claro que a destruição do cristianismo na Europa não vai trazer uma religião biónica ou um mundo sem religião. De modo nenhum. Uma religião biónica seria apenas uma interface entre o cristianismo e o islamismo. Guenón está montado na razão quando escreve em “Oriente-Ocidente” que só há 3 vias de salvação para o Ocidente, as quais são:

   1-  Voltar ao cristianismo tradicional;
   2-  Cair no barbarismo;
   3-  Adoptar o islam.

Porém, sendo o barbarismo apenas uma interface entre o cristianismo e o islamismo só resta o ocidente optar pelo cristianismo ou islamismo. Ou seja, a descristianização da Europa vai criar um vazio religioso, um vazio de espiritualidade que acabará sendo preenchido pelo islam. Como será feita essa islamização da Europa? Ela não será feita. Ela já está sendo feita por meio das tariqas islâmicas desde a primeira metade do século passado.

Veja, Schuon fez um discípulo muito importante, o Martin Lings de cuja tariqa fez parte nada menos do que o príncipe Charles de modo que toda casa real britânica é islâmica. Ou seja, ela está sob as ordens de um sheik. Henrich VIII deve estar a revolver-se na sua tumba porque ele foi o primeiro monarca a rebelar-se contra uma autoridade religiosa, neste caso, a autoridade papal quando este recusou anular seu casamento. Ele rompeu com a igreja católica e fez a igreja anglicana. Napoleão Bonaparte também fez o mesmo ao tomar a coroa da mão do papa e autocoroar-se imperador. Essa atitude de Bonaparte é conhecida hoje como “raison d’etát”, uma criação do político francês Reuchelieu.

Nada acontece no mundo islâmico e no ocidente hoje em dia que não tenha o dedo de alguma organização esotérica ou secreta se quiser ou até mesmo ocultista. As pessoas gostam muito de falar da maçonaria, dos cavaleiros templários, os cavaleiros de Malta, jesuítas, Buildeberg, CFR, Open Society, etc. Tudo isso está certo só que elas se esquecem ou ignoram um outro agente histórico importantíssimo que é o sufismo das tariqas esotéricas islâmicas.

A ideia de que os agentes históricos são os estados é totalmente errada. Os estados ascendem e decaem. Eles estão sujeitos ao mesmo ciclo das civilizações que poderíamos chamar de Kali-Yuga como em sânscrito. De modo que para algum agente ser um agente histórico ele tem que ser permanente. Neste sentido, somente as organizações esotéricas como as tariqas islâmicas, organizações secretas como a maçonaria, a igreja católica, a KGB e assim por diante. Marques de Pombal percebeu isso tão bem isso que ele tratou de expulsar os jesuítas do império português. Existe alguma ligação entre os jesuítas e a maçonaria? Claramente. A maçonaria é invenção dos jesuítas.

Então, atacar os estados é atacar um espantalho. Isso vale o que vale mas não produz efeitos estruturais permanentes. Pelo contrário, ajuda a ocultar mais ainda o esquema de poder por trás como diz um adágio esotérico: “o segredo protege-se a si próprio”. Não contente, R.Guenón diz que “o segredo é da natureza mesmo do poder”. Isso deixa claro que a causa e a natureza do poder islâmico no mundo hoje reside nas suas organizações esotéricas das quais ele se serve como um manto de invisibilidade.

Uma das pessoas que entendeu muito bem essa máxima de Guenón de que o segredo é da natureza do poder foi António Gramsci, fundador do partido comunista italiano, quando ele diz que o objectivo da sua estratégia de revolução cultural era transformar o partido príncipe num “poder omnipresente e invisível de um imperativo categórico, de um mandamento divino”. Isso é interessante porque quanto mais invisível mais poderoso fica o esquema de poder porque você passa a não ter os símbolos do mesmo que o represente e dê a matriz de suas intelecções possíveis.

Deste modo, uma das coisas mais urgentes neste momento para se entender o esquema de poder no mundo que eu já escrevi num outro artigo envolve o Islam, o bloco russo-chinês e a elite bancária ocidental é estudar o fenómeno do esoterismo porque é aqui que reside a unidade de tudo quanto acontece no mundo islâmico e no mundo ocidental levado a cabo pelos mussulmanos desde as acções de terror até a onda imigrações em massa.


ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto, bem contextual e esclarecedor. Pena que o grande público não perceba isso, por preguiça intelectual.

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  2. Ocidente islamizado nao sera mais ocidente. Portanto temos 1 saida: reerguer a igreja catolica e so. Tarefa herculea mas com a ajuda de Deus nada e impossivel.

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