quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Respondendo às “Provocações políticas” de ELÍSIO MACAMO

ESCRITO POR | XADREQUE SOUSA | shathreksousa@gmail.com

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Resumo: o índice de Gini diz se há igualdade ou se há desigualdade e se essa desigualdade é alta ou baixa mas nunca diz se essa desigualdade é má ou boa. Isso simplesmente não se aplica. Discutir desigualdade significa discutir um objecto ideal e não um objecto da nossa experiência. O problema não está na desigualdade em si, mas nas políticas demográficas e nas políticas de rendimento.

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No seu livro “PLANÍCIES SEM FIM”, Editado pela Ndjira, o Professor Elísio Macamo, escreveu um texto intitulado “Provocações políticas aos nossos intelectuais” (2008, p. 19, 20, 21) que pode ser resumido em uma única linha, ei-la:
“A desigualdade é má e ela é má porque os nossos intelectuais não estão a pensar”.
O que eu penso disso é o seguinte:  
Primeiro: dizer que a desigualdade é má significa transformar, automaticamente, a desigualdade num problema moral, quando, na verdade se trata de um problema matemático e que, portanto, não pode ser nem bom, nem mau, mas, correspondendo ao campo do saber meramente especulativo, somente pode ser verdadeiro ou falso, conforme o juízo captado das sentenças associadas a essas relações matemáticas como disse René Descartes nas suas meditações de filosofia primeira, a verdade ou a falsidade estão no juízo.
Explico-me: para se computar a igualdade ou desigualdade, os países usam o índice de Gini que é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini e que relaciona população com o rendimento. Esse índice diz se há igualdade ou se há desigualdade e se essa desigualdade é alta ou baixa mas nunca diz se essa desigualdade é má ou boa. Isso simplesmente não se aplica.
Segundo: dizer que os intelectuais não estão a pensar é levantar um problema cognitivo que só seria útil se, de facto, a desigualdade fosse uma coisa má como pretende o professor Macamo, porém, como já demonstrei isso não se aplica.

Portanto, discutir desigualdade significa discutir um objecto ideal e não um objecto da nossa experiência. Os objectos da nossa experiência são a população e o rendimento que são usados para computar o índice de Gini. Sendo assim, somente há duas vias de redução da desigualdade, a saber: ou você reduz a população ou você aumenta o rendimento. Portanto, o problema não está na desigualdade em si, mas nas políticas demográficas e nas políticas de rendimento e essas, sim, podem ser más ou boas porque toda política reflecte juízos de valores que podem ofender ou não os hábitos e costumes da comunidade que vai ser afectada por essas medidas de política.

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