domingo, 27 de novembro de 2016

Falem mais do pobre e menos da pobreza

Neste país, fala-se mais da pobreza do que do pobre. Devia ser o contrário.
Resultado de imagem para falem dos pobres
Então, veja, o indivíduo é pobre ou porque não sabe fazer (noesis) e portanto não pode agir (praxis) ou porque não pode fazer (poesis) e assim, também, não pode agir.
                                                                           
Neste país, fala-se mais da pobreza do que do pobre. Devia ser o contrário. Na verdade, pouco se pode fazer contra a pobreza, mas se pode fazer muito pelo pobre. Então, a primeira coisa que tem que ser feita é exactamente essa, mudar a nossa abordagem, o foco da nossa abordagem, ou seja, “pararmos” de falar da pobreza e passarmos a falar dos pobres.

Então, veja, o primeiro passo para fazermos alguma coisa pelo pobre é lembrarmo-nos dos pobres e isso é importante para a nossa própria segurança, porque a insegurança tem uma relação directa com o esquecimento.

Precisamos de alguma lógica, de alguma inteligência para podermos nos lembrar dos pobres. Ou seja, daqui surge a seguinte questão: “de onde vem a ideia de cuidarmos dos pobres?”

De onde vem a ideia de cuidarmos dos pobres?

Em primeiro lugar a ideia de cuidarmos dos pobres vem da inteligência, vem da própria lógica da vida e da verdade.

Em Segundo lugar, provém daqueles que acreditam nessa mesma lógica e se tornam num só com ela, como disse Camões: “transforma-se o amado na coisa amada”.

Porquê muitas pessoas são pobres?

Pode-se dividir as causas da pobreza em causas cognitivas e causas técnicas. Assim, a causa cognitiva está ligada ao saber fazer (“know to do”) e esse “noesis” é produto de aprendizagem, etc., enquanto, a segunda, esta ligada ao poder fazer (“can to do”) e esse fazer (poesis) está ligado a actividade produtiva propriamente dita.

Então, veja, o indivíduo é pobre ou porque não sabe fazer (noesis) e portanto não pode agir (praxis) ou porque não pode fazer (poesis) e assim, também, não pode agir. Então, a característica do pobre é a inacção e isso é batata, se você fizer a sua confrontação com os factos que nos são dados pela realidade de que os indivíduos pobres, sem excessão, são sempre e em toda parte aqueles que não sabem o que fazer e se sabem o que fazer não tem meios com que fazer, ou seja, não tem os meios de acção de que precisam para agir e permanecem, numa escala de temporalidade indefinida como proto actores.


ESCRITO POR | XADREQUE SOUSA | shathreksousa@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário