Neste
país, fala-se mais da pobreza do que do pobre. Devia ser o contrário.
Então,
veja, o indivíduo é pobre ou porque não sabe fazer (noesis) e portanto não pode
agir (praxis) ou porque não pode fazer (poesis) e assim, também, não pode agir.
Neste país, fala-se mais da pobreza do
que do pobre. Devia ser o contrário. Na verdade, pouco se pode fazer contra a
pobreza, mas se pode fazer muito pelo pobre. Então, a primeira coisa que tem
que ser feita é exactamente essa, mudar a nossa abordagem, o foco da nossa
abordagem, ou seja, “pararmos” de falar da pobreza e passarmos a falar dos
pobres.
Então, veja, o primeiro passo para
fazermos alguma coisa pelo pobre é lembrarmo-nos dos pobres e isso é importante
para a nossa própria segurança, porque a insegurança tem uma relação directa
com o esquecimento.
Precisamos de alguma lógica, de alguma
inteligência para podermos nos lembrar dos pobres. Ou seja, daqui surge a seguinte
questão: “de onde vem a ideia de cuidarmos dos pobres?”
De
onde vem a ideia de cuidarmos dos pobres?
Em primeiro lugar a ideia de cuidarmos
dos pobres vem da inteligência, vem da própria lógica da vida e da verdade.
Em Segundo lugar, provém daqueles que
acreditam nessa mesma lógica e se tornam num só com ela, como disse Camões:
“transforma-se o amado na coisa amada”.
Porquê
muitas pessoas são pobres?
Pode-se dividir as causas da pobreza
em causas cognitivas e causas técnicas. Assim, a causa cognitiva está ligada ao
saber fazer (“know to do”) e esse “noesis” é produto de aprendizagem, etc., enquanto,
a segunda, esta ligada ao poder fazer (“can to do”) e esse fazer (poesis) está ligado a actividade
produtiva propriamente dita.
Então, veja, o indivíduo é pobre ou
porque não sabe fazer (noesis) e portanto não pode agir (praxis) ou porque não pode fazer (poesis) e assim, também, não pode
agir. Então, a característica do pobre é a inacção e isso é batata, se você
fizer a sua confrontação com os factos que nos são dados pela realidade de que
os indivíduos pobres, sem excessão, são sempre e em toda parte aqueles que não
sabem o que fazer e se sabem o que fazer não tem meios com que fazer, ou seja, não
tem os meios de acção de que precisam para agir e permanecem, numa escala de temporalidade
indefinida como proto actores.
ESCRITO
POR | XADREQUE SOUSA | shathreksousa@gmail.com
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