Há um consenso geral ao nível das várias denominações
sobre a obrigatoriedade do pagamento do dízimo e não é para menos neste tempo
da teologia da prosperidade.
Nas escrituras, vemos que o primeiro homem que pagou
dízimo foi Abraão, malgrado alguns dizerem que o fruto proibido do Éden era o
dízimo e que este é o primeiro mandamento de Deus. Depois de Abraão temos o
caso de Jaco que fez um voto com Deus de que ele pagaria dizimo se Deus o
abençoasse e protegesse. Em ambos os casos, estamos num tempo antes da lei
mosaica que veio cerca de quatro séculos mais tarde antes disso não havia
nenhuma obrigatoriedade. Veja que Jacó prometeu pagar o dízimo voluntariamente
como um voto voluntário e ele era neto de Abraão o que me leva a concluir que Abraão
também pagou o dízimo voluntariamente ou seja, ele certamente deve ter orado:
“SENHOR Deus, se entregares nas minhas mãos os reis que saquearam Sodoma e
Gomorra e fizeram refém meu sobrinho Ló, de tudo que eu conquistar dar-te-ei o
dízimo”. E repare que daí em diante, em nenhum outro lugar se fala do dízimo
até que ele tenha sido colocado por Moisés na lei. E Cristo deixou bem claro
que os costumes dos patriarcas foram colocados na lei por causa da dureza do
coração do povo judeu.
Quando Moisés e os profetas falaram de dízimo a quem eles
estavam dirigindo-se? Aos judeus ou aos gentios? Se você disser que a todos
eles, logo você tem que admitir como verdade que a lei e os profetas foram
dados a judeus e gentios o que é falso. Paulo diz que a lei, os profetas, a
promessa e o Messias foram dados aos judeus e não aos gentios.
Muitos podem dizer que temos que dar dízimos porque
Cristo disse: ”importa fazer essas coisas sem omitir aquelas”. Mas o mesmo
Cristo disse: “eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel,
deixando claro que sua mensagem não era para os gentios, nem para os
samaritanos mas apenas para os judeus.
Comecemos do princípio. Segundo a lei de Moisés somente
os membros da tribo de Levi estavam destinados a oficiar como sacerdote e
nenhuma outra tribo, ou seja, somente os levitas podiam receber dízimos. Ora,
nenhum gentio pertence a tribo de Israel e muito menos a tribo de Levi para
receber dízimo sendo essa pretensão uma usurpação de função. É certo que está
escrito em Apocalipse Capítulo I que Jesus Cristo nos comprou com seu sangue e
nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu pai. Mas isso não significa que temos
que cobrar dízimo porque somos sacerdotes de qual sacerdócio? Somos do
sacerdócio segundo a ordem de Arão em que os levitas recebiam dízimos de seus irmãos?
De modo nenhum porque somos gentios. Nós somos sacerdotes segundo a ordem de
Melquisedeque. Não obstante, se todos somos sacerdotes porquê um irmão tem que
receber dízimo do outro irmão uma vez que todos eles são sacerdotes?
Os levitas não pagavam dízimo, eles pagavam o dízimo dos
dízimos. Em outras palavras, os levitas pagaram o dízimo apenas quando Levi seu
antepassado estava nos lombos de Abraão quando Melquisedeque saiu ao seu
encontro e Abraão lhe deu o dízimo de tudo que ele trouxe da guerra contra os
reis que haviam saqueado Sodoma e Gomorra, o que mostra que o sacerdócio
cristão segundo a ordem de Melquisedeque é superior ao sacerdócio segundo
levítico segundo a ordem de Arão.
Corrobora o que dissemos anteriormente com o facto de que
nem o próprio Cristo que é o nosso sumo-sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque cobrou dízimo pelo simples facto de ser da tribo de Judá e desta
tribo Moisés nada disse a respeito do sacerdócio. Leiam todo novo testamento e
verão que Pedro, Tiago e João não cobraram dízimo dos crentes judeus. Paulo e
Barnabé, também, não cobraram dízimos dos crentes gentios.
Os pregadores da prosperidade gostam muito de citar
Malaquias 3:10: “trazei todos os dízimos a casa do tesouro” mas fazem-no fora
do contexto, olvidando que a casa do tesouro referia-se ao templo de Salomão e
não ao templo da igreja metodista, baptista, universal, católica, luterana,
etc. Eles até escondem o facto de que a oferta dos gentios não era aceite no
tabernáculo de Moisés ou no templo de Salomão ao menos que o gentio se deixasse
circuncidar e consentisse em guardar a lei e os profetas só que segundo São
Paulo, o apóstolo, se um cristão fizer isso, ele está caindo da graça, ele está
negando Cristo.
Não digo que os cristãos não devem pagar o dízimo. De
modo algum. Mas não estando nós sob a lei, a simples apelação para a autoridade
da lei e dos profetas é uma negação de Cristo e uma atitude néscia que visa
colocar homens que Cristo libertou novamente sob o jugo da lei que mata porque
“maldito é todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas
na lei para obedecê-las”.
Os Cristãos podem pagar o dízimo mas não devem fazê-lo.
Ou seja, o dízimo não é um dever porque os cristãos não estão debaixo da lei
mas podemos proceder como Abraão e Jacó procederam, i.e, fazer do dízimo algo
voluntário, um voto voluntário e não uma obrigação legal em que se você não
pagar o seu dízimo estará incorrendo em delito e pecado.
ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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