sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O anti-americanismo

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Quanto mais nos aprofundamos na análise dos motivos que fundam esse ódio antiamericano mais vamos nos compenetrando de que ele resulta da má colocação do problema.

A única ideologia na história da humanidade que encobriu um esquema de poder totalitário é o comunismo. A haver um poder totalitário no mundo ele somente pode provir dos países, das organizações e das pessoas que endossam a ideologia comunista. 

É um privilégio bastante raro encontrar alguém que não odeia os EUA mesmo que tente camuflar esse ódio que está bastante imantado nas suas palavras e emoções e que nunca deixa de aflorar no semblante do indivíduo no mesmo instante em que ele mesmo, acusando os EUA de mil e um crimes que não pode provar diz que não nutre ódio nenhum e que está falando em nome de puro idealismo.

Tenho ouvido de amigos e conhecidos que vivemos num mundo unipolar cujo centro são os EUA que, por sua vez querem dominar o mundo e que todos os males que acontecem no universo têm nos EUA seu único e exclusivo culpado.

 Confundir os EUA com o globalismo é tão caricato quanto confundir o comunismo com a URSS. E, por fazer essa confusão, esses pseudo analistas da política internacional acreditam mesmo que como a URSS chegou ao fim, o comunismo também chegou ao fim, escamoteando o facto histriónico de que o comunismo é anterior a URSS e que já estava no mundo havia seis décadas antes da fundação da URSS e que o comunismo sobreviveu a queda da URSS como Jean François Revel muito bem documenta no seu livro intitulado “la grande parade” o que corrobora o que já havia sido vaticinado por Anatoly Golintsy e outros dissidentes da KGB no ocidente e mais recentemente o livro de Cliff Kincaid (“Back from the death: the return of the evil empire.”). Por outras palavras, dizer que o comunismo acabou porque a URSS acabou é raciocinar por meio de figura de linguagem apenas, é raciocinar metonimicamente, tomando o instrumento pelo agente e o agente pelo instrumento porque a URSS era apenas um instrumento do comunismo e, se calhar o instrumento que melhor soube estar ao serviço do comunismo mas não era o agente.

A ideia de um governo mundial é anterior a fundação dos EUA. Você abre a bíblia e você já encontra aí a ideia de um governo mundial na expressão “rei dos reis” aplicada a alguns monarcas como Nabucodonozor, Artaxerexes, etc. De facto, esses reis dominaram o mundo conhecido do seu tempo e vemos essa mesma tendência nos césares de roma e no papado. Na verdade, sendo sumo pontífice ou pontifex maximus, ninguém pode negar que o papado era uma espécie de rei dos reis. E vemos a mesma coisa no islam e assim por diante.
Mas o plano de um governo mundial como nós o conhecemos hoje começa com J. A. Commenius e mais tarde, no século XIX  temos o magnata Cecil Rodhes, o fundador das rodésias com o mesmo plano de governo mundial. 

O que significa dominar o mundo? Significa ter uma base aqui e acolá como tem os EUA? Claro que não. Porquê? Porque outros países como a Rússia também tem bases militares em alguns países o que deita por terra a hipótese de que ter bases militares em outros países significa dominar o mundo. Outra hipótese que tem sido construída para provar que os EUA dominam o mundo é que os EUA intervém militarmente em muitos países. Ora, pode ser que os EUA intervenham muito mas os outros também intervêm. Com efeito, nos lembramos da intervenção Rússia no Afeganistão, na Geórgia, na Ucrânia. Vimos uma intervenção militar maciça da China em África e mais recentemente no Tibete e assim por diante, logo, intervenção militar também não prova que os EUA estão dominando o mundo e que no mundo impera um pensamento e poder únicos que são os EUA. Outro argumento é de natureza económica e diz que os EUA controlam o mundo porque a economia mundial depende somente deles. Isso também não prova nada. Os EUA respondem, sim sr., pela maior parcela da economia mundial mas eles não dominam toda economia mundial como se pretende.

Quanto mais nos aprofundamos na análise dos motivos que fundam esse ódio antiamericano mais vamos nos compenetrando de que ele resulta da má colocação do problema e de uma incompreensão da questão que está sendo discutida porque uma coisa é dizer que os EUA são o país que mais dominam o mundo em todas as esferas política, económica, cultural, militar, etc., se bem que isso carece de uma análise mais aprofundada sobre o grau de coerência lógica interna dessas premissas e de submete-las a uma confrontação com os factos da realidade, mas ainda assim parece mais razoável partir delas do que partir das premissas que dizem que os EUA são a única potência económica, política, militar, etc., do mundo e que elas estão a dominar o mundo inteiro sozinhos. Isso é rotundamente falso e explico-me.

Quando falamos que no mundo impera um poder unipolar cujo centro está nos EUA, estamos logo a partida dizendo que de duas uma ou os EUA não enfrentam nenhuma concorrência dos outros poderes (monarquia) ou os EUA enfrentam alguma concorrência dos outros poderes (oligarquia).

Ora, se os EUA enfrentam alguma concorrência dos outros poderes, logo a tese de que os EUA são um poder unipolar é pueril e deve ser rejeitada in limine como errada. Se os EUA não enfrentam concorrência dos outros poderes, logo os EUA seriam um poder unipolar imperante no mundo com a nuance de que neste caso os EUA não são o que são, i.e., uma democracia com liberdade económica fundadas na moral judaico-cristã mas sim um comunismo enrustido. Não é preciso ser muito inteligente para ver que as coisas são assim e que não podem ser de outro modo.

Dominar o mundo sozinho, ter um poder global unipolar é a forma mais elevada do totalitarismo e a história da política universal bem como os escritos de muitos estudiosos de política desde Aristóteles até Hannah Arendt mostram que só há um e único totalitarismo o qual se chama comunismo tanto é que nem mesmo o fascismo de Mussolini, de Franco, de Salazar, nem o nazismo de Hitler podem ser chamados de totalitários conforme rigorosamente demonstrado por Hannah Arendt porque diferentemente do comunismo que é o único movimento político internacional, o nazi-facismo admitia algum grau de concorrência com outros poderes. No comunismo não há isso. Só há o partido e ponto final. Quer dizer, é o homem do pecado de que fala São Paulo, o apóstolo, que se levanta contra todos e contra tudo que se chama Deus. Ora, nem o facismo fez isso porque o facismo pelo menos aceitou a concorrência da igreja e da monarquia da Itália.

Os EUA, como pode-se ler nas declarações dos funding’s father como John Adams e tutti quanti, pode-se ler no livro de Tocqueville “a democracia na América”, etc., caracterizam-se pela sua democracia, liberdade e moral judaico-cristã. Ora, todo mundo sabe que esses valores todos encarnados e defendidos pela nação americana coexistem no mundo real com seus contrários no mundo todo.

Qualquer indivíduo que tenha estudado um pouco sobre estratégia sabe que ela resume-se a duas coisas básicas: cooperação e competição e como diziam os escolásticos: tertium non datur (não há terceira alternativa). Coopera-se com quem é mais forte ou mais fraco que nós e compete-se com quem é forte ou fraco como nós. Sabemos da cooperação dos EUA com Israel, Coréia do Sul, Inglaterra, etc., o que revela o desnível de força entre esses países mas não vemos nenhuma cooperação entre os EUA e a URSS, ou entre os EUA e a China ou com a Coreia do Norte etc., o que revela um relativo equilíbro de força entre esses países. Ora, se esses países não estão cooperando estão o que é que eles andam para aí a fazer? É claro que estão a competir e se estão a competir, pelo menos militarmente, logo, onde está a unipolaridade de poder por parte dos EUA? Está na cabeça dos teóricos da conspiração que julgam tudo pelos estereótipos da grande mídia e da intelligentzia universitária e do beautifull people pagos a peso de ouro pelos inimigos dos EUA, sendo que muitos deles estão dentro dos próprios EUA como vimos acontecer com Jane Fonda e uma lista enorme de idiotas úteis como diria Lénine. Mas é nestas situações que a boutade de Grouxo Marx é providencial em quebrar todos os galhos: “você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?”.

Não nego que exista um grupo de pessoas que queiram dominar o mundo inteiro, que queiram um poder unipolar, um pensamento único mas garanto que isso não é os EUA. É só ler os sites do CFR, Comissão Trilateral e acompanhar as actividades do grupo Buildeberg, os artigos e declarações do prof. Dugin com seu eurasianismo, etc., para perceber o que está acontecendo nos bastidores. Não digo que esses grupos têm poder global efectivo neste momento. De modo algum. Pode ser que um dia eles o tenham mas neste momento eles ainda não o têm porque como disse o filósofo Olavo de Carvalho que todo projecto de poder dessa magnitude que esse pessoal ambiciona fracassa por definição e ele dá exemplo de Júlio César, Genghis Khan, Napoleão, etc., que juntamente com outros nomes mencionados no início deste artigo tentaram levar a cabo um projecto de dominação global e fracassaram e ele diz que esses fulanos também vão fracassar. 

Que esse pessoal é louco e perigoso, disso ninguém em sã consciência pode-se dar ao luxo de negar. Mas confundir isso com os EUA é o cúmulo da estupidez criminosa, daquela estupidez que dessensibiliza para o verdadeiro perigo e desperta para onde não há perigo nenhum. Esses fulanos é que querem dominar o mundo e para confundir os idiotas uteis acusam de globalismo o único pais que esta lutando contra o globalismo em meio a capitulação geral do mundo em torno. Quer dizer, é a velha estratégia de rotulação inversa de Lénine: "acuse-os do que fizemos e insulte-os do que somos". Na verdade, Lénine estava certo quando disse que eles, os comunistas mereciam ser enforcados numa corda suja.  

Ps: Todo esquema de poder tem uma ideologia por detrás de si que Marx definiu como sendo um vestido de ideias que encobre o esquema de poder. A única ideologia na história da humanidade que encobriu um esquema de poder totalitário é o comunismo. A haver um poder totalitário no mundo ele somente pode provir dos países, das organizações e das pessoas que endossam a ideologia comunista como a Russia, a China, a elite bancária ocidental e o Islam porque o Islam, diferentemente do cristianismo, judaísmo só para citar as religiões maiores é a única religião totalitária. A elite bancária ocidental também rege-se por uma mentalidade totalitária porque ao quererem estrangular o mecanismo de mercado, eliminar a concorrência e fazer monopólio financeiro, também mostram que são totalitários. Portanto, se ao invés de se preocuparem com o americanismo, as pessoas se preocupassem mais com o eurasianismo, islamismo e com o fabianismo da elite bancária ocidental deixariam de gastar suas munições em alvo errado e evitariam que o inimigo crescesse até atingir proporções mefistofélicas como vemos hoje, malgrado ainda assim alguns recusarem-se a enxergar o óbvio. 

POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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