Uma breve leitura da
ética protestante de Max Weber deixa isso claro e a experiência capitalista dos
EUA deixa isso muito mais evidente ainda, ou seja, deixa evidente que não há capitalismo
sem ética protestante. Onde não há ética, o capitalismo se transforma no seu contrário
e não vai adiantar nada ter recursos naturais e ter um PIB que cresce a 7% porque
eles vão roubar tudo de novo, e de novo e de novo porque a meta é sempre a
mesma: fortalecer o partido cada vez mais até que este se torne numa força omnipresente,
de um imperativo categórico, de um mandamento divino.
Marx dizia que a sociedade está dívida em infra-estrutura
e superstrutura. Ele identificava a infra-estrutura com a economia, a base
material da sociedade e a superestrutura com a cultura, as leis, a moral, a
ideologia, as instituições, etc.
Para esse mesmo ideólogo da esquerda hegeliana, em
última instância, a infra-estrutura é que determina a superestrutura. Ou seja,
a economia é o que molda a moral, a cultura, a ideologia, etc. de uma sociedade,
logo, se você destruir a base material da sociedade você terá destruído o
capitalismo. É nisso que Marx acreditava. Porém, conforme bem demonstrado por
Benedetto Croce, isso é totalmente falso e a própria história se encarregou de
mostrar que em última instância o que determina o que o outro vai ser é a
superestrutura ideológica e cultural e não a infra-estrutura económica.
Pois bem! Pouco depois da proclamação da independência,
a FRELIMO, num dos seus congressos declara ser um partido de orientação marxista-leninista,
ou seja, declara ser um partido de extrema-esquerda, um partido comunista. E uma
das primeiras coisas que eles começaram a fazer foi proibir a religião,
colocando o partido (o homem do pecado como diz São Paulo, o apóstolo) no lugar
de Deus.
Não podemos nos esquecer disso porque como o próprio Marx
disse que “a história repete-se, primeiro como tragédia e depois como farsa” e a
primeira década da nossa independência que eu chamo de “a década perdida do
partido FRELIMO” foi uma tragédia e o foi porque o povo não tinha culpa uma vez
que não elegeu em sufrágio universal os seus governantes mas, agora, a história
está se repetindo não mais como tragédia mas sim como farsa.
Se você bane a religião, você bane a moral a tradicional
que no final das contas é o único garante da liberdade dos cidadãos porque liberdade
sem moral é um quadrado redondo. Leiam o livro de Alexis de Tocqueville “democracia
na américa” que malgrado ser um livro do século XIX continua a ser bastante
actual. Ele aí mostra que os EUA são a única nação do mundo que conseguiu fazer
“um arranjo sábio” da democracia, liberdade de mercado e moral tradicional
judaico-cristã. Carrol Quigley disse que os EUA são o que são por dois motivos:
primeiro, os norte-americanos acreditam que o dia de amanhã pode ser melhor que
o dia de hoje e segundo, a responsabilidade moral individual dos
norte-americanos. Não é demais recordar as palavras de John Adam, o segundo
presidente dos EUA de que a constituição dos EUA somente pode ser aplicada a um
povo religioso como o povo norte-americano, ou seja a um povo que se guia pela
moral tradicional. Sem moral tradicional ao invés de liberdade estabelece-se um
estado policial autoritário e as vezes totalitário para preencher o vazio moral
deixado pela religião.
Em Moçambique, o que se fez foi perseguir e abolir a religião,
abolindo deste modo a moral tradicional do povo moçambicano sob acusações de
obscurantismo e de mentalidade atrasada como se o ateísmo tivesse produzido um único
cérebro brilhante a semelhança de um Newton ou Einstein, quando, na verdade, só
tem produzido cérebros inferiores como Dawkins, Hitchens, Dennet e tutti quanti.
Muitos dizem que as medidas tomadas pelo partido FRELIMO
na primeira década da nossa república se justificavam. Não nego isso mas quero
desmerecê-lo como aceitável e considera-lo aceitável e justificável apenas ao mesmo
título em que também é aceitável que o comunismo só é viável num ambiente de decadência
moral como aconteceu em todo e qualquer país comunista como a URSS, China,
Cambodja, Vietname etc. onde o poder era exercido por um punhado de psicopatas e
assassinos como muito bem descreve o psicologo Andrew Lobaczewski no seu livro “ponerologia, psicopatas no poder”, os quais (psicopatas) são suportados por uma massa de militantes histéricos que tudo que querem é pão e circo. Aliás,
a quantidade de chineses que morreram de fome sob Mao Tse Tung mostra que nem
pão eles tiveram, a coisa foi mesmo sexo e circo e não estou exagerando. Basta
você ler acerca do Karl Radek, György Lukács
e Herbert Marcuse que pregava que o sexo era revolucionário e você vai
confirmar o que estou dizendo. Hoje o pessoal acusa o ocidente de imoralidade e
omitem o facto de que foi a KGB que espalhou essa imoralidade no ocidente e que
os mesmos criminosos de ontem são os juízes de hoje. Quer dizer, é a velha técnica
de rotulação inversa de Lenine: “acuse-os do que fazemos e insulte-os do que
somos”.
Com o fim da guerra fria e adesão de Moçambique as instituições
da Bretton Woods, começa o processo
da liberalização da economia. Mas acontece que sendo a cúpula do poder do país
preenchida por pessoas que raciocinavam a economia partindo dos estereóptipos
de Proudhon e de Marx que diga-se em abono da verdade, estão totalmente
errados, tendo sido refutados em 1920 por Ludwig Von Mises só fizeram cagadas e
estão fazendo cagadas até hoje pelo simples facto de que eles não sabem como a
economia funciona porque partem de premissas erradas.
Proudhon dizia que “a propriedade privada é um roubo” e
Marx dizia que o capitalismo era fruto da “exploração do homem pelo homem” por
meio da extracção da mais-valia. A FRELIMO acreditou e acredita nisso até hoje.
Essa coisa de que a FRELIMO mudou é um flatus
vocis porque como dizia Anatoliy Golitsyn
“o comunismo não é reformável”.
Ora, uma vez que eles partem dessas premissas desprovidas
de coerência lógica interna, eles roubam e exploram o povo porque acreditam que
essa é a única maneira de fazer propriedade privada, que essa é a única maneira
de fazer capitalismo. Não nos esqueçamos que Chipande disse a poucos meses o
seguinte: “não se preocupem com os roubos.
Os roubos vão continuar porque nós somos
seres humanos e não somos santos”. E não adianta passar verniz por cima disso e
dizer que isso foi um desvio acidental porque longe disso, trata-se da
confissão da verdadeira natureza do comunismo tal como ensinada por Marx e
Engels.
Agora, o povo vê isso e acha isso tudo muito normal. Porquê?
Porque uma vez que lhes foi tirada a moral tradicional pelas mesmas pessoas que
agora estão saqueando o país e achando que não estão fazendo mal nenhum como
disse Salomão, o rei no livro dos provérbios: “a mulher adúltera come, limpa a
boca e diz: não fiz mal nenhum”. Os nossos políticos e académicos também não reagem
porque também não tem moral nenhuma e se limitam a trocar acusações ligadas a corrupção
e má administração ao invés de fazer luta política, desmascarando a ideologia psicopata
do partido no poder e fazer uma contra-revolução cultural por meio da ocupação de
espaço através da superação ou substituição do inferior pelo superior porque
enquanto a atmosfera cultural do país não estiver saneada, a atmosfera política
nunca estará saneada também e não nos esqueçamos o que disse Hugo von Hofmannsthal que “nada está na política
de um país que não esteja primeiro na sua literatura”.
Moçambique precisa de uma contra-revolução cultural. Os moçambicanos
precisam despertar para a realidade de que é uma mentira histriónica de que a
moral tradicional é uma coisa inventada pelo capitalismo e começar a se dar
conta que o capitalismo é que é uma invenção da moral tradicional
judaico-cristã. Uma breve leitura da ética protestante de Max Weber deixa isso
claro e a experiência capitalista dos EUA deixa isso muito mais evidente ainda,
ou seja, deixa evidente que não há capitalismo sem ética protestante. Onde não há
ética, o capitalismo se transforma no seu contrário e não vai adiantar nada ter
recursos naturais e ter um PIB que cresce a 7% porque eles vão roubar tudo de
novo, e de novo e de novo porque a meta é sempre a mesma: fortalecer o partido
cada vez mais até que este se torne numa força omnipresente, de um imperativo
categórico, de um mandamento divino. Quando isso acontecer, será tarde demais porque
a democracia já terá acabado e o comunismo estará implantado sem as pessoas
saberem.
ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
Bela bosta.
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