quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Não há capitalismo sem moral tradicional judaico-cristã

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Uma breve leitura da ética protestante de Max Weber deixa isso claro e a experiência capitalista dos EUA deixa isso muito mais evidente ainda, ou seja, deixa evidente que não há capitalismo sem ética protestante. Onde não há ética, o capitalismo se transforma no seu contrário e não vai adiantar nada ter recursos naturais e ter um PIB que cresce a 7% porque eles vão roubar tudo de novo, e de novo e de novo porque a meta é sempre a mesma: fortalecer o partido cada vez mais até que este se torne numa força omnipresente, de um imperativo categórico, de um mandamento divino.


Marx dizia que a sociedade está dívida em infra-estrutura e superstrutura. Ele identificava a infra-estrutura com a economia, a base material da sociedade e a superestrutura com a cultura, as leis, a moral, a ideologia, as instituições, etc.

Para esse mesmo ideólogo da esquerda hegeliana, em última instância, a infra-estrutura é que determina a superestrutura. Ou seja, a economia é o que molda a moral, a cultura, a ideologia, etc. de uma sociedade, logo, se você destruir a base material da sociedade você terá destruído o capitalismo. É nisso que Marx acreditava. Porém, conforme bem demonstrado por Benedetto Croce, isso é totalmente falso e a própria história se encarregou de mostrar que em última instância o que determina o que o outro vai ser é a superestrutura ideológica e cultural e não a infra-estrutura económica.

Pois bem! Pouco depois da proclamação da independência, a FRELIMO, num dos seus congressos declara ser um partido de orientação marxista-leninista, ou seja, declara ser um partido de extrema-esquerda, um partido comunista. E uma das primeiras coisas que eles começaram a fazer foi proibir a religião, colocando o partido (o homem do pecado como diz São Paulo, o apóstolo) no lugar de Deus.

Não podemos nos esquecer disso porque como o próprio Marx disse que “a história repete-se, primeiro como tragédia e depois como farsa” e a primeira década da nossa independência que eu chamo de “a década perdida do partido FRELIMO” foi uma tragédia e o foi porque o povo não tinha culpa uma vez que não elegeu em sufrágio universal os seus governantes mas, agora, a história está se repetindo não mais como tragédia mas sim como farsa.

Se você bane a religião, você bane a moral a tradicional que no final das contas é o único garante da liberdade dos cidadãos porque liberdade sem moral é um quadrado redondo. Leiam o livro de Alexis de Tocqueville “democracia na américa” que malgrado ser um livro do século XIX continua a ser bastante actual. Ele aí mostra que os EUA são a única nação do mundo que conseguiu fazer “um arranjo sábio” da democracia, liberdade de mercado e moral tradicional judaico-cristã. Carrol Quigley disse que os EUA são o que são por dois motivos: primeiro, os norte-americanos acreditam que o dia de amanhã pode ser melhor que o dia de hoje e segundo, a responsabilidade moral individual dos norte-americanos. Não é demais recordar as palavras de John Adam, o segundo presidente dos EUA de que a constituição dos EUA somente pode ser aplicada a um povo religioso como o povo norte-americano, ou seja a um povo que se guia pela moral tradicional. Sem moral tradicional ao invés de liberdade estabelece-se um estado policial autoritário e as vezes totalitário para preencher o vazio moral deixado pela religião.

Em Moçambique, o que se fez foi perseguir e abolir a religião, abolindo deste modo a moral tradicional do povo moçambicano sob acusações de obscurantismo e de mentalidade atrasada como se o ateísmo tivesse produzido um único cérebro brilhante a semelhança de um Newton ou Einstein, quando, na verdade, só tem produzido cérebros inferiores como Dawkins, Hitchens, Dennet e tutti quanti.

Muitos dizem que as medidas tomadas pelo partido FRELIMO na primeira década da nossa república se justificavam. Não nego isso mas quero desmerecê-lo como aceitável e considera-lo aceitável e justificável apenas ao mesmo título em que também é aceitável que o comunismo só é viável num ambiente de decadência moral como aconteceu em todo e qualquer país comunista como a URSS, China, Cambodja, Vietname etc. onde o poder era exercido por um punhado de psicopatas e assassinos como muito bem descreve o psicologo Andrew Lobaczewski no seu  livro “ponerologia, psicopatas no poder”, os quais (psicopatas) são suportados por uma massa de militantes histéricos que tudo que querem é pão e circo. Aliás, a quantidade de chineses que morreram de fome sob Mao Tse Tung mostra que nem pão eles tiveram, a coisa foi mesmo sexo e circo e não estou exagerando. Basta você ler acerca do Karl Radek, György Lukács e Herbert Marcuse que pregava que o sexo era revolucionário e você vai confirmar o que estou dizendo. Hoje o pessoal acusa o ocidente de imoralidade e omitem o facto de que foi a KGB que espalhou essa imoralidade no ocidente e que os mesmos criminosos de ontem são os juízes de hoje. Quer dizer, é a velha técnica de rotulação inversa de Lenine: “acuse-os do que fazemos e insulte-os do que somos”.

Com o fim da guerra fria e adesão de Moçambique as instituições da Bretton Woods, começa o processo da liberalização da economia. Mas acontece que sendo a cúpula do poder do país preenchida por pessoas que raciocinavam a economia partindo dos estereóptipos de Proudhon e de Marx que diga-se em abono da verdade, estão totalmente errados, tendo sido refutados em 1920 por Ludwig Von Mises só fizeram cagadas e estão fazendo cagadas até hoje pelo simples facto de que eles não sabem como a economia funciona porque partem de premissas erradas.

Proudhon dizia que “a propriedade privada é um roubo” e Marx dizia que o capitalismo era fruto da “exploração do homem pelo homem” por meio da extracção da mais-valia. A FRELIMO acreditou e acredita nisso até hoje. Essa coisa de que a FRELIMO mudou é um flatus vocis porque como dizia Anatoliy Golitsyn “o comunismo não é reformável”.

Ora, uma vez que eles partem dessas premissas desprovidas de coerência lógica interna, eles roubam e exploram o povo porque acreditam que essa é a única maneira de fazer propriedade privada, que essa é a única maneira de fazer capitalismo. Não nos esqueçamos que Chipande disse a poucos meses o seguinte: “não se preocupem com os roubos. 
Os roubos vão continuar porque nós somos seres humanos e não somos santos”. E não adianta passar verniz por cima disso e dizer que isso foi um desvio acidental porque longe disso, trata-se da confissão da verdadeira natureza do comunismo tal como ensinada por Marx e Engels.

Agora, o povo vê isso e acha isso tudo muito normal. Porquê? Porque uma vez que lhes foi tirada a moral tradicional pelas mesmas pessoas que agora estão saqueando o país e achando que não estão fazendo mal nenhum como disse Salomão, o rei no livro dos provérbios: “a mulher adúltera come, limpa a boca e diz: não fiz mal nenhum”. Os nossos políticos e académicos também não reagem porque também não tem moral nenhuma e se limitam a trocar acusações ligadas a corrupção e má administração ao invés de fazer luta política, desmascarando a ideologia psicopata do partido no poder e fazer uma contra-revolução cultural por meio da ocupação de espaço através da superação ou substituição do inferior pelo superior porque enquanto a atmosfera cultural do país não estiver saneada, a atmosfera política nunca estará saneada também e não nos esqueçamos o que disse Hugo von Hofmannsthal que “nada está na política de um país que não esteja primeiro na sua literatura”.

Moçambique precisa de uma contra-revolução cultural. Os moçambicanos precisam despertar para a realidade de que é uma mentira histriónica de que a moral tradicional é uma coisa inventada pelo capitalismo e começar a se dar conta que o capitalismo é que é uma invenção da moral tradicional judaico-cristã. Uma breve leitura da ética protestante de Max Weber deixa isso claro e a experiência capitalista dos EUA deixa isso muito mais evidente ainda, ou seja, deixa evidente que não há capitalismo sem ética protestante. Onde não há ética, o capitalismo se transforma no seu contrário e não vai adiantar nada ter recursos naturais e ter um PIB que cresce a 7% porque eles vão roubar tudo de novo, e de novo e de novo porque a meta é sempre a mesma: fortalecer o partido cada vez mais até que este se torne numa força omnipresente, de um imperativo categórico, de um mandamento divino. Quando isso acontecer, será tarde demais porque a democracia já terá acabado e o comunismo estará implantado sem as pessoas saberem.


ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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