A diferença entre
a física mecânica de Newton e a Nova física de Planck e Einstein conhecida como
relatividade situa-se ao nível dos conceitos fundamentais da física. Enquanto a
física mecânica funda-se nos conceitos de tempo e espaço absolutos, a
relatividade funda-se nos conceitos de tempo e espaço relativos. É por isso que
uma, a física de Newton, é determinística e a outra, a nova física, é não
determinística.
Espaço
e tempo
No seu “principia”, Newton disse que a sua
“física” baseava-se em dois conceitos fundamentais, a saber: espaço absoluto e
tempo absoluto. Então, os conceitos fundamentais da física são espaço e tempo
de modo que todos os fenómenos físicos são cronotópicos.
No século XX, Einstein fez uma crítica
dura a física de Newton que acabou causando a crise da mesma. Einstein disse
que não existia espaço absoluto e tempo absoluto. E, de facto, ele tem razão
nisso porque espaço absoluto é um espaço sem conteúdo, um espaço sem nada lá
dentro. Ora, onde é que Newton observou e experimentou um espaço absoluto? Para
você observar e experimentar você tem que estar em algum lugar dentro do espaço
de modo que se Newton observou o espaço absoluto dentro do espaço, então, ele
não é absoluto. Se ele observou o espaço absoluto desde fora do espaço, então,
Newton é Deus. Einstein “brincava” dizendo que se o espaço fosse vazio, i.e.,
um espaço absoluto, isso seria um desperdício de espaço.
O tempo absoluto é a pura duração. Por
outras palavras, se trata de um tempo em que tudo acontece tota simul e não há nenhuma sucessão. Ou seja, é um presente
eterno. Isso não pode ser objecto da observação e da experimentação porque a
observação e a experimentação como eu já disse são cronotópicas. Você só pode
captar o espaço absoluto e o tempo absoluto intuitivamente. Na verdade, tudo
começa com a intuição e se demonstra pela lógica dedutiva que é a única que
existe e que por meio da qual passamos das verdades universais e abstractas -
que pertencem ao campo da axiomática que é aquela que é obtida pela matese por meio da contemplatio sapientiae- às verdades particulares e concretas por
meio de um termo médio.
Max Planck fundou a teoria da relatividade,
porém, o grande expoente da relatividade é Einstein. A física de Planck, Einstein,
Schrodinger, Heisenberg, Bohr se chama relativa porque ela nega os conceitos
fundamentais da física clássica de Newton de espaço absoluto e tempo absoluto.
Para os físicos da relatividade, o espaço e o tempo são relativos.
Determinismo
e indeterminismo
A física mecânica de Newton é uma
Macrofísica e a relatividade é uma Microfísica. Na física de Newton impera o
determinismo de modo que podemos prever o movimento dos corpos no tempo e no espaço.
Porém, em nível atómico e subatómico, isso já não acontece. Heisenberg diz que
o movimento dos átomos é indeterminado. É claro que isso pode conduzir a uma
ideia errada acerca dos átomos como seja a de que os átomos são livres no mesmo
sentido em que nós, seres humanos, somos livres.
Método e conceitos fundamentais da física
Os cientistas dizem que todo conhecimento
que não seja obtido por meio do método científico, ou seja, por meio da indução
não é válido. Ora, isso é ridículo. Como observou Einstein, “os conceitos
fundamentais da física, espaço e tempo, não são indutivos”. Esses conceitos só
podem ser obtidos pela dedução lógica, partindo dos princípios mesmos, da
axiomática que é aquela que é obtida pela matese
por meio da contemplatio sapientiae.
***
Newton era um cientista, um físico, porém,
ele era também um alquimista e um estudioso da Bíblia. Então, de onde ele tirou
seus conceitos de tempo absoluto e espaço absoluto? Da sua física não pode ser
porque toda ela funda-se nos conceitos de tempo e espaço absolutos e isso seria
cair no psicologismo de modo que esses conceitos são a priori e não a posteriori.
Se eles são a priori, então, segue-se
que Newton não os pode ter tirado da experiência porque tempo e espaço são
categorias pensamentais do nosso pensamento. De duas, uma: ou Newton tirou os
conceitos de tempo espaço absolutos da sua alquimia (solve et coagula) ou os tirou da sua teologia, tertium non datur.
***
A economia imita a física mecânica de
Newton. Deste modo, ela é determinística. Já expliquei em outros artigos que
essa mímese é absolutamente ridícula porque malgrado a física e a economia chegarem
as suas leis especulativamente, as leis da física são explicativas ou naturais,
ou seja, elas são nexos causais ou funcionais. Na economia, a própria ideia de
função já é errada porque as leis da economia são compreensivas ou culturais ou
seja elas são conexões de sentido as quais variam de cultura para cultura.
Quando Ludwig Von Mises diz que a economia
é a ciência da “acção humana”, ele está pondo em relevo a ideia mesmo de
liberdade. Sendo os agentes económicos individuais livres, sua acção humana não
está determina por nenhum nexo causal ou funcional de modo que falar em
causalidade em economia seja ela de Granger ou qualquer outra é confundir
cultura com natureza.
A economia é produto da cultura e não da
natureza. De modo que quando os economistas clássicos definem o mercado como “a
ordem natural das coisas” eles estão muito loucos. O mercado não é produto da
natureza, phisis, ele é produto da
cultura, digo, do “sistema de valores em torno qual os povos constroem seu
imaginário colectivo” (Olavo de Carvalho). Se você, por exemplo, demolir o
sistema cultural judaico-cristão que é o que dá unidade a civilização
ocidental, não haverá economia de mercado e foi sabendo disso que os comunistas
estavam mais interessados em colocar rabinos judeus e sacerdotes na cadeia do
que em libertar os proletários da exploração dos “malditos” capitalistas (cf.
Richard Wumbrand, Marx & Satan).
Então, a economia devia parar tentar
imitar a física e voltar ao seu verdadeiro método, o método logico-dedutivo
como praticado por Smith e Mises porque a indução em economia é pura ilusão.
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