sábado, 11 de março de 2017

Onde está o cérebro nacional?

Resultado de imagem para cerebro
Já desisti de compreender a cabeça do moçambicano se é que a tem. Aliás, tem-na a debaixo porque a de cima está metida no buraco da avestruz e não quer saber nada do que está se passando, contentando-se em ser uma caixa-de-ressonância da grande mídia internacional.

Num país em que as pessoas confundem crença com factos ou princípios, o conhecimento não somente é desconhecido mas ele é confundido com as pseudonotícias da CNN e da NYT e fazer análise económica, política e social significa nesta parte do mundo repetir os slogans de grupo ou do partido.

Já escrevi num outro artigo que o moçambicano não pensa com a própria cabeça, se limitando a repetir com uma fidelidade religiosa o que o seu grupo, partido, etc., dizem. Como o único género literário conhecido e exercitado pelos grupos, partidos, etc., é o manifesto”, o moçambicano acaba raciocinando por meio de slogans ou seja, por meio de palavras de ordem, “palavras de efeito” como a chamou David Horowitz ou “palavra gatilho” como a chamou Olavo de Carvalho.

Tudo que o moçambicano diz na TV, escreve na imprensa, etc., não sai da sua própria cabecinha oca. É tudo copy and paste do que aparece na TV Globo, CNN, New York Time e assim por diante, se limitando, mais uma vez, o moçambicano a servir de caixa-de-ressonância, boneco de ventríloquo nas mãos da grande mídia internacional e, coitado, julgando os EUA, ainda com os estereótipos da década de 40, imaginam que a grande mídia norte-americana é da direita e nem atinam com o facto de que toda ela está nas mãos dos comunistas chineses e que ela é das coisas mais antiamericanas que existem dentro dos EUA.

Tomar a CNN, a New York Time e similares como representantes da opinião da maioria dos cidadãos norte-americanos não é apenas sinal de ignorância mas é também um sinal de desonestidade que atesta a intenção maliciosa do dito cujo. A New York Time que é o maior órgão de imprensa dos EUA não vende mais do que 1000 000 de jornais por dia num país com mais de 400 00 000 de habitantes. Então, imagine quanto devem vender os outros órgãos de mídia. Porém, isso nem sempre foi assim. Isso começou na segunda metade do século passado quando a NYT resolveu servir de companheiro de viagem dos inimigos do seu país e começou um processo de ocultação e falsificação de informação. Isso é que é o jornalismo da grande mídia. Eles não vendem notícias, eles vendem ideologia. Dizer que isso é matéria para a “esquadra do consumidor” seria uma concessão paternal de candura a mais não poder porque na melhor das hipóteses isso devia dar o fechamento desses órgãos de mídia. Porém, como as autoridades nada fazem, os assinantes desses jornalecos de botequim trataram de dar uma lição na NYT e hoje ela está falida e tem que alugar metade do seu edifício para pagar as despesas do mesmo edifício.

Só quem ignora totalmente o que se passa nos EUA acredita que o que circula nos ecrãs e nos papéis da mídia é que reflecte o estado de coisas nos EUA. Eles nunca ouviram falar da WND. Nunca ouviram falar da INFORWAR de Alex Jones. Nunca ouviram falar do TALK SHOW do já lendário Rush Limbaugh que conta com 38 000 000 de audiência diária, o que põe a CNN e a NYT juntos no chinelo.

Há um docente da UEM que faz alguns comentários no programa do Mazóio na TIM, cujo nome não me ocorre neste momento, que disse horrores dantescos do Trump e proferiu uma ode de Píndaro ao Obama. O fulano teve a bisonha cara de pau de dizer que Obama salvou a economia norte-americana. Ora, chamar a um tipo desses de idiota útil chega a ser um eufemismo. O tipo é tão ignorante de tudo que aconteceu nos EUA nos últimos 10 anos porque a sua fonte de informação ou de desinformação é a mídia esquerdista norte-americana. Ele nunca ouviu falar da estratégia Cloward-Piven. Cloward-Piven são dois esquerdistas cujas ideias levaram ao descalabro da economia norte-americana nos finais do segundo mandato do republicano George W. Bush. Essa estratégia consistia em forçar os bancos a conceder crédito a quem não podia pagar, os famosos créditos NINJA (No Income, No Job, No assets), sob a crença de que isso ia combater a pobreza só que, ao invés disso, a previdência social ruiu, os bancos foram a falência e como diz o ditado “quando os EUA espirram a Europa fica com gripe, vimos os PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha) enfrentarem sua maior crise financeira do novo milénio. Tudo graças aos democratas dos quais Obama faz parte desde o berço.

Há um outro idiota que aparece na TV MIRAMAR que disse que Trump admitiu que ele ganhou as eleições com a interferência da Rússia e ele disse isso com aquela “passionate intensity” de que falou William Butler Yeats. O tipo é tão carente de senso artístico que não consegue distinguir uma proposição meramente irónica de uma proposição literal e não sou quem vai ensinar a esse indivíduo a diferença entre denotação e conotação. Ele devia ter aprendido isso aos 12, 13 anos de idade no ensino básico.

Vocês julgam que se Trump tivesse mesmo ganho as eleições com a ajuda da Rússia a esquerda norte-americana radical e fanática como todas as esquerdas aceitaria isso de ânimo leve de vez que ela controla o judiciário e a grande mídia? Só que até hoje os esquerdistas não foram capazes de apresentar nenhuma prova que embase essa acusação demoníaca. Se eles não têm prova porquê eles acusam? Porque eles acreditam na técnica de Joseph Goebels, o chefe da propaganda Nazi, de que “a mentira repetida se torna verdade”.

By the way, se Trump tivesse mesmo o rabo preso com a Rússia, teria ele, porventura, solicitado a abertura de uma investigação sobre o assunto sabendo que os esquerdistas estão a caça de qualquer nódoa por minúscula que seja na sua biografia e por mais remota que seja para derrubarem-mo por impeachement? Isso seria sadomasoquismo.  Agora, você pode dizer: “ah, mas ele fez isso para disfarçar sua russofilia”! Eu digo o contrário: pensar nesses termos é que é russofilia. Pertence a Lenine a seguinte frase: “insulte-os do que somos. Acuse-os do crime que nós mesmos cometemos”. Quem não sabe que Obama estudou com o dinheiro do príncipe da Arábia Saudita? Quem não sabe que Jimmy Carry que alardeou pelos quatro cantos do mundo que os EUA foram derrotados na guerra do Vietname teve sua campanha eleitoral financiada pelo próprio Vietname? Quem não sabe que John MacCain, um dos maiores Anti-Trump dentro do partido republicano, teve sua campanha eleitoral financiada pela Rússia? Quem não sabe que Albert Gore a semelhança de seu próprio pai deve seu dinheiro ao Armand Hammer um funcionário da Comintern? O casal Clinton já nem se diz. Eles têm uma ficha mais porca que pó de galinheiro como dizem os brasileiros.

É por estas e outras que eu digo que em Moçambique não há debate mas apenas uma conversa amigável entre o amém e o sim senhor. Porquê? Porque todos se alimentam da mesma fonte de informação que é o jornal. Só em Moçambique acontece uma coisa dessas. Os jornais substituíram os livros. Eu tive até um professor de economia agrária chamado Paulo Mole e mesmo o professor Castel-branco no seminário de pesquisa que nos impunha como obrigação académica ir ler jornais quando, na verdade, deveria ser o contrário, ou seja, eles deveriam nos orientar a não ler jornal. É por isso que nesta parte do mundo Voltaire é mais filósofo que o próprio Aristóteles e é mais físico que o próprio Newton e mais escritor que Dostoieviski.

Uma vez um outro idiota neste país disse que um bom cristão é aquele que não somente carrega a bíblia debaixo do braço mas que também carrega a constituição da república e que lê jornais como se a constituição da república e os jornais fossem literaturas complementares da Bíblia e que a minha alma pudesse ser salva pela leitura da constituição e dos jornais. É por estas e outras que o moçambicano já não sabe o que é conhecimento. Ele confunde palpite com conhecimento. Ora, palpite todo mundo tem e eu também tenho mas palpite é apenas uma conjectura e imaginação. É apenas uma crença e não um facto ou um princípio. Quando eu digo que 2+2=4 isso não é um palpite. Mas quando as pessoas dizem que Bush invadiu o Iraque por causa do petróleo como diz Severino Ngoenha isso é apenas uma opinião, uma crença e não um princípio metafísico ou um facto científico contra o qual não se pode argumentar, mas em Moçambique a diluição da fronteira entre o facto e a mera crença é uma necessidade metafísica da mais alta transcendência.

Dizer que já desisti de compreender a cabeça do moçambicano seria um eufemismo. Eu nem mesmo sei se o moçambicano tem cabeça. Aliás, tem uma, a debaixo. A de cima está dentro do buraco da avestruz e não quer saber nada do que se passa na realidade. É a isso que se chama histeria, digo, um esforço de auto-persuasão hipnótica de modo que o histérico é o indivíduo que não acredita no que seus olhos estão vendo mas no seu próprio discurso o que faz lembrar aquela boutade de Grouxo Marx: “você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos”? Deste modo, a mera possibilidade do indivíduo chegar ao conhecimento da verdade é um nado morto. Só pode conhecer a verdade quem a deseja mais do que a mera comodidade oferecida por uma crença ideológica. Infelizmente, neste país, as pessoas já fizeram a sua escolha que se resume nos gritos histéricos dos judeus do primeiro século à pergunta de Pôncio Pilatos sobre o que faria daquele Jesus, chamado Cristo: “Crucifica-o”- disseram eles.

ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário