Já desisti de
compreender a cabeça do moçambicano se é que a tem. Aliás, tem-na a debaixo
porque a de cima está metida no buraco da avestruz e não quer saber nada do que
está se passando, contentando-se em ser uma caixa-de-ressonância da grande
mídia internacional.
Num país em que as
pessoas confundem crença com factos ou princípios, o conhecimento não somente é
desconhecido mas ele é confundido com as pseudonotícias da CNN e da NYT e fazer
análise económica, política e social significa nesta parte do mundo repetir os slogans de grupo ou do partido.
Já escrevi num outro artigo que o moçambicano não
pensa com a própria cabeça, se limitando a repetir com uma fidelidade religiosa
o que o seu grupo, partido, etc., dizem. Como o único género literário
conhecido e exercitado pelos grupos, partidos, etc., é o manifesto”, o
moçambicano acaba raciocinando por meio de slogans
ou seja, por meio de palavras de ordem, “palavras de efeito” como a chamou
David Horowitz ou “palavra gatilho” como a chamou Olavo de Carvalho.
Tudo que o moçambicano diz na TV, escreve na imprensa,
etc., não sai da sua própria cabecinha oca. É tudo copy and paste do que aparece na TV Globo, CNN, New York Time e assim por diante, se
limitando, mais uma vez, o moçambicano a servir de caixa-de-ressonância, boneco
de ventríloquo nas mãos da grande mídia internacional e, coitado, julgando os
EUA, ainda com os estereótipos da década de 40, imaginam que a grande mídia
norte-americana é da direita e nem atinam com o facto de que toda ela está nas
mãos dos comunistas chineses e que ela é das coisas mais antiamericanas que
existem dentro dos EUA.
Tomar a CNN, a New
York Time e similares como representantes da opinião da maioria dos
cidadãos norte-americanos não é apenas sinal de ignorância mas é também um
sinal de desonestidade que atesta a intenção maliciosa do dito cujo. A New York Time que é o maior órgão de
imprensa dos EUA não vende mais do que 1000 000 de jornais por dia num país com
mais de 400 00 000 de habitantes. Então, imagine quanto devem vender os
outros órgãos de mídia. Porém, isso nem sempre foi assim. Isso começou na segunda
metade do século passado quando a NYT resolveu servir de companheiro de viagem
dos inimigos do seu país e começou um processo de ocultação e falsificação de
informação. Isso é que é o jornalismo da grande mídia. Eles não vendem
notícias, eles vendem ideologia. Dizer que isso é matéria para a “esquadra do
consumidor” seria uma concessão paternal de candura a mais não poder porque na
melhor das hipóteses isso devia dar o fechamento desses órgãos de mídia. Porém,
como as autoridades nada fazem, os assinantes desses jornalecos de botequim
trataram de dar uma lição na NYT e hoje ela está falida e tem que alugar metade
do seu edifício para pagar as despesas do mesmo edifício.
Só quem ignora totalmente o que se passa nos EUA
acredita que o que circula nos ecrãs e nos papéis da mídia é que reflecte o
estado de coisas nos EUA. Eles nunca ouviram falar da WND. Nunca ouviram falar
da INFORWAR de Alex Jones. Nunca ouviram falar do TALK SHOW do já lendário Rush
Limbaugh que conta com 38 000 000 de audiência diária, o que põe a
CNN e a NYT juntos no chinelo.
Há um docente da UEM que faz alguns comentários no
programa do Mazóio na TIM, cujo nome não me ocorre neste momento, que disse
horrores dantescos do Trump e proferiu uma ode de Píndaro ao Obama. O fulano
teve a bisonha cara de pau de dizer que Obama salvou a economia
norte-americana. Ora, chamar a um tipo desses de idiota útil chega a ser um
eufemismo. O tipo é tão ignorante de tudo que aconteceu nos EUA nos últimos 10
anos porque a sua fonte de informação ou de desinformação é a mídia esquerdista
norte-americana. Ele nunca ouviu falar da estratégia Cloward-Piven.
Cloward-Piven são dois esquerdistas cujas ideias levaram ao descalabro da
economia norte-americana nos finais do segundo mandato do republicano George W.
Bush. Essa estratégia consistia em forçar os bancos a conceder crédito a quem
não podia pagar, os famosos créditos NINJA (No Income, No Job, No assets), sob
a crença de que isso ia combater a pobreza só que, ao invés disso, a
previdência social ruiu, os bancos foram a falência e como diz o ditado “quando
os EUA espirram a Europa fica com gripe, vimos os PIGS (Portugal, Irlanda,
Grécia e Espanha) enfrentarem sua maior crise financeira do novo milénio. Tudo
graças aos democratas dos quais Obama faz parte desde o berço.
Há um outro idiota que aparece na TV MIRAMAR que disse
que Trump admitiu que ele ganhou as eleições com a interferência da Rússia e
ele disse isso com aquela “passionate intensity” de que falou William Butler
Yeats. O tipo é tão carente de senso artístico que não consegue distinguir uma proposição
meramente irónica de uma proposição literal e não sou quem vai ensinar a esse
indivíduo a diferença entre denotação e conotação. Ele devia ter aprendido isso
aos 12, 13 anos de idade no ensino básico.
Vocês julgam que se Trump tivesse mesmo ganho as
eleições com a ajuda da Rússia a esquerda norte-americana radical e fanática
como todas as esquerdas aceitaria isso de ânimo leve de vez que ela controla o
judiciário e a grande mídia? Só que até hoje os esquerdistas não foram capazes
de apresentar nenhuma prova que embase essa acusação demoníaca. Se eles não têm
prova porquê eles acusam? Porque eles acreditam na técnica de Joseph Goebels, o
chefe da propaganda Nazi, de que “a mentira repetida se torna verdade”.
By the way, se Trump tivesse mesmo o rabo preso com a Rússia,
teria ele, porventura, solicitado a abertura de uma investigação sobre o
assunto sabendo que os esquerdistas estão a caça de qualquer nódoa por
minúscula que seja na sua biografia e por mais remota que seja para derrubarem-mo
por impeachement? Isso seria
sadomasoquismo. Agora, você pode dizer:
“ah, mas ele fez isso para disfarçar sua russofilia”! Eu digo o contrário:
pensar nesses termos é que é russofilia. Pertence a Lenine a seguinte frase:
“insulte-os do que somos. Acuse-os do crime que nós mesmos cometemos”. Quem não
sabe que Obama estudou com o dinheiro do príncipe da Arábia Saudita? Quem não
sabe que Jimmy Carry que alardeou pelos quatro cantos do mundo que os EUA foram
derrotados na guerra do Vietname teve sua campanha eleitoral financiada pelo
próprio Vietname? Quem não sabe que John MacCain, um dos maiores Anti-Trump
dentro do partido republicano, teve sua campanha eleitoral financiada pela
Rússia? Quem não sabe que Albert Gore a semelhança de seu próprio pai deve seu
dinheiro ao Armand Hammer um funcionário da Comintern? O casal Clinton já nem
se diz. Eles têm uma ficha mais porca que pó de galinheiro como dizem os
brasileiros.
É por estas e outras que eu digo que em Moçambique não
há debate mas apenas uma conversa amigável entre o amém e o sim senhor. Porquê?
Porque todos se alimentam da mesma fonte de informação que é o jornal. Só em
Moçambique acontece uma coisa dessas. Os jornais substituíram os livros. Eu
tive até um professor de economia agrária chamado Paulo Mole e mesmo o
professor Castel-branco no seminário de pesquisa que nos impunha como obrigação
académica ir ler jornais quando, na verdade, deveria ser o contrário, ou seja,
eles deveriam nos orientar a não ler jornal. É por isso que nesta parte do
mundo Voltaire é mais filósofo que o próprio Aristóteles e é mais físico que o
próprio Newton e mais escritor que Dostoieviski.
Uma vez um outro idiota neste país disse que um bom
cristão é aquele que não somente carrega a bíblia debaixo do braço mas que
também carrega a constituição da república e que lê jornais como se a
constituição da república e os jornais fossem literaturas complementares da
Bíblia e que a minha alma pudesse ser salva pela leitura da constituição e dos
jornais. É por estas e outras que o moçambicano já não sabe o que é
conhecimento. Ele confunde palpite com conhecimento. Ora, palpite todo mundo
tem e eu também tenho mas palpite é apenas uma conjectura e imaginação. É
apenas uma crença e não um facto ou um princípio. Quando eu digo que 2+2=4 isso
não é um palpite. Mas quando as pessoas dizem que Bush invadiu o Iraque por
causa do petróleo como diz Severino Ngoenha isso é apenas uma opinião, uma
crença e não um princípio metafísico ou um facto científico contra o qual não se
pode argumentar, mas em Moçambique a diluição da fronteira entre o facto e a
mera crença é uma necessidade metafísica da mais alta transcendência.
Dizer que já desisti de compreender a cabeça do
moçambicano seria um eufemismo. Eu nem mesmo sei se o moçambicano tem cabeça.
Aliás, tem uma, a debaixo. A de cima está dentro do buraco da avestruz e não
quer saber nada do que se passa na realidade. É a isso que se chama histeria,
digo, um esforço de auto-persuasão hipnótica de modo que o histérico é o
indivíduo que não acredita no que seus olhos estão vendo mas no seu próprio
discurso o que faz lembrar aquela boutade de Grouxo Marx: “você vai acreditar
em mim ou nos seus próprios olhos”? Deste modo, a mera possibilidade do
indivíduo chegar ao conhecimento da verdade é um nado morto. Só pode conhecer a
verdade quem a deseja mais do que a mera comodidade oferecida por uma crença
ideológica. Infelizmente, neste país, as pessoas já fizeram a sua escolha que
se resume nos gritos histéricos dos judeus do primeiro século à pergunta de
Pôncio Pilatos sobre o que faria daquele Jesus, chamado Cristo: “Crucifica-o”-
disseram eles.
ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário