quarta-feira, 8 de março de 2017

Violência doméstica: o que está falhando?

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Um criminoso é, por natureza, um psicopata. Ele é incapaz de ter sentimentos morais de culpa e compaixão. As lágrimas do criminoso não denotam arrependimento mas, sim, remorso, o qual é uma emoção demoníaca de modo que podemos afirmar com certeza que ele voltará a fazer uma nova asneira.

Quando se fala em violência doméstica, as pessoas gostam muito de dizer que ela só vai ser minimizada se os violentadores forem punidos severamente e que para tal a lei deve ser severa. Contudo, essas mesmas pessoas dizem que são contra a pena de morte porque isso é contra os direitos humanos. Então, o que seria uma punição severa? Em Moçambique não há pena de morte e não há prisão perpétua e a violência doméstica nem dá direito a pena máxima neste país.

É um erro tentar tratar um crime como sendo apenas uma questão jurídico-legal ou uma questão moral e religiosa. O criminoso é antes de tudo um psicopata. O que é um psicopata? É o indivíduo que não tem sentimentos morais, ou seja, ele é incapaz de sentir culpa ou compaixão e isso esclarece muita coisa.

Sendo um criminoso alguém desprovido de sentimentos morais, as leis, por mais duras que sejam, nada podem fazer a respeito. Porquê? Porque a lei só serve para despertar nos cidadãos a consciência dos seus ilícitos criminais. Acontece que num psicopata, o apelo das leis não afecta a sua imaginação, as suas emoções, etc., mas apenas as áreas do seu cérebro que estão ligadas ao processo de comunicação de modo que o psicopata sabe como despertar sentimentos morais nos outros mas ele mesmo é incapaz de sentir a mesma emoção.

Endurecer as leis no sentido de contrapor a onda sempre crescente de violência doméstica significa dar como suposto que a causa dessa violência é o ambiente social. Ora, sendo a principal causa do crime a psicopatia, Lobaczwski não nega isso, mas ele diz que as causas mais importantes são a caracteropatia e a lesão no tecido cerebral de modo que tem que se resolver isso primeiro antes que se fale em legislar porque as pessoas estão tentando propor soluções para problemas que elas não compreendem e não compreendem porque não estudaram.

Uma pergunta muito famosa neste país é: “qual é que você pensa que seria a solução?” e não “Quid est”? Quer dizer, o moçambicano não tem senso de uma coisa chamada busca da verdade e ficam recitando como mantras sagrados os velhos resíduos psíquicos da revolução cultural marxista setentista e oitentista.

Não digo que os criminosos não devem ir para a prisão, porém, o que acontece neste país é que as prisões não são um lugar para o criminoso ir pagar pelos seus “pecados’, mas, sim, para ir ser reabilitado afim de posteriormente ser reintegrado na sociedade. Ora, se querem reabilitar um criminoso não o levem para a cadeia mas, sim, ao psicólogo, a igreja para corrigir sua deficiência de carácter, ou ao médico para tentar corrigir sua lesão no tecido cerebral caso a tenha.

Sensibilizar o criminoso não serve de nada porque, sendo ele um psicopata, ele é incapaz de sentimentos morais como já disse antes. Contudo, quando um criminoso aparece na TV, não raras vezes, vemo-lo chorar e dizer que está arrependido. Ora, é preciso ser muito pueril para acreditar numa coisa dessas. Na verdade, ele não está arrependido. Isso não passa de remorso.

Arrependimento
Arrependimento significa mudar de pensamento. Ora, para você mudar de pensamento você tem que ter um segundo pensamento e uma técnica dialéctica para arbitrar esses dois pensamentos. Hegel diz na sua dialéctica que essa arbitragem dialéctica da tese com a antítese conduz a uma coisa chamada síntese. O que é uma síntese? Ela não é nem a tese nem a antítese mas a fusão dos dois de modo que mesmo que você rejeite o pensamento A para ficar com o pensamento B, esse pensamento B não será totalmente B mas um B de alguma forma afectado pelo A. Não admira que, por exemplo, sendo você um cristão, às vezes se surpreenda pensando se Jesus é de facto o Cristo e até mesmo se Ele existiu historicamente.

Nietzsche dizia que você só supera aquilo que você substitui. Ora, dizer que o criminoso assim que detido pelas autoridades policiais se arrepende seria o mesmo que dizer que ele superou aquele pensamento maligno que o levou a cometer o crime só que para isso ele teria que fazer um exercício dialéctico desgraçado que ele nem imagina ou então, ele teria que ser alvo da graça divina e por uma acto de iluminação pneumática do Espírito Santo chegar, não a uma experiência cognitiva de arrependimento mas a uma experiência existencial de arrependimento só que isso também já não seria arrependimento porque arrependimento é uma experiência cognitiva. 

Remorso
Remorso significa remorder. Ele não é o arrependimento verdadeiro mas, sim, a sua caricatura demoníaca de modo que o remorso é uma emoção demoníaca. O demónio lhe leva a fazer a “merda” e, ao invés de colocar em você o arrependimento verdadeiro ele coloca o remorso e você fica se remordendo, se acusando e o resultado disso é que você acaba fazendo mais “merda” ainda.

Quando eu digo “demónio” não significa que eu esteja anuindo aos criminosos que dizem que mataram, roubaram, violentaram ou violaram, etc., por culpa dos espíritos maus. De modo nenhum. Esses criminosos atribuem ao demónio uma culpa existencial e o que eu estou fazendo, aqui, é apenas atribuindo ao demónio uma responsabilidade cognitiva. A serpente não dominou eidos da Eva. Ela apenas dominou o seu nous.

Todos nós somos alvos dos ataques dos demónios mas nem todos nós estamos possuídos pelos demónios quando fazemos actos errados de modo que um indivíduo que age em estado alterado de consciência, esse acto não lhe pode ser imputado porque é um acto demoníaco puro e simples assim também como quando um profeta, em estado arrebatamento místico, diz: “Eu sou Deus”, ele não pode ser acusado de blasfémia e ser sentenciado a pena capital por isso. Porém, se o criminoso não agiu em estado alterado de consciência, imputar a culpa do seu crime no demónio é um testemunho contra si próprio de que ele não está arrependido. Quer dizer, ele está aumentando à medida do seu crime, o crime de calúnia e difamação. É a isso que eu chamo de síndrome de Adão e Eva, quer dizer, a pessoa comete mil e uma asneiras e diz que a culpa é da crise económica e político-militar, a culpa é do demónio, a culpa é dos outros, nunca a sua. Quer dizer, estamos perante um psicopata e a maior parte dos criminosos entrevistados pela impressa diz isso. Eles não têm sentimentos morais e é por isso que eu disse que são psicopatas.

Ora, que existem pessoas que agem em estado alterado de consciência, isso ninguém pode negar mas são muito poucos. A maior parte sabe o que está fazendo. Aliás, o demónio sabe que não ganha nada em levar as pessoas a agir em estado alterado de consciência. Ele sabe que não vai ganhar aquela alma por causa disso porque para ganhá-la, ele tem que levar aquela pessoa a agir com plena responsabilidade dos seus actos para depois jogá-la contra Deus, contra a sociedade, etc. E é isso que Rousseau faz ao dizer que o indivíduo nasce bom mas a sociedade o corrompe. Ou seja, se você é mau, corrupto, não se preocupe com isso, você não tem culpa nenhuma. A culpa é da sociedade, sendo assim, você nunca vai arrepender-se dos seus actos errados porque você não atingiu a maturidade ética daqueles a quem Aristóteles chamava de spoudaios para ser capaz de julgá-los e você é incapaz porque não quer e você não quer porque não pensa. Por outras palavras, seu espírito não está em actividade mas é como um vulcão eternamente adormecido.

ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@mail.com

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