sábado, 11 de março de 2017

RELIMO e o Talk show da dialéctica

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A FRELIMO se tem mostrado exímia no maneio da máxima de Lenine que diz: “fomentem a corrupção e denunciem-na”. Transformando o sr. Guebuza num bode expiatório ou antes num patinho feio ou numa ovelha ranhosa, a FRELIMO está se limpando na sua própria sujeira de modo que o sr. Nyusi saia ileso da sua péssima governação como um hímen complacente pronto para vencer as próximas eleições gerais sem ter que prestar contas ao povo das suas mil e uma promessas eleitorais totalmente falsas. É a isso que se chama dialéctica.

Um dos slogans dos sucessivos governos da FRELIMO é o combate a corrupção. Onde? No aparelho do estado. Ora, de que formação política são os directores, PCAs, ministros, etc., corruptos que têm sido divulgados pela mídia? São membros do partido do FRELIMO. O que é isso? É a velha máxima de Lenine: “fomentem a corrupção e denunciem-na”(sic).

Na cabeça de alguns calhordas que se fazem passar por analistas, a FRELIMO mudou, “mudou de táctica mas não eliminou a ambição” diria Samora Machel. E falando em Machel, alguns dizem que se ele estivesse vivo nada disso estaria acontecendo. Isso é só para quem não entendeu a subtileza da mentalidade revolucionária, a qual é dialéctica por natureza, ou seja, os revolucionários não seguem uma única linha de raciocínio como o pessoal da direita mas exploram dialecticamente a contradição dialéctica entre diversas linhas de raciocínio. Vocês já se esqueceram que, em 2016, Chipande, o autor do primeiro tiro, disse alto e bom som: “não se preocupem com os roubos. Os roubos vão continuar porque somos humanos e não somos santos”(sic)? Por um lado, eles dizem que vão combater o roubo e por outro lado eles fomentam o roubo. Isso é de levar qualquer indivíduo despreparado a dissonância cognitiva.

Quando se olha para a FRELIMO, hoje em dia, dá uma vaga impressão de que ela está dividida. No reinado de Guebuza falou-se muito a respeito. Se dizia até que existia uma ala do Chissano, portanto, mais moderada e uma ala de Guebuza, mais radical e, portanto, desviada da tendência ideolóiga geral do partido. Contudo, quando se olha para os slogans daquela época, i.e., “a FRELIMO de Guebuza é a mesma de Chissano, Samora e Mondlane” vê-se claramente que essa aparente divisão interna da FRELIMO não é apenas aparente mas também estratégica. Os partidos revolucionários se limpam na sua própria sujeira.

A governação de Nyusi está caminhando a passos largos para o fim e ela está sendo um amontoado de fracassos a mais não poder. De um modo geral fala-se cobras e lagartos contra Guebuza, contudo ninguém pode negar que a economia moçambicana deu “grandes saltos para frente” mao tse-tunguianos no reinado daquele. Os factos não mentem:

    1-  A economia moçambicana cresceu a 7.5%;
  2-  Criaram-se mais duas universidades públicas, a saber: a UNILÚRIO e a UNIZAMBEZE sem falar de outras universidades e institutos superiores privados;
   3-  Construiu-se a ponte sobre o Zambeze e iniciou-se a construção da circular e da ponte Maputo-Catembe;
   4-  Surgiram mais 2 telefonias móveis, a VODACOM e a MOVITEL;
   5-  Um número grande de bancos comerciais vieram para o país;
   6-  Reabertura da linha de SENA;
   7-  Megaprojectos de Carvão e Gás Natural;
   8-  Reversão da Cahora-Bassa para a gestão moçambicana;

Etc.

A julgar pelos feitos acima registados ninguém em sã consciência pode ter a hombridade de negar que Guebuza foi o maior presidente que já tivemos. Contudo, quando se nota que tudo isso foi realizado a custa de delapidar o estado em prol dos superiores interesses do partido príncipe, à moda gramsciana, é impossível ao homem são não cair em si mesmo e perceber que tudo não passou de encenação, um abanar da capa do toureiro com vista a iludi-lo mais uma vez e, no entanto, como Garcia Lorca ante “a sangre derramada” de seu amigo toureiro recuamos em choque, entre soluços histéricos: “no, yo no quiero ver-la”.

Vezes sem conta alertei nos meus artigos acerca da pseudo-filosofia da “teoria geral” de Keynes. Keynes diz que se o governo aumentar o défice a economia vai crescer. Isso é uma mentira? De modo nenhum. Porém, é uma meia verdade, ou seja, é um paralogismo. Keynes omite que este crescimento vai durar pouco tempo e que acabará desembocando em estagflação, i.e., estagnação económica e inflação da moeda como vemos em Moçambique neste momento. Mas como os keynesianos estarão mortos no longo prazo, eles estão se marimbando de o dó para a inflação como quem diz: “depois de mim, o dilúvio”.

Nos últimos anos do seu reinado, Guebuza passou de Herói a vilão. Há quem, no esteio da máxima do Lord Acton de que “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”, diga que Guebuza foi corrompido pelo excesso de poder. Seja como for, Guebuza é visto hoje como um vilão e um bode expiatório dos pecados do actual governo liderado por Filipe Nyusi. Chamar Guebuza de bode expiatório seria forçado porque para ser um bode expiatório como muito bem demonstra René Girard no seu livro “O bode expiatório e Deus”, é necessário que o objecto sacrificado não tenha culpa de modo que a história de um bode expiatório é sempre trágica e nunca dramática e isso não confere a história do sr. Guebuza. Que ele tem culpa ninguém pode negar e isso, longe de fazer dele um bode expiatório faz dele o patinho feio, a ovelha ranhosa, o que é melhor ainda, que a FRELIMO, resolveu sacrificar para salvar o sr. Nyusi de modo que nas próximas eleições ele saia ileso como um hímen complacente.

Quem tem razão é Anatoly Golitsyn, um dos maiores desertores do comunismo, ao dizer que o comunismo não é reformável. É possível um indivíduo deixar de ser comunista. Os casos de Golitsyn, Ion Mihai Pacepa, David Horowitz, Heitor de Paola, Olavo de Carvalho e tantos outros provam isso acima de qualquer suspeita porém, não se trata de uma mudança que acontece da noite para o dia mas, sim, um processo que pode-se, nalguns casos, arrastar-se por anos a fio. Como é que você faz para deixar de ser comunista? Nietzsche dizia que “você só supera o que você substitui” (sic) de modo que somente se dando conta de que existe vida inteligente na direita que supera em qualidade formidavelmente todos os cérebros iluminados da intelectualidade esquerdista. Porém, para isso, é preciso uma abertura de espírito cuja concessão muitos não estão dispostos a admitir.

A estória de que a FRELIMO mudou é a mesma de que a KGB mudou. A KGB mudou tanto que a única mudança que ela teve foi apenas de nome de KGB para FSB. As instalações continuam sendo as mesmas, o modus operandi continua o mesmo, os colaboradores continuam sendo os mesmos de modo que Putin, ele mesmo um KGB hard line, disse que não existe essa estória de ex-KGB. É por isso que quando o antigo presidente da República, Joaquim Chissano, diz que não tem mais nada a ver com a KGB isso faz-me rir. O país foi governado por duas décadas pela KGB senão mais e ao invés de Chissano ser destituído do cargo por crime de responsabilidade ele é incensado como um dos maiores presidentes que o país já teve e maldito mesmo é o ocidente e principalmente os EUA que financiam o nosso orçamento, constrói as nossas estradas, escolas, hospitais, etc. Este país merece mesmo ir para o brejo.

ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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