A FRELIMO se tem
mostrado exímia no maneio da máxima de Lenine que diz: “fomentem a corrupção e
denunciem-na”. Transformando o sr. Guebuza num bode expiatório ou antes num
patinho feio ou numa ovelha ranhosa, a FRELIMO está se limpando na sua própria
sujeira de modo que o sr. Nyusi saia ileso da sua péssima governação como um
hímen complacente pronto para vencer as próximas eleições gerais sem ter que
prestar contas ao povo das suas mil e uma promessas eleitorais totalmente
falsas. É a isso que se chama dialéctica.
Um dos slogans
dos sucessivos governos da FRELIMO é o combate a corrupção. Onde? No aparelho
do estado. Ora, de que formação política são os directores, PCAs, ministros,
etc., corruptos que têm sido divulgados pela mídia? São membros do partido do
FRELIMO. O que é isso? É a velha máxima de Lenine: “fomentem a corrupção e denunciem-na”(sic).
Na cabeça de alguns calhordas que se fazem passar por
analistas, a FRELIMO mudou, “mudou de táctica mas não eliminou a ambição” diria
Samora Machel. E falando em Machel, alguns dizem que se ele estivesse vivo nada
disso estaria acontecendo. Isso é só para quem não entendeu a subtileza da
mentalidade revolucionária, a qual é dialéctica por natureza, ou seja, os
revolucionários não seguem uma única linha de raciocínio como o pessoal da
direita mas exploram dialecticamente a contradição dialéctica entre diversas
linhas de raciocínio. Vocês já se esqueceram que, em 2016, Chipande, o autor do
primeiro tiro, disse alto e bom som: “não se preocupem com os roubos. Os roubos
vão continuar porque somos humanos e não somos santos”(sic)? Por um lado, eles
dizem que vão combater o roubo e por outro lado eles fomentam o roubo. Isso é
de levar qualquer indivíduo despreparado a dissonância cognitiva.
Quando se olha para a FRELIMO, hoje em dia, dá uma
vaga impressão de que ela está dividida. No reinado de Guebuza falou-se muito a
respeito. Se dizia até que existia uma ala do Chissano, portanto, mais moderada
e uma ala de Guebuza, mais radical e, portanto, desviada da tendência ideolóiga
geral do partido. Contudo, quando se olha para os slogans daquela época, i.e., “a FRELIMO de Guebuza é a mesma de
Chissano, Samora e Mondlane” vê-se claramente que essa aparente divisão interna
da FRELIMO não é apenas aparente mas também estratégica. Os partidos
revolucionários se limpam na sua própria sujeira.
A governação de Nyusi está caminhando a passos largos
para o fim e ela está sendo um amontoado de fracassos a mais não poder. De um
modo geral fala-se cobras e lagartos contra Guebuza, contudo ninguém pode negar
que a economia moçambicana deu “grandes saltos para frente” mao tse-tunguianos
no reinado daquele. Os factos não mentem:
1- A economia moçambicana cresceu a 7.5%;
2- Criaram-se mais duas universidades públicas, a saber:
a UNILÚRIO e a UNIZAMBEZE sem falar de outras universidades e institutos
superiores privados;
3- Construiu-se a ponte sobre o Zambeze e iniciou-se a
construção da circular e da ponte Maputo-Catembe;
4- Surgiram mais 2 telefonias móveis, a VODACOM e a
MOVITEL;
5- Um número grande de bancos comerciais vieram para o
país;
6- Reabertura da linha de SENA;
7- Megaprojectos de Carvão e Gás Natural;
8- Reversão da Cahora-Bassa para a gestão moçambicana;
Etc.
A julgar pelos feitos acima registados ninguém em sã consciência
pode ter a hombridade de negar que Guebuza foi o maior presidente que já
tivemos. Contudo, quando se nota que tudo isso foi realizado a custa de
delapidar o estado em prol dos superiores interesses do partido príncipe, à
moda gramsciana, é impossível ao homem são não cair em si mesmo e perceber que
tudo não passou de encenação, um abanar da capa do toureiro com vista a
iludi-lo mais uma vez e, no entanto, como Garcia Lorca ante “a sangre
derramada” de seu amigo toureiro recuamos em choque, entre soluços histéricos:
“no, yo no quiero ver-la”.
Vezes sem conta alertei nos meus artigos acerca da
pseudo-filosofia da “teoria geral” de Keynes. Keynes diz que se o governo
aumentar o défice a economia vai crescer. Isso é uma mentira? De modo nenhum.
Porém, é uma meia verdade, ou seja, é um paralogismo. Keynes omite que este
crescimento vai durar pouco tempo e que acabará desembocando em estagflação,
i.e., estagnação económica e inflação da moeda como vemos em Moçambique neste
momento. Mas como os keynesianos estarão mortos no longo prazo, eles estão se
marimbando de o dó para a inflação
como quem diz: “depois de mim, o dilúvio”.
Nos últimos anos do seu reinado, Guebuza passou de
Herói a vilão. Há quem, no esteio da máxima do Lord Acton de que “o poder
corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”, diga que Guebuza foi
corrompido pelo excesso de poder. Seja como for, Guebuza é visto hoje como um vilão
e um bode expiatório dos pecados do actual governo liderado por Filipe Nyusi.
Chamar Guebuza de bode expiatório seria forçado porque para ser um bode
expiatório como muito bem demonstra René Girard no seu livro “O bode expiatório
e Deus”, é necessário que o objecto sacrificado não tenha culpa de modo que a história
de um bode expiatório é sempre trágica e nunca dramática e isso não confere a
história do sr. Guebuza. Que ele tem culpa ninguém pode negar e isso, longe de
fazer dele um bode expiatório faz dele o patinho feio, a ovelha ranhosa, o que
é melhor ainda, que a FRELIMO, resolveu sacrificar para salvar o sr. Nyusi de
modo que nas próximas eleições ele saia ileso como um hímen complacente.
Quem tem razão é Anatoly Golitsyn, um dos maiores
desertores do comunismo, ao dizer que o comunismo não é reformável. É possível
um indivíduo deixar de ser comunista. Os casos de Golitsyn, Ion Mihai Pacepa,
David Horowitz, Heitor de Paola, Olavo de Carvalho e tantos outros provam isso
acima de qualquer suspeita porém, não se trata de uma mudança que acontece da
noite para o dia mas, sim, um processo que pode-se, nalguns casos, arrastar-se
por anos a fio. Como é que você faz para deixar de ser comunista? Nietzsche
dizia que “você só supera o que você substitui” (sic) de modo que somente se
dando conta de que existe vida inteligente na direita que supera em qualidade
formidavelmente todos os cérebros iluminados da intelectualidade esquerdista. Porém,
para isso, é preciso uma abertura de espírito cuja concessão muitos não estão dispostos
a admitir.
A estória de que a FRELIMO mudou é a mesma de que a
KGB mudou. A KGB mudou tanto que a única mudança que ela teve foi apenas de
nome de KGB para FSB. As instalações continuam sendo as mesmas, o modus operandi continua o mesmo, os
colaboradores continuam sendo os mesmos de modo que Putin, ele mesmo um KGB hard line, disse que não existe essa estória
de ex-KGB. É por isso que quando o antigo presidente da República, Joaquim
Chissano, diz que não tem mais nada a ver com a KGB isso faz-me rir. O país foi
governado por duas décadas pela KGB senão mais e ao invés de Chissano ser
destituído do cargo por crime de responsabilidade ele é incensado como um dos
maiores presidentes que o país já teve e maldito mesmo é o ocidente e principalmente
os EUA que financiam o nosso orçamento, constrói as nossas estradas, escolas,
hospitais, etc. Este país merece mesmo ir para o brejo.
ESCRITOPOR|XADREQUE
SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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