As teorias da luta
de classes e da mais-valia de Marx, baseadas no classicismo ricardiano, foram refutadas
pelos neo-clássicos com a descoberta do individuo e da lei da utilidade
marginal decrescente. Enquanto isso, a teoria geral de Keynes foi refutada pela
estagflação de 1973-75.
A aplicação do
método das ciências naturais a economia é consequência do positivismo comteano.
O método indutivo não se aplica a economia porque ela não é experimental. É urgente
voltar ao método dedutivo da economia política.
Mises teceu duras críticas ao método
quantitativo aplicado a economia. Ele dizia que a Matemática e a estatística
não tinham nenhuma utilidade para a análise económica porque a economia não
lidava com massas, átomos, etc., mas, sim, com a acção humana, a qual não tem a
mesma previsibilidade que o movimento dos átomos. Na esteira da tradição da
economia política clássica e neo-clássica da escola austríaca, Mises dizia que
o método adequado para a economia é o método dedutivo.
Eu tirei meu diploma de economia na
faculdade de economia da Universidade Eduardo Mondlane. Se me pedissem para
fazer uma síntese do que eu, lá, aprendi, ao longo dos quatro anos e meio do
curso, que mais pareceram uma eternidade, eu diria o seguinte:
Primeiro, aprendi que o lord Keynes, aluno de um neo-ricardiano
chamado Alfred Marshall, na Universidade de Cambridge, refutou a economia
clássica e que, portanto, a economia funciona de acordo com “a teoria geral do
emprego, do juro e do dinheiro”, a qual tem que ser usada para corrigir os
ciclos económicos. Não estou brincando. Me lembro como se fosse hoje que o meu
professor de Introdução a economia, o dr. Estevão J. Licussa, na primeira aula
de introdução a macroeconomia, ele disse alto e bom som: “bem-vindos a
Economia”, porém, quando há meses atrás ele introduzira a Microeconomia, ele
não proferira as mesmas palavras. Isso confirma o que acabei de dizer, ou seja,
de que economia, para os moçambicanos, é Keynes.
Segundo, também aprendi que não há análise
económica possível sem gráficos, tabelas, equações, etc. De modo que, se você
faz um trabalho do final de curso e não superlota as páginas do mesmo com qualquer
coisa que lembre matemática, estatística, econometria, seu trabalho é simplesmente
preterido e classificado com a nota mínima, salvo se você tiver supervisores
respeitadíssimos como Castel-branco e Maria Isabel Munguambe.
Essas são as duas coisas que eu aprendi no
meu curso de economia. Examinemos cada um desses pilares da nova economia,
começando com a teoria geral do lord Keynes para depois, no final, adicionarmos
o exame do método das ciências naturais na economia.
Keynes
e a teoria geral
Notei nos meus professores de economia uma
ilusão geral de que Keynes refutou os clássicos e salvou a economia capitalista
com a sua teoria geral. Porém, não há nada mais falso do que isso. Num outro
artigo publicado neste blog eu
mostrei que, segundo Joan Robinson, o primeiro a descobrir a teoria geral foi
Mikhal Kalecki, mais de dez anos antes de Keynes, que a única coisa que fez foi
introduzir naquela teoria o que ele chamou de multiplicadores. By the way, o New Deal de Roosevelt foi
lançado anos antes de Keynes publicar sua teoria geral e, longe de lidar com a
crise, somente fê-la piorar até que, enfim, a II Guerra mundial chegou e a
depressão económica cedeu e a economia convalesceu. Ademais, demonstrei que uma
teoria que tenha a pretensão de ser geral é mito-poética e já está impugnada na
base pela sua incapacidade de se auto-explicar.
Que os clássicos tiveram seus problemas,
isso ninguém pode negar. Os dois dos principais problemas dos clássicos eram
tratar os agentes económicos como classes e crer que o valor de uma mercadoria
era função do trabalho incorporado na sua produção. Esses dois erros da escola
ricardiana foram fatais e deram aso a que Marx fizesse uma confusão dos
demónios, criando sua pseudo-teoria da luta de classes económicas e a
pseudo-teoria da mais-valia. Tudo isso foi culpa dos erros dos clássicos,
mormente da escola ricardiana.
Agora, quem refutou os clássicos foram os
neoclássicos e não Keynes, caso contrário, ele teria que ser um neo-clássico. Em
1871, William Stanley Jevon, na Inglaterra, Leon Walras, na Suiça e Carl
Menger, em Viena, o qual foi o fundador da escola austríaca de economia,
fazendo pesquisa totalmente independentes, chegaram as mesmas conclusões sobre
quem eram os verdadeiros agentes económicos e qual era a verdadeira substância
do valor. Eles descobriram que os agentes económicos não são as classes
económicas mas, sim, os indivíduos, portanto, os neoclássicos inauguram na
economia aquilo que Alan Renau chamou de “a era do individuo”.
Depois disso, surge em Viena um individuo
chamado Eugen Von Bohm-Bawerk, discípulo de Carl Menger. Esse individuo extraordinário
é que resolveu o problema económico do valor. Ele diz que os clássicos estavam
errados ao dizer que o valor de uma mercadoria era função da mão-de-obra incorporada
na produção da mercadoria, que, longe disso, o valor da mercadoria era
explicado por uma coisa chamada utilidade marginal.
Ora, a teoria da utilidade marginal não
somente refuta a teoria de valor dos clássicos mas, também, refuta, por tabela,
a teoria da mais-valia de Marx, a qual se baseava na teoria de valor dos
clássicos e, estando aquela teoria errada, Marx cai junto. Ou seja, a teoria da
mais-valia não vale nada, ela é totalmente falsa. Agora, o que os economistas
fizeram foi aceitar que a teoria clássica do valor estava errada mas não
quiseram aceitar as consequências advindas do facto de essa teoria estar
errada.
É ridícula a pretensão de que Keynes
refutou os clássicos, mormente sabendo como ele procedeu com eles. Joan
Robinson, contemporânea de Keynes na Universidade de Cambridge, no seu livro
sobre a teoria do emprego, diz que Keynes fez como quem pega num peixe que está
cheirando mal e o joga pela janela ao invés de examinar as causas do mau
cheiro. Quer dizer, é como jogar o bebé junto com a água do banho e foi isso
que Keynes fez.
Keynes nunca compreendeu os clássicos. Ele
simplesmente disse: eu não gosto disso, então, vou jogar isso fora e fazer algo
totalmente novo, se calhar por ter sido reprovado no exame de economia clássica
quando ele participou de um certo concurso para provimento de uma certa vaga e
ele saiu dali batendo o pezinho: “eu vou mostrar que sei mais economia que
todos vocês”. Tudo isso está documentado. Agora, ao invés de refutar os
clássicos como o fizeram os neo-clássicos, Keynes virou a economia pelo avesso.
Não é fortuitamente que a Macroeconomia chama-se a nova economia. Isso não é refutar.
Isso é fugir do problema. Razão tem o filósofo Olavo de Carvalho quando diz que
Keynes fez um estrago formidável na economia, o que me leva a parafrasear
Schelling e dizer que com Keynes, a economia caiu para um nível pueril. E não
era para menos. Qualquer área de conhecimento é antes de tudo a sua tradição.
Nada cresce por amputação mas, sim, por acumulação. Mas, o que fez Keynes senão
amputar e deformar?
Veja, a economia foi sistematizada por
Adam Smith em 1776. O que é sistematizar? Isso significa que Smith pegou em
todas as especulações económicas existentes dos fisiocratas com quem ele travou
diálogos, dos mercantilistas, dos escolásticos, etc., e foi conectando uma
coisa com a outra até formar um todo interligado a que se chamou economia política,
se bem que esse nome tenha sido dado por Moncretien. Agora, quando Keynes
publica sua teoria geral, a economia já tinha 300 anos. O que foi que Keynes
fez? Jogou 300 anos de pesquisa económica no lixo por pura birra com os
clássicos e querem que eu leve a sério um homem assim? Imaginemos que acontece isso
na física. Surge um físico chamado Keynes que acabou de tirar seu diploma de
física e por não estar a ter sucesso como físico diz: eu não quero saber nada
sobre o estágio em que a física se encontra. Não quero saber nada da tradição
da investigação em física. O que foi descoberto por Galileu Galilei, sir Isaac
Newton, Maxwell, Michael Farady, Max Planck, Einstein, Heisenberg,
Schrondinger, Niels Bohr,etc., não me interessam. Eu vou jogar tudo isso no lixo
e vou começar do zero porque todos eles estão errados, somente eu é que estou
certo”. Você levaria a sério um físico assim? Primeiro ele teria que provar por
A+B que os outros estão errados. Não é assim? Não sei se Eric Voeglin leu a
teoria geral de Keynes, mas, certamente que, se ele a tivesse lido, ele diria:
“isso não é um livro de economia, isso é um alcorão”. Porquê? Porque somente o
Corão se arroga a prerrogativa de ser a chave de abóbada, o selo da revelação
divina.
Dizer que Keynes salvou o capitalismo é
uma palhaçada autêntica de fazer inveja a um Charles Champlin, um Mr. Bean, ou
a um Jimmy Carry. Capitalismo é propriedade privada, é livre empresa, é não
intervenção do estado na economia. O que é o keynesianismo? É aquilo que Mises
chamou de intervencionismo. Isso não é capitalismo mas, sim, socialismo. O que
é socialismo? Depende. Se for uma mistura de política com economia em escala
nacional é nazismo. Se for em escala internacional é comunismo. Keynes não
salvou o capitalismo, ele salvou o socialismo e a neo-aristocracia fabiana.
Mises estava montado na razão quando dizia
que toda a teoria geral de Keynes era uma pseudo-filosofia. Keynes ensinava que
se um governo quisesse estimular a actividade económica, ele até devia pagar
para as pessoas fazerem buracos nos quintais e depois tapá-los e que devia
pagar para as pessoas construírem pirâmides. Quer dizer, gastar dinheiro público
proveniente dos impostos suados dos cidadãos em empreendimentos não produtivos.
Dizer que isso é estelionato chega a ser um eufemismo.
Keynes disse que o padrão ouro era uma
relíquia bárbara. Quer dizer, Keynes era paladino da inflação. Ele sabia que os
governos não teriam como colocar sua teoria geral em prática enquanto vigorasse
o padrão ouro, então, ele atacou o padrão ouro. Questionado se isso, a longo
prazo, não mergulharia os países na inflação como a que aconteceu na Alemanha
de Weimar, ele responde sarcasticamente que “no longo prazo, todos nós
estaremos mortos” (sic). Keynes morreu, porém, alguns ainda viveram para
testemunhar a economia funcionando de modo totalmente contrário ao que Keynes
havia teorizado, o que veio a acontecer no período de 1973-75, com a crise de
petróleo, cerca de 30 anos depois da teoria geral, uma crise que combinava
inflação com desemprego, a famosa estagflação, cuja possibilidade de ocorrência
é totalmente negada pela teoria geral de Keynes. Quer dizer, quem tenha
acreditado na teoria geral de Keynes por um minuto que seja é porque acredita
no quadrado redondo.
Uma das pessoas que viveu para ver a
teoria geral de Keynes ir para o buraco foi o economista Frederich August
Hayek. Hayek foi discípulo de Ludwig Von Mises, o qual foi, por seu turno,
discípulo de Eugen Von Bohm-Bawerk. Mises teve muitos discípulos nos seus
seminários de economia, tanto na sua Viena, quanto nos EUA, na New York
University, onde ele trabalhava na condição de professor não remunerado. Porém,
quando Keynes publica sua teoria geral em 1936, muitos dos discípulos de Mises o
abandonaram e foram para os EUA para fazerem carreira com o keynesianismo, dos
quais pode-se destacar o John Hicks, Alvin Hansen e Lerner; sendo que os dois
primeiros foram os mais entusiastas do keynesianismo e sintetizaram toda a
teoria geral no modelo IS-LM.
Hayek, pegando na teoria dos ciclos
económicos do seu mestre Ludwig Von Mises, a qual mostrava que a causa dos
ciclos económicos era o intervencionismo estatal, ele a aperfeiçoou e em 1974,
i.e., um ano após a morte de Mises, Hayek veio a ser galardoado com o prémio
Nobel de economia, não sem antes terem sido galardoados uma lista interminável
de keynesianos e econometristas.
PS1: Vimos que as teorias da luta de classes e da mais-valia
de Marx baseadas no classicismo ricardiano foram totalmente refutadas pelos
neo-clássicos pela descoberta do individuo como agente da acção económica e
pela descoberta da lei da utilidade marginal decrescente.
PS2: Vimos também que a teoria geral de Keynes foi
refutada pela crise de estagflação de 1973-75.
Economia
e métodos quantitativos
Enquanto eu tirava meu diploma de
economia, não raras vezes, os professores insistiam em que economia era
números, gráficos, tabelas, equações, etc. Quem é o pai de tudo isso? August
Comte. Porém, ao longo dos quatro anos e meio eu nunca ouvi um professor
sequer, nem mesmo os mais qualificados, pronunciar esse nome. Quer dizer, eles
também não sabem.
Comte é o autor da teoria dos 3 estados:
teológico, filosófico e positivo. Ele é o pai do positivismo. Comte queria
fazer uma física das ciências sociais. Como? Aplicando o método das ciências
naturais às ciências sociais. Não há nenhuma ciência que tenha entendido tão
bem a proposta de Comte do que a economia. Qualquer individuo que tenha
estudado um pouco a história da economia depois de Comte, sabe que a economia
passou a imitar a física mecânica. Vemos isso em quase todas, senão todas as
equações económicas.
É um problema que a economia use o método
das ciências naturais nas suas pesquisas. Qual é o método de uma ciência
natural? Observação e experimentação. Só que acontece que, em economia, a experimentação
é um quadrado redondo. Não se fazem experiências em economia. Só isso já é
suficiente para impugnar na base a impossibilidade da aplicabilidade do método
das ciências naturais na economia porque a economia não é uma ciência natural.
Natureza como a conhecemos, diz o físico brasileiro Adauto Lourenço, é átomo e
energia. Porém, acontece que a economia não estuda nem um, nem outro.
A economia estuda o comportamento humano
num mundo de escassez. Ou como diz Mises, ela estuda a “acção humana”. Ora, a
acção humana não é mecânica para que a estudemos nos moldes da física mecânica
de Newton. Ela não tem a regularidade de movimento que tem os átomos, se bem
que Heisenberg negue esse determinismo do movimento dos átomos. Newton foi o
primeiro a aplicar a matemática no estudo da física. Os que lhe antecederam
como Galileu, Ptolomeu, Copérnico, não tinham como fazer isso porque a matemática
não estava tão avançada como hoje. Então, sua análise era mais geométrica. Eles
conheciam Euclides. Agora, Newton teve que inventar muita coisa em matemática
para dar conta das suas pesquisas em física como por exemplo o cálculo
integral. É claro que Leibniz também descobriu muita coisa nesse sentido.
Para começo de conversa, a matemática é um
ente de razão e não um objecto da nossa experiência. Uma economia matemática,
primeiro, ela é um objecto ideal. Ela não existe em parte alguma, apenas, no
mundo das possibilidades lógicas. Porém, daquilo que é possível nada se pode
concluir da sua realidade. Segundo, a economia matemática é uma negação in limine do livre arbítrio consciente
da vontade dos agentes económicos.
Há uma economista brasileira que disse que
o FMI tinha mais de 400 modelos econométricos e que nenhum deles funciona. E
ela propôs que voltássemos a economia política. Ela está montada na razão. Se
temos que fazer esse recuo é porque o método em economia mudou substancialmente.
Qual é o método que os founding father’s
da economia política usavam? O método positivista comteano das ciências das
ciências naturais? De modo nenhum. O método das ciências naturais é o método
indutivo. Partindo do exame, em escala monográfica, de um exemplar fenoménico
após outro, você chega, por indução, a uma lei geral sobre todos os fenómenos
que pertencem àquela classe de fenómenos. Mas essa lei é apenas probabilística.
Por exemplo, você pega o ferro e aquece e verifica que ele se dilata. Você pega
o bronze e vê que ele também dilata quando aquecido e você vai aquecendo outros
metais e aí você chega a uma razoável probabilidade de que os metais, quando
aquecidos, dilatam, em x% dos casos.
Nunca ninguém fez isso em economia porque
você teria que fazer experiências. Agora, como é que você vai colocar o
comportamento dos agentes económicos num tubo de ensaio? Como é que você vai
dissecá-lo? Como é que você vai mensurá-lo? Isso é absolutamente impossível. Se
o método indutivo não funciona na economia, qual é o método que sobra? Ludwig
Von Mises vai dizer que o método da economia é o método dedutivo. Quer dizer,
partindo de princípios universais e abstractos auto-evidentes, o economista vai
deduzindo conclusões particulares acerca do comportamento dos agentes económicos.
Isso não é novo. É claro. Smith já fazia isso. Não nos esqueçamos que Smith,
antes de ser economista, era um filósofo. Portanto, ele não tinha a deficiência
metodológica que tem a maior parte dos economistas mais incensados do mundo,
incluindo Keynes.
É claro que, muitas vezes, as coisas não
são tão evidentes assim e suas várias faces poliédricas precisam ser arbitradas
dialecticamente até que o princípio universal e abstracto por trás se torne
evidente. Agora, porque os economistas não sabem o que é o exercício dialéctico,
o qual, na verdade, é bastante trabalhoso, eles preferem pegar nas equações da
física mecânica e copiar como aquela teoria quantitativa da moeda de Irving
Fisher (1930). O que é isso? Uma colcha de retalhos. Agora, porquê é que os
economistas preferem trabalhar com modelos matemáticos? Primeiro porque é mais
fácil e até um macaco, se ensinado, faz. Segundo, eles fazem isso para escapar
da tensão dialéctica do comportamento humano porque a mente humana é dialética.
Ela funciona com base na confrontação dialética de hipóteses.
Uma mente linear, isento de dúvidas, do
contraditório, só Deus a tem. Ele é o único que não tem dois pensamentos
contraditórios acerca da mesma coisa. Mas nós, não. Em nós há sempre um SIM e um
NÃO acerca da mesma coisa e ao mesmo tempo. Quando eu digo que vou trabalhar,
sempre surge um segundo pensamento que diz que eu devo descansar. Quando eu
digo que eu vou poupar, sempre surge um segundo pensamento que diz que eu devo
esbanjar. É assim que a nossa mente funciona, mas os economistas não sabem
disso e pensam que tudo é mecânico. Você escolheu investir. Pronto! Está
investido. Mas as coisas não são assim. Nós nem se quer somos racionalmente
económicos. Eu diria que a maior parte das nossas acções humanas, chutando uma
probabilidade, são 10% racionais e 90% irracionais. Quando você estuda a física
quântica, você acaba descobrindo que a própria física mecânica, levada até as
suas últimas consequências microfísicas, também é uma palhaçada. Todo seu
determinismo se esfarela.
A profusão de equações ou os chamados
modelos econométricos criam nos economistas a ilusão de que eles estão fazendo
ciência no mesmo sentido em que um Newton fazia ciência e que o comportamento
humano tem aquela regularidade de movimento, aquele determinismo, que aparece
nas equações económicas. Porém, quando você percebe que toda essa análise está
baseada no velho erro dos clássicos de considerar os agentes económicos como
classes e não como individuos, você sente a impressão de estar lidando com uma
psicose.
Não há nenhum modelo econométrico que
resiste a um minuto de análise microeconómica. Não há nenhuma teoria
macroeconómica que resiste a um minuto de análise microeconómica. E não existe
economia que não seja microeconomia. O resto é qualquer outra coisa, menos
economia. Veja, nenhum individuo consome um consumo agregado. Nenhum individuo
investe um investimento agregado e assim por diante. Só há consumo de um individuo.
Só há investimento de um individuo.
PS: Vimos que a aplicação do método das ciências naturais
à economia é consequência do positivismo comteano. O método indutivo não se
aplica a economia porque ela não é experimental. É preciso voltar ao método lógico-dedutivo
da economia política.
ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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