quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Luta pela independência ou revolução socialista?

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A independência de Moçambique foi decidida em família, a grande família socialista liderada por Mário Soares. De modo que não creio que a nossa luta de libertação tenha sido uma luta pela independência mas, sim, pela implantação do socialismo porque o país continua tão dependente quanto antes. A diferença é que ontem éramos dependentes, apenas, dos portugueses enquanto hoje somos dependentes dos chineses, russos, FMI, Brasil, Banco mundial e meio mundo de credores.

Uns falam com todo orgulho da sua participação na luta de libertação nacional e outros acreditam que a independência do país não teve como causa eficiente e nem final a luta movida pela Frente de Libertação de Moçambique mas, sim, a mudança ocorrida no tabuleiro da política internacional, nomeadamente: as pressões externas sofridas por Lisboa por parte da ONU e as pressões internas sofridas por parte dos socialistas.

Seja como for, não é meu interesse neste artigo discutir se a nossa independência foi o coroamento da luta de libertação ou se foi um “free-riding” da revolução dos cravos ocorrida em 25 de Abril de 1974 em Portugal, mas, sim, discutir se a nossa luta de libertação foi mesmo uma luta pela independência ou se não passou de um jogo de cena para ocultar o fantasma de uma revolução comunista que já assombrava a Europa do Leste, a América Latina e a Ásia havia algumas décadas.

Uns vão dizer que foi uma luta pela independência. Outros vão dizer que foi uma revolução socialista e outros ainda, como bons discípulos de Hegel e conhecedores da sua dialéctica de tese, antítese e síntese, farão a síntese dizendo que foi as duas coisas.

Quando Machel proclamou a independência na madrugada de 25 de Junho de 1975, ele disse que a independência de Moçambique era “total e completa”(sic). Não é preciso ter um Q.I einsteiniano para adivinhar que a nossa independência nunca foi total e muito menos completa. O que aconteceu é deixamos de ser dependentes de Lisboa para sermos dependentes da RDA, Havana, Beijing (Pequim), Moscovo, FMI, Banco mundial, ONU, etc. Não sei se isso é independência e nem sei se é total e completa.

A cartilha marxista que aprendemos na escola dizia que os colonialistas portugueses eram muito maus, que eles odiavam os pretos, exploravam os pretos, eram racistas, reservavam o famoso xibalo para os pretos, vendiam os pretos como mercadoria, zombavam dos deuses dos pretos, excluíam os pretos da administração do estado, etc. Ninguém será louco de negar que o tempo colonial foi terrível. Contudo, também é preciso ser muito pueril para não perceber que isso é um conjunto de factos diluídos na pasta da revolução cultural gramsciana que esteve em curso no país para fazer do partido FRELIMO “um poder omnipotente e invisível de um imperativo categórico, de um mandamento divino, de modo que todo mundo se tornasse socialista sem saber” (sic).

Conquistou-se a independência e o que é que se fez a seguir? Começou, aí, a caça as bruxas. A grande expurga de Stalin que arrebatou no seu bojo Urias Simango, padre Guendjere, Lázaro Kavandami, Joana Simeão e tutti quanti.  Não sinto pena destes, o que não significa que os tenha ódio. Porém, deviam ter aprendido com as experiências da URSS, China e Cuba que quem se alia com comunistas acaba morto. E pior ainda o padre Guendjere porque o santo ofício de 1 de Julho de 1949 do Papa Pio XII, depois ratificado pelo Papa João XXIII, pune com excomunhão todo e qualquer católico que dê apoio ao movimento comunista. Ele traiu a sua fé, a sua igreja, o seu superior hierárquico e teve a paga que mereceu. Urias Simango também era um pastor e ao se aliar com comunistas ateus, enlouquecido de ódio pelos cristãos traiu a sua própria fé. Você não pode querer o efeito e dizer que não quis a causa.

 Mais ainda, os que ontem diziam que estavam a lutar contra a exploração do homem pelo homem, contra o xibalo, trataram logo de abrir um campo de concentração e raptar seus próprios concidadãos para o xibalo da operação produção.

Os que ontem se queixavam da PIDE inventaram milicianos e começaram até mesmo a controlar o que as pessoas pensavam e criam no interior do seus corações de modo que começaram a perseguir os religiosos porque crer em Deus era inconstitucional, não contente, institucionalizaram o fuzilamento público para satisfazer sua sede de sangue. mesmo hoje, cidadãos honestos são extorquidos, “chamboqueados” e baleados pelos vulgos “cinzentinhos” por não portar B.I., enquanto criminosos armados até a medula dos ossos passeiam a sua classe em assalto de banco, assassinatos e sequestros de empresários até hoje não esclarecidos.

Os que ontem acusaram os colonialistas de destruir a nossa cultura, a autoridade tradicional, começaram a perseguir os líderes tradicionais e espirituais das comunidades tribais.

Os que ontem se queixavam de estarem a ser submetidos a lavagem cerebral pelas propagandas coloniais inventaram os grupos dinamizadores para lavar massas cinzentas já desbotadas e condicionar classicamente e objectivamente à moda de Ivan Palvlov e Skinner o reflexo da população e torná-la alvo fácil dos demagogos.

 Os que ontem acusam os colonialistas de deixar a população a míngua passaram a racionar o consumo da farinha, do repolho e do carapau. Os que ontem diziam que o país havia sido invadido pelos estrangeiros estão novamente a lotar o país de chineses a base de pelo menos 1000 por ano.

 Os que diziam que os colonizadores eram intolerantes ao dialogo enviam forças de defesa e segurança as ruas aparelhadas de armas de fogo e canhões de guerra para intimidar e assassinar sua própria população ao mesmo tempo em que dizem que ela é composta de “vândalos e marginais”.

Os que prometeram libertar a terra e o povo, tiraram toda a terra do povo. No tempo colonial, pelo menos, as famílias eram donas da terra onde haviam construído suas casas, suas machambas e seu cemitério. Hoje, a terra é do estado e você pode perder a sua casa, a sua machamba e seu cemitério a qualquer momento para os chineses como temos visto todos os dias.

Disseram que estavam a lutar contra o imposto de palhota. Hoje, se não pagas pelo uso e aproveitamento da terra onde seus antepassados nasceram, viveram e morreram vem o conselho municipal e mandá-te a fava com buldozers made in China.

Os que ontem acusaram os colonos de pilhar os recursos do solo pátrio, estão a praticar descaradamente o maior entreguismo da história do país.

Que mudou? Mudaram as cores. Substituiu-se o branco pelo preto e a nota ficou preta.

Não vivi as atrocidades do período colonial. Não sei se um familiar meu, por mais distante que seja, tenha sido vendido como escravo ou tenha sido detido pela PIDE. Porém, isso não importa. O que importa são os factos e, como dizia Sto Tomás de Aquino, “contra factos não há argumentos”(sic). Quer dizer, você só pode argumentar a favor dos factos e nunca contra. Se quiser argumentar contra, arranje uma hipótese qualquer contra a qual você possa argumentar.

Um facto que não quer calar na minha mente é que as colónias portuguesas só ficaram livres da administração colonial portuguesa com a revolução dos cravos de 25 de Abril de 1974. Quem foi Mário Soares? Um socialista. Por que coisa lutavam a FRELIMO, a FPLA, PAIGC, etc.? Pela implantação do socialismo em seus países. Já fiz referência, várias vezes, ao livro “Lutar por Moçambique” de Eduardo Mondlane em que ele diz, com todas a letras, que eles (os revolucionários) iam implantar o socialismo em Moçambique sô que eles não sabiam ainda qual era o tipo de socialismo eles queriam. Mário Soares não fez mais nada do que resolver o problema da descolonização das ex-colónias portuguesas em família, a grande família socialista. Ele só cumpriu a sua obrigação de um bom camarada que nunca perde la ternura para com os seus, como dizia Che Guevara.

Não me entendam mal. Não vão pensar que eu estou dizendo que a colonização deveria ter continuado ad infinitum. De modo nenhum. O que digo é que a luta de libertação de Moçambique não foi propriamente uma luta pela independência como aconteceu nos EUA mas, sim, uma revolução socialista marxista-leninista como aconteceu na Rússia, China, Vietname, Coreia do Norte, etc. Os discursos de Samora Machel estão lotados de elementos de prova suficientes para dar respaldo documental ao que estou dizendo. Não fui eu quem inventou a expressão “partido de VANGUARDA”, “REVOLUÇÃO moçambicana”, “continuadores da REVOLUÇÃO moçambicana” que continuam até hoje alimentados pelas verbas do estado, “República POPULAR de Moçambique”, “ditadura do proletariado”, “camaradas”, etc., como que a fazer jus àquela máxima do evangelho que diz: “pelos frutos os conhecereis”.

ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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