As pessoas
confundem a unidade estatal, que é a mera unidade territorial, com a unidade
nacional que é uma unidade étnica e linguística, a qual não existe em
Moçambique mas em subterritórios dentro do território detido pelo Estado
moçambicano. De modo que, o mais correcto, não é dizer que a tensão político-militar
põe em causa a unidade nacional mas, sim, que ela põe em causa a unidade
territorial do estado moçambicano.
Fala-se muito de promoção de unidade nacional neste
país, mas quando se avalia o conteúdo do que as pessoas estão dizendo, nota-se
uma grande confusão. Uns dizem que a tensão político-militar é um atentado
contra a unidade nacional; outros dizem que a ideia que circula por aí de
autarquias provinciais também é contra a unidade nacional. Toda essa confusão de
conceitos só mostra que as pessoas não sabem do que estão falando e que as
coisas que falam não passam pelo filtro da sua inteligência caso contrário não
repetiriam esses slogans, topois e
chavões como quem recita um dogma religioso.
Ora, se as pessoas nem se quer têm o domínio dos
conceitos, como é que elas vão conseguir arbitrar dialecticamente as suas opiniões?
É impossível. Então, vai ganhar a discussão aquele que gritar mais alto e como
observou Da Vinci, “onde há gritaria não há verdadeiro conhecimento” (sic).
As pessoas confundem a unidade estatal, que é a mera
unidade territorial, com a unidade nacional que é uma unidade étnica e
linguística, a qual não existe em Moçambique mas em subterritórios dentro do
território detido pelo Estado moçambicano. De modo que, o mais correcto, não é
dizer que a tensão político-militar põe em causa a unidade nacional mas, sim,
que ela põe em causa a unidade territorial.
Para você colocar em causa a unidade nacional, você
precisaria muito mais do que uma tensão político-militar, você precisaria de
algo que reflectisse essa intencionalidade. Tensão-político militar sempre
existiu no mundo inteiro mas, nem por isso, se pôs em causa qualquer unidade
nacional. Aliás, quando se analisa as leis eternas pitagóricas conforme
descritas pelo filósofo Mário Ferreira dos Santos no seu livro “a sabedoria das
leis eternas”, vê-se que a tensão diádica, surge como um desdobramento da unidade
monádica.
Ora, essa tensão não é real apenas para os entes que
pertencem ao mundo do contexto beta mas também ao mundo do contexto alfa e ela
é necessária porque sem ela nenhuma relação é possível e se nenhuma relação é
possível, também nenhuma reciprocidade é possível, o que se segue a
impossibilidade de qualquer forma, a que se segue a impossibilidade de qualquer
harmonia quinária.
Sendo a unidade nacional não uma unidade demarcada por
um espaço territorial, nem uma unidade assegurada pela constituição mas sim uma
unidade que se funda na unidade étnica e linguística, principalmente na unidade
étnica, a qual é biológica e cultural, a unidade nacional só pode ser destruída
mediante a destruição da unidade biológica e cultural daquela nação. A
destruição biológica pode ser feita através da miscigenação em que você vai
misturando diferentes unidades étnicas umas com as outras e daí a uma geração
você já não tem mais unidades étnicas distintas. A destruição cultural, idem. Ou seja, você vai introduzindo
naquela cultura, lentamente, subtilmente, valores que são estranhos a ela e daí,
a geração seguinte, já estará a construir seu imaginário colectivo em torno de
outros sistemas de valores que seus ancestrais não conheciam.
E isso não é
muito difícil de fazer. Se você lê o livro de Pascal Bernadin, “Maquiavel
pedagogo”, ele fala de duas técnicas para fazer isso que são: pé na porta e
porta na cara. O que ele diz, em resumo, é o seguinte: se você vai a casa de
alguém e diz que quer colocar um cartaz, um painel publicitário que vai cobrir
toda a faixa frontal da sua casa, a probabilidade daquela pessoa não vai
aceitar é muito grande. Então, o que você faz? Você propõe substituir aquele
cartaz maior por um outro mais pequeno, digamos, 30x20, e, Bernadin descobriu
que em quase 80% dos casos, digamos assim, as pessoas acabam aceitando a
segunda proposta. O que Bernadin está querendo dizer aqui é uma técnica de
manipulação de comportamento que tem sido usada, não apenas na área da educação
mas, em todas as áreas, se espalhando no mundo a velocidade alucinante, baseado
naquela ideia parva de mal maior-mal menor, em que as pessoas “racionais”
preferem sempre um mal menor a um mal maior. Porém, quer seja um mal maior ou
um mal menor, os dois são males e não devem ser desejados.
Agora, é claro que o cartaz maior é sempre um bleff e visa condicionar os seus
reflexos para forçar-lhe a uma obediência canina. By the way, ao trocar o cartaz maior pelo cartaz menor, o
manipulador dá impressão de que antes ele estava sendo maldoso e que, agora,
ele está sendo bondoso, o que lhe faz entrar naquele estado de estimulação
contraditória em que você acaba aceitando o cartaz menor para não correr o
risco de ver um cartaz maior pendurado na sua janela, quando, na realidade,
você poderia ficar sem nenhum dos cartazes.
Sem ameaça de destruição da unidade étnica e
linguística, falar em ameaça contra a unidade nacional é estelionato. Mas
quando você explica isso para um moçambicano, que tudo isso ‘e logomaquia, uma
guerra de palavras apenas, ele diz que você não tem auto-estima e que quer
perigar a unidade nacional. Então, não adianta. Você dá o parecer mais sério
possível e o moçambicano não verga como se tivesse um hímen incomplacente no
cérebro, o qual é incomplacente para a verdade mas quando se trata de
abortismo, homossexualismo, aquecimentismo, ideologia do género, etc., parece
que o hímen se transmuta num hímen complacente em que tudo pode passar e nem
mesmo os fisiocratas franceses, quando inventaram a expressão “laissez faire, laissez-passaire”,
podiam imaginar que, um dia, um povo podia dar a essa sentença uma expressão
prática tão criativa, digna de deixar um Voltaire babando de inveja a mais não
poder.
ESCRITO POR|XADREQUE
SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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