sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O delírio de Dawkins

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Richard Dawkins

 “Pouco conhecimento nos afastará da religião e muito conhecimento nos aproximará dela”

                                  Albert Einstein

“The Dawkins’s delusion” é o título do livro do casal Alister MacGrawth & Joana McGrawth, ambos professores e pesquisadores da Oxford University. Esse livro de cem páginas é uma resposta ao livro do biólogo Richard Dawkins “God, a delusion” de pouco mais de quatrocentas páginas. Malgrado ser Dawkins um biólogo, seu livro não é um tratado de biologia assim como não o são outros títulos desse mesmo autor como “O relojoeiro cego” e “Um rio que saia do Éden”.

Quem é Richard Dawkins? Dawkins é um professor inglês de biologia da Universidade de Oxford que nasceu em Quénia, África. Ao lado de Sam Harris, Daniel Dennet, Cristophe Hitchens (falecido), ele é, de longe, o mais famoso paladino do ateísmo militante dos últimos tempos espécie de reencarnação de Voltaire, Diderot e D’Alembert, que tem como manual sagrado “a origem das espécies” de Darwin. Se calhar, o debatedor mais feroz que Dawkins et caterva já encontraram na sua porca vida, em matéria de religião, seja o Dr. William Lain Craig.

God: a delusion e o ateismo

No seu livro “God: a delusion”, Dawkins faz referência a vários autores, os quais ele cita, porém, a base de tudo ou quase tudo que tem sido publicado por Dawkins e outros devotos do ateísmo militante tem sido buscado no livro “God: the failed hypothesis” de Victor Spengler e espero que os leitores não confundam este Spengler com um outro Spengler, autor da “decadência do ocidente”, falo do alemão Oswald Spengler.

Eu li o “God: a delusion” de Dawkins há 3 anos e depois fui ler “o anti-cristo” de Nietzsche e só este ano é que eu consegui encontrar e ler “Dawkins’s delusion” do casal MacGrawth. Contudo, eu já vinha acompanhando os debates e pronunciamentos do Dawkins, Cristophe Hitchins e tutti quanti pela internet. Poucos livros me causaram um grande mal-estar durante a leitura como “o anti-cristo” de Nietzsche e “God: a delusion” de Dawkins nem mesmo “A Bíblia de Satanás” de Anton Szonder Lavey.

Dawkins aposta nas primeiras páginas do seu livro em como os crentes em Deus se tornarão ateus depois de lerem seu livro. Ora, de quantos factos in contrarium você precisa para impugnar uma hipótese? Apenas um, mas para validá-la você precisa de muitos. Eu li o livro do Dawkins e não me tornei ateu, assim como o casal MacGrawth e tantos outros que leram esse livro pelo mundo como o filósofo Olavo de Carvalho de modo que pode concluir-se não somente que Dawkins estava errado mas também que ninguém se torna ateu por ler um livro com conteúdo ateístico, por ter familiares ateus, por ter colegas e amigos ateus e assim por diante. Já dizia São Paulo, o apóstolo; “examinai tudo e retende o que é bom”(sic) de modo que nada nos impede de ler Richard Dawkins sob pena de nos tornarmos ateus, de modo nenhum. O que nos torna ateus é a mesma coisa que nos torna ladrões, sadomasoquistas, etc., ou seja, a nossa incapacidade de escolher o que é bom e rejeitar o que é mau e não outra coisa imaginária ou por imaginar.

Ciência e religião

Dawkins é paladino da tese de que a ciência é incompatível com a crença num deus. É caricato que quem diz isso nem sequer é um grande cientista. Ele inventou lá uma teoria de “gene egoísta”, “teoria dos memes”, e todas elas foram desmascaradas como pseudocientíficas pelo que devem ser rejeitadas in limine no mínimo como brincadeira de criança. Se Dawkins disse que a pseudociência é incompatível com a crença em Deus, aí, tudo bem.

Veja, os grandes homens de Ciência e da Matemática creditavam na existência de Deus e a lista é enorme mas para termos uma ideia vamos citar alguns nomes:

   1-  Galileu Galilei - suas filhas eram freiras e ele era afilhado do Papa, o que significa que ele foi baptizado;
   2-  René Descartes – educado no colégio de La Fleche por padres jesuítas. Sua filosofia está repleta de alusões a Deus a quem ele recorreu quando o seu ego cogito falhou em lhe oferecer um fundamento sólido para o conhecimento;
   3-  Isaac Newton – era um profundo estudioso da Bíblia e sua teoria física está repleta de alusões a Deus;
   4-  Bayes – era padre
   5-  Blaise Pascal – teve uma experiência mística e tornou-se cristão. Ele dizia que, pela vias das probabilidades, é melhor crer em Deus do que não crer porque se você crer, quando você morrer e descobrir que Deus não existe você nada perde mas se você não crer em Deus e morrendo descobrir que ele existe você está lascado;
   6-  Michael Faraday – inventor do primeiro dínamo eléctrico era cristão. No leito de morte, quando perguntado quais eram suas dúvidas acerca da vida futura, respondeu: “dúvidas? Não tenho nenhumas. Eu baseio-me em certas”(sic) e depois recitou o texto de São Paulo, o apóstolo: “eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia”(sic).
   7-  Albert Einstein- era judeu. Ele dizia que “Deus não jogava dados” e dizia também: “quero saber como Deus criou o mundo. Quero compreender as ideias de Deus de forma matemática”. Ele também disse algo que Dawkins nunca leu ou se leu fará questão de ignorar por toda sua porca vida: “pouco conhecimento lhe afastará da religião, muito conhecimento o aproximará da religião”. Portanto, conclua o leitor se os ateus como Dawkins et caterva têm muito ou pouco conhecimento.
   8-  Leonard Euler – um dos maiores matemáticos de sempre e um grande paladino da existência de Deus. Conta-se até uma lenda de que ele provou a existência de Deus por meio da Matemática num debate com um ateu;
   9-  Srinavaza Ramaja – de longe o maior matemático que o mundo já teve. Ele disse que as suas descobertas em Matemática vieram até ele em sonhos que lhe foram trazidos por uma deusa hindu;
   10-                   Clerk Maxwell – contemporâneo de Faraday, dizia que depois de crer em Deus o passo seguinte era estudar as suas obras;
   11-                   Francis Krick – vencedor de nobel em medicina por ter descoberto o DNA, disse que dada as condições necessárias para o surgimento da vida como enzimas, aminoácidos e todas as proporções em que eles devem ser combinados e em face de todo conhecimento que temos, é impossível não admitir que o surgimento da vida é um milagre (vide Jean Guiton, “Física quântica e Espiritualidade”). Quem faz milagres?

Eu poderia citar outros tantos nomes como Richard Owen, o descobridor dos dinossauros, o próprio Darwin que recusou ser chamado de ateu, Niels Bohr, Nicola Tesla que, no princípio não acreditava nessas coisas até o dia em que teve um sonho em que ele viu os anjos a voar e ele viu sua mãe no meio daqueles anjos que voavam e quando ele acordou teve o pressentimento de que sua mãe morreu, tendo pouco tempo depois recebido uma carta que confirmava que sua mãe havia acabado de morrer. Existe também o caso de Swedenborg, o amigo de Immanuel Kant, que foi poeta, cientista e aos 50 anos de idade teve uma visão de Nosso Senhor Jesus Cristo e abandonou tudo para se tornar num místico.

Deste modo, quando Dawkins diz que a ciência é incompatível com a religião e que um homem de ciência não pode crer em Deus, sinceramente, não sei de que ciência Dawkins está falando, talvez esteja falando de ciência oculta.

Ateismo e evidência

Escorado em Bertrand Russel, um outro ateu de marca, Dawkins diz que não acredita na existência de Deus porque “não há evidências”. O que Dawkins não sabe e que o casal MacGrawth faz bem em demonstrar no seu livro “Dawkins’delusion” é que a ausência de evidência da existência de um ente não prova que aquele ente não existe, só prova que aquele ente não é evidente, ou que ele é obscuro de modo que evidência nunca foi sinónimo de existência e ausência de evidência nunca foi sinónimo de inexistência. Dawkins, ao cometer um non sequitur, dá um show da sua inépcia em matéria de lógica e permanece inabalável como a muralha da China.

O que é um ente evidente? É aquele que você pode provar. E como você vai prova-lo? Através de um ente auto-evidente. Nunca a Bíblia disse que Deus está nos elementos da natureza: terra, fogo, ar, água. Isso seria panteísmo. O que São Paulo, o apóstolo diz na sua epístola aos romanos é que a glória, o poder, a divindade de Deus são evidentes pelas coisas naturais e não que Deus é evidente por meio dessas coisas senão teríamos que canonizar uma bananeira, uma barata, um sapo, o Richard Dawkins e assim por diante.

Que Deus não é evidente isso ninguém discute porque Ele é auto-evidente ou seja Ele não carece de prova, ele não carece de demonstração porque Ele é a prova de si mesmo. Isso é o que significa ser um ser a se. E nem Russel sabia disso apesar de ser filósofo. É nisso que dá fazer filosofia analítica e Dawkins cai no mesmo erro ao tomar o Todo – poderoso como um ser ab alio.

Quando Dawkins et caterva falam de evidência, em que sentido eles falam disso? É no sentido da ciência. Neste caso Deus teria que ser uma partícula da matéria, um átomo, um quacker. Esse pessoal que diz que um dia a ciência vai provar a existência de Deus está muito louco. Para começar, eles não sabem o que é ciência. Não sabem o que é prova. E não sabem quem é Deus. Eles não passam de um bando de orangotangos que acabaram de descer da árvore ontem e já imaginam que podem colocar Deus num tubo de ensaio. Porca miséria!

Já escrevi no meu artigo “ABSTRACÇÃO como fundamento da Ciência, Matemática e Metafísica” que a ciência não estuda nenhum facto concreto, nenhum ente concreto, enfim, a ciência não estuda nada que seja concreto. A ciência se baseia naquilo que Aristóteles e depois os escolásticos na idade média europeia chamaram de abstracção de primeiro grau que é aquela em que dado um ente se abstrai da sua mera singularidade, dos seus acidentes e se toma o ente na sua generalidade como a abstracção de corpo na física.

Agora, para a ciência estudar Deus, ela teria que poder recortar um pedacinho de Deus e estudar esse pedacinho. E mesmo que isso fosse possível isso já não seria Deus porque Deus não é um ente abstracto, Deus não é um pedacinho de Deus, Deus é uma pessoa concreta que usa o pronome pessoal “EU”. Quando ele apareceu a Moisés Ele disse: “EU SOU o que EU SOU”. Ora, como é que você faz para conhecer uma pessoa? Ter o cabelo dela, a unha dela, o dente dela, a língua, etc., é suficiente para você conhecê-la? De modo nenhum. Nestes termos você só conheceria a fisiologia daquela pessoa e não a pessoa inteira e isso seria apenas mais uma abstracção porque aquela pessoa não é apenas a sua fisiologia ou a sua anatomia, ela é também a sua psicologia, a sua espiritualidade, as suas relações sociais, etc., mas não como pedaços soltos como algo concreto, concrescior, que cresce junto.

Para você conhecer uma pessoa, aquela pessoa tem que se mostrar para você e dizer: “Eu estou aqui”. Veja, Sto. Agostinho dizia que Deus habita a interioridade da alma humana. Onde é a interioridade da alma humana? Sua autoconsciência e é daí que Leibniz vai dizer que a diferença entre o homem e o animal é que enquanto o animal apenas tem consciência o homem tem autoconsciência de modo que se Deus habita a interioridade da alma humana, i.e., a sua autoconsciência, segue-se, necessariamente, que somente é possível conhecer Deus imanentemente por meio do aprofundamento dessa mesma autoconsciência e acontece que a ciência nem sequer pode provar que você tem consciência.

Religião e crianças

Dawkins diz que na infância foi cristão e que quando chegou a fase adulta da vida abandonou a religião cristã para nunca mais voltar e partindo dessa sua experiência particular e concreta ele diz que religião é coisa de criança, que nenhum adulto crê em Deus. Isso é absolutamente paranóico e eu não sei se isso é dedução lógica ou indução. Se for dedução, então, a experiência de Dawkins é um princípio universal per se nota do qual podemos deduzir conclusões particulares para todos os indivíduos da espécie humana. Se for uma indução isso significa que a experiência de Dawkins ocorrida em escala monográfica é necessária e suficientemente representativa das experiências humanas particulares e concretas dos 7 bilhões de habitantes deste baixo mundo e por si só pode ser tomada como base para por indução chegarmos a uma lei geral da ciência de que religião é coisa de criança e não de homens adultos como o crescidíssimo dr. Dawkins.

Ao enunciar essa tese, Dawkins abusa da quota de delírio auto-hipnótico permitido ao ser humano normal. Porventura, os 3 milhões de judeus que Moisés libertou da escravidão do Egipto eram crianças? Porventura os 12 apóstolos de Cristo eram crianças? Porventura, todos os padres, bispos, papas, pastores, diáconos, etc., da igreja eram crianças? Porventura todos os cientistas que eu listei acima, os quais eram religiosos e criam em Deus eram crianças?

Agora, Dawkins diz que não se deve ensinar religião as crianças que, ao invés disso, deve ensinar-se a cartilha ateísta darwinista da evolução das espécies e faze-las amiga das amebas, dos esgana gatos e dos tentilhões dos galápagos. O que seria das crianças do mundo se não fosse o zelo paternal que o dr. Dawkins dispensa para com elas? Não é mesmo?

O Deus judeu é mau

Dizer que estou estupefacto chega a ser uma figura de linguagem. Se Deus não existe como advoga Richard Dawkins e os ateus do mundo inteiro como é que ele pode ser mau? Quando você ouve os depoimentos do escritor português José Saramago, ele também um ateu enrangé já falecido, que as amebas o tenham, você ouve a mesma coisa. Isso só pode ser uma psicose tout court.

Um ente que não existe não pode ser nem bom nem mau. Para ser bom ou mau a condição número zero é que o ente exista. É por essa e por outras que eu digo que não é verdade que os ateus não acreditam que Deus existe. O ódio que eles sentem ao falar de Deus só prova contra eles mesmos que eles acreditam que Deus existe de modo que o certo não é dizer que o ateu é aquele que não acredita em Deus mas, sim, aquele que odeia a Deus e quer destroná-lo como o Richard Dawkins, Sam Harris, Victor Spengler, Cristophe Hicthins, Karl Marx, Bakunin et caterva e olocar uma ameba no seu lugar.

No momento em que você diz que Deus é mau você tem que necessariamente admitir que ele existe ou então você tem que ir procurar um psicanalista para curar sua neurose, libertando-o da sua fantasia sexual reprimida freudiana. No final das contas, o ateísmo como qualquer outra ideologia é uma revolta contra Deus e contra os homens como disse Eric Voeglin. É tudo gnosticismo barato.

Como diz o casal MacGrawth, no Antigo Testamento, Deus não apenas destruiu Sodoma e Gomorra, o mundo pré-diluviano, e mandou destruir Jericó, Ai, etc., mas também fez muito bem aos judeus. Ora, apesar de todo esse esforço fica claro que o casal MacGrawth não conseguiu respondeu a provocação de Dawkins neste ponto. Veja, as leis morais que são aquelas que dizem o que é lícito e o que não é lícito fazer, o que é bom e o que é mau, não são para todos mas somente para aqueles que estão debaixo da lei moral. Ora, nossos códigos morais não abarcam e subordinam Deus, os anjos, os cosmos, a natureza, de modo nenhum, antes pelo contrário, nossos códigos morais são abarcados e subordinados pelas leis da natureza e estas são abarcadas e subordinadas pelas leis cósmicas que, por sua vez, são abarcadas e subordinadas pelas leis divinas. Dizer que Deus é mau ou é bom segundo os nossos padrões morais, isso seria confundir o Todo-poderoso com Nabucodonozor, Alexandre - o magno, Júlio César, Gengis Khan e tutti quanti. Tudo isso é absolutamente lamentável. O casal MacGrawth está montado na razão quando diz que o Q.I de Dawkins decaiu muito desde que ele se pós a militar no ateísmo ao invés de fazer ciência. Só que eles falam de Dawkins com aquele ar de respeito humano. Deveriam era dizer: “cala boca, burro” e assunto encerrado porque não se debate ideias com quem não tem e que ao invés de ir buscar uma está apenas interessado em trapacear.

Religião e moral

Dawkins diz que a sociedade não precisa da religião para agir moralmente. Veja, essa ideia reducionista de religião como um sistema de códigos morais foi inventada por Kant mas nenhum teólogo aceitaria isso assim como também dizer que religião é um conjunto de rituais ou um conjunto de doutrinas. Leia Sto. Agostinho, São Tomás de Aquino, Duns Scotus, Suarez, Hans Hurs Von Baltazar, Lutero, C.S. Lewis, Wycliff, Branham, Wesley, etc.

Veja, o que é a religião judaica? Doutrinas? De modo nenhum. Ela é a história do povo judeu ao longo dos últimos 5 mil anos. O que é a religião cristã? Um conjunto de doutrinas? De modo nenhum. Ela é a história da igreja ao longo dos últimos 3 mil anos. E mais: antes do cristianismo ser uma doutrina, ele é uma pessoa, o Nosso Senhor Jesus Cristo. O que é o islamismo? Uma doutrina? Risque os 25 anos da revelação corânica de Maomé e os haddites que são uma espécie de biografia do profeta do islam e vê o que sobra do islamismo. NADA de modo que sem Jesus Cristo não existiria moral cristã nenhuma. Sem Moisés não existiria moral judaica nenhuma. Sem Maomé não existiria moral islâmica nenhuma.

Ninguém precisa de religião para ser um homem moralmente são. Antes que a primeira religião do mundo surgisse, a qual foi a religião babilónica de Nimrode e que teve como primeiro intérprete um sr. chamado Hermes, daí, a palavra hermenêutica, já existiam homens bons na terra como Abel, Sete, Enoque, etc., de modo que não creio que a religião seja a fonte da moral como Dawkins acusa os religiosos de propalarem por aí. A moral, a qual tem a ver com a praticidade humana, com a dramaticidade humana, brota da especulação dos homens acerca do verdadeiro e do falso de modo que aquilo que é verdadeiro conduz a uma prática humana que é certa e aquilo que é falso conduz a uma prática humana que é errada. 

Para isso, ninguém precisa de religião. O homem precisa apenas de não apagar em si as notas que o integram e definem como pessoa, sendo uma dessas notas, a habilidade pensamental do ser humano. Diz a Dra. Arendt que “pensar, desde Sócrates até Platão, significava travar um diálogo silencioso consigo mesmo”(sic) de modo que quando o ser humano abdica da prerrogativa, do privilégio de pensar, ele se torna incapaz de fazer julgamentos morais, incapaz de escolher o bem e rejeitar o mal e se torna mais uma peça dispensável no imenso maquinismo ideológico dos demagogos como Hitler, Stalin, Lenine, Pol pot, Dawkins et caterva.

Dawkins chega mesmo a dizer que a sociedade não precisa dos dez mandamentos para nada. Isso já é demais. Esse é um erro que muitos cometem porque pensam que  a finalidade da bíblia ou dos textos sagrados das religiões tomada teleologicamente é produzir uma sociedade moralmente saudável. Ora, é preciso ser muito pueril para acreditar numa coisa dessas. Essa não é a missão das religiões e muito menos da igreja. A palavra religião vem de religare que significa conectar de modo que as religiões surgem para reconectar os homens com o divino depois da queda de Adão e sua evicção do jardim do Éden. Contudo, ela vai falhar pelos séculos dos séculos em estabelecer essa desconexão do ser humano com o divino porque somente por meio do logos divino, Cristo, é isto possível, não apenas possível mas também actualizável, sendo as religiões apenas uma torre de babel, i.e., um outro portal para Deus que até pode aproximá-lo de Deus mas sem tocá-lo como numa assimptota vertical.

O objectivo dos dez mandamentos não é produzir uma sociedade com alto padrão de moralidade. De modo nenhum. Seu objectivo é a salvação da alma humana. Disse São Paulo, o apóstolo: “a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo afim de que crendo nele fossemos salvos”(sic) de modo que você pode ser religioso ou não, ter sua moral ou não, isso, se calhar, fará de você um bom vizinho, um bom pai, um bom cidadão, etc., mas isso não pode resolver seu problema teologal, isso não pode salvar sua pobre alma do fogo do inferno.

Ateismo e teoria da evolução

Dawkins diz que a teoria da evolução é incompatível com a crença em Deus de modo que todos os darwinistas são ateus. Contudo, quando a igreja católica endossou o darwinismo na pessoa do papa Ratzinger, o Bento XVI, entrenato, Dawkins acusou o papa de estar a fingir.

Essa discussão sobre evolução e design inteligente ou criacionismo não faz nenhum sentido principalmente porque essas duas teorias foram propostas pelo próprio Darwin. No final da “origem das espécies” Darwin propõe, pela primeira vez, a teoria do design inteligente. Então, existem essas duas teorias que por serem gerais não tem como você impugná-las ou confirmá-las no mero confronto com os factos porque as coisas olhadas por um lado parece que evoluíram mas olhadas por um outro ângulo parece que se confirma a teoria do design inteligente ou criacionismo. Quer dizer, tudo isso é um bicho que se morde pela sua própria cauda.

O que não entendo é os evolucionistas fazerem do evolucionismo um manifesto político-religioso que pune com pena de ex-comunhão ex-cathedra por crime de heresia todos os cientistas que se recusam admitir a incompatibilidade entre ciência e religião e que se recusam a endossar o darwinismo sendo que não têm provas definitivas da evolução como mostrado no filme “the expelds”. Olavo de Carvalho está montado na razão quando diz que tudo isso não passa de “um exagero de dogmatismo ateísta”(sic).

Se você não crê que Deus criou todas as coisas e, ao invés disso, você crê que elas surgiram espontaneamente, você também tem que provar que a teoria da evolução surgiu espontaneamente e que não foi Darwin ou o avô de Darwin, o Erasmo Darwin, quem inventou a teoria da evolução porque se você não conseguir explicar a teoria da evolução pela própria teoria da evolução, então, a teoria da evolução não pode ser uma teoria geral mas particular como qualquer outra. O mesmo sucede com a teoria do design inteligente, você tem que explicar pelo criacionismo a sua origem. Agora, tudo isso vai falhar pelos séculos dos séculos porque nada é um sistema fechado. A natureza não é um sistema fechado senão ela teria que se submeter a segunda lei da termodinâmica e estaria em extinção perpétua de modo que ninguém, nem os criacionistas, nem os evolucionistas, podem garantir que não esteja a acontecer agora mesmo na natureza algo que eles nem imaginam pelo que como é que você pode ter uma teoria geral e tentar oferecer interpretação estrutural sobre algo que está mudando a toda hora?

Veja, há novas estrelas aparecendo todo dia. Os próprios fenómenos ditos miraculosos como a dança do sol; a oração de Josué que fez parar o sol e a lua nas suas órbitas; a transformação da água e do vinho por Cristo; o facto de Cristo ter andando por cima das águas e ter multiplicado pão e peixe, etc., só mostra que as coisas na natureza não estão absolutamente determinadas. Segundo a física mecânica de Newton, a natureza é uma máquina. Newton foi buscar essa ideia em Descartes que é o pai do mecanicismo. Ora, se a natureza é uma máquina, então, todos os seus fenómenos estão pré-determinados. Macrofisicamente isso pode ser observado porém, mas microfisicamente isso é um absurdo. Qualquer físico atómico ou sub-atómico sabe que o movimento dos átomos é indeterminado como o provaram os físicos relativistas ou quânticos, principalmente o Werner Heisemberg.

A natureza está determinada pelas notas que a integram e a definem porém o cosmos não está determinado pela natureza. O cosmos abarca e subordina a natureza. O divino não está determinado pelo cosmos, antes porém, ele abarca e subordina todo o cosmos infinitamente de modo que um milagre não é uma violação das leis da natureza como crê Dawkings e outros ateus. Porquê? Porque as leis divinas não estão sujeitas as leis da natureza mas as leis da natureza estão sujeitas as leis divinas de modo que, sendo Cristo o próprio Deus, se Ele afundasse enquanto caminhava pelas águas isso sim seria uma violação das leis divinas pelas leis naturais. Essa gente nunca ouviu falar de hierarquia, hiero sagrado + arkhé princípio. Nunca se viola uma lei de cima para baixo mas de baixo para cima pela insubordinação a lei que lhe é imediatamente superior de modo que “há mais coisas entre o céu e a terra” (sic), como diz Hamlet, do que imagina o dr. Dawkins.

Ps: uma vez, um professor meu, de direito económico, disse que Deus não existia porque nada existe para além da terra, ar e mar (água) de modo que nada pode vir senão desses elementos e com isso ele creu ter refutado a existência de Deus como quem refuta uma hipótese científica e nem percebeu que antes dele os gregos já haviam dito isso como, por exemplo, Tales de Mileto que disse que a origem de todas as coisas é a água. Ora, qualquer estudioso da história da filosofia sabe que isso não é uma teoria científica mas, sim, uma poesia lírica, uma “expressão de impressões” como diria Croce.

Se nada existe para além do mar (água), ar e terra, de onde vieram estas coisas? De duas, uma: ou elas sempre existiram e portanto nunca houve o tal do Big Bang e a tal da criação ou elas surgiram ex-nihilo e portanto Deus as criou ou então elas vieram do Big Bang só que aí você levanta uma outra questão: “de onde veio o Big Bang de vez que o tempo e o espaço estavam nele”? Se você diz que vem do nada, então, você não tem outra saída senão apelar para Deus como fez Descartes porque Deus é o único ser a se, ou seja, o único ser que procede de si mesmo.

Ao dizer que nada mais existe a não ser terra, mar (água) e ar, o meu professor de direito económico mostrou que não entende nada de física caso contrário saberia que um planeta assim que fosse um sistema hermeticamente fechado em si mesmo teria, necessariamente, que obedecer a segunda lei da termodinâmica e estaria em extinção perpétua só que acontece que nada é um sistema fechado na natureza. Veja, até as células não são sistemas fechados, pois que eles recebem toneladas de energia.

Os materialistas levam muito longe seu materialismo diferentemente de Berkley, o pai de todos eles. Ora, quando aquele filósofo inventou o materialismo no século XVIII, ele queria apenas provar que também existe realidade na matéria, porém, seus discípulos acabaram mudando os objectivos do mestre e passaram a apregoar pelos quatro cantos da terra que só existe realidade na matéria de modo que tudo que não é material não existe mesmo que esteja diante dos seus olhos como o seu nariz.

ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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