Richard Dawkins
“Pouco conhecimento nos afastará da religião e
muito conhecimento nos aproximará dela”
Albert Einstein
“The Dawkins’s delusion” é o título do
livro do casal Alister MacGrawth & Joana McGrawth, ambos professores e
pesquisadores da Oxford University. Esse livro de cem páginas é uma resposta ao
livro do biólogo Richard Dawkins “God, a delusion” de pouco mais de
quatrocentas páginas. Malgrado ser Dawkins um biólogo, seu livro não é um
tratado de biologia assim como não o são outros títulos desse mesmo autor como
“O relojoeiro cego” e “Um rio que saia do Éden”.
Quem é Richard Dawkins? Dawkins é um
professor inglês de biologia da Universidade de Oxford que nasceu em Quénia,
África. Ao lado de Sam Harris, Daniel Dennet, Cristophe Hitchens (falecido),
ele é, de longe, o mais famoso paladino do ateísmo militante dos últimos tempos
espécie de reencarnação de Voltaire, Diderot e D’Alembert, que tem como manual
sagrado “a origem das espécies” de Darwin. Se calhar, o debatedor mais feroz
que Dawkins et caterva já encontraram
na sua porca vida, em matéria de religião, seja o Dr. William Lain Craig.
God:
a delusion e o ateismo
No seu livro “God: a delusion”, Dawkins
faz referência a vários autores, os quais ele cita, porém, a base de tudo ou
quase tudo que tem sido publicado por Dawkins e outros devotos do ateísmo
militante tem sido buscado no livro “God: the failed hypothesis” de Victor
Spengler e espero que os leitores não confundam este Spengler com um outro
Spengler, autor da “decadência do ocidente”, falo do alemão Oswald Spengler.
Eu li o “God: a delusion” de Dawkins há 3
anos e depois fui ler “o anti-cristo” de Nietzsche e só este ano é que eu
consegui encontrar e ler “Dawkins’s delusion” do casal MacGrawth. Contudo, eu
já vinha acompanhando os debates e pronunciamentos do Dawkins, Cristophe
Hitchins e tutti quanti pela internet. Poucos livros me causaram um
grande mal-estar durante a leitura como “o anti-cristo” de Nietzsche e “God: a
delusion” de Dawkins nem mesmo “A Bíblia de Satanás” de Anton Szonder Lavey.
Dawkins aposta nas primeiras páginas do
seu livro em como os crentes em Deus se tornarão ateus depois de lerem seu
livro. Ora, de quantos factos in
contrarium você precisa para impugnar uma hipótese? Apenas um, mas para
validá-la você precisa de muitos. Eu li o livro do Dawkins e não me tornei ateu,
assim como o casal MacGrawth e tantos outros que leram esse livro pelo mundo como
o filósofo Olavo de Carvalho de modo que pode concluir-se não somente que
Dawkins estava errado mas também que ninguém se torna ateu por ler um livro com
conteúdo ateístico, por ter familiares ateus, por ter colegas e amigos ateus e
assim por diante. Já dizia São Paulo, o apóstolo; “examinai tudo e retende o
que é bom”(sic) de modo que nada nos impede de ler Richard Dawkins sob pena de
nos tornarmos ateus, de modo nenhum. O que nos torna ateus é a mesma coisa que
nos torna ladrões, sadomasoquistas, etc., ou seja, a nossa incapacidade de
escolher o que é bom e rejeitar o que é mau e não outra coisa imaginária ou por
imaginar.
Ciência
e religião
Dawkins é paladino da tese de que a
ciência é incompatível com a crença num deus. É caricato que quem diz isso nem
sequer é um grande cientista. Ele inventou lá uma teoria de “gene egoísta”,
“teoria dos memes”, e todas elas foram desmascaradas como pseudocientíficas
pelo que devem ser rejeitadas in limine
no mínimo como brincadeira de criança. Se Dawkins disse que a pseudociência é
incompatível com a crença em Deus, aí, tudo bem.
Veja, os grandes homens de Ciência e da
Matemática creditavam na existência de Deus e a lista é enorme mas para termos
uma ideia vamos citar alguns nomes:
1-
Galileu Galilei
- suas filhas eram freiras e ele era afilhado do Papa, o que significa que ele
foi baptizado;
2-
René Descartes –
educado no colégio de La Fleche por
padres jesuítas. Sua filosofia está repleta de alusões a Deus a quem ele
recorreu quando o seu ego cogito
falhou em lhe oferecer um fundamento sólido para o conhecimento;
3-
Isaac Newton –
era um profundo estudioso da Bíblia e sua teoria física está repleta de alusões
a Deus;
4-
Bayes –
era padre
5-
Blaise Pascal –
teve uma experiência mística e tornou-se cristão. Ele dizia que, pela vias das
probabilidades, é melhor crer em Deus do que não crer porque se você crer,
quando você morrer e descobrir que Deus não existe você nada perde mas se você
não crer em Deus e morrendo descobrir que ele existe você está lascado;
6-
Michael Faraday –
inventor do primeiro dínamo eléctrico era cristão. No leito de morte, quando
perguntado quais eram suas dúvidas acerca da vida futura, respondeu: “dúvidas?
Não tenho nenhumas. Eu baseio-me em certas”(sic) e depois recitou o texto de
São Paulo, o apóstolo: “eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é
poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia”(sic).
7-
Albert Einstein-
era judeu. Ele dizia que “Deus não jogava dados” e dizia também: “quero saber
como Deus criou o mundo. Quero compreender as ideias de Deus de forma
matemática”. Ele também disse algo que Dawkins nunca leu ou se leu fará questão
de ignorar por toda sua porca vida: “pouco conhecimento lhe afastará da
religião, muito conhecimento o aproximará da religião”. Portanto, conclua o
leitor se os ateus como Dawkins et
caterva têm muito ou pouco conhecimento.
8-
Leonard Euler –
um dos maiores matemáticos de sempre e um grande paladino da existência de
Deus. Conta-se até uma lenda de que ele provou a existência de Deus por meio da
Matemática num debate com um ateu;
9-
Srinavaza Ramaja –
de longe o maior matemático que o mundo já teve. Ele disse que as suas
descobertas em Matemática vieram até ele em sonhos que lhe foram trazidos por
uma deusa hindu;
10-
Clerk Maxwell –
contemporâneo de Faraday, dizia que depois de crer em Deus o passo seguinte era
estudar as suas obras;
11-
Francis Krick –
vencedor de nobel em medicina por ter descoberto o DNA, disse que dada as
condições necessárias para o surgimento da vida como enzimas, aminoácidos e
todas as proporções em que eles devem ser combinados e em face de todo
conhecimento que temos, é impossível não admitir que o surgimento da vida é um
milagre (vide Jean Guiton, “Física
quântica e Espiritualidade”). Quem faz milagres?
Eu poderia citar outros tantos nomes como
Richard Owen, o descobridor dos dinossauros, o próprio Darwin que recusou ser
chamado de ateu, Niels Bohr, Nicola Tesla que, no princípio não acreditava
nessas coisas até o dia em que teve um sonho em que ele viu os anjos a voar e
ele viu sua mãe no meio daqueles anjos que voavam e quando ele acordou teve o
pressentimento de que sua mãe morreu, tendo pouco tempo depois recebido uma carta
que confirmava que sua mãe havia acabado de morrer. Existe também o caso de
Swedenborg, o amigo de Immanuel Kant, que foi poeta, cientista e aos 50 anos de
idade teve uma visão de Nosso Senhor Jesus Cristo e abandonou tudo para se
tornar num místico.
Deste modo, quando Dawkins diz que a
ciência é incompatível com a religião e que um homem de ciência não pode crer
em Deus, sinceramente, não sei de que ciência Dawkins está falando, talvez esteja
falando de ciência oculta.
Ateismo e evidência
Escorado em Bertrand Russel, um outro ateu
de marca, Dawkins diz que não acredita na existência de Deus porque “não há
evidências”. O que Dawkins não sabe e que o casal MacGrawth faz bem em demonstrar
no seu livro “Dawkins’delusion” é que a ausência de evidência da existência de
um ente não prova que aquele ente não existe, só prova que aquele ente não é
evidente, ou que ele é obscuro de modo que evidência nunca foi sinónimo de
existência e ausência de evidência nunca foi sinónimo de inexistência. Dawkins,
ao cometer um non sequitur, dá um show da sua inépcia em matéria de lógica
e permanece inabalável como a muralha da China.
O que é um ente evidente? É aquele que você
pode provar. E como você vai prova-lo? Através de um ente auto-evidente. Nunca a
Bíblia disse que Deus está nos elementos da natureza: terra, fogo, ar, água.
Isso seria panteísmo. O que São Paulo, o apóstolo diz na sua epístola aos
romanos é que a glória, o poder, a divindade de Deus são evidentes pelas coisas
naturais e não que Deus é evidente por meio dessas coisas senão teríamos que
canonizar uma bananeira, uma barata, um sapo, o Richard Dawkins e assim por
diante.
Que Deus não é evidente isso ninguém
discute porque Ele é auto-evidente ou seja Ele não carece de prova, ele não
carece de demonstração porque Ele é a prova de si mesmo. Isso é o que significa
ser um ser a se. E nem Russel sabia
disso apesar de ser filósofo. É nisso que dá fazer filosofia analítica e
Dawkins cai no mesmo erro ao tomar o Todo – poderoso como um ser ab alio.
Quando Dawkins et caterva falam de evidência, em que sentido eles falam disso? É
no sentido da ciência. Neste caso Deus teria que ser uma partícula da matéria,
um átomo, um quacker. Esse pessoal
que diz que um dia a ciência vai provar a existência de Deus está muito louco.
Para começar, eles não sabem o que é ciência. Não sabem o que é prova. E não
sabem quem é Deus. Eles não passam de um bando de orangotangos que acabaram de
descer da árvore ontem e já imaginam que podem colocar Deus num tubo de ensaio.
Porca miséria!
Já escrevi no meu artigo “ABSTRACÇÃO como
fundamento da Ciência, Matemática e Metafísica” que a ciência não estuda nenhum
facto concreto, nenhum ente concreto, enfim, a ciência não estuda nada que seja
concreto. A ciência se baseia naquilo que Aristóteles e depois os escolásticos
na idade média europeia chamaram de abstracção de primeiro grau que é aquela em
que dado um ente se abstrai da sua mera singularidade, dos seus acidentes e se
toma o ente na sua generalidade como a abstracção de corpo na física.
Agora, para a ciência estudar Deus, ela
teria que poder recortar um pedacinho de Deus e estudar esse pedacinho. E mesmo
que isso fosse possível isso já não seria Deus porque Deus não é um ente
abstracto, Deus não é um pedacinho de Deus, Deus é uma pessoa concreta que usa
o pronome pessoal “EU”. Quando ele apareceu a Moisés Ele disse: “EU SOU o que
EU SOU”. Ora, como é que você faz para conhecer uma pessoa? Ter o cabelo dela,
a unha dela, o dente dela, a língua, etc., é suficiente para você conhecê-la? De
modo nenhum. Nestes termos você só conheceria a fisiologia daquela pessoa e não
a pessoa inteira e isso seria apenas mais uma abstracção porque aquela pessoa
não é apenas a sua fisiologia ou a sua anatomia, ela é também a sua psicologia,
a sua espiritualidade, as suas relações sociais, etc., mas não como pedaços
soltos como algo concreto, concrescior,
que cresce junto.
Para você conhecer uma pessoa, aquela
pessoa tem que se mostrar para você e dizer: “Eu estou aqui”. Veja, Sto.
Agostinho dizia que Deus habita a interioridade da alma humana. Onde é a
interioridade da alma humana? Sua autoconsciência e é daí que Leibniz vai dizer
que a diferença entre o homem e o animal é que enquanto o animal apenas tem
consciência o homem tem autoconsciência de modo que se Deus habita a
interioridade da alma humana, i.e., a sua autoconsciência, segue-se,
necessariamente, que somente é possível conhecer Deus imanentemente por meio do
aprofundamento dessa mesma autoconsciência e acontece que a ciência nem sequer
pode provar que você tem consciência.
Religião
e crianças
Dawkins diz que na infância foi cristão e
que quando chegou a fase adulta da vida abandonou a religião cristã para nunca
mais voltar e partindo dessa sua experiência particular e concreta ele diz que
religião é coisa de criança, que nenhum adulto crê em Deus. Isso é
absolutamente paranóico e eu não sei se isso é dedução lógica ou indução. Se
for dedução, então, a experiência de Dawkins é um princípio universal per se nota do qual podemos deduzir conclusões
particulares para todos os indivíduos da espécie humana. Se for uma indução
isso significa que a experiência de Dawkins ocorrida em escala monográfica é
necessária e suficientemente representativa das experiências humanas
particulares e concretas dos 7 bilhões de habitantes deste baixo mundo e por si
só pode ser tomada como base para por indução chegarmos a uma lei geral da
ciência de que religião é coisa de criança e não de homens adultos como o
crescidíssimo dr. Dawkins.
Ao enunciar essa tese, Dawkins abusa da
quota de delírio auto-hipnótico permitido ao ser humano normal. Porventura, os
3 milhões de judeus que Moisés libertou da escravidão do Egipto eram crianças? Porventura
os 12 apóstolos de Cristo eram crianças? Porventura, todos os padres, bispos,
papas, pastores, diáconos, etc., da igreja eram crianças? Porventura todos os
cientistas que eu listei acima, os quais eram religiosos e criam em Deus eram
crianças?
Agora, Dawkins diz que não se deve ensinar
religião as crianças que, ao invés disso, deve ensinar-se a cartilha ateísta
darwinista da evolução das espécies e faze-las amiga das amebas, dos esgana
gatos e dos tentilhões dos galápagos. O que seria das crianças do mundo se não
fosse o zelo paternal que o dr. Dawkins dispensa para com elas? Não é mesmo?
O
Deus judeu é mau
Dizer que estou estupefacto chega a ser
uma figura de linguagem. Se Deus não existe como advoga Richard Dawkins e os
ateus do mundo inteiro como é que ele pode ser mau? Quando você ouve os
depoimentos do escritor português José Saramago, ele também um ateu enrangé já falecido, que as amebas o
tenham, você ouve a mesma coisa. Isso só pode ser uma psicose tout court.
Um ente que não existe não pode ser nem
bom nem mau. Para ser bom ou mau a condição número zero é que o ente exista. É
por essa e por outras que eu digo que não é verdade que os ateus não acreditam
que Deus existe. O ódio que eles sentem ao falar de Deus só prova contra eles
mesmos que eles acreditam que Deus existe de modo que o certo não é dizer que o
ateu é aquele que não acredita em Deus mas, sim, aquele que odeia a Deus e quer
destroná-lo como o Richard Dawkins, Sam Harris, Victor Spengler, Cristophe
Hicthins, Karl Marx, Bakunin et caterva
e olocar uma ameba no seu lugar.
No momento em que você diz que Deus é mau você
tem que necessariamente admitir que ele existe ou então você tem que ir
procurar um psicanalista para curar sua neurose, libertando-o da sua fantasia
sexual reprimida freudiana. No final das contas, o ateísmo como qualquer outra
ideologia é uma revolta contra Deus e contra os homens como disse Eric Voeglin.
É tudo gnosticismo barato.
Como diz o casal MacGrawth, no Antigo Testamento,
Deus não apenas destruiu Sodoma e Gomorra, o mundo pré-diluviano, e mandou
destruir Jericó, Ai, etc., mas também fez muito bem aos judeus. Ora, apesar de
todo esse esforço fica claro que o casal MacGrawth não conseguiu respondeu a
provocação de Dawkins neste ponto. Veja, as leis morais que são aquelas que
dizem o que é lícito e o que não é lícito fazer, o que é bom e o que é mau, não
são para todos mas somente para aqueles que estão debaixo da lei moral. Ora,
nossos códigos morais não abarcam e subordinam Deus, os anjos, os cosmos, a
natureza, de modo nenhum, antes pelo contrário, nossos códigos morais são
abarcados e subordinados pelas leis da natureza e estas são abarcadas e
subordinadas pelas leis cósmicas que, por sua vez, são abarcadas e subordinadas
pelas leis divinas. Dizer que Deus é mau ou é bom segundo os nossos padrões
morais, isso seria confundir o Todo-poderoso com Nabucodonozor, Alexandre - o
magno, Júlio César, Gengis Khan e tutti
quanti. Tudo isso é absolutamente lamentável. O casal MacGrawth está
montado na razão quando diz que o Q.I de Dawkins decaiu muito desde que ele se pós
a militar no ateísmo ao invés de fazer ciência. Só que eles falam de Dawkins
com aquele ar de respeito humano. Deveriam era dizer: “cala boca, burro” e
assunto encerrado porque não se debate ideias com quem não tem e que ao invés
de ir buscar uma está apenas interessado em trapacear.
Religião
e moral
Dawkins diz que a sociedade não precisa da
religião para agir moralmente. Veja, essa ideia reducionista de religião como
um sistema de códigos morais foi inventada por Kant mas nenhum teólogo
aceitaria isso assim como também dizer que religião é um conjunto de rituais ou
um conjunto de doutrinas. Leia Sto. Agostinho, São Tomás de Aquino, Duns
Scotus, Suarez, Hans Hurs Von Baltazar, Lutero, C.S. Lewis, Wycliff, Branham,
Wesley, etc.
Veja, o que é a religião judaica?
Doutrinas? De modo nenhum. Ela é a história do povo judeu ao longo dos últimos
5 mil anos. O que é a religião cristã? Um conjunto de doutrinas? De modo
nenhum. Ela é a história da igreja ao longo dos últimos 3 mil anos. E mais:
antes do cristianismo ser uma doutrina, ele é uma pessoa, o Nosso Senhor Jesus
Cristo. O que é o islamismo? Uma doutrina? Risque os 25 anos da revelação
corânica de Maomé e os haddites que são
uma espécie de biografia do profeta do islam e vê o que sobra do islamismo.
NADA de modo que sem Jesus Cristo não existiria moral cristã nenhuma. Sem Moisés
não existiria moral judaica nenhuma. Sem Maomé não existiria moral islâmica
nenhuma.
Ninguém precisa de religião para ser um
homem moralmente são. Antes que a primeira religião do mundo surgisse, a qual
foi a religião babilónica de Nimrode e que teve como primeiro intérprete um sr.
chamado Hermes, daí, a palavra hermenêutica, já existiam homens bons na terra
como Abel, Sete, Enoque, etc., de modo que não creio que a religião seja a
fonte da moral como Dawkins acusa os religiosos de propalarem por aí. A moral,
a qual tem a ver com a praticidade humana, com a dramaticidade humana, brota da
especulação dos homens acerca do verdadeiro e do falso de modo que aquilo que é
verdadeiro conduz a uma prática humana que é certa e aquilo que é falso conduz
a uma prática humana que é errada.
Para isso, ninguém precisa de religião. O
homem precisa apenas de não apagar em si as notas que o integram e definem como
pessoa, sendo uma dessas notas, a habilidade pensamental do ser humano. Diz a
Dra. Arendt que “pensar, desde Sócrates até Platão, significava travar um diálogo
silencioso consigo mesmo”(sic) de modo que quando o ser humano abdica da
prerrogativa, do privilégio de pensar, ele se torna incapaz de fazer
julgamentos morais, incapaz de escolher o bem e rejeitar o mal e se torna mais
uma peça dispensável no imenso maquinismo ideológico dos demagogos como Hitler,
Stalin, Lenine, Pol pot, Dawkins et
caterva.
Dawkins chega mesmo a dizer que a
sociedade não precisa dos dez mandamentos para nada. Isso já é demais. Esse é
um erro que muitos cometem porque pensam que
a finalidade da bíblia ou dos textos sagrados das religiões tomada
teleologicamente é produzir uma sociedade moralmente saudável. Ora, é preciso
ser muito pueril para acreditar numa coisa dessas. Essa não é a missão das
religiões e muito menos da igreja. A palavra religião vem de religare que significa conectar de modo
que as religiões surgem para reconectar os homens com o divino depois da queda
de Adão e sua evicção do jardim do Éden. Contudo, ela vai falhar pelos séculos
dos séculos em estabelecer essa desconexão do ser humano com o divino porque
somente por meio do logos divino,
Cristo, é isto possível, não apenas possível mas também actualizável, sendo as religiões
apenas uma torre de babel, i.e., um outro portal para Deus que até pode
aproximá-lo de Deus mas sem tocá-lo como numa assimptota vertical.
O objectivo dos dez mandamentos não é produzir
uma sociedade com alto padrão de moralidade. De modo nenhum. Seu objectivo é a salvação
da alma humana. Disse São Paulo, o apóstolo: “a lei nos serviu de aio para nos
conduzir a Cristo afim de que crendo nele fossemos salvos”(sic) de modo que você
pode ser religioso ou não, ter sua moral ou não, isso, se calhar, fará de você
um bom vizinho, um bom pai, um bom cidadão, etc., mas isso não pode resolver
seu problema teologal, isso não pode salvar sua pobre alma do fogo do inferno.
Ateismo
e teoria da evolução
Dawkins diz que a teoria da evolução é
incompatível com a crença em Deus de modo que todos os darwinistas são ateus.
Contudo, quando a igreja católica endossou o darwinismo na pessoa do papa
Ratzinger, o Bento XVI, entrenato, Dawkins acusou o papa de estar a fingir.
Essa discussão sobre evolução e design inteligente ou criacionismo não
faz nenhum sentido principalmente porque essas duas teorias foram propostas
pelo próprio Darwin. No final da “origem das espécies” Darwin propõe, pela
primeira vez, a teoria do design
inteligente. Então, existem essas duas teorias que por serem gerais não tem
como você impugná-las ou confirmá-las no mero confronto com os factos porque as
coisas olhadas por um lado parece que evoluíram mas olhadas por um outro ângulo
parece que se confirma a teoria do design
inteligente ou criacionismo. Quer dizer, tudo isso é um bicho que se morde pela
sua própria cauda.
O que não entendo é os evolucionistas
fazerem do evolucionismo um manifesto político-religioso que pune com pena de ex-comunhão
ex-cathedra por crime de heresia
todos os cientistas que se recusam admitir a incompatibilidade entre ciência e
religião e que se recusam a endossar o darwinismo sendo que não têm provas
definitivas da evolução como mostrado no filme “the expelds”. Olavo de Carvalho
está montado na razão quando diz que tudo isso não passa de “um exagero de
dogmatismo ateísta”(sic).
Se você não crê que Deus criou todas as
coisas e, ao invés disso, você crê que elas surgiram espontaneamente, você
também tem que provar que a teoria da evolução surgiu espontaneamente e que não
foi Darwin ou o avô de Darwin, o Erasmo Darwin, quem inventou a teoria da
evolução porque se você não conseguir explicar a teoria da evolução pela
própria teoria da evolução, então, a teoria da evolução não pode ser uma teoria
geral mas particular como qualquer outra. O mesmo sucede com a teoria do design inteligente, você tem que
explicar pelo criacionismo a sua origem. Agora, tudo isso vai falhar pelos séculos
dos séculos porque nada é um sistema fechado. A natureza não é um sistema
fechado senão ela teria que se submeter a segunda lei da termodinâmica e estaria
em extinção perpétua de modo que ninguém, nem os criacionistas, nem os
evolucionistas, podem garantir que não esteja a acontecer agora mesmo na
natureza algo que eles nem imaginam pelo que como é que você pode ter uma
teoria geral e tentar oferecer interpretação estrutural sobre algo que está
mudando a toda hora?
Veja, há novas estrelas aparecendo todo
dia. Os próprios fenómenos ditos miraculosos como a dança do sol; a oração de Josué
que fez parar o sol e a lua nas suas órbitas; a transformação da água e do
vinho por Cristo; o facto de Cristo ter andando por cima das águas e ter
multiplicado pão e peixe, etc., só mostra que as coisas na natureza não estão
absolutamente determinadas. Segundo a física mecânica de Newton, a natureza é
uma máquina. Newton foi buscar essa ideia em Descartes que é o pai do
mecanicismo. Ora, se a natureza é uma máquina, então, todos os seus fenómenos
estão pré-determinados. Macrofisicamente isso pode ser observado porém, mas
microfisicamente isso é um absurdo. Qualquer físico atómico ou sub-atómico sabe
que o movimento dos átomos é indeterminado como o provaram os físicos relativistas
ou quânticos, principalmente o Werner Heisemberg.
A natureza está determinada pelas notas
que a integram e a definem porém o cosmos não está determinado pela natureza. O
cosmos abarca e subordina a natureza. O divino não está determinado pelo
cosmos, antes porém, ele abarca e subordina todo o cosmos infinitamente de modo
que um milagre não é uma violação das leis da natureza como crê Dawkings e outros
ateus. Porquê? Porque as leis divinas não estão sujeitas as leis da natureza
mas as leis da natureza estão sujeitas as leis divinas de modo que, sendo
Cristo o próprio Deus, se Ele afundasse enquanto caminhava pelas águas isso sim
seria uma violação das leis divinas pelas leis naturais. Essa gente nunca ouviu
falar de hierarquia, hiero sagrado + arkhé princípio. Nunca se viola uma lei de
cima para baixo mas de baixo para cima pela insubordinação a lei que lhe é
imediatamente superior de modo que “há mais coisas entre o céu e a terra”
(sic), como diz Hamlet, do que imagina o dr. Dawkins.
Ps: uma vez, um professor meu, de
direito económico, disse que Deus não existia porque nada existe para além da
terra, ar e mar (água) de modo que nada pode vir senão desses elementos e com
isso ele creu ter refutado a existência de Deus como quem refuta uma hipótese
científica e nem percebeu que antes dele os gregos já haviam dito isso como,
por exemplo, Tales de Mileto que disse que a origem de todas as coisas é a água.
Ora, qualquer estudioso da história da filosofia sabe que isso não é uma teoria
científica mas, sim, uma poesia lírica, uma “expressão de impressões” como
diria Croce.
Se nada existe para além do mar
(água), ar e terra, de onde vieram estas coisas? De duas, uma: ou elas sempre
existiram e portanto nunca houve o tal do Big Bang e a tal da criação ou elas
surgiram ex-nihilo e portanto Deus as criou ou então elas vieram do Big Bang só
que aí você levanta uma outra questão: “de onde veio o Big Bang de vez que o
tempo e o espaço estavam nele”? Se você diz que vem do nada, então, você não
tem outra saída senão apelar para Deus como fez Descartes porque Deus é o único
ser a se, ou seja, o único ser que procede de si mesmo.
Ao dizer que nada mais existe a não
ser terra, mar (água) e ar, o meu professor de direito económico mostrou que
não entende nada de física caso contrário saberia que um planeta assim que
fosse um sistema hermeticamente fechado em si mesmo teria, necessariamente, que
obedecer a segunda lei da termodinâmica e estaria em extinção perpétua só que
acontece que nada é um sistema fechado na natureza. Veja, até as células não
são sistemas fechados, pois que eles recebem toneladas de energia.
Os materialistas levam muito longe
seu materialismo diferentemente de Berkley, o pai de todos eles. Ora, quando
aquele filósofo inventou o materialismo no século XVIII, ele queria apenas
provar que também existe realidade na matéria, porém, seus discípulos acabaram
mudando os objectivos do mestre e passaram a apregoar pelos quatro cantos da
terra que só existe realidade na matéria de modo que tudo que não é material
não existe mesmo que esteja diante dos seus olhos como o seu nariz.
ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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