sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Teoria quantitativa da moeda

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Se você abolir o tempo como Fisher fez na sua teoria, a velocidade da moeda se torna indeterminada e quando você anula o espaço como o fez Fisher, a velocidade se torna igual a zero.

Fazer uma física da economia sem os conceitos fundamentais da física mecânica: tempo e espaço, é uma impostura intelectual tout court.

Há uma famosa teoria de Irving Fisher conhecida como “a teoria quantitativa da moeda”. Essa teoria, baseada na equação de velocidade da física mecânica: V=S/T, onde V=Velocidade, S=Espaço e T=Unidade de tempo; diz que a velocidade da moeda é igual a: V=PQ/M, onde V=Velocidade da moeda, P=Nível geral de preços, Q= Produção, M=Massa monetária.

A equação da velocidade em física é dinâmica e em economia, na teoria quantitativa da moeda de Fisher, a velocidade da moeda é estática, o que é uma palhaçada autêntica. Se você abolir o tempo como Fisher fez na sua teoria, a velocidade da moeda se torna indeterminada. Este é o primeiro problema. O segundo problema é que quando você anula o espaço como o fez Fisher, a velocidade se torna igual a zero. Se você abole os dois, espaço e tempo, a velocidade se torna indeterminada.

A velocidade é o espaço que um móvel percorre por unidade de tempo e acontece que nem o PIB nominal (PQ) é espaço, nem a massa monetária (M) são unidades de tempo. Fisher pretende que se o PIB nominal aumentar e a massa monetária permanecer fixa, a velocidade da moeda vai aumentar e no caso contrário vai diminuir. Porém, a velocidade da moeda vai aumentar ou diminuir onde? E vai aumentar ou diminuir a razão de que unidade de tempo?

Não é sem razão que Alan Sokal e Jean Bricmont, no seu livro “Imposturas intelectuais”, chamaram a tipos como Irving Fisher de impostores. Porquê? Porque são pessoas que tentam aplicar as descobertas da física mecânica e da física quântica a aquilo que Descartes chamava de res cogito enquanto não têm nenhum domínio da coisa. Não é proibido você aplicar. Porém, é preciso estudar a coisa a fundo antes de tentar aplicá-la senão a pessoa acaba inventando uma velocidade sem espaço e sem tempo. Ora, qualquer físico ia dar risadas dessa teoria quantitativa da moeda de Fisher.

Numa corrida de estafeta, imaginemos que a equipa A faz o stick passar de mão em mão pelos seus atletas em 3 minutos e a equipa B faz a mesma coisa em 2 minutos. Então, aí, você vai dizer que a velocidade do stick da equipa B foi de 2 minutos? Isso é palhaçada porque o stick não mudou de mão sozinho. Ele foi transportado pelos atletas de modo que a única velocidade que pode ser calculada aqui é a dos atletas e não dos sticks.

Outro exemplo:

Uma mulher está correndo com um bebé nas costas e aí você diz: “deixa-me calcular a velocidade do bebé”. Como, se o bebe não fez nenhum movimento próprio? E é isso que Fisher faz. Ele quer calcular a velocidade de um bebé parado nas costas da mãe. 

A moeda não tem velocidade porque ela não tem movimento próprio. Ter massa, ocupar espaço, não é suficiente para ter velocidade. Experimente calcular a velocidade de uma montanha ou de um eucalipto. Você simplesmente não pode, ao menos que você corte a montanha e o eucalipto e o jogo em algum lugar e depois calcule o espaço percorrido por unidade do tempo. Agora, você cortar um eucalipto e o transportar num camião A e depois num camião B e depois num camião C e aí você dizer: “vamos calcular a velocidade do eucalipto”, é um absurdo.

        A economia é uma colcha de retalhos. Ela é uma mistura de filosofia, matemática, física, psicologia, história, contabilidade, geografia, etc. porém, ela tem mais física mecânica do que qualquer outra coisa. Minha sugestão seria que ao invés de os economistas desperdiçarem seu tempo estudando Marx & Keynes, deveriam era usar esse tempo para estudar física.

Há dois conceitos fundamentais sobre os quais se fundam toda a física mecânica que são os conceitos de tempo e espaço ou como dizia Newton: “espaço absoluto e tempo absoluto”. Fazer uma física de economia sem tempo e sem espaço é uma impostura intelectual tout court porque “onde?” e “quando”? São as duas perguntas essenciais da física clássica na qual os economistas teóricos dizem se escorar.

Há muitos outros empréstimos que a economia faz da física que, não raras vezes tem tido um mau emprego. Espero, num próximo artigo, falar acerca do ESPAÇO fiscal, DESLOCAMENTO e MOVIMENTO das curvas da procura e da oferta, PRESSÃO, ACELERAÇÃO, DINÂMICA, entre outros conceitos.

ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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