Se você abolir o tempo como Fisher fez na sua teoria, a
velocidade da moeda se torna indeterminada e quando você anula o espaço como o
fez Fisher, a velocidade se torna igual a zero.
Fazer uma física da economia sem os conceitos
fundamentais da física mecânica: tempo e espaço, é uma impostura intelectual tout court.
Há uma famosa teoria de
Irving Fisher conhecida como “a teoria quantitativa da moeda”. Essa teoria,
baseada na equação de velocidade da física mecânica: V=S/T, onde V=Velocidade,
S=Espaço e T=Unidade de tempo; diz que a velocidade da moeda é igual a: V=PQ/M,
onde V=Velocidade da moeda, P=Nível geral de preços, Q= Produção, M=Massa
monetária.
A equação da
velocidade em física é dinâmica e em economia, na teoria quantitativa da moeda
de Fisher, a velocidade da moeda é estática, o que é uma palhaçada autêntica. Se
você abolir o tempo como Fisher fez na sua teoria, a velocidade da moeda se
torna indeterminada. Este é o primeiro problema. O segundo problema é que
quando você anula o espaço como o fez Fisher, a velocidade se torna igual a
zero. Se você abole os dois, espaço e tempo, a velocidade se torna
indeterminada.
A velocidade é o espaço
que um móvel percorre por unidade de tempo e acontece que nem o PIB nominal
(PQ) é espaço, nem a massa monetária (M) são unidades de tempo. Fisher pretende
que se o PIB nominal aumentar e a massa monetária permanecer fixa, a velocidade
da moeda vai aumentar e no caso contrário vai diminuir. Porém, a velocidade da
moeda vai aumentar ou diminuir onde? E vai aumentar ou diminuir a razão de que
unidade de tempo?
Não é sem razão que
Alan Sokal e Jean Bricmont, no seu livro “Imposturas intelectuais”, chamaram a
tipos como Irving Fisher de impostores. Porquê? Porque são pessoas que tentam
aplicar as descobertas da física mecânica e da física quântica a aquilo que
Descartes chamava de res cogito
enquanto não têm nenhum domínio da coisa. Não é proibido você aplicar. Porém, é
preciso estudar a coisa a fundo antes de tentar aplicá-la senão a pessoa acaba inventando
uma velocidade sem espaço e sem tempo. Ora, qualquer físico ia dar risadas
dessa teoria quantitativa da moeda de Fisher.
Numa corrida de
estafeta, imaginemos que a equipa A faz o stick
passar de mão em mão pelos seus atletas em 3 minutos e a equipa B faz a mesma
coisa em 2 minutos. Então, aí, você vai dizer que a velocidade do stick da equipa B foi de 2 minutos? Isso
é palhaçada porque o stick não mudou
de mão sozinho. Ele foi transportado pelos atletas de modo que a única velocidade
que pode ser calculada aqui é a dos atletas e não dos sticks.
Outro exemplo:
Uma mulher está
correndo com um bebé nas costas e aí você diz: “deixa-me calcular a velocidade
do bebé”. Como, se o bebe não fez nenhum movimento próprio? E é isso que Fisher
faz. Ele quer calcular a velocidade de um bebé parado nas costas da mãe.
A moeda não tem
velocidade porque ela não tem movimento próprio. Ter massa, ocupar espaço, não é
suficiente para ter velocidade. Experimente calcular a velocidade de uma
montanha ou de um eucalipto. Você simplesmente não pode, ao menos que você
corte a montanha e o eucalipto e o jogo em algum lugar e depois calcule o espaço
percorrido por unidade do tempo. Agora, você cortar um eucalipto e o transportar
num camião A e depois num camião B e depois num camião C e aí você dizer: “vamos
calcular a velocidade do eucalipto”, é um absurdo.
A economia
é uma colcha de retalhos. Ela é uma mistura de filosofia, matemática, física,
psicologia, história, contabilidade, geografia, etc. porém, ela tem mais física
mecânica do que qualquer outra coisa. Minha sugestão seria que ao invés de os
economistas desperdiçarem seu tempo estudando Marx & Keynes, deveriam era usar
esse tempo para estudar física.
Há dois conceitos
fundamentais sobre os quais se fundam toda a física mecânica que são os
conceitos de tempo e espaço ou como dizia Newton: “espaço absoluto e tempo
absoluto”. Fazer uma física de economia sem tempo e sem espaço é uma impostura
intelectual tout court porque “onde?”
e “quando”? São as duas perguntas essenciais da física clássica na qual os
economistas teóricos dizem se escorar.
Há muitos outros empréstimos
que a economia faz da física que, não raras vezes tem tido um mau emprego. Espero,
num próximo artigo, falar acerca do ESPAÇO fiscal, DESLOCAMENTO e MOVIMENTO das
curvas da procura e da oferta, PRESSÃO, ACELERAÇÃO, DINÂMICA, entre outros
conceitos.
ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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