Os que imaginam
que estão a viver num país democrático só porque vão as urnas de 5 em 5 anos ou
de 4 em 4 anos para eleger o presidente da república ou o primeiro-ministro,
estão redondamente enganados. Num país onde a vontade da minoria é imposta como
camisa de força a despeito da vontade da maioria é porque a democracia acabou
faz tempo, tendo sobrado apenas o seu resíduo psíquico.
No seu primeiro ano como parlamentar, o
deputado Venâncio Mondlane disse que “a democracia começou na França”. Tem sido
muito comum os analistas apelidarem a revolução jacobina de 1789 de um acto de
democracia se calhar pelo epíteto de Robespierre de que eles haviam derrubado a
monarquia e o clero para implantar “um governo popular de virtude e
terror”(sic). Virtude entenda-se aqui o culto da razão, a qual é a deusa do
iluminismo e o terror é aquilo a que Lenine chamaria mais tarde de “propaganda
armada”.
Quando recuamos no tempo até a Grécia
antiga vemos que já se praticava democracia em Atenas. Aliás, a palavra
democracia que significa governo do povo é de origem grega. Ora, qualquer estudioso
da história da filosofia sabe que foram os democratas que decidiram em sufrágio
universal a morte de Sócrates.
Os movimentos comunistas do século XX mal
chegavam ao poder diziam ser governos democráticos. Contudo, uma pequena
consulta da história mostra que Lenine, Stalin, Mao, Fidel Castro, Pol pot,
Samora Machel, Kim Il Sung, Salvador Allende, Nkrumah, Kaunda, e tutti quanti não chegaram ao poder por
via do sufrágio universal. Deste modo, que democracia era essa que não admitia
eleições? Eles diziam que isso era “centralismo democrático”.
Muito antes da revolução francesa que nada
mais foi que um follow up das
revoluções iniciadas por John Knox, John Huss e Thomas Munser levadas ao extremo,
Wycliff que não era revolucionário, de modo nenhum, escreveu na folha de rosto
da chamada Bíblia de Wycliff, porque foi traduzida por ele assim como temos as
bíblias de Lutero, King James, João Ferreira de Almeida, etc., o seguinte:
“esta bíblia é o governo do povo, para o povo e pelo povo”. Mais tarde essa sentença
foi usada por Abraham Lincoln que a parafraseou da seguinte maneira:
“Democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo”(sic).
Em síntese, desde os gregos até os
comunistas do século XX, o termo democracia foi entendido como sendo o
seguinte:
Gregos: poder do povo
Robespierre: governo popular de virtude e terror
Lincoln: governo do povo, para o povo e pelo povo
Nesses 3 conceitos de democracia, os
revolucionários franceses acrescentaram a expressão “virtude e terror”. Isso me
lembra uma frase de Che Guevara que diz que “os revolucionários devem ser uma
impiedosa e fria máquina de matar mas sem perder a ternura”(sic). O que é isso?
Virtude e terror. Virtude para com os amigos e terror para com os inimigos. O
pai da política como virtude e terror é Maquiavel e isso foi muito bem
sintetizado na definição de política dada por Carl Schmidt, digo, política como
um jogo que se resume ao binómio amigo-inimigo.
Um povo não pode fazer um governo do povo
baseado na virtude e terror. Isso seria sadomasoquismo em toda linha. Somente
uma elite revolucionária que concentra o poder totalitário em suas mãos pode
implantar um governo assim. Que ele diga ser um governo popular não muda nada a
sua verdadeira natureza. Vezes sem conta tenho alertado nos meus artigos sobre
a duplicidade do discurso revolucionário. Os revolucionários têm um discurso
exotérico e um discurso esotérico. O discurso exotérico é o discurso ideológico
propriamente dito, o qual visa contentar a massa de militantes de idiotas úteis.
Então, nesse discurso, a elite revolucionária diz que o povo é que é o estado,
o povo é que manda, etc., porém, volta e meia, ela manda esse mesmo povo para o
Gulag, Auschwitz, El Paredon, Campo 14, etc. Por sua vez, o discurso esotérico
é um discurso para dentro, um discurso de orientação dirigido aos que fazem
parte do círculo interno da elite revolucionária. De modo que se você quer
saber o que um líder revolucionário vai fazer não se atenha a seus discursos
públicos mas, sim, aos seus compromissos reais, os quais constam das actas das
reuniões internas do partido.
É claro que em algumas situações só é
possível implantar a democracia usando-se de meios terrivelmente antidemocráticos.
Isso aconteceu na Áustria quando Hitler estava para invadí-la. Sabe-se que Dolfuss
foi obrigado a usar de meios antidemocráticos. Na Espanha e na França sob o
comunismo foi preciso fazer a mesma coisa. Em Moçambique e Angola também foi
preciso fazer isso. Por outras palavras, só há um meio de implantar a
democracia num país sob o comunismo: usar de meios profundamente antidemocráticos.
Norberto Bobbio, no seu livro “liberalismo
e democracia”, mostra que a democracia e o socialismo malgrado tender para o
mesmo fim eles não são espécies do mesmo género. Os dois sistemas buscam o
bem-estar social porém, a democracia quer fazer isso por meio da liberdade e o
socialismo quer fazer isso por meio da igualdade.
Onde há liberdade não pode haver igualdade
e onde há igualdade não pode haver liberdade. Igualdade social pressupõe uma
autoridade que controla as rédeas da economia em suas mãos para fazer a tal da
redistribuição da riqueza nacional e isso só é possível num estado totalitário
e não num estado de direito democrático porque se num estado democrático as
pessoas estão livres, isso significa que suas acções económicas não estão pré-determinadas
por nenhuma ideologia. Deste modo, suas acções podem ser qualquer coisa e
tornar-se em qualquer coisa de acordo com a matriz de possibilidades que compõe
as notas que as integram e definem de modo que não haverá nenhuma possibilidade
de que o fulano seja igual a Beltrano.
Quando Adão pecou Deus lhe disse: “do suor
do teu rosto comerás o teu pão”. De modo que Adão tinha a liberdade de suar e
de não suar. Se ele não suasse, ele e sua família iam viver como indigentes e
morrer de fome. Se ele suasse pouco, ele ia comer pouco. Se ele suasse muito,
ele ia comer muito. No socialismo isso não acontece. Os socialistas dizem: “do
suor dos capitalistas, os proletários comerão o seu pão”, ou “do suor dos
ricos, os pobres comerão o seu pão”. Não admira que Eric Voeglin tenha dito que
“toda ideologia é uma revolta contra Deus e os homens”(sic). E quem foi o
primeiro e grande rebelde? Lúcifer, a quem Saul Alisnky, o mentor da Hillary
Clinton, dedicou seu livro “Rules for Radicals”.
John Rawls, na sua “teoria da justiça”,
que, na verdade, não passa de uma teoria da injustiça fala em direitos humanos
da primeira geração, a saber, direitos políticos e religiosos e direitos
humanos da segunda geração, a tal da igualdade social, que nada mais é que um
esforço para a abolição de todas as liberdades e esse “filósofo” de Harvard não
sabia disso porque estava engajado.
Ora, qualquer estudioso sério da história
e da economia sabe que a classe capitalista vem do capitalismo e que o
capitalismo vem com o protestantismo de modo que não há capitalismo sem moral
tradicional judaico-cristã. Admira-me muito que os professores de economia
declaradamente ateus. Agora, Marx compreendeu a relação entre economia e a
moral tradicional judaico-cristã e foi por isso que ele apregoava que a
destruição do capitalismo deveria ser relegada para o último plano porque a
coisa mais urgente a fazer era destruir o cristianismo. Isso está no seu
“manifesto comunista” de 1848. E os economistas de hoje, influenciados por
Keynes pensam que o fundamento do capitalismo, da economia de mercado, é o
consumo. Meu Deus do céu! As pessoas já consumiam milénios antes do surgimento
do capitalismo. Essa gente não entende nada de abstracção. Não entende nada de
categorias lógicas. Não entendem a diferença entre causa e concomitância. “Que fazer?”-
já havia perguntado Lenine.
O capitalismo não surge inicialmente como
uma teoria económica ou como uma ideologia. De modo nenhum. A formulação
teórica do capitalismo surge muito tempo depois de ter sido feita a acumulação
de capital por meio do comércio. Diferentemente do capitalismo, o socialismo
surge primeiramente como uma ideologia e depois aparece um sujeito chamado Marx
que disse que os outros fizeram um “socialismo utópico” e que ele ia fazer um
“socialismo científico”. De modo que podemos dizer que Marx é um herdeiro legítimo
do positivismo de August Comte.
Ora, se você não pode fazer igualdade
social sem destruir o capitalismo e você não pode destruir o capitalismo sem
destruir a moral judaico-cristã, então, em última instância, o socialismo é
aquilo que Marx dizia ser seu sonho, digo, uma tentativa de “destronar Deus”.
Richard Wumbrand está montado na razão quando diz que marxismo é satanismo (vide Marx & Satan) porque você não
tem como estabelecer o tal do paraíso igualitário socialista sem “varrer o
cristianismo da face da terra” como dizia Marx.
As pessoas que dizem que hoje temos um
mundo unipolar onde impera um poder único que eles identificam com os EUA e
juram de pés juntos que o comunismo acabou com a queda do murro de Berlim em
1990 e que, hoje, todo mundo é neo-liberal como o fazem Severino Ngoenha, José
Castiano e tutti quanti, fariam muito
melhor ao mundo se colocassem a sua viola no saco porque eles estão
desinformando as pessoas assim como Heidegger, Werner Sombart, etc., quando
Hitler tomou o poder na Alemanha iludiram o povo com frases como: “o leão é
manso” e deixaram o povo sem reacção como uma ovelha que é levada ao matadouro.
O socialismo não é apenas uma
irracionalidade económica como dizia Ludwig Von Mises, ele também é um inferno
ao alcance de todos. Simone Weil dizia que “estar no inferno é você, por
engano, pensar que está no céu”(sic). Os socialistas pensam que a igualdade
social, a igualdade sexual, a igualdade de género, a igualdade racial, a
igualdade religiosa, etc., vai fazer aquele click
gramsciano e que tudo ficará mais belo. Vai ficar uma bela mer…, isso sim!
Os que dizem que já não há partidos de
esquerda no mundo, não entendem que socialismo não é economia mas, sim, cultura
porque quando os socialistas tentam centralizar a economia ela se torna
inviável. Isso foi demonstrado por Ludwig Von Mises já em 1920 no seu livro “o cálculo
económico no socialismo”. De modo que se alguém chegou a acreditar em economia
socialista por um minuto que seja é porque tem Q.I.12.
A onda dos movimentos gaysista,
aquecimentista, abortista, anti-tabagista, nutricionista, etc., é o mesmo bom e
velho socialismo dos séculos XIX e XX que se dizia porte-parole e paladino dos proletários. Contudo, quando viram, na
primeira guerra mundial, que os proletários pegaram em armas para defender seus
patrões capitalistas, os socialistas ficaram apoplécticos. Eles caíram do
cavalo e se recolheram para meditar no assunto. E aí surgiu um individuo
chamado António Gramsci que propôs substituir os métodos revolucionários de
Lenine por uma revolução cultural que faria do partido comunista, nas suas
palavras: “um poder omnipresente e invisível de um imperativo categórico, de um
mandamento divino de modo que todos se tornassem comunistas sem saber” (sic).
O grande entusiasta das ideias de Gramsci
foi o filósofo húngaro, George Lukács, o fundador da escola de Frankfurt, a
qual foi fundada com o dinheiro de Félix Weil, filho de um capitalista
argentino. Isso é só para vocês verem como é que as coisas são. Cada vez fico
mais impressionado com Lenine quando ele diz: “os empresários tecerão a corda
com a qual os enforcaremos” (sic). A revolução substituiu os proletários
operários e camponeses por uma nova classe de proletários feita de homossexuais,
drogados, rebeldes, aquecimentistas, abortistas, etc., enfim, os lúmpen proletariat de que Marx falava. Vocês
devem se lembrar que Teodoro Adorno disse que “o sexo é revolucionário”(sic).
Então, eles colocaram em circulação o “sex lib”, “gay right” e todas essas
coisas. Isso só vem a confirmar o que disse Enesto Laclau de que “o movimento
revolucionário cria a classe que irá apoiá-la”(sic), ou como dizia Bertolt Brecht:
“eu é que decido quem é judeu e quem não é”(sic).
A massificação do ensino superior também
tem está missão no conjunto da estratégia revolucionária socialista. Os
socialistas, por um lado, defendem o fechamento das indústrias porque elas estão
perigando o meio ambiente e, por outro lado, eles defendem a massificação do
ensino superior. Resultado: vai formar-se o que Marx chamava de “exército
industrial de reserva”(sic) de universitários sem emprego. E aí os socialistas como
sempre vão manipular esses mesmos jovens idiotas recém formados, dizendo que
eles não têm emprego porque a sociedade ainda não é totalmente socialista e que
a culpa do seu desemprego são os malditos capitalistas com sede de lucro. É a
esses jovens que Otto Maria Carpeaux chamava de proletariado intelectual,
adicionando a esta lista muitos outros que até têm emprego nas fábricas,
universidades, função pública e, ainda assim, se sentem injustiçados e quando
vão pedir aumento salarial esboçam a mesma indignação de um mendigo que está a
3 dias sem comer. Essa é a moral desses calhordas.
Todos esses movimentos de massa como
gaysismo, abortismo, aquecimentismo, etc., são financiados pelas mesmas
entidades como a open society de
Gorge Soros, que também financiam os mesmos individuos que aparecem na imprensa
e na mídia, ostentando o rótulo de dr., a dizer que o socialismo acabou e que
hoje todos são neo-clássicos. Quer dizer, é a teoria da panela de pressão de
Lenine. Você faz a pressão de cima e a pressão de baixo. E ainda assim, todos
eles imaginam que estão a falar em nome da democracia e dos direitos humanos.
Ora, se democracia é o governo da maioria
e os gaysistas, abortistas, aquecimentistas, etc., são a minoria, qualquer
individuo que tenha dois neurónios sabe que a conclusão desse silogismo não
pode ser outra a não ser a de que defender essas ideologias é anti-democrático.
De modo que os que imaginam que estão a viver num país democrático só porque vão
as urnas de 5 em 5 anos ou de 4 em 4 anos para eleger o presidente da república
ou o primeiro-ministro, estão redondamente enganados. Num país onde a vontade
da minoria é imposta a despeito da vontade da maioria é porque a democracia
acabou faz tempo, tendo sobrado apenas o seu resíduo psíquico.
ESCRITOPOR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário