quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Breves notas sobre o artigo “Samora foi filósofo enviado por Deus”

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Deus nunca enviou filósofos ao mundo somente profetas, os quais são seus únicos porte-paroles (Heb.I,1). Deus teria que ser muito masoquista para enviar como seu mensageiro alguém que, segundo a sua presciência, Ele sabia que ia mover uma perseguição anti-religiosa comunista sem precedentes contra o seu povo. Porém, insistir que Samora foi um enviado de Deus é apenas cumprir a profecia de Cristo que diz que chegaria o dia em que aqueles que matassem os cristãos cuidariam estar prestando culto a Deus. Um deus anticristão, certamente, cujo nome é “o deus deste século, o príncipe das trevas, o grande Satã, o pai da mentira existencial” (vide Richard Wumbrand, Marx & Satan).
 
domingo, 16 de outubro de 2016
Samora foi filósofo enviado por Deus
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Publicado em 16-10-2016 | Visitas: 8
– consideram vendedores de discos e vídeos relacionados com a vida e obra do proclamador do Estado moçambicano
Quando estamos a escassos dias da passagem do trigésimo aniversário do acidente aéreo que vitimou Samora Moisés Machel, a cidade de Maputo regista um intenso movimento de cidadãos à procura de discos sobre a vida e obra do proclamador da Independência Nacional, o que cria oportunidade para arrecadarem algum dinheiro. Dizem que estamos diante de um filósofo que Deus enviara aos moçambicanos.

Comentário|Xadreque Sousa:

O que as pessoas dizem não importa. O que importa é o que elas fazem. Elas dizem isso e dizem muito mais coisas. Para começar, Samora não podia ser filósofo e muito menos um filósofo enviado de Deus. Deus nunca enviou filósofos a terra. Os enviados de Deus são sempre e em toda parte profetas e não filósofos. A distância que existe entre um profeta e um filósofo é a mesma que existe entre o plano cognitivo da experiência humana e o plano existencial.

By the way, Samora era um ateu como todo comunista. Deus teria que ser tremendamente masoquista para enviar alguém ao mundo para perseguir os que crêem n’Ele e o cultuam. Porém, essa crença dos entrevistados não espanta. Já dizia o renomado professor alemão Werner Sombart, quando Hitler tomou o poder na Alemanha, que Hitler era um enviado de Deus. Na Líbia, o mufti agradeceu a Mussolini em pessoa pelo facto de ser um grande protector do islam.

Quando as pessoas estão com medo elas agem histericamente. Quando elas também estão excitadas pela raiva, elas também agem histericamente. Quando elas estão incitadas pela neurose, digo, por uma mentira esquecida na qual elas ainda acreditam, elas também agem histericamente. Quer dizer, o que elas vêem com seus próprios olhos não importa, pois que o que importa mesmo é o seu discurso que lhe permite ter um momento de auto-persuasão hipnótica.

O país assinala esta quarta-feira o trigésimo aniversário da tragédia de Mbuzine que vitimou o primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Moisés Machel e outras 33 pessoas que o acompanhavam no seu regresso de Ndola, República da Zâmbia.
Após o trágico acidente aéreo os moçambicanos tiveram dificuldades de digerir a notícia do desaparecimento físico do líder. As palavras que encontraram resumiam o seguinte: Samora permaneceria vivo nos seus corações. Hoje, quando se assinalam 30 anos após a sua morte, há sinais bastantes que concorrem para esse desiderato.

Comentário|Xadreque Sousa:

Dizer que “Samora continua vivo nos seus corações” significa apenas que as acções das pessoas vão para um lado, mas as emoções, as motivações, etc., vão para outro. Por outras palavras, elas agem como neoclássicos e como direitistas mas no coração, ou seja, no seu espírito elas não são nada disso. Então, temos aqui instalado o império do fingimento colectivo, mas não aquele fingimento poético absolutamente artístico de Fernando Pessoa ao dizer: “o poeta é um fingidor”, mas sim um fingimento patológico que em muitas pessoas já se tornou uma espécie de segunda natureza.

Para imortalizar a sua obra vários cidadãos nacionais e estrangeiros desdobram-se na procura de tudo quanto é disco ou vídeo que retrata a vida e obra do saudoso presidente Samora Machel.

Comentário|Xadreque Sousa:

Saudoso presidente? Para quem?

Numa ronda efectuada pela nossa Reportagem na baixa da cidade de Maputo e no mercado Estrela Vermelha encontramos jovens a multiplicar e ou a escutar discos com os comícios dirigidos por Machel.
Os discos mais procurados são os intitulados: “Estas são As Armas”; “25 de Junho”, “ Os Dez Anos da Independência Nacional” e “Continuadores do 25 de Setembro”, editados pela “Sons de África Moçambique” e JB-Recording. Os preços de venda variam de 30 para copiar para um “Pen Drive” e 50 a 150 Meticais cada, dependendo da praça.  
Alguns cidadãos ouvidos pelo nosso jornal disseram que pretendem com isso compreender a grandeza e a essência de Samora que o qualificam, por outro lado, de profeta.
Para eles, os “ditos” populares de Machel ainda permanecem vivos, não obstante terem sido proferidos há mais de trinta anos, por falar dos assuntos que acontecem e tocam as suas vidas.

Comentário|Xadreque Sousa:

Quer dizer, agora, Samora já não é apenas filósofo mas é também um profeta. Não é de deixar Sócrates, Platão e Aristóteles mortos de inveja? Porque aqueles foram apenas filósofos mas Samora transcendeu a condição de filósofo e se transmutou em profeta. Quer dizer, não obstante sua enorme experiência cognitiva ele também viu aquela mesma experiência existencialmente. Estou estarrecido!

Filósofos há muitos. Porém, muitos deles são pseudo-filósofos como os sofistas. Profetas há muitos. Porém, muitos deles são falsos profetas. Samora foi um ateu do alto da cabeça a planta dos pés, de modo que se ele foi profeta, só pode ter sido o profeta do diabo como Robespierre, Karl Marx e não profeta do Altíssimo a quem ele odiava com todas as veras do seu coração porque na sua cabeça, como a de todos os comunistas, Deus era capitalista, Burguês, racista, colonizador de pretos. E vê-se isso nos poemas de Craveirinha quando ele utiliza num dos textos do seu livro “Xigubo” a expressão “Deus-nosso Senhor do patrão”. Este era o zeitgeist daqueles dias.  

O facto de que Samora falou algumas coisas que estão acontecendo hoje não faz dele um profeta. Quando os astrofísicos dizem que no dia X haverá um eclipse do sol no sítio Y a hora W e isso acontece, isso não faz dos astrofísicos um profeta. Ser profeta implica uma experiência existencial que vai desde a sua concepção no ventre de sua mãe. Um profeta como está no livro de juízes é a própria boca de Deus. Em 1985, por ocasião dos 10 anos da independência nacional Samora Machel disse no seu discurso: “nenhuma força vai derrubar a República Popular de Moçambique”. Porém, no ano seguinte ele morre e 5 anos mais tarde cai o murro de Berlim e 4 anos mais tarde depois desse evento a república popular também caiu e hoje temos apenas a República de Moçambique. Que grande profeta! Moisés, o profeta fundador do judaísmo disse: “se alguém vier ter convosco dizendo-se profeta e profetizar e o que ele tiver profetizado não acontecer, então, o SENHOR não falou através deles. Mas ele, por sua própria vaidade, do seu coração é que falou pelo que não o temais” (sic).

Além de comprar tais discos, os cidadãos juntam-se nos seus quintais e em alguns aglomerados populacionais, como por exemplo, no mercado Estrela Vermelha, na cidade de Maputo, onde se fazem cópias e se escutam os discursos, tudo na perspectiva de reviver os ensinamentos deixados por Machel.
Na baixa da cidade de Maputo por exemplo, há vendedores de bancas fixas assim como ambulantes que chegam a vender 40 a 50 discos por dia tal como é o caso de Bernardo Matine, 37 anos de idade, que diz ter conhecido Machel aos 7 anos através de contos dos seus pais e avós.
O outro local que regista gente de todas as idades a tirar fotos e deixar-se fotografar-se com a sua imagem é a gigante e exuberante estátua erguida na Praça da Independência em que pessoas de diferentes nacionalidades não perdem a oportunidade de se retratar junto da figura de Machel.

Comentário|Xadreque Sousa:

Isso não espanta! O estilo é o homem. O culto de personalidade defunta é o que mais existe no mundo. Na Coreia do Norte, fazer vénia diante das estátuas de Kim Il Sung e Kim Jong Il é a expressão do mais claro masoquismo do mundo. Quer dizer, alguém lhe rouba, mata sua família, etc., e depois você se derrete em salamaleques intermináveis diante de sua estatueta. Se isso não é masoquismo então o que é masoquismo?

Célia Magaia, 47 anos de idade, é uma cidadã que encontramos a olhar atentamente para a estátua de Machel na Praça da Independência e quando lhe interpelamos disse-nos que estava a reviver o dia em que Samora lhe apertou a mão em Morrumbala, Zambézia, aquando da famosa viagem do Rovuma ao Maputo um pouco antes da proclamação da independência.
Segunda ela, Machel foi um líder que dedicou a sua vida em prol da melhoria das condições de vida da população no verdadeiro sentido.

Comentário|Xadreque Sousa:

Samora melhorou tanto a vida dos moçambicanos como Fidel melhorou a dos cubanos de tal modo que Moçambique acabou se tornando no país mais pobre do mundo na década 80. Os sinais da melhoria de vida dos moçambicanos feitos por Samora podem ser listados da seguinte maneira:

1-Fuzilamentos públicos de civis por não concordar com as directivas do partido FRELIMO;
2-Bichas intermináveis de pão, farinha, carapau, repolho…;
3-Rapto de pessoas para os campos de concentração, os chamados campos de reeducação;
4- Guerra civil insustentável alegadamente porque ele (Samora) não podia conversar com “javalis” e assim por diante.

Na Coreia do Norte, os norte-coreanos dizem que vivem muito bem mas isso é porque ainda não viram como vivem seus vizinhos do Sul e como vivem os europeus e norte-americanos. É claro que a miséria ou a riqueza não são comparativas, porém, quando você imaginar que seu país é uma mil maravilha como se o seu país fosse o centro do mundo é porque você já idiotizou-se.

Em Moçambique, as pessoas sofreram tanta lavagem cerebral que elas se tornaram histéricas. Elas já não conseguem dizer o que estão vendo. Você vai aos postos administrativos, as localidades, as povoações e você vê pessoas miseráveis, esfarrapadas, sem comida, sem água potável e você pergunta se elas estão bem: “elas dizem que estão bem e que não precisam de nada”, porém, você está vendo que elas não podem estar bem. Elas não percebem que você dizer que está bem enquanto não está bem é fingimento e muita das vezes esse fingimento é inconsciente porque já se tornou numa espécie de segunda natureza na maior parte das pessoas.

“ Desde a sua morte penso que ainda não encontramos o seu substituto. Ele foi a luta para libertar o povo, ou seja, faz falta para ao país, pois tinha linguagem própria para cada momento, como quando usou a palavra “emboramente” e fez questão de frisar que não existe no dicionário”.

Comentário|Xadreque Sousa:

“Ele foi a luta para libertar o povo”…espera aí! Ele foi sozinho? Onde ficam os outros como Eduardo Mondlane, Urias Simango, Marcelino dos Santos e tantos outros que morreram na guerra e ou que ficaram deficientes e que nunca chegaram a ocupar cargo no governo central e que nunca conseguiram sequer chegar a director de escola primária, tendo voltado para as suas machambas e assim por diante?

“Emboramente” não somente não existe no dicionário mas também está totalmente errado e isso não significa ter linguagem própria para cada momento. Isso significa analfabetismo. Quer dizer, alguém viola as regras da gramática e é aplaudido como um novo Camões. Só em Moçambique pode acontecer uma coisa dessas. Quando as pessoas já não sabem discernir o certo do errado é que a mente do povo está embotada.

Por ventura não vimos na abertura dos jogos escolares do ano passado e da partida do futebol organizada pelo governo em que o governo jogou contra os diplomatas o presidente Nyusi ser aplaudido de cada vez que tocava na bola com a mesma euforia com que as mesmas pessoas aplaudem os dribles de Messi, Neymar e CR7? Onde está o senso das proporções? Cedeu lugar ao bom e velho puxa-saquismo.

A fonte acrescentou: “ É verdade que estamos no sistema de economia de mercado mas no seu tempo as pessoas conseguiam ter o pouco e hoje ou és pobre ou és rico”.

Comentário|Xadreque Sousa:

O princípio do capitalismo é o mesmo que está em Gênesis quando Deus diz a Adão: “do suor do teu rosto comerás o teu pão”. No socialismo, o princípio é o inverso disso: “do suor do rosto dos outros comerás o teu pão”. O socialismo é um sistema para preguiçosos, cuja única coisa que sabem fazer é sair a rua empunhando cartazes, pedindo mais direitos ou ficar gritando “vivas” ao partido na esperança de se tornar no futuro chefe do grupo dinamizador, secretário do bairro, ministro, governador e quem sabe presidente do partido e da república.

O socialismo é uma caricatura barata da caridade cristã. Porém, o que impulsiona a caridade cristã é o amor ao próximo enquanto o que impulsiona o socialismo é o ódio aos capitalistas, ódio transmutado em busca pela justiça social que, na verdade, não passa da sistematização do roubo travestido de Robin Hood que roubava dos ricos para dar aos pobres. Se justiça é o que dizem os socialistas, isso não é justiça mas, sim, desordem, pelo que digo com Goethe: “eu prefiro uma injustiça a uma desordem” (in: Corção, Gustavo, “o século do nada”).

Não é verdade que hoje só existem duas opções, ou seja, ou você é rico (classe alta) ou você é pobre (classe baixa) e mesmo que existisse não há nenhuma lei que veta a veleidade de você querer ser rico, o que não acontecia no tempo da república popular em que as pessoas eram fuziladas por causa de um quilo camarão. A entrevistada não entende nada de política, economia, sociologia pelo que tem direito de ser burra mas o jornalista desta coisa se entusiasmar com isso já é sinal de que tem Q.I.12. Supondo que ser rico e ser pobre são classes sociais, existe uma outra classe intermediária em que está a maior parte da população que é a classe média. Agora, pergunte a classe média se ela quer voltar para o socialismo tout court. Ninguém quer. Somente os indigentes querem porque, se calhar, será sua chance chipandiana de dar o primeiro tiro.

Quitéria Muchanga, 29 anos de idade, é a outra jovem que estava com os olhos postos à estátua e segundo nos contou, Samora a avaliar por aquilo que lhe foi dado a conhecer foi um grande dirigente que não queria professores preguiçosos.
“No dia 12 assinalámos mais um aniversário pela passagem do Dia do Professor e infelizmente nos dias de hoje eles não têm boa fama porque alguns violam as suas alunas. No tempo de Machel isso era inconcebível até porque segundo o que contaram não teríamos crianças na oitava classe sem saber ler e escrever devidamente”,disse Quitéria.

Comentário|Xadreque Sousa:

Quem é que não sabe que no tempo de Samora tudo era perfeito? Quem é que não sabe que Moçambique tinha a melhor educação do mundo? Para um presidente que diz: “as zero horas” e depois diz: “emboramente”, vejo que o ensino em Moçambique tinha muita qualidade. Há muita gente que estudou no tempo de Samora que continua a escrever tão mal e a ler tão mal e a falar tão mal quanto os alunos formados nas escolas do século XXI em Moçambique, ou seja, a falta de domínio do Trivium (gramática, retórica e lógica) que temos hoje já existia naquela época.

Agora, que tenham surgido um ou dois intelectuais sérios no tempo de Samora não pode-se afirmar categoricamente que a educação naquela época era melhor que hoje. Nem por indução você pode fazer isso pelo simples facto de que os homens não são partículas, átomos, quackers. Usar o método indutivo em ciências humanas é coisa de charlatão. Indução é coisa de ciências naturais. No momento em que você tentar fazer uma ciência social positivista você acaba fazendo a maior asneira da sua vida.

Indução nas ciências sociais é como você tomar Newton como amostra representativa dos ingleses e dizer que todos os ingleses são génios ou tomar Einstein como amostra representativa dos judeus e dizer que todos os judeus são génios. Logo a partida, num país em que as crianças mal tinham que comer é impensável que elas tenham tido o desenvolvimento psíquico motor necessário para uma boa aprendizagem. Mia Couto está montado na razão quando diz que as nossas histórias de heróis são ficções e não históricas. Isso me faz lembrar aquela boutade de Grouxo Marx: “você vai acreditar e mim ou nos seus próprios olhos”. De modo que eu prefiro acreditar na minha percepção da realidade pelo menos assim reduzo a grossura desse caldo da crise antropológica e civilizacional da histeria colectiva em torno que já se tornou endémica.

Por sua vez, Doureta Manala, 20 anos de idade, diz que Machel foi um homem regrado e com muita disciplina. Pretende explicar que o dedo em riste na estátua expressa o quanto era determinante na sua linguagem com o povo que amou até aos últimos minutos da sua vida.
“Não o conheci, apenas sei que morreu em Mbuzine mas ouvindo os seus discursos percebe-se que foi um homem exigente, recto e com uma disciplina invejável”,disse Doureta Manala

Comentário|Xadreque Sousa:

Povo é um conceito bastante abstracto. Ele cabe naquilo que Aristóteles e os escolásticos chamavam de abstracção de primeiro grau, no qual se funda ciência. A abstracção do primeiro grau é aquela em que se toma um ente no seu sentido geral, abstraído da sua singularidade. De modo que dizer que Samora amou o povo não significa nada. Agora, confundir a linguagem de Samora com seu dedo em riste como sinal de determinação é uma outra história. Eram sinais de determinação de quê? E quem ou o quê é que determinou o quê? Se Samora era um homem totalmente determinado, logo ele não era livre. Onde há total determinação o exercício do livre-arbítrio é uma impossibilidade pura e simples. Se as pessoas neste país não sabem que as palavras têm significado o problema não é meu.

Samora não foi o único a discursar com o dedo em riste. Lenine, Fidel e Guevara também o fizeram antes de Samora. Na verdade, esta é a marca dos líderes autoritários. Se Samora foi um homem regrado, disciplinado, exigente, etc., isso não me parece soar evidente, principalmente quando a pessoa a quem se atribuem essas qualidades é olhada como alguém que paira acima de todo e qualquer defeito. Dizem que temos que ter um temor reverencial para com os mortos. Porém, não é porque alguém morreu que ele se torna santo e imune a críticas post-mortem. De modo nenhum.

Quando Fidel Castro escreveu o livro “a história me absolverá”, isso mostra claramente que ele acreditava que os factos inerentes as nossas acções podem nos condenar ou absolver. Quando as pessoas dizem: “respeitem a memória do fulano”, elas estão fazendo um jogo de cena e confessando que o tal fulano não prestava porque se tivesse prestado suas próprias obras se levantariam em sua defesa.

Os cristãos não ficam por aí perdendo tempo em defender a honra do Nosso Senhor Jesus Cristo com ameaças contra ninguém. Porquê? Porque a vida sacro-santa de Cristo é a sua própria defesa. De modo qua quando ateus enlouquecido como Saramago (falecido), Richard Dawkins, Daniel Dennet, Cristoffen Hitchens (falecido), Victor Spenger e tutti quanti falam mal de Cristo Jesus, as pessoas, longe de babar ódio contra eles, limitam-se simplesmente a ficar com dó.

Quem também não resistiu a imponente estátua foi Lívia Velpry cidadã francesa que diz saber que Machel foi obreiro da Revolução moçambicana e lutador incansável pelo bem-estar do seu povo.
“Ele tem uma estátua à sua medida, pois, é o fundador do Estado moçambicano. Não sei porque é que tem o dedo em riste, mas tenho informações de que na altura que perdeu a vida havia dirigentes de países vizinhos que não o viam com bons olhos e queriam impedir a revolução que estava em curso”,disse Velpry.

Comentário|Xadreque Sousa:

É por estas e outras que eu digo que o que aconteceu de 1964-1975 não foi uma guerra de libertação como o que aconteceu, por exemplo, nos EUA, mas, sim, uma revolução socialista. Os discursos de Samora estão repletos de expressões como: “revolução moçambicana”. Nas escolas só se ensinava cartilha marxista. Você lê os livros de Craveirinha, Guebuza, Marcelino dos Santos, textos de Ungulani Bakha-Kossa na revista Charrua, Gulamo Khan, etc., é tudo cartilha marxista que eles chamam de literatura de combate. Fico tentando imaginar o que Northop Frye diria a respeito disso.

No seu livro “lutar por Moçambique”, Mondlane diz claramente que a FRELIMO queria implantar o socialismo em Moçambique só que eles não sabiam que tipo de socialismo havia de ser implantado. Isso não é novidade porque Che Guevara também tinha dito a mesma coisa antes. Porquê isso é assim? Porque o comunismo é uma cenoura de burro, uma geringonça hipnótica porque se você diz que vai implantar o socialismo e não sabe qual socialismo vai implantar, então, segue que você não está agindo conscientemente mas, sim, inconscientemente, quiçá levado por alguma fantasia sexual reprimida freudiana que brota do seu id.

Há pessoas que dizem que se Mondlane fosse vivo e fosse o primeiro presidente de Moçambique, o país teria optado pelo sistema capitalista e não socialista porque Mondlane estudou nos EUA e trabalhou na ONU. Isso é um delírio porque as pessoas imaginam que nos EUA não há socialistas, não há esquerdistas e que a ONU é uma organização de direita. Isso é tão falso quanto uma nota de $ 75 Mt. O partido democrata é um partido de esquerda que quer implantar o socialismo nos EUA. Os secretários gerais da ONU sempre foram esquerdistas como o é igualmente António Guterres. De modo que cada dia fico mais estarrecido de ver que as pessoas não sabem nada do que dizem ou afirmam, se escorando em conjecturas e imaginação e não sabem o que é conhecimento.

FALAM OS VENDEDORES DE DISCOS
António Sitoe, 43 anos de idade e vendedor de discos na baixa da cidade de Maputo, diz que Samora foi um homem exemplar que sempre se preocupou com o seu povo que lotava os comícios que ele orientava.
Entre vários comícios, Sitoe recorda o proferido no campo de Xipamanine em que Machel deixou claro os sonhos que tinha para o desenvolvimento do país ao falar dos assuntos que tocavam as mentes das pessoas.
“Ele era um homem exemplar e combatia com galhardia aqueles dirigentes que se desviavam quando dizia por exemplo que as residências dos ministros em nenhum momento deviam ser locais de almoços ou recepções como acontece hoje”,disse Sitoe com uma lágrima no canto do olho.
Para ele, as pessoas ao adquirirem os discos pretendem reencontrar-se com a verdade que sempre caracterizou Machel. No último comício de Xipamanine, segundo ele, Samora Machel perguntou a população sobre um determinado assunto da seguinte forma: é ou não? A população terá respondido com aplausos.
“Em seguida, ele observou um intervalo e ordenou que fôssemos tomar leite e comer arrufadas que havia algures no campo, sendo que nesse dia ficámos das 8 até as 16 horas a ouvir o seu discurso. Portanto, ele queria que a população compreendesse a visão que tinha sobre o país”,explicou António Sitoe.

Comentário|Xadreque Sousa:

Que o povo lotava os comícios públicos de Samora ninguém pode negar assim como ninguém pode negar que as pessoas iam para lá forçadas pelos milicianos, a polícia e o exército sob pena de serem severamente punidas ou até fuziladas em hasta pública.

É engraçado, aliás, não é nada engraçado, que as pessoas se põe a elogiar Samora par fas et par ne fas e tudo que apresentam em termos de grandeza dessa personagem que eles tanto idolatram como o velho deus bel dos babilónicos sejam mesquinharias como: “ele usou a palavra ‘emboramente’”; ele perguntou a população do Xipamanine: “é ou não é”, etc., e como Samora falava essas coisas com aquela “passionate intensity” de que falava W.B.Yeats as pessoas ficaram impressionadas até hoje como se Samora fosse Moisés, Sidartha Gauthama, Sócrates, Cristo ou Maomé.

Agora, que esse vendedor do Xipamanine fique com uma lágrima no canto do olho por simplesmente falar de Samora é um fenómeno que é endémico nos países que estão ou estiveram sob forte revolução cultural marxista-leninista. A simples evocação do nome do líder tem por si só o poder de despertar nas pessoas emoções que não tem nada a ver com a palavra ou o nome evocado. Quer dizer, é aquilo que Olavo de Carvalho chama de “palavra-gatilho” e David Horowitz chama de “palavra de efeito”. Quem está certo é o psicólogo Andrewj Lobaczwsky quando no seu livro “ponerologia: psicopatas no poder” diz que quando um grupo de psicopatas sobe ao poder eles reúnem em torno de si uma massa de histéricos. Quem é o histérico? Histérico é o individuo que não acredita no que ele vê mas no que ele fala e que, por sua vez, é resultado da lavagem cerebral que ele sofreu como resultado do discurso ideológico dominante.

É só ver como a população desses países reage quando seu ditador morre. Ela chora, ela se descabela, ela não come, ela grita, ela se suicida. Não com essa gradação, obviamente. Não importa o quanto esse ditador tenha morto seus familiares, confiscado seus bens, insultado seus ancestrais, desrespeitado seu sistema de valores e assim por diante. A população imagina que o ditador tinha o direito de fazer aquilo, que o isso era absolutamente justificado em função do zeitgeist ou como disse Bertolt Brecht acerca dos condenados no processo de Moscovo: “se eram inocentes, tanto mais mereciam morrer”(sic). Isso aconteceu na China, na URSS, na Coreia do norte, Moçambique, Cuba, etc.

Ora, o nobel de medicina, o psicólogo Ivan Pavlov mostrou por meio de amplos estudos que um cão salivar quando ele vê um prato de comida é normal, porém, um cão salivar ao mero sonido da campainha que precede a chegada do prato de comida é sinal de que o reflexo do cão foi condicionado. E parece que todo povo moçambicano de 1977 para cá, padece de um terrível condicionamento clássico pavloviano de comportamento.

Esse clima de histeria não é apenas restrito a Moçambique, mas no mundo inteiro é assim. Quando as pessoas ouvem alguém pronunciar “Estados Unidos da América”, elas logo saem a correr e a gritar: “cuidado, eles querem roubar o nosso petróleo”. O que é isso? Histeria. Quando ouvem um pastor pregar o episódio bíblico de Sodoma e Gomorra ou o texto da epístola aos romanos de São Paulo, o apóstolo, logo saem a gritar: “homofóbico“ e assim por diante. O que é isso? Histeria. Quando as pessoas ouvem falar de Trump começam a babar ódio, passam mal, gritam: “não ao murro, fora com esse branco racista, colonizador e islamofóbico”. O que é isso? Histeria.

O mesmo acontece aqui em Moçambique. Você diz: “descentralização não tem nada a ver com a destruição da unidade nacional” e eles saem a gritar: “Eis aí um inimigo da unidade nacional. Crucifiquem-no”. O que é isso? Histeria. Quando você diz que o estado da nação não é bom e que o moçambicano é um povo assassino e buro eles logo dizem: “Crucifiquem-no. Ele não tem auto-estima”? Mais uma vez: o que é isso? Histeria pura e simples.

JOVENS FACTURAM GRAVANDO DISCURSOS
Samora  Machel morreu há 30 anos mas os seus ideais permanecem vivos e têm sido disseminados por jovens que se dedicam a gravação dos discos com as suas memórias.
Décio Chang, 27 anos de idade, diz que não o conheceu fisicamente mas ao escutar as intervenções de Machel percebe que foi um grande dirigente que dedicou sua vida em prol do povo moçambicano.
Samora foi, até este momento, o melhor presidente que já tivemos neste país. Ao assistir os vídeos retratando a governação dele fico com a impressão de que se estivesse vivo a corrupção não seria aos níveis em que está nos dias de hoje. Sei que perdeu a vida num acidente aéreo quando regressava de mais uma missão na sua luta pela igualdade dos povos da região e de África em geral”, disse Décio Chang.

Comentário|Xadreque Sousa:

Dizer que Samora foi o melhor presidente que o país teve, chega a ser um exagero de dogmatismo lambebotista. Quando não se teve a oportunidade de conhecer pessoalmente um personagem, não custa nada ir consultar os registos históricos. Factos abundantes acerca daquilo que eu chamo de ”a década perdida do partido Frelimo”, dão conta do seguinte:

   1.   No tempo de Samora (como se costuma de dizer), Moçambique se tornou no país mais pobre do mundo;
   2.   Existência de fuzilamento público
    3.   Falta de liberdade política;
   4.   Existência de campos de concentração;
   5.   Perseguição dos religiosos, principalmente da igreja, ou seja, eliminação da liberdade religiosa;
   6.   Perseguição dos líderes tradicionais;
   7.   Guias de marcha;
   8.   Uma guerra sangrenta de 16 anos

Dizer que “no tempo de Samora não havia corrupção” é um flatus vocis. Numa entrevista dada ao canal de televisão STV, Sérgio Vieira disse que naquele tempo a corrupção era zero. Ora, Aristóteles já dizia que qualquer discurso tem que ser analisado primeiro como o discurso do agente. Ou seja, qual é o papel que o discursante ou discursador ocupa dentro do que está a ser discursado. Ou seja, a quem ele está respondendo? A que pergunta ele está respondendo? Porque um discurso é sempre uma resposta a um outro discurso.

Não é preciso ser um especialista em mentalidade revolucionária para saber que o comunismo revolucionário é a ideologia mais corrupta que já existiu na face da terra e que jamais existirá uma ideologia tão corrupta, tão podre quanto ela. Fernando Pessoa estava montado na razão quando disse: “se se ajuntar todo lixo que existe no mundo tal será a imagem do comunismo”. Não admira que Pessoa não seja tido em grande estima por estas paragens, ao invés disso, os moçambicanos preferem ler José Saramago.

Ao apregoar o ateísmo e porfiar por destruir toda moral tradicional e principalmente a moral tradicional judeo-cristã, o que é que sobra a não ser aquilo que foi amplamente documentado no livro de Steffen Courtois: “O livro Negro do Comunismo”? Ou seja, o comunismo sozinho, matou pouco mais de 100 milhões de pessoas em tempo de paz, contabilizando-se apenas os números da URSS e da China.

As pessoas desinformadas gostam muito de dizer: “se Samora estivesse vivo…”. Ora, se Samora estivesse vivo faria exactamente o que ele fez e não o que as pessoas imaginam que ele faria pelo simples facto de que com a sua morte a sua essência ficou completada. Escreveu, penso que foi Mallarmé, no sepulcro do seu amigo Edgar Poe: “tel quen lui même enfin, l’eternité le change”. Quer dizer, quando alguém morre, sua essência está completada. Hegel dizia que a essência de uma coisa é aquilo em que ela se torna. Deste modo, se Samora estivesse vivo, ele faria essencialmente o que ele fez, poderia haver diferença em um e outro acidente mas em essência seria tudo o mesmo.

Por sua vez, Bernardo Matuva diz que nasceu dois anos após o desaparecimento físico de Machel e logo aos 7 anos os seus familiares lhe falaram deste homem que o considera líder carismático e defensor do bem-estar de todos os moçambicanos.
Observou que ao escutar e gravar os seus discos fica com a impressão de que os moçambicanos perderam um dirigente que impunha ordem a todos os níveis.

Comentário|Xadreque Sousa:

“Impressão”? Então, está tudo explicado. Ou seja, o que as pessoas dizem acerca de Samora não passa daquilo que Benedetto Croce chamava de “expressão de impressões”(sic). Agora, as impressões variam conforme a experiência interior de cada um, portanto, não há nada de objectivo nisso. De modo que você pode ter a sua impressão acerca de Samora e eu posso ter a minha que difere da sua e um terceiro também vai ter uma impressão que vai diferir da sua e da minha. Mas as coisas não acabam nas impressões. As impressões só mostram que ainda não conseguimos elaborar intelectualmente a experiência interior que tivemos. Então, é preciso subir um degrau a mais na escala da noética ou cognitiva, digo, subir das meras impressões mitopoéticas da realidade para sua expressão retórica e desta para o plano cognitivo dialéctico ou filosófico e deste para o plano cognitivo analítico ou lógico. Agora, é claro que exigir isso do povão é impossível mas o problema é que até os historiadores profissionais caem nessa esparela quando sua tarefa é “narrar os factos tal como eles se passaram” como diz o bom e velho Leopold Von Ranke e não ficar expressando suas impressões subjectivas, contudo para isso é preciso ir as fontes primárias e não aos jornais, televisão, etc.

“ Samora foi um homem que ditava ordens e as fazia cumprir. Portanto, ele lutava pela união de todos e tinha aversão daqueles que tentavam perturbar a ordem pública.”
Acrescentou que num dos discursos ficou bastante impressionado quando na sua voz ordenou que os militares e polícias se afastassem e deixasse o povo a ouvir o seu presidente.
“Ele falou mais ou menos assim: Vocês ai, polícia saiam daí, tira tropa e deixa a população a vontade. Portanto, só um líder carismático podia falar assim e dar ordens que eram bem cumpridas”,disse Matuva.
Para este jovem a avaliar por aquilo que escuta nos discos, o Estado da Nação não está bom, porque tudo que Samora condena, como a criminalidade, traição nos casais, roubos, problemas políticos está a acontecer.
“Posso dizer que ele foi um grande filósofo, um enviado de Deus que previu o que seria Moçambique nos dias de hoje porque tudo que falava está a acontecer nos dias de hoje. Quer dizer, temos pessoas que estão a colocar em causa a unidade nacional, pessoas ambiciosas que a todo custo querem tirar proveito de serem dirigentes do Estado, coisas que ele não admitia,disse Matuva reiterando que nos últimos tempos a unidade nacional que Samora sempre defendeu está a ser posta em causa.

Comentário|Xadreque Sousa:

Que o “Estado da Nação não é bom” isso não deve espantar a ninguém porque ele nunca foi bom mesmo no tempo de Samora em que ele mesmo, muitas vezes, disse: “o estado moçambicano está doente”. Que Samora não foi nenhum filósofo e muito menos um enviado de Deus já comentei acima. O facto de existirem pessoas que a todo custo querem governar não coloca em causa a unidade nacional até porque segundo Maquiavel realismo político é exactamente isso, digo, você não olhar a meios para alcançar o seu objectivo final, o que está sintetizado na sua máxima que diz: “o fim justifica os meios”.

Já expliquei num outro artigo que unidade nacional é uma coisa e unidade territorial do estado é uma outra coisa. Nação é unidade étnica e linguística. Numa situação em que chegue-se a dividir geograficamente o país, os tsongas não deixarão de ser tsongas por causa disso. Os cheuas não deixarão de ser cheuas por causa disso. Os shonas não deixarão de sê-lo por causa disso. Mas quando você explica isso para um moçambicano ele não entende e nem quer entender e, ao invés disso, sai por aí gritado: “você quer destruir a unidade nacional”. O que é isso? Histeria.

O HOMEM AMBICIOSO
SÓ MUDA DE TÁCTICA
Felisberto Pedro, 22 anos de idade que faz a gravação dos discos no mercado Estrela Vermelha diz que as coisas que Machel falou há trinta anos estão ainda vivas na memória dos moçambicanos.
“Ele dizia cuidado com o homem ambicioso porque nunca muda e se o faz só muda de táctica e em Moçambique temos muitos exemplos de gente ambiciosa que quer enriquecer à custa do povo, coisas para as quais ele chamava à atenção nas suas intervenções nos comícios populares,explicou e diz ter no seu reportório mais de 50 comícios de Machel.
No entender daquele jovem, os ambiciosos de que falava Samora podem ser vistos através de agentes de polícia de trânsito que tem estado a interpelar automobilistas para extorquir dinheiro com pedidos de refrescos mesmo nos casos que não se vislumbra nenhum irregularidade.
Acrescentou que apesar de não ter deixado infra-estruturas sociais, Samora escreveu de forma indelével o seu nome no seio do povo moçambicano e não só.
“Portanto, fez bom trabalho de tal forma que morreu pobre, mas alegre, porque os seus discursos continuam vivos nos dias de hoje”.

Comentário|Xadreque Sousa:

Não pode ser que os ambiciosos de que falava Samora fossem os polícias de trânsito. Se trata de algo maior, muito maior do que isto. Nenhum polícia de trânsito pode vender o país. É claro que vender o país chega a ser uma figura de linguagem para querer dizer trocar a soberania do estado por interesses particulares. E, no contexto da mentalidade comunista interesse particular é sempre e em toda parte um outro nome para propriedade privada.

Contudo, não nos esqueçamos do que disse Lenine: “acuse-os do que fazemos e xingue-os do que somos”. Por outras palavras, é a velha técnica de rotulação inversa. Deste modo, só compreenderemos o que Samora, enquanto líder comunista, dizia se invertermos o que ele queria dizer.

Não podemos negar que muitos enriqueceram com aquilo que se chama de “entreguismo”. Mas no meio de tudo isso, quem mais ganhou foi, sem dúvida alguma, o partido Frelimo. Ganhou e continua ganhando porque todos os que roubam não sentem culpa nenhuma porque partem do princípio de que não estão roubando para si mas, sim, para o partido, o novo príncipe no dizer de Gramsci.

Para você vender a pátria, você precisa controlar a pátria. Como? Dominando o Estado, os três poderes, a saber: legislativo, executivo e judiciário. Um pobre coitado de um polícia de trânsito não pode representar um risco a soberania do Estado. Mas o presidente da república e o conselho de ministros podem mesmo naqueles casos em que eles não controlam o exército. E pode também os serviços de segurança interna do estado. Aliás, em regimes totalitários e autoritários os serviços secretos é que são o verdadeiro estado tal como o foi a GESTAPO na Alemanha sob o nazismo, a KGB, hoje, FSB na URSS, DGI em Cuba, PIDE em Portugal sob Salazar, etc.

Vezes sem conta fartei-me de dizer para as pessoas que elas nunca devem levar a sério os discursos públicos dos políticos. Os políticos têm sempre dois discursos, nomeadamente: um discurso exotérico, que é um discurso para as massas, um discurso ideológico que visa apenas encobrir o esquema do poder daquele grupo, e um discurso esotérico que é um discurso para dentro, um discurso de orientação que é aquele que aparece nas actas das reuniões do partido e que, geralmente, somente aparece na mídia depois do acto consumado. Porquê? Não nos esqueçamos daquilo que Guenón disse: “o segredo é da natureza mesma do poder” e a política como disse Bertrand Russel é uma disputa de poder que, em nenhum momento, deve ser confundido com disputa de cargos.

DomingosNhaúle
domingos.nhaule@snoticicas.co.mz

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