domingo, 8 de janeiro de 2017

O HIV/SIDA e a lógica de Botequim

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O conhecimento científico é sempre a posteriori porque ele se funda na experiência. Deste modo, você dizer que todo mundo é seropositivo até prova em contrário sem que você apresente prova dessa seropositividade universal e abstracta é você se entregar a uma conjunção de delitos, que vão desde a blasfémia contra Deus, a charlatanice pura e simples e delito de opinião que beira a calúnia e difamação.

Apregoar que todo mundo é seropositivo até prova em contrário não passa de uma “pegadinha” pseudo-filósofica tão pueril que chega a meter dó. É o velho Zenão de Eleia, de novo e de novo e de novo.

Existe aquele princípio jurídico que a civilização ocidental herdou da civilização romana que consiste em não condenar um homem sem primeiro ouvi-lo a si e a seus acusadores. É o famoso princípio da presunção de inocência.

Com base nesse princípio, todo mundo é inocente até provas em contrário mas, os activistas do combate ao HIV/SIDA, já partem para a condenação colectiva da sociedade sem que tenham submetido cada um dos seus elementos, individualmente, a um juízo crítico do estado de cada um.

Ora, o que é isso a não ser rejeitar in limine o princípio de presunção de inocência e destruir um dos pilares da civilização romana de que o mundo ocidental foi herdeira e, por tabela, todos nós, e colocar no seu lugar a justiça da rainha de copas, ou seja, primeiro, condenar, depois, julgar e, em se averiguando a inocência dos condenados, não há problema nenhum porque, como disse o tão incensado Bertolt Brecht: “se eram inocentes, tanto mais mereciam morrer” (sic), em alusão aos condenados no processo de Moscovo.

É caso para dizer que estamos perante uma verdadeira “invasão dos bárbaros”, só para usar a expressão do filósofo Mário Ferreira dos Santos. Quer dizer, todo esse slogan, topois, chavão, seja lá isso o que for, não passa de um engodo do princípio ao fim, uma lógica de botequim mal urdida para enganar os “idiotas úteis” como dizia Lenine.

O mais grave nisso é que você prejulgar as pessoas já é violar o primeiro mandamento da lei divina porque você está se arrogando a uma prerrogativa que só Deus tem, que é a prerrogativa da omnisciência que lhe permite condenar ou absolver sem precisar ouvir o réu, supondo-se que o juiz já sabe a priori, desde antes da fundação do mundo, quem é aquela pessoa, o que ela fez, o que ela fará, etc.

Ora, o conhecimento científico é sempre a posteriori porque ele se funda na experiência. Deste modo, você dizer que todo mundo é seropositivo até prova em contrário sem que você apresente prova dessa seropositividade universal e abstracta é você se entregar a uma conjunção de delitos, que vão desde a blasfémia contra Deus, a charlatanice pura e simples e delito de opinião que beira a calúnia e difamação.

Isto é líquido e certo. Na verdade, estamos perante uma acusação leviana de quem, levado ao extremo pelo seu culto da “estupidez criminosa”, para usar a expressão de Eric Voeglin, confunde, aquilo que Alan Sokal e Jean Bricmont chamaram de, “imposturas intelectuais” com ciência, porque, ora vejamos, a única prova que esses santos inquisidores da saúde pública têm de que todo mundo é seropositivo até prova em contrário é que eles não têm prova nenhuma, apenas imaginação e conjecturas.

É incrível que até indivíduos que pontificam na mídia, nas cátedras universitárias, etc., como académicos, cheguem a endossar todo esse cacoete mental. Por quê? Porque eles não sabem o que é conhecimento e se colocam a julgar tudo com recurso ao critério de verossimilhança. 

Já dizia o filósofo Olavo de Carvalho que “verossimilhança é aquilo que parece. Parece porque é o que todo mundo diz. Você acredita juntamente com o seu grupo”. Quer dizer, se o grupo disse, pronto, está confirmado. A coisa ganha peso de um dogma do evangelho e não precisa ser provado, absolutamente. É o homem-massa de que falou Ortega y Gasset, ou seja, verossimilhança é o outro nome para designar o espírito de manada.

ESCRITO POR| XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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