terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Prémio nobel da paz

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Será que os homens contribuem mais para a paz do que as mulheres? Será que os europeus e os norte-americanos contribuem mais para a paz do que os outros povos? Será que os brancos contribuem mais para a paz do que outras unidades étnicas? Será que os falantes da língua inglesa contribuem mais para a paz do que outras unidades linguísticas?

Examinando a lista dos indivíduos que já receberam o prémio nobel da paz, me dei conta de que a maior parte dos que foram distinguidos com aquele galardão reúnem as seguintes características: são maioritariamente homens; europeus e norte-americanos (EUA); brancos e falantes da língua inglesa.

Diante disso, algumas questões não deixaram de me assomar a alma e todas elas em torno dos itens acima listados, nomeadamente: será que os homens contribuem mais para a paz do que as mulheres? Será que os europeus e os norte-americanos (EUA) contribuem mais para a paz do que outros povos? Será que os brancos contribuem mais para a paz do que outras unidades raciais? Será que os falantes da língua inglesa contribuem mais para a paz do que os falantes de outros idiomas?

Se partirmos da ideia original de prémio Nobel conforme foi desenhada pelo próprio Alfred Nobel de galardoar aqueles que fizessem alguma coisa notável em prol da paz teríamos que admitir que a actual estrutura linguística, racial, geográfica, sexual, etc., dos galardoados corresponde exactamente a contribuição de cada um deles para a paz e neste caso teríamos que admitir que os homens, os brancos, os europeus e norte-americanos (EUA) e os falantes da língua inglesa contribuem mais para a paz do que os indivíduos que tenham outras características diferentes das daquele grupo.

Contudo, quando começamos a escavar a coisa, começamos a nos dar conta de que elas não são bem assim porque, por exemplo, dizer que os homens contribuem mais para a paz do que as mulheres pode não ser totalmente verdade porque para início de conversa, as guerras são feitas pelos homens e não pelas mulheres, se bem que sempre existem excepções, tal como o atestam o caso da Joana D’Arc e outros. Porém, no cômputo geral, as mulheres têm tido uma contribuição muito ténue no que tange a acção militar.  

Mesmo na idade média, que todo mundo diz que era uma barbárie, era proibido os soldados levarem a guerra para dentro das cidades que era para não atingir as mulheres, as crianças e os velhos. Em vez de ir a guerra, as mulheres ficavam em casa a cuidar das crianças e a aprender a ler e a escrever – e pensar as feministas acreditam que na idade média as mulheres eram oprimidas e que hoje, em que elas se transformaram em escravas sexuais, é que elas são livres. Valha-me, Deus! - porque os homens só se interessavam pelos jogos de capa e espada em que podiam exprimir sua virilidade, enquanto a alfabetização era coisa para mulheres, crianças e padres, tanto isso é verdade que o grande imperador Carlos Magno só consentiu em aprender a ler e a escrever aos 30 anos de idade.

Agora, dizer que os europeus e os norte-americanos são mais pacíficos que os outros povos ou que eles contribuem para a paz mais do que os outros povos pode parecer piada de muito mau gosto. Só no século XX, se somarmos as vítimas mortais das duas grandes guerras mundiais, o holocausto judeu, a expurga de Stálin, etc., vemos que a coisa é uma grandeza. Todavia, isso não faz dos africanos, asiáticos, latino-americanos, etc., uma assembleia de povos pacíficos porque se houve guerras no velho continente, também em outros quadrantes do mundo elas aconteceram e continuam acontecendo até hoje, tal é o caso da síria.

Esse mesmo raciocínio pode ser aplicado para analisar se os brancos são mais pacíficos que as outras raças, ou seja, se os brancos contribuem mais para a paz do que as outras raças. Ora, não deixa de ser verdade que há mais brancos mediando os processos de paz do que, por exemplo, os negros. Não interessa, aqui, sondar as causas disso, contudo, dizer que os brancos são mais pacíficos que os não brancos significa reduzir a questão a uma questão biológica, o que não se sustenta porque não existe nenhum gene da paz ou da guerra no DNA humano.

Aquele biólogo, o Richard Dawkins, inventou uma teoria que ele chamou de teoria dos genes egoístas e ele acabou sendo desmascarado porque gene egoísta, gene pacifista, gene belicista, gene gay, gene abortista, etc., é tudo quadrado redondo. Assim como a cor da pele tem que ver com fenótipo e, portanto, é mutável, a ideia de um gene pacifista, nem isso é, antes pelo contrário, trata-se de uma ideia tão rebuscada que você não tem nem como sustenta-la sem cair no absurdo.

A língua também nada tem que ver com paz ou guerra, salvo se estivermos a falar de guerra de palavras ou, salvo ainda, se os livros que inspiram actos belicosos estiverem, na sua maioria, escritos numa língua que não seja o inglês. Mas isso é tão indefensável se você considerar que antes de “a arte da guerra de Sun Tsu”, fosse escrito cerca de 500 A.C, os homens já guerreavam uns contra os outros, fica evidente que a guerra não precisa de que alguém escreva um livro a respeito a fim de que ela possa acontecer.

Não obstante, se você considerar que a língua é um sistema como defendia o linguista Ferdinand de Saussaure, então, o significado de uma palavra não é o seu referente no mundo real mas, sim, outras palavras. Na verdade, isso só serve se você estiver a considerar a língua em si, como uma realidade hermeticamente fechada, e, neste caso, dizer que língua pode desencadear actos belicosos ou pacifistas passa a ser mera figura de linguagem, salvo se guerra e paz forem apenas signos linguísticos, sem nenhum referente no mundo real.

Quando perguntaram para Napoleão sobre o que era preciso para fazer uma guerra, ele respondeu dizendo: “três coisas: primeiro, dinheiro; segundo, dinheiro; terceiro, dinheiro”, e só agora me dei conta do sentido daquela sentença da Bíblia de que “o dinheiro é a raiz de todos os males”. No entanto, o dinheiro não é o objecto da guerra, ele pode ser um meio, mas o fim é sempre acumular poder. Para que? Para acumular poder de novo e de novo e de novo até a total e completa exaustão e o poder, nessa perspectiva maquiavélica, é objectivamente maligno. Porém, mesmo que não houvesse dinheiro, a guerra sempre seria possível. Aliás, me lembro agora de uma frase de Einstein que diz que “a quarta guerra mundial será feita com pedras e paus” (sic).

Pelo que se vê aqui, para fazer guerra, as pessoas só precisam de um motivo. Qual motivo? Qualquer um. Se não o houver nenhum, inventa-se qualquer um, como, por exemplo, mandar explodir algumas cidades do seu próprio país e depois acusar o vizinho como fez o führer, ou ainda, pegar em armas, persuadindo a si mesmo de que você está lutando em favor dos pobres proletariados oprimidos pelos malditos capitalistas exploradores mesmo que você seja um capitalista, um burguês como Engels ou que você viva a custa de um deles como Marx.

Definitivamente, não temos que afirmar que os homens, brancos, europeus e norte-americanos (EUA), língua inglesa, contribuem mais para a paz do que o seu oposto ou do que os outros indivíduos que detém características diferentes. Como disse são Tiago, o apóstolo, “a guerra está nos vossos instintos que guerreiam em vós”. Quando, no concílio de Trento, a igreja disse que os inimigos da alma humana são “o mundo, a carne e o diabo”, o que vem a ser a carne a não ser esses instintos que guerreiam em nós e nos afectam sensorialmente e nos fazem pensar que eles são a realidade?

Deste modo, a paz consiste em refrear esses instintos baixos e isso só acontece quando o homem tem profundidade porque, aí, ele descobre como Sócrates, no diálogo Fédon, que ele é uma alma imortal e, chegado a este ponto, ele perde as ilusões acerca desta vida e toma como seu espelho de medida a eternidade da sua alma e não mais uma imagem na mídia, uma cátedra em qualquer universidade, um posto ministerial em qualquer governo, etc., porque todas essas coisas são, por assim dizer, um véu de maya, puras ilusões evanescentes do momento.

ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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