Essa coisa de pensar que cultura é um
adorno é totalmente errada.
A cultura superior, longe de ser a pedra de coroa de uma sociedade doirada, ela é a sua pedra angular, o seu fundamento mesmo.
Enriquecer sem que se tenha adquirido cultura, previamente, é construir um ídolo de pés de barro.
A cultura superior, longe de ser a pedra de coroa de uma sociedade doirada, ela é a sua pedra angular, o seu fundamento mesmo.
Enriquecer sem que se tenha adquirido cultura, previamente, é construir um ídolo de pés de barro.
Não raras vezes, as pessoas com quem eu tenho conversado acerca da necessidade de adquirir cultura dizem que só podem fazê-lo depois de terem acumulado bastante dinheiro. By the way, se contentam com a mentira histriónica de que os europeus e norte-americanos são cultos porque já resolveram todos os seus problemas económicos, como se o dinheiro fosse um salvo-conduto para aquisição de cultura superior e não apenas dos seus objectos estereotipados como livros, quadros, etc.
Isso parece
aquele gráfico das curvas da emissão de CO2 e do aumento da temperatura que
Al-Gore tem usado para provar que o aumento do CO2 causa o aumento da
temperatura, contudo, sabe-se que essa relação funcional está errada, ou seja, não
é o aumento do CO2 que causa o aumento da temperatura mas, sim, o aumento da
temperatura é que causa o aumento da emissão de CO2 pelo que continuar
acreditando no contrário é prova de que o indivíduo para além de ser desonesto
tem Q.I. 12.
Esse mesmo
raciocínio pode ser aplicado a relação funcional entre cultura superior e riqueza
das nações. Por outras palavras, não é a riqueza que causa a cultura superior
mas, sim, a cultura superior que causa a riqueza, se é que existe entre essas
variáveis uma relação de causalidade e não apenas de anterioridade e
posterioridade. De todo modo, a cultura superior precede a riqueza de uma nação
e não o contrário como o atestam a história europeia inteira.
Mesmo
na escala individual, não há nada que prova que um indivíduo se torna mais
culto a proporção que ele vai adquirindo mais dinheiro. Há muitos indivíduos
ricos neste mundo que não têm cultura nenhuma, ao passo que existem indivíduos
que são pobres mas que, nem por isso, se privaram de adquirir cultura, antes
pelo contrário, são indivíduos bastante livrescos.
Qualquer
historiador sabe que a Europa antes de ter começado a ser uma potência económica,
ela experimentou, não diria uma revolução cultural mas sim um avivamento, um
despertamento cultural tremendo como em nenhuma outra parte do mundo. Mas aqui,
em África, parece que queremos inventar a roda, primeiro queremos ser ricos
para depois sermos inteligentes e honestos, enquanto os europeus, primeiro adquiriram
inteligência e elevado grau de consciência moral para depois enriquecer.
Isso não
se deu apenas na Europa cristã porque quando olhamos para a Grécia antiga
encontramos o mesmo modelo. Veja, a Grécia em que nasce a filosofia como actividade
auto-consciente com Sócrates não era aquela Grécia gloriosa dos tempos de Péricles
mas, sim, uma Grécia acabada de sair da guerra do Peloponeso, em total
desordem, miséria, enfim, em total esfrangalho. Do que se deduz que quem julga
que vai adquirir cultura depois de enriquecer é porque acredita no quadrado
redondo. É claro que isso é um auto-engano hipnótico. Isso nunca vai acontecer.
Essa coisa
de pensar que a cultura é um adorno é totalmente errada. A cultura superior,
longe de ser a pedra de coroa de uma sociedade doirada, ela é a sua pedra angular,
o seu fundamento mesmo. Enriquecer sem que se tenha adquirido cultura,
previamente, é construir um ídolo de pés de barro.
O mesmo
vale para a democracia. Tentar democratizar uma nação cujo povo não se guia pela
moral tradicional é se arrogar a um empreendimento totalmente inviável desde a
base. Aliás, já dizia John Adams, o segundo presidente dos EUA, que a constituição
norte-americana, i.e., a democracia, só funciona para um povo como o povo dos
EUA, ou seja, funciona para um povo que se guia pela moral tradicional
judaico-cristã. O facto de a democracia funcionar apenas naquelas regiões do
mundo onde a civilização cristã penetrou profundamente como a Europa e
principalmente os EUA é, disso, prova auto-evidente.
Desde
a definição de Roger Scruton da alta cultura como “autoconsciência de um povo”,
já se pode depreender que uma nação, i.e., uma unidade étnica e linguística,
sem alta cultura, para começo de conversa, não sabe o que ela é e se não sabe o
que ela é, também não sabe o que ela pode ser, ou seja, não conhece a sua própria
essência ontológica como disse Hegel ao sentenciar que “a essência de uma coisa
é aquilo em que ela se torna”, não antes depois de todo seu processo evolutivo
em que as tentativas e os erros vão se sucedendo uns aos outros até àquela
tensão insolúvel que traz à tona, no entrecruzamento das suas linhas
auxiliares, a imagem nítida e final do objecto idealizado.
Deste
modo, uma nação, assim, não tem consistência como nação e vive de simulação como
um animal de estimação que vive apenas de impressões evanescentes do momento. Quando
as coisas chegam a esse ponto, ninguém tem motivo para lutar contra as ameaças
reais contra a autodeterminação daquela nação porque todo mundo está preocupado
com sua própria algibeira, com seu próprio bolso.
Ora, está
mais do que provado que, quer o desejo sexual, quer o desejo do dinheiro são desejos
objectivamente egoístas. Um individuo que só está preocupado em adquirir
dinheiro e prazer sexual é claro que ele nunca será um indivíduo generoso. Mas,
quando um indivíduo adquire cultura, não como um capital que ele vai arriscar
num empreendimento financeiro para obter um certo retorno financeiro mas como
um guia para sua vida no meio da confusão em torno, não há dúvida de que ele
vai se tornar um indivíduo melhor.
Não foi
sem razão que Gyorgy Lukács disse que “a política é um meio, o fim é a cultura”.
Ora, ele sabia, como escrevi outro dia, num artigo postado neste blog intitulado a falsa lógica do Dr.
Lair Ribeiro, que quem controla a cultura é que detém o verdadeiro poder.
A cultura
é tão fundamental que Marx o identificou com a superestrutura que, segundo ele
mesmo, é, em última instância, determinada pela infra-estrutura, que ele dizia
que era a base material ou económica de uma nação.
Em muitos
artigos postados neste blog, eu
expliquei que essa relação entre superestrutura e infra-estrutura existe, só
que a direcção da causalidade não é essa que Marx acredita ser mas, sim, o
contrário, ou seja, não é a infra-estrutura que determina a superestrutura mas,
sim, a superestrutura que determina a infra-estrutura o que pode ser historicamente
comprovado, mal-grado Marx não ter vivido o suficiente para ver com seus próprios
olhos o fracasso dessa direcção causal como acabei de explicar.
Isso,
mais uma vez, corrobora o que acabei de dizer: não é a economia que determina a
cultura mas a cultura que determina a economia. Porém, os moçambicanos, em
particular, e os africanos em geral, ainda estão adormecidos à sombra da
bananeira do erro de Marx de que a infra-estrutura é que determina a
superestrutura e, é, por isso que dizem que primeiro devem tratar da economia e
enriquecer para depois adquirir cultura, o que é uma ilusão.
ESCRITO POR|XADREQUE
SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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