Quando se interpreta
um texto, a coisa mais importante a se fazer é você identificar o fio condutor
que dá unidade ou coerência a ideia ou ao discurso patente naquele escrito e
não tratar um texto como uma multidão de pedaços soltos ou partes soltas sem
conexão nenhuma o que atesta falta de inteligência que é a capacidade de
distinguir o essencial do acessório.
A produção de heresias é uma constante na história do
cristianismo e isso nunca vai acabar.
Uma das grandes confusões teológicas e porquê não
demoníacas que surge no meio cristão está ligado a famosa sentença do livro do
Génesis que diz: “façamos o homem segundo a nossa imagem e conforme a nossa
semelhança”.
Os partidários da doutrina da santíssima trindade dizem
que essa sentença é uma prova da doutrina da trindade porque como está escrito,
“disse Deus: façamos…”, eles, logo, concluem que Deus pai estava falando com
Deus filho e com o Deus Espírito Santo que criassem o homem.
Isso é um absurdo para além das medidas porque para
começar, a própria expressão “Deus Filho e Deus Espírito Santo” não aparece na
bíblia. A única expressão que existe na bíblia é “Deus pai” tal como aparece
nas epístolas paulinas.
Uma outra interpretação absurda que era nova para mim até
2016 é aquela defendida por aquela seita sul-coreana que diz que nesse trecho
que estamos examinando, Deus pai estava falando com Deus mãe.
Quando se interpreta um texto, a coisa mais importante a se
fazer é você identificar o fio condutor que dá a unidade ou coerência a ideia
ou ao discurso patente naquele escrito e não tratar um texto como uma multidão
de pedaços soltos ou partes soltas sem conexão nenhuma, o que atesta falta de
inteligência, que é a capacidade de distinguir o essencial do acessório. E o
essencial é aquilo que dá unidade ao texto.
A leitura da Bíblia é a mesma coisa, ou seja, qualquer
sentença que se leia tem que ser interpretada tendo em conta essa ideia de
conjunto ou de unidade do discurso ou de coerência textual.
Qualquer sentença a que se dê uma interpretação que não obedeça
a esse critério da busca da unidade textual desemboca sempre e em toda parte em uma confusão
dos diabos sois disant.
Quem, alguma vez, tenha lido toda a Bíblia em busca da coerência
lógica interna da sua narrativa e dos factos nele registados sabe que a sentença
do Génesis que estamos examinando não pode estar falando de trindade e muito
menos desse pseudo míto chamado Deus mãe.
Uma das provas disso é que Deus apareceu a Abraão e
ordenou que ele fosse sacrificar seu filho Isaque no monte Moriá.
Quando Abraão
estava prestes a sacrificar o seu filho, um anjo aparece para ele e diz o
seguinte: “não faças nenhum mal ao menino porque agora sei que tu me amas
porquanto não me negaste o teu único filho”.
A pergunta que devia surgir quase que
instintivamente deveria ser: “afinal de contas, quem ordenou que Abraão
sacrificasse seu filho foi Deus ou foi um anjo? Se foi Deus, como é que o anjo
fala na primeira pessoa, dizendo: agora sei que tu me amas porquanto não me
negaste teu único filho”?
Outro dado: quando Deus aparece a Moisés na sarça-ardente,
ele diz: “Eu sou o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, porém, Estevão, o primeiro
mártir da igreja, diz de Moisés, no livro dos Actos dos apóstolos: “e o anjo
que lhe apareceu na sarça”. Foi Deus ou foi anjo?
Mais ainda, no Pentateuco está escrito que Deus falava com
Moisés face a face mas, quando Cristo veio, ele disse: “nunca ninguém viu a
Deus”. Deus ou anjo?
Quando Manoá e sua esposa tiveram a visão do anjo que lhes
veio anunciar a nova de que eles teriam um filho que ficou conhecido como
Sansão. Quando o anjo subiu no meio do fogo para o céu, eles disseram:
“certamente morreremos porque vimos a Deus”. Ora, eles viram a Deus ou viram um
anjo?
Existe o caso de Jacó que lutou com o anjo do SENHOR e o
mesmo anjo o abençoou dizendo: “porquanto lutaste com Deus…”. Deus ou anjo?
Eu poderia mencionar outros trechos da Bíblia que impugnam
essa pseudo interpretação da sentença do Génesis como o caso da torre de Babel
e tantos outros mas, penso que o que foi exposto, neste artigo, é suficiente
para dissipar a confusão demoníaca reinante em torno do sentido que se pretende
forçar nessa sentença do Génesis.
ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shatreksousa@gmail.com
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