segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Ciência económica e Psicologia

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Ora, sendo a escassez uma negação, e a necessidade a negação dessa negação, sucede que essa impossibilidade que atende pelo nome de escassez, na verdade, não reside nem nos bens e serviços, nem na necessidade, mas, sim, no comportamento dos próprios agentes económicos.

A ciência económica divide-se em dois ramos: microeconomia e macroeconomia. Quer um, quer outro, estuda o comportamento dos agentes económicos, se diferenciando apenas em que um toma os agentes económicos individualmente e, este é o caso da microeconomia, que estuda o comportamento do consumidor e do produtor e, o outro toma os agentes económicos de forma agregada e, este é a macroeconomia que estuda o comportamento do estado.

De acordo com a escola behaviorista de John Bordaus Watson, comportamento é uma reacção à acção da natureza ou das circunstâncias que nos cerceiam. Ora, em economia, a circunstância que nos cerca é a escassez que o economista português João César Neves definiu como “a impossibilidade dos bens e serviços satisfazerem todas as necessidades” (sic).

Ensina-se em economia que isso acontece porque as necessidades económicas são ilimitadas no sentido de que a satisfação de uma cria outra, porém, ao mesmo tempo ensina-se que as necessidades económicas são ilimitadas porque os recursos são escassos.

Esse raciocínio tautológico acontece porque a escassez e a necessidade são em essência a mesma realidade e não realidades distintas tal como acontece com aquela coisa do ovo e da galinha, em que a galinha é aquilo em que o ovo se torna, sendo sua essência, de acordo com a sentença de Hegel de que “a essência de alguma coisa é aquilo em que ela se torna” (sic).

De modo que, eliminada a escassez, elimina-se a necessidade e eliminada a necessidade, elimina-se a escassez.

Já vimos o conceito de escassez do economista J.C.Neves da escassez como impossibilidade de satisfazer todas a necessidades mas, onde é que reside essa impossibilidade, nos bens e serviços ou na necessidade que, por sua vez, como disse o filósofo Mário Ferreira dos Santos ”é a impossibilidade da não possibilidade”, i.e., a negação do não?

Ora, sendo a escassez uma negação, e a necessidade a negação dessa negação, sucede que essa impossibilidade que atende pelo nome de escassez, na verdade, não reside nem nos bens e serviços, nem na necessidade, mas, sim, no comportamento dos próprios agentes económicos.

Qualquer possibilidade ou impossibilidade, quer parcial, quer total, simplesmente reflecte um conjunto de relações matemáticas válidas ou inválidas, as quais pré-existem a existência dos bens e serviços e das próprias necessidades que demandam sua produção e oferta, caso contrário, não é necessidade, daquilo que é necessário porque aquilo que é necessário precede, por definição, a aquilo que é contingente como os bens e serviços.

Contudo, nem a microeconomia, nem a macroeconomia se definem por estudar a escassez mas sim o comportamento dos agentes económicos como já dissemos no princípio, o que, por si só, já sugere que o assunto da escassez, ou seja, da impossibilidade como estamos a tratar aqui, é um assunto do fórum do comportamento dos agentes económicos, ou seja, é um assunto de maximização e minimização.

Na verdade, no final do dia, toda economia se reduz a psicologia do consumidor, dos investidores, do governo e do resto do mundo. Ou seja, de alguma forma, um economista é um psicólogo. Deste modo, ele tem que saber como um agente económico normal se comporta para que, na eventualidade deste estar a comportar-se de modo inadequado, ele possa ajudá-lo a corrigir esse comportamento.

Comportar-se de modo adequado, em economia, significa comportar-se de modo racional. Ora, a racionalidade económica consiste em minimizar os custos e maximizar os ganhos, sejam estes o excedente do consumidor, o excedente do produtor ou o excedente total. De modo que, qualquer agente económico que não se comporte nesse sentido, estará fora do universo da racionalidade económica.

ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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