O próprio enunciado geral
do relativismo de que “tudo é relativo” já é, em si, a prova da sua invalidade
formal e material.
O mais certo seria
dizer que algumas coisas são relativas e outras não e que algumas outras são relativas
e absolutas mas sob aspectos diferentes.
Quando um indivíduo começa a sentir-se acuado, frequentemente,
ele parte para o uso de expedientes tão artificiosos como o relativismo e sai repetindo,
que nem um mantra sagrado, que tudo é relativo.
Ora, os relativistas acreditam que tudo é relativo e nem
se dão conta de que o próprio relativismo está colocado no meio desse tudo. Por
outras palavras, se tudo é relativo, sucede que o relativismo não pode ser a
chave da abóbada, isso seria absolutismo, antes pelo contrário, o relativismo é
tão relativo quanto as demais vítimas do relativismo.
O próprio enunciado geral do relativismo de que “tudo é
relativo” já é, em si, a prova da sua invalidade formal e material.
Ora vejamos, quando se diz que tudo é relativo sucede que
nada fica de fora do território do relativismo. Neste caso, você dizer que 1+1
= 2 é tão válido quanto você dizer que 1+1= 5; ou então, você dizer que a
capital dos EUA é a cidade de Washington DC é tão válido quanto você dizer que
a capital dos EUA é a cidade de Maputo e assim por diante.
Ao fazer isso, você acabou de abolir a fronteira entre o
certo e o errado, entre o verdadeiro e o falso, entre o belo e o feio, etc., e
acabou de reduzir tudo a mera disputa de perspectiva, relegando a disputa do
objecto mesmo para o segundo plano ou para plano nenhum. Daí resulta que você
começa a dizer que não há conhecimento objectivo.
Ora se não há conhecimento objectivo, logo nada pode ser
previsto. Se nenhum conhecimento objectivo é possível e se nenhuma previsão
pode ser feita, então, a ciência acabou. Se a ciência acabou, o que nos resta é
apenas conjecturas e imaginações como o próprio relativismo que é o derradeiro espasmo
de uma civilização que está vivendo seus momentos crepusculares.
Só o que foi dito acima já é suficiente para impugnar a pseudoteoria
de que tudo é relativo. O mais certo seria dizer que algumas coisas são relativas
e outras não e que algumas outras são relativas e absolutas mas sob aspectos
diferentes, se bem que isso não se sustente diante da lógica tradicional por
causa do princípio do terceiro excluído, mas diante da lógica moderna, isso se
sustenta.
Um exemplo para isso seria o homicídio. Tanto nas leis divinas,
quanto nas leis humanas, o homicídio está lá postulado como crime. Contudo,
quando a bíblia diz: “não matarás”, isso é apenas um princípio geral e não uma
regra. Os princípios gerais, por definição, são universais e abstractos, mas as
circunstâncias da vida, como disse São Tomás de Aquino, são particulares e
concretas.
Então, como é que você vai fazer? Você vai ter que fazer
um arranjo sábio entre licitude e conveniência. Por outras palavras, um princípio
geral somente nos diz o que é lícito e o que é ilícito. Ele nunca nos diz o que
é conveniente ou inconveniente.
Ora, dependendo das circunstâncias particulares e
concretas da nossa vida quotidiana, um acto que é lícito pode ser:
1. Lícito e conveniente
2. Lícito e inconveniente
É por isso que a ordem de Deus para Josué foi “medite nas
palavras do livro dessa lei de dia e de noite”. Ora, por quê é que temos que
meditar nas escrituras se as conhecemos, as vezes, até mesmo de cor? Porque
elas enunciam princípios universais e abstractos e as circunstâncias da nossa
vida são particulares e concretas.
Voltemos a questão inicial: o homicídio é lícito ou ilícito?
É ilícito. Outra pergunta: matar é conveniente? Aqui, a resposta, já, é
depende. Se você matar em legítima defesa, isso é conveniente mal-grado não ser
lícito mas, se você matar apenas porque sim, isso não é nem lícito, nem
conveniente. Deste modo, se matar é conveniente ou não, isso é relativo porque
isso se dá numa relação com a sua conveniência ou não mas, em nenhum momento
significa que matar é sempre, sob todos os aspectos conveniente.
No final das contas dizer que tudo é relativo é criar um
mito, o mito do relativismo, e fugir da discussão a salvo conduto de uma frase
com 3 palavras “tudo é relativo”, o mantra sagrado de quem já perdeu o desejo
de conhecer a verdade faz tempo e, como os prisioneiros do mito da caverna de
Platão, ficam cultuando as sombras, pensando que aquilo é o mundo real, quando,
na verdade, não passa de ilusão.
ESCRITO POR|XADREQUE
SOUSA|shathreksousa@gmail.com
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