domingo, 8 de janeiro de 2017

Relativismo e erística

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O próprio enunciado geral do relativismo de que “tudo é relativo” já é, em si, a prova da sua invalidade formal e material.
O mais certo seria dizer que algumas coisas são relativas e outras não e que algumas outras são relativas e absolutas mas sob aspectos diferentes.

Quando um indivíduo começa a sentir-se acuado, frequentemente, ele parte para o uso de expedientes tão artificiosos como o relativismo e sai repetindo, que nem um mantra sagrado, que tudo é relativo.

Ora, os relativistas acreditam que tudo é relativo e nem se dão conta de que o próprio relativismo está colocado no meio desse tudo. Por outras palavras, se tudo é relativo, sucede que o relativismo não pode ser a chave da abóbada, isso seria absolutismo, antes pelo contrário, o relativismo é tão relativo quanto as demais vítimas do relativismo.

O próprio enunciado geral do relativismo de que “tudo é relativo” já é, em si, a prova da sua invalidade formal e material.

Ora vejamos, quando se diz que tudo é relativo sucede que nada fica de fora do território do relativismo. Neste caso, você dizer que 1+1 = 2 é tão válido quanto você dizer que 1+1= 5; ou então, você dizer que a capital dos EUA é a cidade de Washington DC é tão válido quanto você dizer que a capital dos EUA é a cidade de Maputo e assim por diante.

Ao fazer isso, você acabou de abolir a fronteira entre o certo e o errado, entre o verdadeiro e o falso, entre o belo e o feio, etc., e acabou de reduzir tudo a mera disputa de perspectiva, relegando a disputa do objecto mesmo para o segundo plano ou para plano nenhum. Daí resulta que você começa a dizer que não há conhecimento objectivo.

Ora se não há conhecimento objectivo, logo nada pode ser previsto. Se nenhum conhecimento objectivo é possível e se nenhuma previsão pode ser feita, então, a ciência acabou. Se a ciência acabou, o que nos resta é apenas conjecturas e imaginações como o próprio relativismo que é o derradeiro espasmo de uma civilização que está vivendo seus momentos crepusculares.

Só o que foi dito acima já é suficiente para impugnar a pseudoteoria de que tudo é relativo. O mais certo seria dizer que algumas coisas são relativas e outras não e que algumas outras são relativas e absolutas mas sob aspectos diferentes, se bem que isso não se sustente diante da lógica tradicional por causa do princípio do terceiro excluído, mas diante da lógica moderna, isso se sustenta.

Um exemplo para isso seria o homicídio. Tanto nas leis divinas, quanto nas leis humanas, o homicídio está lá postulado como crime. Contudo, quando a bíblia diz: “não matarás”, isso é apenas um princípio geral e não uma regra. Os princípios gerais, por definição, são universais e abstractos, mas as circunstâncias da vida, como disse São Tomás de Aquino, são particulares e concretas.

Então, como é que você vai fazer? Você vai ter que fazer um arranjo sábio entre licitude e conveniência. Por outras palavras, um princípio geral somente nos diz o que é lícito e o que é ilícito. Ele nunca nos diz o que é conveniente ou inconveniente.

Ora, dependendo das circunstâncias particulares e concretas da nossa vida quotidiana, um acto que é lícito pode ser:

       1.  Lícito e conveniente
       2.  Lícito e inconveniente

É por isso que a ordem de Deus para Josué foi “medite nas palavras do livro dessa lei de dia e de noite”. Ora, por quê é que temos que meditar nas escrituras se as conhecemos, as vezes, até mesmo de cor? Porque elas enunciam princípios universais e abstractos e as circunstâncias da nossa vida são particulares e concretas.

Voltemos a questão inicial: o homicídio é lícito ou ilícito? É ilícito. Outra pergunta: matar é conveniente? Aqui, a resposta, já, é depende. Se você matar em legítima defesa, isso é conveniente mal-grado não ser lícito mas, se você matar apenas porque sim, isso não é nem lícito, nem conveniente. Deste modo, se matar é conveniente ou não, isso é relativo porque isso se dá numa relação com a sua conveniência ou não mas, em nenhum momento significa que matar é sempre, sob todos os aspectos conveniente.

No final das contas dizer que tudo é relativo é criar um mito, o mito do relativismo, e fugir da discussão a salvo conduto de uma frase com 3 palavras “tudo é relativo”, o mantra sagrado de quem já perdeu o desejo de conhecer a verdade faz tempo e, como os prisioneiros do mito da caverna de Platão, ficam cultuando as sombras, pensando que aquilo é o mundo real, quando, na verdade, não passa de ilusão.

 ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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