quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Crime e castigo

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O romance Crime e Castigo é uma metonímia do comunismo. O Raskolnikov, o personagem principal do romance, representa os revolucionários, os idealistas, os Schillers. Mas, o idealista não é nenhum personagem santo tal como aparece no “diário de um pároco” de George Bernanos, mas um personagem degradado que vive num mundo degradado o qual, no crime e castigo, aparece simbolizado na velha usurária, uma caricatura da classe capitalista.

Crime e Castigo é o título da maior obra do romancista russo Fiódor Mikhailóvic Dostoiévisk, considerado o maior romancista de todos os tempos, o qual só encontra um equivalente próximo no romancista judeu-alemão Jacob Wassermann que é uma espécie de Dostoiévisk do século XX.

É claro que a par desses dois gigantes quase míticos da literatura universal, pode-se fazer especial menção a outros grandes escritores do género romance como Jacob Wassermann, Gustav Flaubert, Honoré de Balzac, Henri Beyle mais conhecido pelo pseudónimo de Stendhal, George Bernanos, Robert Musil, Marcel Proust, George Orwell, Thomas Mann, Aldous Haxley e Franz Kafka.

O romance crime e castigo gravita em torno de um personagem chamado Rodion Romanovitch mais conhecido entre seus pares por Raskolnikov. Esse jovem estudante universitário dos seus vinte e poucos anos assassinou a machadada uma velha usurária e sua irmã Lizavieta (CRIME) tendo sido condenado a trabalhos forçados na Sibéria por oito anos (CASTIGO), acabando por sofrer uma transformação, graças ao amor que lhe devota uma inocente jovem prostituta, chamada Sónia ou Soniechka.

O romance Crime e Castigo é uma metonímia do comunismo. O Raskolnikov, o personagem principal do romance, representa os revolucionários, os idealistas, os Schillers. Mas, o idelista não é nenhum personagem santo tal como aparece no romance “o diário de um pároco” de George Bernanos, mas um personagem degradado que vive num mundo degradado o qual, no crime e castigo, aparece simbolizado na velha usurária, uma caricatura da classe capitalista. Aliás, essa é a definição de Romance dada por Gyorgy Lukács, ou seja, uma narrativa de um mundo degradado conforme ele é encarado por um personagem igualmente degradado.

Já vimos que a velha usurária representa o mundo degradado de Raskolnikov, o que no mundo da ficção revolucionária representa a classe capitalista porque para os revolucionários, os capitalistas são os culpados da degradação da sociedade. Essa velha é chamada de usurária exactamente por isso, para encarnar a ideia marxista de que os capitalistas são ricos porque exploram a mais-valia dos proletariados, uma ideia que Marx foi buscar em Proudhon, o qual apregoava que “a propriedade privada é um roubo”. Tudo que Marx fez, foi colocar esse chavão em circulação e não é preciso dizer que tudo isso foi refutado por Weber e Mises já faz tempo.

Raskolnikov abandonou a universidade por falta de dinheiro e aparentemente ele matou por dinheiro mas, conforme o drama vai se desenrolando, descobre-se que ele matou por puro idealismo, que ele era um Schiller, o que o torna igual a qualquer outro revolucionário da história como Robespierre, Marx, Bakunin, Lénine, Stalin, Mao, Fidel, Pol pot e tutti quanti, i.e., idealistas no mundo dos sonhos mas, no mundo real “uma eficiente e fria máquina de matar”(sic) como dizia Che Guevara.

Isso é tão líquido e certo que, quando o drama se desenrola mais ainda, você descobre que Raskolnikov se inspirava em Napoleão. Ele queria ser um Napoleão. Então, aí, a coisa muda de figura e você descobre que Raskolnikov não era um puro idealista mas que ele queria o poder tal como Napoleão e os revolucionários mencionados no final do parágrafo anterior.

O facto de Raskolnikov não ter tocado no dinheiro da velha usurária que ele matou mostra que ele sabia muito bem a diferença entre dinheiro e poder. Robespierre, Lenine, Stálin, Mao, etc., não queriam dinheiro, eles queriam poder.

Quando o drama se vai aproximando do seu fim, Raskolnikov se enamora de uma jovem chamada Sónia que entrou para a prostituição para ajudar uma pai bêbado, uma madrasta tísica e duas irmãs ainda muito pequenas.

O Romance Crime e castigo é um drama quando narra a vida de Raskolnikov mas quando se trata de narrar a vida de Sónia, o romance sofre uma metanóia, ele se transforma numa tragédia.

Raskolnikov é culpado do castigo que lhe é infligido ao passo que Sóniechka é uma espécie de bode expiatório tal como aparece no livro de René Girard “O bode expiatório e Deus”, o qual é de chofre escolhido e para o qual converge a totalidade da violência social, acabando, por fim, com a sua morte, se tornando objecto de culto. Tudo isso acontece com Sónia no Crime e no Castigo, o qual crime e o qual castigo de Raskolnikov ela padece imenso cognitivamente, imaginativamente mas sem aquela expressão física/epidérmica que assoma ao corpo de Raskolnikov e a sua psique.

Então, apesar de prostituída, a alma de Sónia se conserva pura e sua fé em Deus permanece inabalável. Há uma cena no romance em que Raskolnikov pede que Sónia lhe leia o texto bíblico sobre a ressurreição de Lázaro, o qual ela lê com muita emoção. O mais curioso de tudo isso é que Sónia também lia o novo testamento a velha usurária.

Sónia representa a moral tradicional cristã que tem sido prostituída, corrompida mas, sem perder a sua pureza. O facto de a Sónia ler o novo testamento para a velha usurária que eu já disse representar os tão mal-afamados capitalistas e o desejo manifesto da velha de doar todo seu dinheiro a igreja assim que morresse mostra a ligação transcendental entre capitalismo e moral tradicional cristã, sem a qual o capitalismo é impossível porque ele é produto dessa moral ou mais apropriadamente da “ética protestante” como diz Weber e não do roubo como pretendem os marxistas.

O romance termina com Raskolnikov confessando o crime e sendo deportado para a Sibéria, escapando da pena de morte por duplo-homicídio, tendo suas boas acções e, principalmente seu estado alterado de consciência, servido de atenuante.

Todo movimento revolucionário nada mais é que uma epidemia de delírio psicótico. Isso está amplamente documentado no livro do dr. Andrewj Lobaczwsky, “Ponerologia, psicopatas no poder”, no qual ele mostra que esses fenómenos revolucionários são casos de psicopatia macrossocial que podem ter como causa, as seguintes: carateropatia, influência social e lesão do tecido cerebral.

O dr. Lobaczwsky defende que para além da abordagem jurídico-legal e moral dada aos casos de psicopatia, casos de ausência de todo e qualquer sentimento moral de culpa e compaixão, que se priorize a abordagem psicológica do problema, principalmente na sua fase embrionária porque se trata de um distúrbio mental que pode ser corrigido.  

Sónia, aquém Raskolnikov confessa inicialmente seu crime, está presente com Raskolnikov antes da sua prisão na Sibéria e já na Sibéria, me lembra a divina comédia de Dante Alighieri em que o seu mestre Virgílio o conduz na sua descida aos infernos e ao purgatório. Ora, Sibéria é uma espécie de purgatório, na travessia pelo qual, Raskolnikov é amparado pela presença permanente de Sónia, a qual representa a moral tradicional cristã.

No meio de tudo isso, Raskolnikov descobre o evangelho e nasce dentro de si um amor imenso pela Sónia, o que mostra evidentemente que ele sofreu uma transformação num novo homem. O que é isso senão a epopeia da moral tradicional cristã no meio do delírio revolucionário da “ânsia de poder e desejo de transcendência histórica” (sic) como diz Leonardo Padura no seu romance “le hombre que amaba a los peros”?

Em suma, como já mostrei mais acima, a vida dramática de Raskolnikov é salva quando entra em cena a vida trágica de Soniechka. O ideal revolucionário é sempre dramático e ele acaba sempre em “genocídio” conforme amplamente demonstrado por Paul Johnson e Hans Morgenthau por mais que o revolucionário pense estar fazendo um grande bem para a humanidade como naquele verso de William Black: “when Caiphas condemned Jesus, He was, in his own mind, the mankind benefector” (sic).

A moral tradicional cristã, tal como personificada em Sónia ou Soniechka, tem sido o bode expiatório para todos os males sociais. Não admira que Marx tenha colocado a moral cristã no topo da estrutura social, como superestrutura, acima da infra-estrutura económica ou material da sociedade.

By the way, foi o próprio Marx que apregoou no seu manifesto comunista de 1848, juntamente com Engels, que era preciso destruir a moral cristã para destruir o capitalismo mas, no final das contas, é esse mesmo bode expiatório, na forma da caridade cristã que acaba sendo sempre a salvação de não sei quantos Rodions Romanovichs depois da destruição da base material ou económica da sociedade e o fiasco dos projectos revolucionários.

PS: Isso está tão arqui-provado que nenhum país comunista sobreviveria sem ajuda estatal e privada norte-americana que por ser o topo do capitalismo e da moral judaico-cristã é o bode expiatório para onde converge a soma da violência sagrada procedente do islam, do bloco russo-chinês e dos socialistas fabianos, fazendo dos EUA um símbolo de coesão global e objecto de culto fadado a sobreviver à destruição dos construtores de uma nova ordem mundial.

ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shathreksousa@gmail.com

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