O romance Crime e
Castigo é uma metonímia do comunismo. O Raskolnikov, o personagem principal do
romance, representa os revolucionários, os idealistas, os Schillers. Mas, o idealista
não é nenhum personagem santo tal como aparece no “diário de um pároco” de
George Bernanos, mas um personagem degradado que vive num mundo degradado o
qual, no crime e castigo, aparece simbolizado na velha usurária, uma caricatura
da classe capitalista.
Crime e Castigo é o título da maior obra do romancista
russo Fiódor Mikhailóvic Dostoiévisk, considerado o maior romancista de todos
os tempos, o qual só encontra um equivalente próximo no romancista judeu-alemão
Jacob Wassermann que é uma espécie de Dostoiévisk do século XX.
É claro que a par desses dois gigantes quase míticos da
literatura universal, pode-se fazer especial menção a outros grandes escritores
do género romance como Jacob Wassermann, Gustav Flaubert, Honoré de Balzac, Henri
Beyle mais conhecido pelo pseudónimo de Stendhal, George Bernanos, Robert
Musil, Marcel Proust, George Orwell, Thomas Mann, Aldous Haxley e Franz Kafka.
O romance crime e castigo gravita em torno de um
personagem chamado Rodion Romanovitch mais conhecido entre seus pares por
Raskolnikov. Esse jovem estudante universitário dos seus vinte e poucos anos
assassinou a machadada uma velha usurária e sua irmã Lizavieta (CRIME) tendo
sido condenado a trabalhos forçados na Sibéria por oito anos (CASTIGO),
acabando por sofrer uma transformação, graças ao amor que lhe devota uma inocente
jovem prostituta, chamada Sónia ou Soniechka.
O romance Crime e Castigo é uma metonímia do comunismo. O
Raskolnikov, o personagem principal do romance, representa os revolucionários,
os idealistas, os Schillers. Mas, o idelista não é nenhum personagem santo tal
como aparece no romance “o diário de um pároco” de George Bernanos, mas um
personagem degradado que vive num mundo degradado o qual, no crime e castigo,
aparece simbolizado na velha usurária, uma caricatura da classe capitalista. Aliás,
essa é a definição de Romance dada por Gyorgy Lukács, ou seja, uma narrativa de
um mundo degradado conforme ele é encarado por um personagem igualmente
degradado.
Já vimos que a velha usurária representa o mundo degradado
de Raskolnikov, o que no mundo da ficção revolucionária representa a classe
capitalista porque para os revolucionários, os capitalistas são os culpados da
degradação da sociedade. Essa velha é chamada de usurária exactamente por isso,
para encarnar a ideia marxista de que os capitalistas são ricos porque exploram
a mais-valia dos proletariados, uma ideia que Marx foi buscar em Proudhon, o
qual apregoava que “a propriedade privada é um roubo”. Tudo que Marx fez, foi
colocar esse chavão em circulação e não é preciso dizer que tudo isso foi
refutado por Weber e Mises já faz tempo.
Raskolnikov abandonou a universidade por falta de dinheiro
e aparentemente ele matou por dinheiro mas, conforme o drama vai se
desenrolando, descobre-se que ele matou por puro idealismo, que ele era um
Schiller, o que o torna igual a qualquer outro revolucionário da história como
Robespierre, Marx, Bakunin, Lénine, Stalin, Mao, Fidel, Pol pot e tutti quanti, i.e., idealistas no mundo
dos sonhos mas, no mundo real “uma eficiente e fria máquina de matar”(sic) como
dizia Che Guevara.
Isso é tão líquido e certo que, quando o drama se
desenrola mais ainda, você descobre que Raskolnikov se inspirava em Napoleão.
Ele queria ser um Napoleão. Então, aí, a coisa muda de figura e você descobre
que Raskolnikov não era um puro idealista mas que ele queria o poder tal como
Napoleão e os revolucionários mencionados no final do parágrafo anterior.
O facto de Raskolnikov não ter tocado no dinheiro da velha
usurária que ele matou mostra que ele sabia muito bem a diferença entre
dinheiro e poder. Robespierre, Lenine, Stálin, Mao, etc., não queriam dinheiro,
eles queriam poder.
Quando o drama se vai aproximando do seu fim, Raskolnikov
se enamora de uma jovem chamada Sónia que entrou para a prostituição para
ajudar uma pai bêbado, uma madrasta tísica e duas irmãs ainda muito pequenas.
O Romance Crime e castigo é um drama quando narra a vida de
Raskolnikov mas quando se trata de narrar a vida de Sónia, o romance sofre uma
metanóia, ele se transforma numa tragédia.
Raskolnikov é culpado do castigo que
lhe é infligido ao passo que Sóniechka é uma espécie de bode expiatório tal
como aparece no livro de René Girard “O bode expiatório e Deus”, o qual é de
chofre escolhido e para o qual converge a totalidade da violência social, acabando,
por fim, com a sua morte, se tornando objecto de culto. Tudo isso acontece com Sónia
no Crime e no Castigo, o qual crime e o qual castigo de Raskolnikov ela padece
imenso cognitivamente, imaginativamente mas sem aquela expressão física/epidérmica
que assoma ao corpo de Raskolnikov e a sua psique.
Então, apesar de prostituída, a alma de Sónia se conserva
pura e sua fé em Deus permanece inabalável. Há uma cena no romance em que Raskolnikov
pede que Sónia lhe leia o texto bíblico sobre a ressurreição de Lázaro, o qual
ela lê com muita emoção. O mais curioso de tudo isso é que Sónia também lia o
novo testamento a velha usurária.
Sónia representa a moral tradicional cristã que tem sido
prostituída, corrompida mas, sem perder a sua pureza. O facto de a Sónia ler o
novo testamento para a velha usurária que eu já disse representar os tão mal-afamados
capitalistas e o desejo manifesto da velha de doar todo seu dinheiro a igreja
assim que morresse mostra a ligação transcendental entre capitalismo e moral
tradicional cristã, sem a qual o capitalismo é impossível porque ele é produto
dessa moral ou mais apropriadamente da “ética protestante” como diz Weber e não
do roubo como pretendem os marxistas.
O romance termina com Raskolnikov confessando o crime e
sendo deportado para a Sibéria, escapando da pena de morte por duplo-homicídio,
tendo suas boas acções e, principalmente seu estado alterado de consciência,
servido de atenuante.
Todo movimento revolucionário nada mais é que uma epidemia
de delírio psicótico. Isso está amplamente documentado no livro do dr. Andrewj
Lobaczwsky, “Ponerologia, psicopatas no poder”, no qual ele mostra que esses
fenómenos revolucionários são casos de psicopatia macrossocial que podem ter
como causa, as seguintes: carateropatia, influência social e lesão do tecido
cerebral.
O dr. Lobaczwsky defende que para além da abordagem
jurídico-legal e moral dada aos casos de psicopatia, casos de ausência de todo
e qualquer sentimento moral de culpa e compaixão, que se priorize a abordagem
psicológica do problema, principalmente na sua fase embrionária porque se trata
de um distúrbio mental que pode ser corrigido.
Sónia, aquém Raskolnikov confessa inicialmente seu crime, está
presente com Raskolnikov antes da sua prisão na Sibéria e já na Sibéria, me
lembra a divina comédia de Dante Alighieri em que o seu mestre Virgílio o
conduz na sua descida aos infernos e ao purgatório. Ora, Sibéria é uma espécie
de purgatório, na travessia pelo qual, Raskolnikov é amparado pela presença
permanente de Sónia, a qual representa a moral tradicional cristã.
No meio de tudo isso, Raskolnikov descobre o evangelho e
nasce dentro de si um amor imenso pela Sónia, o que mostra evidentemente que
ele sofreu uma transformação num novo homem. O que é isso senão a epopeia da
moral tradicional cristã no meio do delírio revolucionário da “ânsia de poder e
desejo de transcendência histórica” (sic) como diz Leonardo Padura no seu
romance “le hombre que amaba a los peros”?
Em suma, como já mostrei mais acima, a vida dramática de
Raskolnikov é salva quando entra em cena a vida trágica de Soniechka. O ideal
revolucionário é sempre dramático e ele acaba sempre em “genocídio” conforme
amplamente demonstrado por Paul Johnson e Hans Morgenthau por mais que o
revolucionário pense estar fazendo um grande bem para a humanidade como naquele
verso de William Black: “when Caiphas condemned Jesus, He was, in his own mind,
the mankind benefector” (sic).
A moral tradicional cristã, tal como personificada em Sónia
ou Soniechka, tem sido o bode expiatório para todos os males sociais. Não
admira que Marx tenha colocado a moral cristã no topo da estrutura social, como
superestrutura, acima da infra-estrutura económica ou material da sociedade.
By the way, foi o próprio Marx que apregoou no seu
manifesto comunista de 1848, juntamente com Engels, que era preciso destruir a
moral cristã para destruir o capitalismo mas, no final das contas, é esse mesmo
bode expiatório, na forma da caridade cristã que acaba sendo sempre a salvação
de não sei quantos Rodions Romanovichs depois da destruição da base material ou
económica da sociedade e o fiasco dos projectos revolucionários.
PS: Isso está tão
arqui-provado que nenhum país comunista sobreviveria sem ajuda estatal e
privada norte-americana que por ser o topo do capitalismo e da moral
judaico-cristã é o bode expiatório para onde converge a soma da violência
sagrada procedente do islam, do bloco russo-chinês e dos socialistas fabianos,
fazendo dos EUA um símbolo de coesão global e objecto de culto fadado a
sobreviver à destruição dos construtores de uma nova ordem mundial.
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