No final das contas, a própria ideia de oposição construtiva não passa disso, de uma logomaquia, uma disputa de palavras que não se reportam a nenhum referente no mundo real mas a outras palavras, num ritual autofágico próprio de uma subcultura de província.
O rótulo
da “oposição construtiva” com que se denominam os partidos da oposição sem
assento parlamentar já estabelece, por si só, um divisor de águas dentro da
oposição.
Essa divisão,
maniqueísta na sua essência, acaba carimbando os outros partidos da oposição
com assento no parlamento, a saber: RENMO e MDM, com o rótulo de oposição
destrutiva.
Então,
de um lado, temos a oposição construtiva que representa o bem, o princípio
activo, o yang e, do outro lado, temos
a oposição destrutiva que representa o mal, o princípio passivo, o yin, uma verdadeira filosofia maniqueísta
pseudomística.
Poderão,
alguns indivíduos dizer que isso não é bem assim, contudo, mal-grado os proponentes
dessa corrente política chamada oposição construtiva nunca terem colocado as
coisas nestes termos, isto está subentendido na sua proposta.
Que
eles não tenham cérebro suficiente para perceber o alcance das sua própria
proposta não os torna menos culpados de seu delírio auto-hipnótico do que se
tivessem consciência plena das consequências de sua proposta.
O termo
“construtiva” com que se auto-rotulou a oposição extraparlamentar deste país e,
porquê não chamá-la biónica, é bastante sugestivo. De facto, não se pode,
mediante sua simples evocação, deixar de pensar em expressões onde esse termo
tem uma aplicação mais ou menos similar como o sócio construtivismo com Jean
Piaget, Levy Vigotsky e o desconstrucionismo com Jacques Derrida.
Quer um,
quer outro, surgem como uma extensão da filosofia analítica de Herder,
Wittgeistein, Russel, que, por sua vez, tem como pai o obscuro Kant que, ao enunciar
a sua doutrina da estrutura mental a
priori, acabou dando origem a toda essa confusão demoníaca em que caiu a
filosofia moderna.
Não deixa
de ser interessante que o termo construcionismo, quer aplicado a construção social
do conhecimento, quer a sua desconstrução, não sejam nada mais que uma mera negação
do conhecimento objectivo, reduzindo tudo a uma mera disputa de palavras cujo
significado são outras palavras e não a realidade.
No final
das contas, a própria ideia de oposição construtiva não passa disso, de uma
logomaquia, uma disputa de palavras que não se reportam a nenhum referente no
mundo real mas a outras palavras, num ritual autofágico próprio de uma subcultura
de província.
Os proponentes
dessa ideia megalómana de oposição construtiva estão totalmente fora da
realidade. Eles estão, por assim dizer, vivendo numa segunda realidade como
diziam Eric Voeglin e Robert Musil, que é uma realidade feita só de palavras
sem nenhuma substancialidade por trás.
Na verdade,
o que temos aqui nessa proposta de oposição construtiva é uma amálgama de
lambebotismo e filosofia pseudo-lógica. Por outras palavras, como teoria, como
filosofia, essa proposta de oposição construtiva não vale o esforço de um peido
mas, como estratégia, ela vale o que vale.
Maquiavel
dizia que, se você não pode vencer o seu adversário, então, você deve aderir a
ele. O que essa dita cuja oposição construtiva tem feito é só isso, do princípio
ao fim.
Os partidos
que compõem a oposição construtiva têm aderido em massa ao partido no poder, só
que, não na esperança de ludibriá-lo ou de liquidá-lo, conforme pregava
Maquiavel, porque eles não têm nenhuma perspectiva de poder para se arrogarem a
tão excelsa missão, mas, sim, na tentativa de camuflar sua própria identidade ideológica,
se é que tem alguma e se é que essa se diferencia da do partido no poder.
Mas essa
estratégia de Maquiavel é, no final das contas, um distúrbio mental que em
psicologia é conhecido como Síndrome de Estocolmo. A oposição construtiva
inteira, sem excepção, padece da Síndrome de Estocolmo e não se toca. Porquê? Porque
ela não tem um padrão de normalidade não apenas política mas também psicológica
e sente-se como aquele maluco no filme do Woody Allen que, visitado frequentemente
pela sua enfermeira, começou a pensar que ele era o médico e a enfermeira a sua
paciente.
É claro
que estamos perante um sintoma de fraqueza patológica que é aquela que não visa
nada para além da destruição do próprio portador da fraqueza, o que não tem
nada a ver com a fraqueza de que falava Sun Tzu ao dizer: “quando estiveres
forte, finja-te de fraco e quando estiveres fraco, finja-te de forte” mas, sim,
com aquela fraqueza que atrai a agressividade adversária, como dizia Donald
Rumsfeld.
O que
essa oposição construtiva tem granjeado com todo o seu cortejo de lambebotismo
de office boy a não ser desprezo? Não
que ela não mereça, absolutamente, ela merece isso e muito mais porque quem se
alia com os comunistas merece isso e muito mais como dizia Lenine dos
comunistas e seus companheiros de viagem: “nós merecemos ser enforcados numa
corda suja”(sic).
Já dizia
o general romeno, Ion Mihai Pacepa, o maior desertor da KGB no ocidente, que “quanto
mais você se prosterna ante um tirano, mais ele o odeia” (sic). Isso é líquido
e certo.
Você acreditar
em Maquiavel, é você se candidatar a uma neurose. Meu conselho a todos que estão
interessados neste tema é que leiam “Maquiavel ou a confusão demoníaca” do
professor Olavo de Carvalho. Você vai descobrir que Maquiavel não pode ser tudo
aquilo que as pessoas dizem dele, ou seja, que ele é o pai do realismo político.
Ora, como é que isto pode ser se todas as previsões políticas de Maquiavel
falharam? Ele apostou que Cesar Bórgia iria tomar o poder e derrubar o Papa mas
nós sabemos que nada disso aconteceu.
No final
das contas, Maquiavel era um coitado que terminou muito mal e que tentou ajudar
um outro coitado que também acabou muito mal. E ainda há quem tem a cara de pau
de dar ouvidos a um psicótico de marca como esse. Na verdade, a obra de
Maquiavel é apenas isso: psicose. É por isso que seu maior biógrafo, o filósofo
Benedetto Croce, disse que Maquiavel era um enigma que nunca seria decifrado.
Para um
enigma ser decifrável, ele teria que portar, em seu bojo, o princípio da sua própria
inteligibilidade e essa inteligibilidade não aparece em Maquiavel. É claro que
ele não é o único pensador obscuro, Nietzsche, Kant, Fichte, Marx e tutti quanti, são todos assim.
É claro que quem dá ouvidos a Maquiavel e transmuta a política numa amálgama de engodo é um bobo risível e, certamente que, acabará muito mal, se bem que, não antes de ter transformado seu país num inferno ao alcance de todos tal como o fizeram Stalin, Mao, Pol pot, Fidel e tutti quanti.
ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA| shathreksousa@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário