Dizer que o aluno é o
centro do ensino ou da educação como pretendem os socio-construtivistas
significa dizer que um aluno pode se ensinar ou se educar sozinho, colocado somente
diante do objecto, relegando a intermediação do professor para o segundo plano
ou para plano nenhum, confiando apenas nas estruturas a priori da sua mente, o
que não passa de empulhação.
No início de 2014, participei de uma palestra sobre
avaliação formativa no instituto médio profissional de contabilidade e gestão
empresarial.
A palestra, do princípio ao fim, foi um show de sócio-construtivismo mas, até hoje,
fico, cá, com a impressão de que ninguém se apercebeu disso, aliás, arrisco-me
a acreditar que nunca ninguém, naquele meio, incluindo o palestrante, tenha
lido, alguma vez, uma linha se quer de jean Piaget, Levy Vigotsky, Emília
Ferrero, Comenius e tutti quanti.
O que mais me interessou na palestra foi o capítulo do
ensino centrado no aluno. Sentindo-me deveras contrariado com tudo aquilo, fiz
questão de mostrar ao digníssimo palestrante que não existe o tal ensino
centrado no aluno mas apenas ensino centrado no conteúdo que está ou que vai
ser ministrado pelo simples facto de que o objecto de ensino não é o aluno, nem
o professor, os quais são sujeitos, ainda que com uma diferenciação de papéis
bem demarcada.
By the way, fiz questão de mostrar ao ilustre palestrante que a
única coisa que pode ser centrada no aluno, no processo do ensino e
aprendizagem, é a própria aprendizagem, ao que, o digníssimo palestrante ficou
apopléctico e, com aquela “passionate intensity” de que falou William Butler
Yeats, desatou a repetir mantricamente uma canora e sonora negativa, como se
isso fosse um argumento e não apenas uma reacção automática proveniente de uma
mente que perdeu o controlo de si mesma e que, levada ao extremo da neurose,
traz à tona todo o resquício psíquico reprimido e jogado no seu inconsciente.
Afirmar que o aluno é o centro do ensino ou da educação,
como pretendem os socio-construtivistas, significa sugerir que um aluno pode se
ensinar ou se educar sozinho, colocado, tão-somente, diante do objecto, relegando
a intermediação do professor para o segundo plano ou para plano nenhum, confiando
apenas nas estruturas a priori da sua
mente, o que não passa de empulhação.
Tudo isso são velhos erros filosóficos que começam com a
revolução coperniciana de Kant na filosofia que consiste em mudar a relação
sujeito-objecto no processo do conhecimento.
Kant abole o objecto com aquela sua ideia de estruturas a priori. Para ele, não há conhecimento
objectivo, só o conhecimento subjectivo. Ou seja, tudo o que chamamos de
conhecimento objectivo, para Kant, é apenas o conhecimento da estrutura a priori da nossa mente.
Essa confusão kantiana deu origem a algumas doenças
espirituais da modernidade como o relativismo, o sócio-construtivismo e o
desconstrucionismo.
Pensar que uma criança vai aprender toda gramática
sozinha, aprender toda aritmética sozinha, e assim por diante, partindo,
somente, do exame de si mesmo, das estruturas a priori da sua mente, é abusar da quota de ilusão permitida a um
ser humano normal porque isso não significa nada mais do que dizer que todo o
mundo real não está contido no universo em torno mas dentro da nossa cabeça e
que tudo não passa de palavras, que o mundo tem a forma que tem graças aos
livros de gramática, que foram o Celso Cunha e a Lindley Cintra, os autores da
gramática do português contemporâneo que criaram o mundo.
O próprio sentido da palavra educação, considerada desde
seu étimo latino, impugna, na base, a ideia de um ensino centrado no aluno. A
palavra educação vem de duas palavras latinas, a saber: ex+ducere, onde ex significa fora e ducere
conduzir para, resultando daqui que educação, etimologicamente, significa
conduzir para fora, o que pressupõe a existência do conduzido e do condutor.
No processo de ensino e aprendizagem, o professor é o
condutor e o aluno, o conduzido. Portanto, incumbe ao professor conduzir o
aluno das trevas da ignorância para a luz do conhecimento mas, parece que o
ilustre palestrante era incapaz de atinar com o óbvio de tudo isso porque
faltava-lhe aquela honestidade intelectual tão cara a quem busca a verdade e
não está preocupado apenas em dar boa impressão, se contentando com o discurso
politicamente correcto.
Todas as reformas ao nível da educação em Moçambique são a
expressão do que estou dizendo. É tudo sócio-construtivismo barato. Um dos
exemplos disso é a imposição da passagem automática como um dos novos
sacramentos do sistema de ensino nacional. Essa insanidade não saiu da cabeça de
nenhum moçambicano. Isso foi inventado por Michel Foucault, um cocainómano que,
levado a extremo pelo seu delírio psicótico, dizia que reprovar os alunos
equivalia a oprimí-los.
Ora, tudo que os nossos fazedores da política de educação
fazem é prestar-se ao papel de um boneco de ventríloquo, repetindo com a
fidelidade de um prosélito devoto as receitas de educação impostas pela ONU sem
fazé-las passar pelo filtro de um juízo crítico sobre as implicações antropológicas
e civilizacionais dessas técnicas de pseudo-educação sócio-construtivista, não
obstante as lesões no tecido cerebral que elas causam e que podem, segundo o psicólogo Andrewj
Lobaczewsky, conduzir a um fenómeno macro-social de psicopatia com consequências
semelhantes as vivenciadas no século XX sob os regimes totalitários europeus.
Uma leitura do “Maquiavel pedagogo” de Pascal Bernadin e
“The deliberate dumbing down of America” de Charlotte Izerbyt são suficientes
para perceber que esse processo de reforma do sistema educacional é um fenómeno
mundial e que não tem nada a ver com educação mas apenas com imbecilização em
massa dos alunos.
Tal como observou o filósofo Olavo de Carvalho, “isso tudo
é apenas engenharia comportamental para formar o cidadãozinho bem comportadinho
da nova ordem mundial.”
Na verdade, hoje, as escolas se tornaram num meio eficiente de deixar as crianças mais burras porque, ao invés de ensinar matemática, língua portuguesa, biologia, etc., os professores estão mais preocupados em fornecer educação sexual e em transformar a escola em centro de propaganda comunista travestida em ambientalismo aquecimentista, direitos humanos e igualdade social e de género.
Na verdade, hoje, as escolas se tornaram num meio eficiente de deixar as crianças mais burras porque, ao invés de ensinar matemática, língua portuguesa, biologia, etc., os professores estão mais preocupados em fornecer educação sexual e em transformar a escola em centro de propaganda comunista travestida em ambientalismo aquecimentista, direitos humanos e igualdade social e de género.
ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shatreksousa@gmail.com
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