segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Ensino centrado no aluno

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Dizer que o aluno é o centro do ensino ou da educação como pretendem os socio-construtivistas significa dizer que um aluno pode se ensinar ou se educar sozinho, colocado somente diante do objecto, relegando a intermediação do professor para o segundo plano ou para plano nenhum, confiando apenas nas estruturas a priori da sua mente, o que não passa de empulhação.

No início de 2014, participei de uma palestra sobre avaliação formativa no instituto médio profissional de contabilidade e gestão empresarial.

A palestra, do princípio ao fim, foi um show de sócio-construtivismo mas, até hoje, fico, cá, com a impressão de que ninguém se apercebeu disso, aliás, arrisco-me a acreditar que nunca ninguém, naquele meio, incluindo o palestrante, tenha lido, alguma vez, uma linha se quer de jean Piaget, Levy Vigotsky, Emília Ferrero, Comenius e tutti quanti.

O que mais me interessou na palestra foi o capítulo do ensino centrado no aluno. Sentindo-me deveras contrariado com tudo aquilo, fiz questão de mostrar ao digníssimo palestrante que não existe o tal ensino centrado no aluno mas apenas ensino centrado no conteúdo que está ou que vai ser ministrado pelo simples facto de que o objecto de ensino não é o aluno, nem o professor, os quais são sujeitos, ainda que com uma diferenciação de papéis bem demarcada.

By the way, fiz questão de mostrar ao ilustre palestrante que a única coisa que pode ser centrada no aluno, no processo do ensino e aprendizagem, é a própria aprendizagem, ao que, o digníssimo palestrante ficou apopléctico e, com aquela “passionate intensity” de que falou William Butler Yeats, desatou a repetir mantricamente uma canora e sonora negativa, como se isso fosse um argumento e não apenas uma reacção automática proveniente de uma mente que perdeu o controlo de si mesma e que, levada ao extremo da neurose, traz à tona todo o resquício psíquico reprimido e jogado no seu inconsciente.

Afirmar que o aluno é o centro do ensino ou da educação, como pretendem os socio-construtivistas, significa sugerir que um aluno pode se ensinar ou se educar sozinho, colocado, tão-somente, diante do objecto, relegando a intermediação do professor para o segundo plano ou para plano nenhum, confiando apenas nas estruturas a priori da sua mente, o que não passa de empulhação.

Tudo isso são velhos erros filosóficos que começam com a revolução coperniciana de Kant na filosofia que consiste em mudar a relação sujeito-objecto no processo do conhecimento.

Kant abole o objecto com aquela sua ideia de estruturas a priori. Para ele, não há conhecimento objectivo, só o conhecimento subjectivo. Ou seja, tudo o que chamamos de conhecimento objectivo, para Kant, é apenas o conhecimento da estrutura a priori da nossa mente.

Essa confusão kantiana deu origem a algumas doenças espirituais da modernidade como o relativismo, o sócio-construtivismo e o desconstrucionismo.

Pensar que uma criança vai aprender toda gramática sozinha, aprender toda aritmética sozinha, e assim por diante, partindo, somente, do exame de si mesmo, das estruturas a priori da sua mente, é abusar da quota de ilusão permitida a um ser humano normal porque isso não significa nada mais do que dizer que todo o mundo real não está contido no universo em torno mas dentro da nossa cabeça e que tudo não passa de palavras, que o mundo tem a forma que tem graças aos livros de gramática, que foram o Celso Cunha e a Lindley Cintra, os autores da gramática do português contemporâneo que criaram o mundo.

O próprio sentido da palavra educação, considerada desde seu étimo latino, impugna, na base, a ideia de um ensino centrado no aluno. A palavra educação vem de duas palavras latinas, a saber:  ex+ducere, onde ex significa fora e ducere conduzir para, resultando daqui que educação, etimologicamente, significa conduzir para fora, o que pressupõe a existência do conduzido e do condutor.

No processo de ensino e aprendizagem, o professor é o condutor e o aluno, o conduzido. Portanto, incumbe ao professor conduzir o aluno das trevas da ignorância para a luz do conhecimento mas, parece que o ilustre palestrante era incapaz de atinar com o óbvio de tudo isso porque faltava-lhe aquela honestidade intelectual tão cara a quem busca a verdade e não está preocupado apenas em dar boa impressão, se contentando com o discurso politicamente correcto.

Todas as reformas ao nível da educação em Moçambique são a expressão do que estou dizendo. É tudo sócio-construtivismo barato. Um dos exemplos disso é a imposição da passagem automática como um dos novos sacramentos do sistema de ensino nacional. Essa insanidade não saiu da cabeça de nenhum moçambicano. Isso foi inventado por Michel Foucault, um cocainómano que, levado a extremo pelo seu delírio psicótico, dizia que reprovar os alunos equivalia a oprimí-los.

Ora, tudo que os nossos fazedores da política de educação fazem é prestar-se ao papel de um boneco de ventríloquo, repetindo com a fidelidade de um prosélito devoto as receitas de educação impostas pela ONU sem fazé-las passar pelo filtro de um juízo crítico sobre as implicações antropológicas e civilizacionais dessas técnicas de pseudo-educação sócio-construtivista, não obstante as lesões no tecido cerebral que elas causam e que podem, segundo o psicólogo Andrewj Lobaczewsky, conduzir a um fenómeno macro-social de psicopatia com consequências semelhantes as vivenciadas no século XX sob os regimes totalitários europeus.

Uma leitura do “Maquiavel pedagogo” de Pascal Bernadin e “The deliberate dumbing down of America” de Charlotte Izerbyt são suficientes para perceber que esse processo de reforma do sistema educacional é um fenómeno mundial e que não tem nada a ver com educação mas apenas com imbecilização em massa dos alunos.

Tal como observou o filósofo Olavo de Carvalho, “isso tudo é apenas engenharia comportamental para formar o cidadãozinho bem comportadinho da nova ordem mundial.” 

Na verdade, hoje, as escolas se tornaram num meio eficiente de deixar as crianças mais burras porque, ao invés de ensinar matemática, língua portuguesa, biologia, etc., os professores estão mais preocupados em fornecer educação sexual e em transformar a escola em centro de propaganda comunista travestida em ambientalismo aquecimentista, direitos humanos e igualdade social e de género.

ESCRITO POR|XADREQUE SOUSA|shatreksousa@gmail.com 

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