segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

CRISE ECONÓMICA

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É incrível a quantidade de soluções que tem sido propostas para o país sair da crise. O que as pessoas ignoram é que quanto mais multiplicarem as propostas de soluções mais elas vão perdendo seu valor. Dizia Mises que o papel do economista é dizer ao governo o que este não deve fazer. Infelizmente, parece que os economistas não lhe querem dar ouvidos. Sendo assim, ninguém quer compreender o que está acontecendo de tão preocupados que estão em querer mudar a realidade, uma realidade que eles não compreendem. Isso não pode ter nenhum outro resultado senão a queda no socialismo autoritário do falso profeta Karl Marx.


Nos últimos anos Moçambique tem sido assolado por uma crise económica que só perde para a crise dos anos 80. Tanto naqueles anos como hoje mais recentemente podemos identificar algumas notas que estiveram presentes em ambas as crises. Nos anos 80 o país estava mergulhado numa instabilidade político militar. Hoje também a instabilidade político-militar faz a agenda do dia.

Todos sabemos que os doadores fecharam a torneira e já não mais dão dinheiro para o orçamento do estado. Não queremos discutir aqui por que é que eles estão fazendo isso: quem tem razão e quem não a tem.

O que nos interessa é que o país está em crise. Estando em crise temos que caracterizar essa crise para depois apontar soluções para ela. Infelizmente, neste país há tanta gente que tem solução para crise. Há tanta gente que conhece o caminho para a convalescença da crise. Contudo, essa abundância de soluções já aponta para o desvalor, para a perda de valor de cada uma delas. Quanto mais as opiniões a respeito disso ou daquilo vão se multiplicando mais elas vão perdendo o valor.

Para nós que somos homens de estudo a coisa mais importante para não deve ser querer mudar o mundo, querer modificar a realidade. Quer dizer, aconteceu uma crise e você já vai tentando apontar soluções. É claro que você não vai chegar a nenhuma solução. Você só vai criar mais problemas. Há uma frase de Wolfgang Von Goethe que diz o seguinte: “é urgente ter paciência”. Deste modo, diante de uma situação qualquer por mais penosa que ela seja a nossa primeira atitude tem que ser procurar compreendê-la.

No âmbito daquilo que convencionamos chamar de ciências culturais é isso que temos que fazer. Por exemplo, quando alguém está doente e vai ao médico qual deve ser a primeira atitude do médico? Receitar uma pilha de medicamentos? De modo nenhum. Sendo a medicina a aplicação da biologia que, por sua vez, é uma ciência natural a primeira atitude do médico tem que ser a de explicar o que está acontecendo. Se ele não explicar para o paciente e aos seus pares do ofício ao menos tem que poder explicar para si próprio.

O que é uma explicação? A palavra explicar vem de ex mais plicare. Ex quer dizer FORA. Plicare quer dizer enrugar, dobrar, etc. de modo que explicar é desenrugar, desdobrar. É encontrar os nexos de causa-efeito. Se o médico não sabe qual é a causa da doença como é que ele vai poder cuidar do paciente? Ele seria um charlatão.

As ciências culturais como economia, antropologia, sociologia, direito, etc., não explicam porque a regularidade que se verifica na natureza pelo menos a natureza tomada na sua estrutura microfísica e não na sua estrutura microfísica não segue a indeterminibilidade que caracteriza a vida dos homens. Portanto, as ciências culturais não explicam, elas compreendem.

Compreender vem de prehendere cum, prender com. Max Weber dizia que compreender é encontrar as conexões ou implicações de sentido. Isso não tem nada a ver com causa. É evidente que entre uma causa e um efeito há um sentido que pode ser negativo ou positivo. Isso, porém, é secundário. O principal é a causa e o efeito enquanto nas ciências culturais o sentido desempenha um papel de primeira linha.

Por exemplo, quando os economistas falam da função da procura eles estão relacionando a quantidade procurada e o preço de mercado. Não podemos dizer que a quantidade procurada é o efeito e que o preço é a causa. De modo nenhum. O mais importante aqui é apenas o sentido dessa relação e não propriamente o nexo causal o qual não existe de modo que você dizer que o preço causa a quantidade procurada mesmo que seja no sentido de Granger ou em qualquer outro sentido é uma tentativa grotesta de tentar transformar a economia em física.

Infelizmente, pela avidez de querer tornar a economia numa ciência exacta muitos economistas, mormente os que se dedicam ao estudo e aplicação da econometria acabam caindo no positivismo comteano e nem disso se apercebem. Portanto, você dizer que o preço causa no sentido de Granger a quantidade é você não estar a dizer nada para além de um absurdo. Ora, por que é que os economistas não se dão conta disso? Eles não se dão conta disso porque estão impressionados com os números. E por que eles estão impressionados com os números? Porque eles nem sabem mais qual é o método de estudo da economia. Eles imaginam que qualquer método vale e com isso acabam fazendo estética ao invés de economia.

Veja, a matemática conheceu seu grande avanço com a física porque a natureza tem um aspecto matematizável e um aspecto não matematizável. No que diz respeito ao aspecto matematizável da física a matemática serve como uma luva. Com recurso aos seus cálculos matemáticos os físicos podem predizer a posição de uma determinada estrela daqui por exemplo a mil anos. Enquanto, isso a econometria não é capaz de predizer qual será o preço do tomate amanhã pelas 10horas no mercado do Maquinino na Cidade da Beira.

Então, para que serve toda essa geringonça matemática aplicada a economia? Só serve para justificar o emprego de certas pessoas que são pagas para inventar equações que não valem nada para uma realidade que elas não compreendem. Não compreendem porque não tem o método adequado.

Portanto, o primeiro passo é compreender a realidade antes de tentar transformá-la. Quando você tentar fazer o contrário, então, você caiu no marxismo que é o socialismo autoritário em oposição ao socialismo anarquista ou libertário de Proudhon. O que é marxismo? Marxismo é o desejo de transformar uma realidade que você não compreende. Leia a 12ª Tese de Marx contra Ludwig Feuerbach e você vai ver que é isso. Marx disse que os filósofos procuravam compreender a realidade mas que era hora de transforma-lá. Porém, toda tentativa de transformar a realidade sem compreendê-la deu em genocídio. Leia Paul Johnson e Hans Morgenthau e você vai que é mesmo como esses historiadores dizem.

Moçambique está em crise. Muito bem! Qual é a solução para a crise? Eu não sei e você também não sabe. O que temos que fazer? Temos que compreender o que está acontecendo e para compreender o que está acontecendo é preciso pensar, caso contrário você acaba sendo apenas um boneco de ventríloquo que vai ficar repetindo o que o governo diz, o que a mídia diz, o que o seu pai diz, o que seu professor diz e nunca o que você pensou porque pensar dá trabalho.

Quando você estuda economia dá a sensação de que você sabe tudo que está acontecendo no país e que os que estão governando não sabem nada. Então, seu sonho é trabalhar no Banco de Moçambique, Ministério das Finanças, Autoridade Tributária, etc. Você está cheio de ideias sobre o que o governo tem que fazer para melhorar isso ou aquilo, para resolver tais e quais problemas. Quer dizer, porque você leu alguns textos de apoio sobre Keynes, sobre o modelo IS-LM-BOP acha que já sabe tudo sobre o funcionamento da economia.

Ora, é preciso ser muito burro para acreditar numa coisa dessas.

É mais fácil você ser um bom engenheiro do que um bom economista porque as máquinas não pensam, não tem vontade e não falam. Veja só o exemplo de Joseph Schumpeter, um dos maiores economistas do século XX, foi colocado como gestor de um banco e o que foi que fez? Levou o banco a falência. Não se pode colocar a economia num tubo de ensaio.

Dizia Mises que a tarefa do economista não é dizer ao governo o que este tem que fazer mas sim o que este não tem que fazer. O que o governo não tem que fazer? Tudo aquilo que ele faz  e isso corrobora com o que disse Abraham Lincoln sobre ser o governo o problema de modo que não temos que esperar dele solução alguma.

Isso não significa que somos contra os pobres. De modo nenhum. Essa ideia ou pseudo-ideia de que se o estado não intervier na economia a condição de vida das pessoas vai degradar é falsa. Quando o estado fala em intervir na economia ele não está preocupado com os pobres, ele está apenas preocupado com os impostos e não com a melhoria do bem-estar dos menos favorecidos. Se o estado estivesse preocupado com os pobres ia cortar suas despesas com coisas supérfluas de modo a ter recurso suficiente para melhorar a vida dos pobres. Mas eles não fazem isso e nem estão interessados em fazê-lo.

Sempre que há uma crise na economia a resposta é sempre uma e mesma: intervencionismo. As pessoas dizem que a inflação está muito alta por causa das cheias, por causa da instabilidade político-militar, por causa do corte da ajuda ao OE, ora, tudo isso é conversa. Qualquer estudante de economia que tenha feito pelo menos um semestre de economia sabe que a inflação tem uma e única causa: senhoriagem. É de Friedman a seguinte frase: “a inflação é sempre e em toda parte um fenómeno monetário”. Esse juízo enunciado por Milton Friedman não somente é necessário mas ele é também necessário e exclusivo.

Então, para tentar esconder a verdade das pessoas começaram a inventar inflação pelos custos, inflação de demanda. Ora, nunca há demanda geral de todos os bens da economia aumentando ao mesmo tempo. Há apenas demanda de bens e serviços particulares. O excesso de demanda leva a subida do preço relativo do bem demandado e isso não é inflação. Somente a oferta de moeda tem um impacto geral sobre todos os bens e serviços da economia. O mesmo se dá com os custos de produção os quais incidem sobre a produção de bens e serviços específicos e não geral o que significaria negar a diferença específica do pão em relação a classificação geral de bens económicos.

Como é que o estado injecta mais moeda na economia? Através do banco central. O grande problema de qualquer país é o banco central. As pessoas falam mal do ministério das finanças, etc. mas perdem de vista a verdadeira fonte-origem dos problemas da economia que é o banco central. De modo que quando os preços dos bens e serviços aumentam ao invés de as pessoas fazerem manifestação em frente do ministério da indústria e comércio, ministério das finanças, deviam fazê-lo em frente do Banco Central porque é ali onde está o problema.

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