“Acuse-os do que
fizemos e insulte-os do que somos” (Lenine). Essa palavra de ordem de Lenine é
seguida pela classe falante do nosso país com um temor reverencial como se de
um dogma de religião se tratasse. É assim que a nossa classe falante, ao invés
de cair de porrete sobre os que levaram o país a bancarrota, põ-se a pau contra
o FMI por ter exigido a responsabilização criminal dos que lesaram a pátria.
No programa “Debate
Gungu” desta segunda-feira foi possível notar a indignação dos painelistas
contra o FMI pelo facto daquela instituição de Bretton Wood ter exigido a responsabilização
criminal das pessoas que se apoderaram dos 500 milhões de dólares não
justificados apurados pela auditoria da Kroll.
Os painelistas eram
unânimes em como o FMI não devia se meter nessas questões porque essa é uma
questão interna de Moçambique. Não obstante, desataram a descer o porrete sobre
o FMI por conta do PRE de 1987 que, segundo aqueles comentadores, levou ao
fechamento de muitas indústrias nacionais, nomeadamente, a indústria do caju,
etc.
Para quem conhece bem
o FMI, não é nenhuma novidade que aquela instituição está alinhada com o
pensamento da escola neo-clássica de economia, a qual defende uma menor intervenção
do estado na economia, o que significa que eles defendem o corte das despesas
do estado.
Num país cuja
economia era na sua quase totalidade estatizada era mais do que evidente que a adopção
das políticas restritivas do FMI trariam consequências graves para as empresas nacionais
que só mantinham as portas abertas por conta da ajuda estatal e não por sua
eficiência interna (x efficiency). O mesmo se deu com o padrão de vida da população
no geral que deteriorou bastante porque o estado paternalista viu seus recursos
reduzidos.
Imputar a falência da
indústria do caju, por exemplo, ao FMI, só prova que as pessoas que assim
pensam, não importam seu nível académico, não passam de analfabetos funcionais
em toda linha. O que acontece é que a economia de Moçambique nos primeiros dez
anos pós-independência era um autêntico ídolo de pés de barro. Ela era
ineficiente. O PRE só veio mostrar que o rei estava nu.
Indignar-se contra o
FMI porque exige a responsabilização dos corruptos é coisa própria de quem
sofre de síndrome de Estocolmo. Quer dizer, de tanto serem roubados, os
moçambicanos desenvolveram um amor paternalista pelos ladrões que os colocaram
na penosa miséria em que se encontram. Quanto masoquismo!
Hoje em dia, já não
são os que roubaram os 500 milhões e colocaram o país de rastro que são os
culpados da crise. O culpado é o maldito FMI que quer que coloquemos atrás das
grades os nossos benditos ladrões. “Acusem-nos dos crimes que cometemos e
insultem-nos do que somos”, já dizia Lenine e, nós, como os cães de Pavlov, com
os reflexos já condicionados, repetimos a lição do velho caudilho da URSS sem
nenhuma objecção de consciência.
Quando eu digo que em
Moçambique só há esquerda, os meus “amigos” põe-se a pau. É incrível que certas
pessoas se identifiquem como oposição neste país e ao mesmo tempo sejam contra
a alternância. Pior ainda é dizerem-se democratas. Ora, não há democracia sem o
normal rodízio de poder. A falácia de que na China não há rodízio de poder e
mesmo assim aquele país está desenvolvendo não passa disso mesmo, uma falácia.
Qualquer pessoa
informada sabe que a economia da China se tornou no que é por causa do dinheiro
norte-americano porque os norte-americanos, acreditando na fábula marxista da relação
infra-estrutura versus superstrutura,
resolveram injectar dinheiro na China na esperança de que isso trouxesse
democracia naquele país. Grande engano! A china se tornou mais comunista do que
nunca. Portanto, aos que recorrem ao exemplo da China só resta dizer-lhes:
“calem a boca, burros”!
O maior exemplo de
democracia que já existiu no mundo é os EUA, quer gostemos ou não. Não sou eu quem
diz isso mas um dos grandes pensadores políticos de todos os tempos, Alexis de
Tocqueville, no seu livro “democracia na América”. Então, se você quer saber o
que é democracia, olhe para os EUA. Porém, nenhum comunista gosta de olhar para
os EUA senão para apontar os seus erros. Para eles, os bons exemplos são Cuba,
China, Rússia, Venezuela, etc., quer dizer, é o caso para dizer que Aristóteles
estava montado na razão quando diz que alguns seres humanos são escravos por
natureza porém, se fosse apenas por natureza não seriam culpados da sua
escravidão mas acontece que nestas bandas, os escravos o são por escolha de
modo que estão mais para vadios do que para escravos.
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