quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Lenine de novo e de novo e de novo

Resultado de imagem para Lenine

 “Acuse-os do que fizemos e insulte-os do que somos” (Lenine). Essa palavra de ordem de Lenine é seguida pela classe falante do nosso país com um temor reverencial como se de um dogma de religião se tratasse. É assim que a nossa classe falante, ao invés de cair de porrete sobre os que levaram o país a bancarrota, põ-se a pau contra o FMI por ter exigido a responsabilização criminal dos que lesaram a pátria.


No programa “Debate Gungu” desta segunda-feira foi possível notar a indignação dos painelistas contra o FMI pelo facto daquela instituição de Bretton Wood ter exigido a responsabilização criminal das pessoas que se apoderaram dos 500 milhões de dólares não justificados apurados pela auditoria da Kroll.

 Os painelistas eram unânimes em como o FMI não devia se meter nessas questões porque essa é uma questão interna de Moçambique. Não obstante, desataram a descer o porrete sobre o FMI por conta do PRE de 1987 que, segundo aqueles comentadores, levou ao fechamento de muitas indústrias nacionais, nomeadamente, a indústria do caju, etc.

 Para quem conhece bem o FMI, não é nenhuma novidade que aquela instituição está alinhada com o pensamento da escola neo-clássica de economia, a qual defende uma menor intervenção do estado na economia, o que significa que eles defendem o corte das despesas do estado.

 Num país cuja economia era na sua quase totalidade estatizada era mais do que evidente que a adopção das políticas restritivas do FMI trariam consequências graves para as empresas nacionais que só mantinham as portas abertas por conta da ajuda estatal e não por sua eficiência interna (x efficiency). O mesmo se deu com o padrão de vida da população no geral que deteriorou bastante porque o estado paternalista viu seus recursos reduzidos.

 Imputar a falência da indústria do caju, por exemplo, ao FMI, só prova que as pessoas que assim pensam, não importam seu nível académico, não passam de analfabetos funcionais em toda linha. O que acontece é que a economia de Moçambique nos primeiros dez anos pós-independência era um autêntico ídolo de pés de barro. Ela era ineficiente. O PRE só veio mostrar que o rei estava nu.

 Indignar-se contra o FMI porque exige a responsabilização dos corruptos é coisa própria de quem sofre de síndrome de Estocolmo. Quer dizer, de tanto serem roubados, os moçambicanos desenvolveram um amor paternalista pelos ladrões que os colocaram na penosa miséria em que se encontram. Quanto masoquismo!

 Hoje em dia, já não são os que roubaram os 500 milhões e colocaram o país de rastro que são os culpados da crise. O culpado é o maldito FMI que quer que coloquemos atrás das grades os nossos benditos ladrões. “Acusem-nos dos crimes que cometemos e insultem-nos do que somos”, já dizia Lenine e, nós, como os cães de Pavlov, com os reflexos já condicionados, repetimos a lição do velho caudilho da URSS sem nenhuma objecção de consciência.

 Quando eu digo que em Moçambique só há esquerda, os meus “amigos” põe-se a pau. É incrível que certas pessoas se identifiquem como oposição neste país e ao mesmo tempo sejam contra a alternância. Pior ainda é dizerem-se democratas. Ora, não há democracia sem o normal rodízio de poder. A falácia de que na China não há rodízio de poder e mesmo assim aquele país está desenvolvendo não passa disso mesmo, uma falácia.

 Qualquer pessoa informada sabe que a economia da China se tornou no que é por causa do dinheiro norte-americano porque os norte-americanos, acreditando na fábula marxista da relação infra-estrutura versus superstrutura, resolveram injectar dinheiro na China na esperança de que isso trouxesse democracia naquele país. Grande engano! A china se tornou mais comunista do que nunca. Portanto, aos que recorrem ao exemplo da China só resta dizer-lhes: “calem a boca, burros”!

 O maior exemplo de democracia que já existiu no mundo é os EUA, quer gostemos ou não. Não sou eu quem diz isso mas um dos grandes pensadores políticos de todos os tempos, Alexis de Tocqueville, no seu livro “democracia na América”. Então, se você quer saber o que é democracia, olhe para os EUA. Porém, nenhum comunista gosta de olhar para os EUA senão para apontar os seus erros. Para eles, os bons exemplos são Cuba, China, Rússia, Venezuela, etc., quer dizer, é o caso para dizer que Aristóteles estava montado na razão quando diz que alguns seres humanos são escravos por natureza porém, se fosse apenas por natureza não seriam culpados da sua escravidão mas acontece que nestas bandas, os escravos o são por escolha de modo que estão mais para vadios do que para escravos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário