Quando você tem o vislumbre da sabedoria,
você descobre que tudo que você estudou ao longo da sua porca vida é uma gota
no oceano. Isso não significa que temos que parar de estudar, parar de ler, de
meditar e ficar rezando o dia todo para Deus nos dar sabedoria. De modo nenhum.
Temos que estudar o máximo que pudermos sabendo, contudo, que tudo isso é
apenas uma sombra da verdadeira sabedoria que deve ser o verdadeiro anelo do
nosso entendimento.
Há uma outra definição de sabedoria que
diz que ela é o dom de ciência na razão inferior.
Se há uma razão inferior é porque há uma
razão superior que é fonte e origem dessa razão inferior porque o contrário não
poderia se dar uma vez que o superior não pode provir do inferior mas o
inferior pode provir do superior.
Poderão alguns pensar que há nisso
também uma contradição. Queremos, contudo assegurar que tal não se dá. A ideia
de que o superior tem que produzir apenas o superior é uma moeda falsa. O
superior não pode produzir o superior pois isso não seria produzir. Isso seria
apenas uma afirmação de si mesmo e não a produção de um outro ser. Havendo a produção
de um outro ser, esse só pode ser um outro ser, um ser ab alio e não um ser a se.
A razão superior é a razão de Deus, do
ser supremo. A razão inferior é a nossa razão. Não podemos dizer que a razão
inferior é a razão dos animais porque os animais tomados genericamente não têm
razão nem inferior nem superior senão o cão, o porco-espinho, etc., seriam
racionais e não haveria, portanto, nenhuma diferença específica entre o homem e
o seu género próximo, o animal.
Da definição que estamos analisando, o
homem não tem ciência porque ele tem razão. A ciência é um dom. Ora, só pode
dar quem tem o que dar. E dar contém em si uma intencionalidade. A intenção de
dar. A intenção pressupõe um nous,
um espírito. Deste modo, um mineral não pode dar. Um vegetal não pode dar.
Porque não tem um nous que lhe dê
uma intencionalidade, uma esquemática às suas acções.
Nessa definição, a sabedoria é tomada
como ciência. Uma ciência que é infundida na razão inferior. Portanto, estamos
falando de um conhecimento. Mas não o conhecimento racional. O conhecimento
racional é um conhecimento discursivo, de discorrer, de andar daqui para ali,
de transitar de um pensamento para o outro. Nada disso. Trata-se de um
conhecimento directo, um conhecimento imediato em oposição ao conhecimento
mediato. Trata-se, portanto, de um conhecimento intuitivo. O que seria uma intuição?
Intuição é a percepção imediata de uma presença.
Um dos exemplos do que estamos dizendo é
a famosa sabedoria de Salomão. Salomão dormiu burro e acordou sábio. Ele não
teve que ir a faculdade para ter aquela sabedoria. Ele não teve que ler mil
livros, dez mil livros. Quando você tem o vislumbre da sabedoria você descobre
que tudo que você estudou ao longo da sua porca vida é uma gota no oceano.
S.Tomás de Aquino teve isso no final da sua vida.
Isso não significa que temos que parar
de estudar, parar de ler, de meditar e ficar rezando o dia todo para Deus nos
dar sabedoria. De modo nenhum. Temos que estudar o máximo que pudermos sabendo,
contudo, que tudo que estudamos por mais extenso e intenso que seja é apenas
uma sombra da verdadeira sabedoria que deve ser o verdadeiro anelo do nosso
entendimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário