terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Mundo da Natureza e Mundo da Cultura

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Dizer que tudo que nos rodeia é natureza é um erro pueril digno de principiante. Para além daquilo que consideramos o mundo natural há um outro mundo que cerca o homem mais de perto que é o mundo da cultura. Na Selva, os leões, os búfalos, etc., vivem cercados apenas dos objectos naturais mas o homem por ter um espírito que o torna participe da Divindade é um criador e ele cria para si um mundo interior e um mundo exterior por meio do qual ele estabelece contacto com o mundo da natureza.


Estou sentado numa cadeira a escrever num computador. Diante de mim está uma cama. Por cima da cama está um telemóvel, um chapéu. Estou num quarto repleto de objectos diversos como sapatos, ventoinhas, ferro-de-engomar, lâmpadas, entre outros.

Todos esses objectos que eu mencionei não existem na natureza. Não são produtos da natureza. Entendendo-se natureza não no seu sentido nominal ou etimológico grego mas no seu sentido ou no sentido em que ela é tomada na física. Aliás, isso é até uma redundância porque física quer dizer natureza. A palavra física vem de Physis que quer dizer natureza.

É lamentável ver que até professores de física ou de ensino de física com diploma universitário definem natureza como tudo aquilo que nos rodeia. Tudo que nos rodeia não pode ser natureza porque a natureza também está imerso ou seja a natureza é uma realidade que também está imersa dentro de uma outra realidade que a abarca e a subordina, transcendendo-a de algum modo.

A natureza está dentro do cosmos e o cosmos está dentro do divino. As vezes parece difícil estabelecer um termo, um índice de determinação, ou uma fronteira entre uma realidade e outras mas, essa distinção se dá e podemos ter notícia dela pelas leis, pelos logoi, que dão a cada uma dessas realidades a sua proporcionalidade formal intrínseca. Há um logos da natureza. Há um logos do cosmos. Há um logos divino que é o logos supremo, o logos de todos os logoi, o logos dos logoi.

Os objectos que eu mencionei também estão a nossa volta não apenas nas grandes cidades mas também nas pequenas vilas já podemos ver que há um mundo composto de objectos que estão a nossa volta que não são propriamente objectos que nos são dados pela natureza mas que são produtos do trabalho humano.

Quer dizer, para além da realidade natural como a conhecemos há uma outra realidade criada pelo homem. Tudo que o homem cria é cultura. E o homem cria porque diferentemente dos outros animais tem um espírito. Isso faz do homem um criador.

O homem não é apenas capaz de criar objectos como automóveis, aviões, cadeiras, roupa, calçado, casa, etc., mas ele é também capaz de criar um mundo interior. Então, o homem não somente cria um mundo exterior mas também um mundo interior. Para isso, como já disse, ele faz o uso da sua inteligência, do seu entendimento, que nada mais é do que a orexis racional que tende para a verdade.

Portanto, o que o homem entende, ele entende porque quer a verdade das coisas. É o conhecimento da verdade das coisas que lhe dá o domínio sobre as coisas. O poder sobre as coisas, ou seja, a possibilidade de acção sobre as coisas. Hoje o homem tem domínio sobre o tempo e sobre o espaço mas isso só se tornou possível porque o homem tomou conhecimento da verdade sobre o tempo e sobre o espaço. Essa notícia sobre o tempo e o espaço é que abriu para o homem aquelas possibilidades que, pese embora reais, cum fundamento in res, ainda não tinham se tornado uma necessidade para ele. Foi somente quando o homem passou a negar o não que ele descobriu a realidade, i.e., o conjunto das possibilidades finitas.

Uma possibilidade é aquela grandeza lógica que afirma a coerência lógica interna de todas as suas notas. Quando as notas de um determinado ente ou de uma determinada coisa não seguem a lei da proporcionalidade formal intrínseca daquele ente, sucede que aquele ente diz-se ser um ente impossível. Por exemplo, sabemos que é da proporcionalidade formal intrínseca do triângulo ter três lados. Deste modo, se surgir um outro ente geométrico com 4 lados não podemos dizer que se trata de um triângulo porque seria absurdo. Seria absurdo porque ter quatro lados não é uma das notas do triângulo mas sim do quadrado.

Portanto, um triângulo é triângulo porque tem a forma do triângulo que é a triangularidade, a triangularitas. Um homem é homem porque tem a forma de homem que é a humanitas, a humanidade.

Quando os evolucionistas dizem que o homem procede de um parente próximo de macaco eles não sabem o que estão dizendo. Eles chegam a essas conclusões de ânimo bastante leve, levados apenas pelas semelhanças exteriores de que participam o homem e certos animais. Porém, o facto do sol ter a forma redonda e a lua também ter a forma redonda isso não significa que o sol é uma lua evoluída. Mas é isso que fazem os adeptos, os paladinos do evolucionismo.

Que o homem na sua aparência exterior se assemelhe a alguns animais isso ninguém pode negar mas daí concluir que há entre o homem e esses animais um elo mais do que está contido nessa simples aparência é um erro de tremenda gravidade.

Sabemos que o ser vivo é o género remoto do homem e que animal é seu género próximo. Isso ninguém nega. Porém, isso não significa que o homem é um animal tomado genericamente. De modo nenhum. Por que? Porque o homem diferencia-se do género animal especificamente. E essa diferença específica é a razão. Ou seja, o homem é um animal racional.

Quando se diz que o homem é um animal isso não significa que o homem descendeu deste ou daquele animal especificamente como querem nos fazer crer os evolucionistas porque a evolução é uma crença e, portanto, uma religião. O homem genericamente é tomado como um animal no sentido de que ele tem sensações. Aliás, animal quer dizer aquilo que tem sensações, que é capaz de sentir. Uma planta não sente. Um mineral, um vegetal, não sentem. Mas um leão, uma vaca, um gato, já podem sentir. Eles têm sensações. E isso o homem também tem porque ele é um animal tomado genericamente mas não especificamente porque especificamente o homem define-se ou determina-se o seu lugar ontológico por ser racional.

Quando tomamos o homem genericamente como animal temos uma menor compreensão do conceito homem porque esse conceito encerra uma grande extensão. De modo que se quisermos ter uma maior compreensão do conceito homem temos que especificá-lo e depois singularizarmo-lo. 

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