sábado, 10 de fevereiro de 2018

EXISTIR

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“Existir é opor-se”. - Mario F. dos Santos


Já dissemos, vezes sem conta, que existir vem de ex sistere, ou seja, situar-se fora de si, ou seja, fora das suas causas. Ora, diz o Mário que isto é possível apenas por meio de uma oposição porque existir é opor-se.

O termo oposição nos leva a viajar até aquilo que Mário chamou de sabedoria das leis eternas. Essas leis são dez e podem ser combinadas em número indefinido.

O número um simboliza a unidade. O número dois simboliza a dualidade, a posição. O número três simboliza a relação. O número quatro simboliza a reciprocidade. O número cinco simboliza a forma. O número seis simboliza a harmonia. O número sete simboliza a evolução. O número oito simboliza a integração. O número nove simboliza a ascensão e, por fim, o número dez simboliza a unidade transcendental.

Este era o modo de conceber o número pelos pitagóricos para quem os números não eram apenas quantidades, digamos para citar Aristóteles “multiplicidade medida pela unidade” mas formas eternas, o que seria até uma redundância por que só há formas eternas. Portanto, o número para os pitagóricos não eram apenas quantitativos mas também e sobretudo qualitativos.

Hoje em dia, infelizmente, para muitos isso passa despercebido mesmo para os que dedicam a vida inteira ao estudo da matemática porque hodiernamente apenas os números quantitativos são considerados pela matemática que nada mais é que uma abstracção do segundo grau em que o ente é tomado na sua extensão descontínua ou discreta porque a extensão contínua vai nos dar as figuras geométricas.

Enquanto isso, os números tomados como qualidade são objecto da abstracção de terceiro grau que é a abstracção própria da metafísica e que vai trabalhar com as categorias, com os conceitos universais.

Dissemos, então, que a oposição é regida, segundo os pitagóricos, pelo número dois. Esse número resulta da adição de duas unidades. Ora, a unidade não tem nada a ver com a matemática no sentido que se entende hoje em dia por matemática que trata apenas de números no seu aspecto quantitativo porque UM não é número. Recordam-se da definição de número que demos? O número é a multiplicidade medida pela unidade. Então, não sendo o UM uma multiplicidade mas seu medidor ele não pode ser número.

O UM, a UNIDADE, é uma categoria e como tal é uma abstracção de terceiro grau e, portanto, um tema a ser tratado pela metafísica assim como outras categorias como a categoria da relação, da causa-efeito, etc. Neste sentido, tomando as famosas polaridades aristotélicas vamos dizer que há unidade na forma e na matéria. Há unidade no acto e também a há na potência. Há unidade na substância e no acidente. Há unidade na essência e na existência.

Ora, existir é opor-se porque toda existência se opõem, se ob põe a essência. Não há existência sem essência. A existência requer a essência, a qual ela se opõe.

Os existencialistas como os existencialistas ateus como Sartre defendem que a existência precede a essência. Ora, o que e essência? Hegel diz que a essência de alguma coisa é aquilo em que ela se torna. Ora, se eu ainda não sou essencialmente Xadreque Sousa mas vou me tornar isso no futuro eu não posso me tornar isso ad nihilum, do nada absoluto. Eu tenho que ser pelo menos potencialmente um Xadreque essencial. Porém, isso só não é suficiente. Diz Aristóteles que nada passa da potência ao acto senão por algo que já esteja em acto. Então, para o Xadreque passar da potência para acto tem que existir algo em acto que desencadeie esse efeito.

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