“Existir é
opor-se”. - Mario F. dos Santos
Já dissemos, vezes sem conta, que existir vem de ex sistere, ou seja, situar-se fora de
si, ou seja, fora das suas causas. Ora, diz o Mário que isto é possível apenas
por meio de uma oposição porque existir é opor-se.
O termo oposição nos leva a viajar até aquilo que Mário
chamou de sabedoria das leis eternas. Essas leis são dez e podem ser combinadas
em número indefinido.
O número um simboliza a unidade. O número dois
simboliza a dualidade, a posição. O número três simboliza a relação. O número
quatro simboliza a reciprocidade. O número cinco simboliza a forma. O número
seis simboliza a harmonia. O número sete simboliza a evolução. O número oito
simboliza a integração. O número nove simboliza a ascensão e, por fim, o número
dez simboliza a unidade transcendental.
Este era o modo de conceber o número pelos
pitagóricos para quem os números não eram apenas quantidades, digamos para
citar Aristóteles “multiplicidade medida pela unidade” mas formas eternas, o
que seria até uma redundância por que só há formas eternas. Portanto, o número
para os pitagóricos não eram apenas quantitativos mas também e sobretudo
qualitativos.
Hoje em dia, infelizmente, para muitos isso passa
despercebido mesmo para os que dedicam a vida inteira ao estudo da matemática
porque hodiernamente apenas os números quantitativos são considerados pela
matemática que nada mais é que uma abstracção do segundo grau em que o ente é tomado
na sua extensão descontínua ou discreta porque a extensão contínua vai nos dar
as figuras geométricas.
Enquanto isso, os números tomados como qualidade são
objecto da abstracção de terceiro grau que é a abstracção própria da metafísica
e que vai trabalhar com as categorias, com os conceitos universais.
Dissemos, então, que a oposição é regida, segundo os
pitagóricos, pelo número dois. Esse número resulta da adição de duas unidades.
Ora, a unidade não tem nada a ver com a matemática no sentido que se entende
hoje em dia por matemática que trata apenas de números no seu aspecto
quantitativo porque UM não é número. Recordam-se da definição de número que
demos? O número é a multiplicidade medida pela unidade. Então, não sendo o UM
uma multiplicidade mas seu medidor ele não pode ser número.
O UM, a UNIDADE, é uma categoria e como tal é uma abstracção
de terceiro grau e, portanto, um tema a ser tratado pela metafísica assim como
outras categorias como a categoria da relação, da causa-efeito, etc. Neste
sentido, tomando as famosas polaridades aristotélicas vamos dizer que há
unidade na forma e na matéria. Há unidade no acto e também a há na potência. Há
unidade na substância e no acidente. Há unidade na essência e na existência.
Ora, existir é opor-se porque toda existência se
opõem, se ob põe a essência. Não há
existência sem essência. A existência requer a essência, a qual ela se opõe.
Os existencialistas como os existencialistas ateus
como Sartre defendem que a existência precede a essência. Ora, o que e
essência? Hegel diz que a essência de alguma coisa é aquilo em que ela se
torna. Ora, se eu ainda não sou essencialmente Xadreque Sousa mas vou me tornar
isso no futuro eu não posso me tornar isso ad
nihilum, do nada absoluto. Eu tenho que ser pelo menos potencialmente um Xadreque
essencial. Porém, isso só não é suficiente. Diz Aristóteles que nada passa da
potência ao acto senão por algo que já esteja em acto. Então, para o Xadreque
passar da potência para acto tem que existir algo em acto que desencadeie esse
efeito.
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