sábado, 10 de fevereiro de 2018

Inclinação

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Um dado curioso é que tudo que um indivíduo vai ser na fase adulta da sua vida já está de algum modo dado nas outras fases iniciais da sua vida.

Se examinarmos a infância de um Newton, Einstein, Mário Ferreira dos Santos, etc., vamos notar que já havia traços que indicavam o que cada um deles depois se tornou no futuro. Por esses traços não serem ou não termos uma visão clara desses traços, não porque eles não sejam claros mas por conta da nossa própria limitação cognoscitiva os captamos apenas simbolicamente e não conseguimos uma acomodação tal que nos permite assimilar com precisão o que uma criança se tornará no futuro.

Eu me lembro que tive muitos objectos lúdicos quando era criança. Eu sei que tive uma bicicleta, um triciclo, eu sei que eu tive bonecos e um dos bonecos que eu me lembro de ter tido é o Egas daquele programa “o Carocel” que rodou bastante na RTP. Me lembro que tive uma cobra de plástico desmontável que me causava muito medo. Isso é muito interessante porque eu só vi uma cobra viva quando me tornei adolescente num circo que veio aqui na Beira com Alex Barbosa e fez a sua actuação no pavilhão do Ferroviário da Beira. Foi lá que eu vi também leão e leopardo. Nunca os tinha visto antes nem os vi depois.

É interessante que ainda na infância eu tenha tido medo de uma cobra de plástico, eu, um bebé que nunca tinha visto cobra nenhuma na vida. É muito fácil alguém que já viu uma cobra viva ficar com medo dela mas quem nunca a viu. Esse medo que eu tive não foi uma percepção dos sentidos. Esse foi um medo inato.

Somente mais tarde, quando eu comecei a frequentar a igreja aprendi que a cobra simboliza o diabo e assim por diante na teologia bíblica porque em outras tradições religiosas ela representa uma outra coisa. Ela representa sabedoria, luz, Lúcifer, mas não Lúcifer como os cristãos o tomam, como o anjo caído, Satanás, mas Lúcifer como o verdadeiro filho de Deus. Uma leitura do Moral e Dogmas de Albert Pike mostrará isso para quem o ler.

Eu creio que esse medo que os homens têm da cobra é um medo inato. Porém, se ele fosse inato de per si, ou per se nota, seria um medo irracional. Deve haver alguma coisa na psique, no psiquismo colectivo do ser humano, da humanidade que a faz ter medo da cobra. De acordo com a bíblia isso remonta a Génesis, quando a serpente seduziu Eva e levou-a a comer do fruto proibido o que trouxe morte para os homens. Então, isso está no psiquismo do homem.

Veja que a morte de Adão passou para os seus descendentes. Eu não creio que a causa dessa morte seja apenas física, ou seja, material, pelo corpo que herdamos de Adão. Eu creio que há antes de uma causa material uma causa formal. E uma causa formal não pode ser material, ela só pode ser psicológica. Portanto, se a alma que pecar morrerá e a nossa alma morre, então, herdamos de Adão não apenas a matéria mas também a forma.

Quando falo da morte da alma não estou negando a imortalidade da alma. São casos diferentes. A doutrina da imortalidade da alma diz que a alma não morre juntamente com o corpo. Isso é verdade. Porém, a bíblia fala de um outro tipo de morte que é a segunda morte, o lago de fogo e enxofre. Não se tratam de fogo e enxofre como o conhecemos no mundo material porque a alma não é matéria, ela é forma. Portanto, esse fogo e esse enxofre não são fogo e enxofre materiais.

Eu também me recordo que o primeiro filme que eu assisti na minha vida e eu era ainda um bebé foi um filme sobre Adão e Eva no paraíso e o segundo foi sobre a Vida e Obra de Jesus. Entretanto, eu já não sei se são dois filmes ou se é um mesmo filme porque nos dois havia serpente e eu me lembro da serpente tentando Jesus no deserto. Eu simplesmente não sei e estou confuso a respeito disso. Esses dois filmes, eu os assisti na Igreja Assembleia de Deus Africana na companhia de minha mãe. Não me lembro se meu pai estava lá ou não.

O terceiro filme que eu assisti foi um discurso de Samora. Porém, falando de filmes de ficção, o terceiro filme que eu assisti foi um filme de cowboy numa empresa que se chamava Soplas porque fabricava artigos de plástico.

De uma forma ou de outra, essas coisas todas moldaram a minha forma de ver o mundo porque elas falaram a minha imaginação e falam até hoje. Nem tudo foi positivo mas a vida humana tomada como existente não é feita apenas daquilo que é positivo mas também daquilo que é negativo e há essa luta constante em nós entre o positivo e o negativo. Nunca conseguiremos eliminar o negativo ao menos que saiamos da existência. Também não temos que procurar um equilíbrio entre o positivo e o negativo mas procurar nos aproximar mais daquilo que em nós é positivo.

Sendo nós um ente pertencente ao contexto beta, o que há de positivo é a forma e o negativo é dado pela matéria. Quanto mais o homem se aproxima da sua forma mais positividade ele alcança. Qual é a forma do homem? É a humanidade. Qual é a sua matéria? A sua animalidade. A animalidade simboliza as sensações enquanto a humanidade é a inteligência. Somente ampliando a nossa razão, fortalecendo a nossa inteligência, nos tornamos cada vez mais téticos.

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