segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

O intelecto: determinismo e livre arbítrio

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Segundo a nossa tese o determinismo é um conjunto de possibilidades finitas e o livre arbítrio é a actualização de algumas dessas possibilidades. Não há nenhuma contradição lógica entre determinismo e livre arbítrio. Eles são as duas notas que compõem o intelecto ou seu acto de inteligir que nada mais é que exercer a liberdade dentro de um quadro predeterminado.


O termo intelecto provém de inter lec. Inter quer dizer entre e lec quer dizer escolher. Daqui dizermos que inteligir significa escolher entre. Assim, o intelecto é aquela faculdade no homem que o faz escolher entre.

O termo entre nos remete para um limite e escolher nos remete para a possibilidade ou livre-arbítrio. Voltamos aqui para aquele velho debate sobre determinismo e livre arbítrio. Contudo, essa aparente contradição entre um e outro é facilmente resolvido pelo intelecto.

Há contradição quando se nega aquilo que se afirma sob o mesmo aspecto o que não se verifica entre o determinismo e livre-arbítrio pois o determinismo não é uma negação do livre-arbítrio nem este a negação daquele. Ver contradição entre um e outro é tomar o determinismo abstraído do livre-arbítrio e vice-versa. Digo abstraído porque essa separação entre o determinismo e livre-arbítrio só se dá na mente de quem abstrai mas não na realidade porque na realidade o determinismo e o livre-arbítrio formam uma tensão coerencial que nos dá a unidade daquilo que chamamos de intelecto e que outros chamam de espírito.

Vimos que inteligir é escolher entre. Ou seja, nós exercemos nosso livre-arbítrio dentro de um quadro predeterminado. Quando os eleitores vão votar não é correcto dizer que esse acto não é livre porque eles vão escolher entre os candidatos que estão no boletim de voto até porque se os candidatos não tivessem sido predeterminados nenhuma escolha seria possível.

Sempre escolhemos dentro de um intervalo de possibilidades limitadas. Isso ocorre porque a nossa liberdade também é limitada. Porém, uma liberdade limitada não significa uma negação da liberdade como alguns querem nos fazer crer.

Se não há uma variedade limitada de automóveis para você escolher, nenhuma escolha seria possível. A escolha pressupõe o peso, a avaliação, a ponderação, das possibilidades que estão disponíveis. Se tivéssemos, como o ser supremo, uma variedade de automóveis em número infinito ou indefinido como diz Guenón não poderíamos escolher ou pelo menos não poderíamos escolher racionalmente porque não há escolha racional sem a possibilidade concreta de proporcionar a predisponência a emergência.

Sendo o homem um animal que se diferencia especificamente do seu género próximo pela posse da razão suas escolhas só são propriamente humanas quando racionais caso contrário ele cai inevitavelmente numa escolha irracional que seria uma escolha cega, uma escolha orientada apenas pelas sensações.

O que queremos defender neste pequeno ensaio é que o intelecto ou a inteligência que é o seu acto é uma fusionabilidade do determinismo com o livre-arbítrio. E determinismo nada mais é que um conjunto de possibilidades finitas. E o livre-arbítrio é apenas a actualização de algumas dessas possibilidades.

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