terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Sobre o método (II)

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Cristo identifica-se como sendo “o caminho”. Segundo seu étimo grego, caminho quer dizer método. Sendo Cristo o logos, a proporcionalidade formal intríseca, podemos concluir que o logos é o método supremo, o qual abarca e subordina todos os demais métodos particulares e concretos das ciências. Portanto, por meio de Cristo, o logos, é possível explicar e compreender qualquer coisa porque toda realidade é apenas uma alegoria do logos divino.


 No evangelho segundo S.João, Cristo dá testemunho de si mesmo como “o caminho, a verdade e a vida”. No artigo anterior falamos do método como caminho e queremos neste artigo fazer uma analogia do método com Cristo como caminho.

Qualquer pessoa que tenha entrado em contacto com a teologia cristã sabe que Deus é representado simbolicamente como sendo três. É a doutrina da trindade ou o dogma da trindade, se quiser. Não devemos como muitos confundir as três pessoas da trindade como sendo três seres distintos como o fazem aqueles que atacam essa doutrina tal como o fazem os mussulmanos e certas correntes doutrinárias dentro do próprio cristianismo no seu ramo protestante.

Já expliquei em vários artigos a diferença entre pessoa e ser e não me vou repetir mas dar apenas uma notícia e dizer que pessoa vem de persona que quer dizer máscara. Fica claro com isso que a origem da palavra pessoa remonta as artes cénicas. Imaginemos uma peça de teatro baseado na divina comédia de Dante. O facto de João subir ao palco para representar Virgílio e também para representar Beatriz não significa que João deixou de ser João. Há um ser chamado João que vestiu as máscaras de Virgílio e de Beatriz. Enquanto isso, ser é ser um. Ou como diz Mário é aptidão para existir. E ele pode ser a se ou ab alio, ou seja, ele pode provir de si mesmo (ser a se) ou de um outro (ser ab alio).

Na trindade cristã, o Pai simboliza a vontade divina. O Filho simboliza o entendimento divino. O Espírito Santo simboliza o amor divino. Veja, estamos falando de Cristo como o caminho e esse Cristo é o Filho e Êste Filho é o entendimento divino ou como diz S.João, o logos, “no princípio era o logos”.

Veja que Cristo não disse que Êle era “um caminho” mas “o caminho”. Bem definido. Isso mostra que o logos não é apenas mais um caminho, mais um método mas “o método”, “o caminho”. Isso coloca o logos como o método supremo.

Do logos temos lógica que é a arte do pensamento correcto. Fazem parte da lógica ou da razão os conceitos, os juízos e o raciocínio. Do raciocínio temos o silogismo como a forma mais famosa de raciocínio que é um raciocínio em três etapas. Eis que caímos novamente na tríade porque a realidade é triádica.

Ou seja, a realidade é composta de duas tríades: uma tríade inferior e uma tríade superior. A tríade inferior compõe-se das seguintes notas: 1) coisas sensíveis, 2) figuras geométricas e 3) números da Matemática. A tríade superior compõe-se também de três notas: 1) Números matemáticos tomados como leis eternas, 2) as formas inteligíveis e 3) o princípio supremo.

A dialéctica, tomado nos moldes de Hegel de tese, antítese e síntese é também um método porque ele conduz a conhecimentos novos embora estes já estejam contidos nas teses ou nas premissas.

Não há apenas o método lógico e dialéctico que, muita das vezes, tem sido confundidos como sendo o mesmo, mormente pelos marxistas, que confundem lógica com dialéctica. A dialéctica é a lógica da existência, uma lógica dual, porque existir é opor-se como diria Mário. Enquanto isso, a lógica tomada discursivamente ou seja como um tipo de raciocínio porque ela é um tipo de raciocínio se coloca acima da dialéctica que a estabelece porque a dialéctica lida com as coisas, com a existência. De modo que descartada a dialéctica como fundamento lógico, toda lógica redunda num flatus vocis, ou seja, a semelhança de Guilherme de Ockham e a Escola de Filosofia Analítica, você deixa de fazer a lógica das coisas e passa a fazer a lógica dos sinais, que é uma fusão de nominalismo com conceptualismo.

Na sua teoria dos quatro discursos, Olavo fala dos discursos 1) poético, 2) retórico, 3) dialéctico e 4) lógico. De acordo com aquilo que dissemos anteriormente, Cristo se identifica como o caminho e vimos que esse caminho é o logos e que do logos temos lógica.  

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