quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Política

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O fim da política pode ser visto idealmente como a busca do bem comum (Aristóteles) mas também pode ser visto realisticamente como a busca do poder (Maquiavel).


Política vem do grego polis que quer dizer cidade. Cidade, aqui, tem sido, outrossim, interpretado como cidade estado. Neste caso, Atenas não seria apenas uma cidade mas o símbolo do estado, portanto, ela seria uma cidade-estado.

É muito fácil as pessoas confundirem estado com governo. Apesar de em algumas ocasiões algumas pessoas usarem esses termos como sinónimos eles não o são. Reconhecemos, contudo, haver uma ligação muito grande entre estado e governo pois sem estado não há governo. Todo governo é governo de um estado.

A palavra governo, em grego, é nomos que quer dizer lei, regra. Um estado pode subsistir sem um governo, contudo, ele será um estado sem lei. Um estado sem lei é um estado anárquico.

Antes de entrarmos nas formas de governo o que poderemos fazer mais adiante, importa voltarmos a tratar um pouco mais aprofundadamente acerca da política.

Vimos que a política vem de polis, em grego, que quer dizer cidade. A cidade não está apenas ligada a política. Para os gregos ela está ligada a política mas para os romanos a cidade, a civita, está ligada a civilização. Toda civilização é uma civilização citadina. Não há civilização campesina. E nisso concordam os maiores estudiosos do assunto como Oswald Spengler, etc.

Diz-se que para os gregos política era, portanto, a arte de organizar a cidade. Não negamos a sua importância. Queremos, contudo, reconhecer que outras definicoes são possíveis nessa busca por oferecer a ubiquação ontológica da política.

Não queremos entrar no mérito de cada um dos tipos de definição porque essa é uma questão que cabe a lógica. Queremos, contudo, dar uma notícia. Para Aristóteles, define-se um objecto pelas suas causas. Ora, para o estagirita quatro são as causas de um ente, a saber:

1)  Causa eficiente

2)  Causa formal

3)  Causa material

4)  Causa final

Importa, contudo, esclarecer que essas causas podem dividir-se em causas emergentes e predisponentes. Vamos, entretanto, primeiramente abrir um parêntese e esclarecer que nem todos os entes pertencem ao mesmo contexto. Há entes que pertencem ao contexto alfa que é o contexto do ser a se. Há entes que pertencem ao contexto beta que é o contexto do ser ab alio. Há entes que pertencem ao contexto gama que é o contexto do nihil, ou seja, do nada relativo e há o contexto gama que é o contexto do nihilum, isto é, do nada absoluto.

Quando falamos das causas no sentido de Aristóteles, de que causas estamos falando? Ou seja, a que contexto pertencem tais causas? Não nos esqueçamos que Aristóteles é um empirista-racionalista. Ele parte da empíria e vai racionalizando a empíria. Portanto, as suas causas se aplicam ao mundo da empíria, o que seria dizer que elas pertencem ao contexto beta que é o contexto das coisas finitas.

Sendo assim, o ser supremo, dado que pertence ao contexto alfa não pode ser causado por nenhuma dessas quatro causas que Aristóteles apresentou mas os seres finitos podem.

A política é um ser finito. Ela tem um princípio e um fim. A política começou a ser. Ela pertence, portanto, ao contexto beta, que é o contexto das coisas finitas. Sendo assim, a política tem que ter necessariamente uma causa eficiente, uma causa formal, uma causa material e uma causa final. É por isso que falar em princípios políticos só vale como figura de linguagem porque denotativamente não passa de um flatus vocis.

A política é algo feito pelo homem. Portanto, o homem é a causa eficiente da política. Mas não qualquer homem mas sim o homem da polis, o homem civilizado, da civitas. A política tem uma forma. Geralmente fala-se em formas de governo mas podemos também tomar essas formas de governo como formas de política? Uma forma é um conjunto de notas que nos dão a proporcionalidade intrínseca de um ente. Por meio dessa lei de proporcionalidade formal intrínseca podemos distinguir política do que não é política. É por isso que falamos em sociedade política e sociedade civil porque há um logos que vão distinguir um do outro.

Bertrand Russel diz que o fim da política é o poder. Isso é assim desde Maquiavel. Porém, atribui-se a Aristóteles a crença de que o fim da política é o bem-comum. Podemos, então, dizer que a visão teleológica da política como a busca do bem-comum como uma visão idealista e a visão da política como busca do poder como uma visão realista porque os políticos não buscam o bem-comum, eles buscam poder de modo que só é bom para os políticos o que for susceptível de aumentar seu poder ou sua sensação de poder tal como dizia o bom e velho Nietzsche.

Post-scriptum:

Nos tempos modernos, o conceito de política é indissociável do conceito de poder. O que é poder? O filósofo O.d.Carvalho diz que “poder é a possibilidade concreta de acção”. Uma possibilidade concreta é aquela que não apenas não tem contradição formal intrínseca mas que não trata do poder abstractivamente, isto é, actualizando um dos seus aspectos para virtualizar os outros e vice-versa mas possibilidade concreta é aquela que actualiza todos os seus aspectos, todos os aspectos do poder. Não apenas seu aspecto ideal mas também real.

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