Muitos dizem que
o preço de uma vida de milagres é o jejum e a oração, porém, isso é negar a
obra redentora de Cristo na cruz. O preço é o sangue precioso de Cristo Jesus.
O jejum e a oração somente servem para nos tornar sensíveis a voz de Deus. Aqui
está o segredo do poder espiritual: ouvir a voz de Deus. Quando ouvimos a voz
de Deus, aquela paz que excede a todo entendimento invade a nossa alma e aí
sabemos que vamos obter tudo que pedirmos.
No evangelho segundo S.Marcos, no Cap.XVI, Jesus diz o seguinte: “…estes sinais seguira aos que crerem”. Em seguida Ele menciona os sinais: “em meu nome expulsão demónios. Em meu nome colocarão as mãos sobre os enfermos e os curarão. Etc.” A despeito dessa promessa, poucos cristãos têm visto o cumprimento dessas palavras na sua vida e na sua igreja denominacional.
Uns dizem que esses sinais não mais têm seguido os
que crêem porque o tempo dos milagres já passou. Eles dizem que os milagres
deixaram de acontecer quando os apóstolos morreram. Essas mesmas pessoas se
existissem no tempo dos apóstolos diriam o mesmo, que o tempo dos milagres
passou, que já não há mais milagres, que os milagres pararam de acontecer
quando Jesus morreu. Se estivesse vivas no tempo de Jesus também diriam o mesmo,
que os milagres pararam de acontecer quando os profetas morreram, que não há
mais milagres.
Fazendo uma regressão até o princípio da história
dos milagres vamos acabar descobrindo que esse indivíduo não crê no milagre,
nem no milagre passado, nem no milagre presente, nem no milagre futuro. Se
alguém não crê no milagre passado como pode crer no milagre presente. Se alguém
não crê nos milagres de Moisés como pode crer nos de Cristo? Se não crê nos de
Cristo como pode crer nos dos apóstolos? Se não crê no dos apóstolos como podem
crer nos dos outros?
Malgrado haja muitos que se têm mostrado incrédulos
quanto a ocorrência dos milagres, hodiernamente, não se pode negar que há
muitos outros que se têm mostrado crédulos. Se há aqueles que negam a
possibilidade do milagre há aqueles que a aceitam, que a afirmam.
Não obstante, há muitos milagres que têm ocorrido no
mundo no tempo depois dos apóstolos. Mesmo nesta era em que nos temos
encontrado há registos de muitos milagres que têm ocorrido quer no meio
católico, quer no meio protestante e até mesmo fora desses meios. Negar isso é contradizer-se
porque há mais relatos acerca dos milagres no mundo do que tudo quanto se
escreveu contra a ocorrência de milagres.
Os que negam a ocorrência de milagres só revelam que
nada sabem acerca da história dos milagres. Eles negam os milagres por ignorância,
se bem que pode haver quem os negue por malícia.
Neste artigo, não queremos discutir sobre o que é o
milagre, nem se ele viola ou não as leis da natureza. Essa é uma discussão para
um outro artigo. O que queremos fazer neste artigo é lidar com aqueles que
crêem em milagres e querem saber como ser um instrumento de Cristo para operar
milagres na vida dos seus irmãos na Fé e mesmo na daqueles que não têm fé
nenhuma mas que por meio dos milagres podem ser conduzidos a Cristo para a salvação
de sua almas.
Se os sinais devem seguir aqueles que crêem conforme
a promessa feita por Cristo, por quê é que nem todos os crentes tem feito
milagres? Entre os carismáticos do pentecostalismo e do neo-pentecostalismo, os
crentes que não têm na sua vida, no seu ministério “os sinais seguintes” não os
têm porque ainda não pagaram o preço. Preço? Isso soa um pouco estranho porque
sabemos que Cristo pagou o preço da nossa redenção e esse preço não foram
coisas corruptíveis como ouro e prata, ou seja, dinheiro, mas o sangue de
Cristo.
Se Cristo verteu seu precioso sangue para que
fossemos redimidos do pecado e de todas as suas consequências, que preço temos
que pagar? Dizem: esse preço é o jejum e a oração.
Na verdade, não se trata de preço porque o preço é o
sangue de Cristo. Caso contrário, a nossa redenção das doenças, problemas
financeiros, etc., não seria uma graça divina mas uma dívida. Ou seja, teríamos
mérito em receber isso e DEUS estaria apenas cumprindo a sua obrigação, o que
não encontra procedência no Evangelho de Cristo e dos apóstolos por Ele
designados.
Entre o movimento de cura divina há muita ênfase no
jejum e oração. Dizem alguns ministros de cura divina como Ernest Angley que
sem Jejum não há milagres, não há poder de Deus na sua vida. Benny Hinn coloca
bastante ênfase na oração. Diz ele que a oração é a chave do poder espiritual.
Portanto, temos aqui duas posições, uma que defende que o jejum é a chave do
poder espiritual e outra que diz que essa chave é a oração.
Nossa posição não é nem uma nem outra. Nossa posição
é uma posição concreta. Uma posição que procura concrecionar o que há de
positivo nas duas posições e não cair no extremismo de uma ou de outra ou no
abstracionismo de uma e de outra. Não queremos e não vamos, portanto,
virtualizar uma para actualizar outra e nem virtualizar outra para actualizar
uma, de modo que vamos dizer que a nossa posição, que é uma posição positiva, é
que não há uma única chave para o poder espiritual, não há um único segredo do
poder espiritual.
Há muitas pessoas que oram por anos e não alcançam
nenhum poder. Há outras que jejuam e fazem ou fizeram até mesmo jejuns de 14
dias, 40 dias, 80 dias, mas nada alcançaram a não ser decepção e até mesmo a
morte, em alguns casos.
Para corroborar a posição do jejum como chave do
poder espiritual, os paladinos dessa posição tendem a citar o exemplo de Moisés
que jejuou por 40 dias em duas ocasiões. Eles citam o exemplo de Elias que
também jejuou 40 dias. Eles citam o exemplo de Jesus que jejuou 40 dias. Eles
citam o exemplo de S.Paulo que jejuou 3 dias e 3 noites, para além de ser um
homem dado a jejum. Eles citam o centurião Cornélio e eles citam a igreja de
Antioquia, para além de citar os reformadores e os avivalistas dos séculos pós-reforma.
Eu não nego a importância do Jejum. Porém, não é
correcto dizer que o poder que Moisés tinha era derivado do Jejum. Nós vemos Moisés
fazer sinais e maravilhas no Egipto e no mar vermelho e mesmo no deserto muito
antes dele fazer seus jejuns de 40 dias. Vemos Elias fechar o céu para que não
chovesse e ser alimentado por corvos e por um anjo, fazer cair fogo do céu
antes dele fazer seu jejum de 40 dias. Não há registo na Bíblia de que Pedro,
Tiago e João tenham jejuado alguma vez, porém, foi S.Pedro que inaugurou na
igreja o ministério de milagres, S.Pedro e S.João. Não há registo de que Estêvão
e Filipe tenham jejuado. Porém, a Bíblia diz que Deus fazia por meio deles
milagres.
Pode ver-se, então, que há dois casos na bíblia. Há
o caso daqueles que nunca jejuaram e que fizeram sinais e maravilhas no nome do
SENHOR e há aqueles que jejuaram e fizeram sinais e maravilhas. Ora, isso só
mostra que o segredo não é nem um nem outro, tanto é que há aqueles oram e
jejuam e nada alcançam.
Porém, quando se examina, quando se perscruta a vida
daqueles que tiveram os ministérios mais poderosos na história, não apenas do
cristianismo, mas também do judaísmo, vemos que todos eles, sem excepção,
somente começaram a fazer sinais e maravilhas depois que ouviram a voz de Deus
dizendo que eles tinham que ir e fazer isso porque Deus era com eles para
garantir que não falhariam.
Isso é tão importante e veio a mim como uma revelação.
Ou seja, o segredo do poder espiritual não é nem jejum nem oração mas a palavra
de Deus. Quando ouvimos a palavra de Deus recebemos poder. Jesus enviou seus 12
discípulos dizendo: curai os enfermos, limpais os leprosos, ressuscitai os
mortos. Mateus, narrando isto, disse que Jesus lhes deu poder.
Quando Deus diz: curai os enfermos, ele não está
apenas dando um mandamento, ele está dando poder. Branham ouviu essa voz
naquela caverna quando seu anjo apareceu para ele. Oral Roberts ouviu essa voz.
A.A.Allen ouviu essa voz. T.L.Osborn ouviu essa voz. T.B.Joshua ouviu essa voz.
David Owuor ouviu essa voz e assim por diante, sem falar de Moisés, Elias e
todos os profetas do Antigo Testamento.
Se você me perguntar: então, o jejum e a oração não
têm valor? Não foi isso que eu disse. O jejum e a oração são exercícios espirituais
muito importantes. Porém, eles só são importantes como meios para abrir seu
canal de comunicação com Deus, ou seja como meios para aumentar a sua
sensibilidade para você ouvir a voz de Deus. Se a oração não for para isso, ela
é um desperdício de tempo, de modo que quando você orar, ore até ouvir a voz de
Deus. Quando você jejuar, jejue até ouvir a voz de Deus. Quando você ler a
bíblia, leia-a até ouvir a voz de Deus. Quando você cantar seus louvores, cante
até ouvir a sua voz.
Ouvir a voz de Deus é tudo que precisamos para
termos uma vida de milagres. Querer ouvir a voz de Deus devia nos lançar em
desespero. Depois que Adão e Eva foram expulsos do paraíso eles pararam de
ouvir a voz de Deus e quando isso acontece o homem só pode contar com suas
próprias forças, com a luz natural da sua razão e aí ele sofre bastante. Porém,
quando ouvimos a voz, quando ouvirmos a sua voz sentiremos o que Moisés sentiu,
o que os profetas e os apóstolos sentiram, i.e., aquela paz que excede a todo
entendimento na hora das dificuldades e dureza da vida pois saberemos que Deus
nunca nos deixará nem nos desamparará mas que ele fará com que tudo seja
possível.
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