Queremos, neste artigo, examinar os vários tipos de
cura que estão registados no Novo, aliás, no Antigo Testamento e podemos também
em algum momento fazer referência a aquelas curas que ocorreram no N.T porque
não há uma diferença entre o Antigo e o Novo Testamento. Os dois testamentos,
na verdade, se complementam. Sem um Antigo Testamento não teríamos um Novo
Testamento. S.Paulo, Apóstolo, que por muitos é considerado o fundador do
cristianismo, se bem que o fundador dessa religião, uma “religião do Homem”
como diz Mário Ferreira dos Santos, seja Cristo, não negar valor ao A.T., antes
pelo contrário, diz que todo A.T., a época conhecido como escritura, é divinamente
inspirada.
Comecemos, então, por examinar o conceito cura. O
conceito de cura, ou seja, o esquema mental que fazemos de cura é o seguinte:
primeiro temos que reconhecer que cura não é como uma cadeira, um pedaço de
pão, uma gota de água, etc. Onde é que reside a diferença? A diferença é que
uma gota de água, como no exemplo que demos, ou um pedaço de pão, são entes
reais, são objectos da nossa experiência mas a cura é um ente de razão. Nunca
ninguém viu a cura. Não podemos dizer que lá vai a cura, que temos 2kgs de
cura, um metro quadrado de cura, etc., porque a cura não tem extensidade, ela
apenas tem intensidade.
O conceito de alguma coisa é a representação mental
de um objecto mas nem todo objecto que é objecto de representação mental da
nossa mente tem existência real, contudo, não ter uma existência real não
significa que todos os objectos ou seja todos os entes de razão são entes
ficcionais, que têm existência apenas no espírito humano. De modo nenhum.
Embora a cura não seja um ente real o conceito que fazemos de cura tem um fundamento in re porque todos já
experimentamos os efeitos da cura em nossos próprios corpos.
A palavra cura significa cuidado, de modo que curar
é cuidar. Isso, não podemos confundir com outros termos que a ele se assemelham.
Quando as pessoas dizem que elas foram curadas como sinónimo de que elas
receberam saúde, estão enganadas. Curar é apenas cuidar. Dar saúde é uma outra
coisa. Um indivíduo pode ser curado, cuidado, mas não ter saúde. Isso tem
gerado uma grande confusão na mente de algumas pessoas que, por exemplo, vão
pedir oração e depois desta ouvem dizer que elas estão curadas quando, na
verdade, elas sentem em seus corpos ainda actuar os sintomas da sua doença.
Essa pessoa foi curada mas a ela não foi dada saúde.
A cura é um caminho para a saúde.
Há um tipo de cura que provê saúde instantânea para
o doente mas há curas que produzem saúde de forma gradual ao doente. Isso tem que
ficar bem claro para que possa ser bem entendido e evitarmos as confusões que
geralmente são suscitadas sem fundamento plausível que as sustente.
Cristo disse em Marcos XVI: “colocarão as mãos sobre
os enfermos e os curarão”. Em Actos dos Apóstolos, depois que S.Paulo escapou
do naufrágio foi visitar o pai de Públio, o governador da Ilha de Malta. A Bíblia
diz que depois de orar por aquele homem enfermo, Paulo impôs as mãos sobre ele
e o curou. Curar é cuidar.
No A.T. temos a cura de Miriam, irmã de Moisés, que
por ter murmurado contra o profeta foi atingida por uma lepra. Podemos ver aqui
que as nossas palavras podem ser motivos de doença, ou seja, as más palavras
que saem da nossa alma, da nossa mente. Portanto, mais uma vez, vemos a grande
validade daquele aforisma que diz o seguinte: “mente sã, corpo são”.
Purifiquemos, pois, as nossas mentes de todo lixo que as possam contaminar. As
palavras que saem de nossos lábios são um medidor do estado da nossa mente e do
nosso intelecto.
Temos o caso dos israelitas que murmuraram contra Moisés,
o que fez infestar o seu arraial de víboras. O método de cura que Deus
providenciou foi uma serpente dependurada numa haste metálica como vemos nas
farmácias. É Asclépio, o deus da medicina. Então, uma serpente levantada numa haste
é símbolo de saúde. Tudo que os israelitas tinham que fazer era apenasmente
olhar para aquela serpente. Quem olhou foi curado e quem não olhou pereceu.
Cristo atribuiu a si esse símbolo ao dizer que assim como Moisés levantou a
serpente no deserto, assim Ele, Cristo, seria levantado e a todos atrairia para
si. Isso tem gerado muita confusão ao ponto de as pessoas dizerem que assim
como aquela serpente hasteada é uma representação de Cristo crucificado, logo,
a serpente do Éden é Cristo, o verdadeiro Cristo, o verdadeiro filho de Deus,
etc. Nós, porém, não aceitamos essa interpretação ocultista que vem da
maçonaria (cf. Albert Pike, Moral and Dogmas) e outras organizações esotéricas,
que para nada mais servem senão para lançar confusão naquelas mentes
cambaleantes que, de algum modo, precisam ser protegidas de certas influências
nefastas até que atinjam um certo nível de maturidade que lhes permita
enfrentar esses perigos sem nenhum temor de deixar-se influenciar ou dominar
por eles.
Cristo é a segunda pessoa da trindade, tendo, no
entanto, ou sendo, no entanto, da mesma natureza que as outras duas pessoas. Os
escolásticos diziam que a trindade, ou seja, eles interpretavam a trindade da
seguinte maneira: o pai simbolizava a vontade divina, o filho o entendimento
divino e o Espírito Santo, o amor, de modo que, aquela serpente era símbolo de
entendimento, de razão, de inteligência. Não nos esqueçamos que no livro de Génesis
está escrito que a serpente era a mais astuta de todas as alimárias do campo. Importa,
contudo, dizer que a esperteza não é inteligência mas uma caricatura da
inteligência. E a mesma serpente está ligada ao pecado original que foi o comer
do fruto da árvore da ciência, ou do conhecimento, do bem e do mal, o que leva
alguns a dizer que a serpente é que é a árvore do conhecimento ou da ciência do
bem e do mal.
Olhar para a serpente ou para Cristo é olhar para a
inteligência, para o entendimento, para a razão. Olhar é uma figura de
linguagem para significar a atitude de contemplação que temos que ter ante o
entendimento supremo, ante a sabedoria suprema, que é a matesis dos pitagóricos. Contemplar não significa o que muitos têm
imaginado como significando meditar ou qualquer coisa parecida. Meditar é uma
coisa, contemplar é outra.
O termo contemplação, contemplatio, vem de teoria que era um filão de flores que unia os
devotos gregos quando estes estavam diante do tempo de sua ou suas divindades,
de modo que teoria é aquela actividade do espírito humano que procura
conexionar todos os dados dos sentidos que nos aparece aos sentidos como
pedaços soltos num todo unificado. É a isso que se chama contemplação. Essa
busca pelos nexos causais nas ciências naturais ou conexões de sentido nas
ciências culturais. E isso é saúde para os nossos corpos.
Um outro método é que as pessoas colocavam vinho e
azeite nas feridas. Na Bíblia, na simbologia bíblica, o vinho simboliza o
sangue de Cristo e o azeite simboliza o Espírito Santo. Já vimos que o Espírito
Santo é o amor, a caridade, e Cristo o entendimento. Mais uma vez, o amor e o
entendimento não somente curam mas também dão saúde.
Vemos também no Novo Testamento, aquela mulher
hemorrágica há doze anos dizer consigo mesma: “se eu tão somente tocar na orla
das suas vestes ficarei curada”. Ela tocou nas orlas da veste de Cristo e ficou
curada. Muitos tocaram nas vestes de Cristo naquele dia como relatam os textos
evangélicos, porém, somente aquela mulher ficou curada. Jesus é o entendimento
divino, a inteligência suprema. O que reveste esse entendimento, ou seja, o que
reveste o entendimento? Resposta: a nossa imaginatio,
a nossa imaginação. A imaginação encobre o entendimento. Para sermos curados só
precisamos de tocar no entendimento. E entendimento é Cristo.
A atitude daquela mulher é um grande exemplo para
nós que nos dias actuais temos sido afligidos por muitos males. Muitos têm
gasto milhões para recuperar a sua saúde ou resolver algum outro problema mas
têm falhado miseravelmente. Sigamos o exemplo dessa mulher.
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