segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Cura e Saúde


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Não devemos confundir cura com saúde. O termo curar quer dizer cuidar e saúde tal como definido por Claude Bernard é o bom funcionamento dos órgãos, tecidos e fibras. Assim, a cura é apenas um caminho para a saúde e a saúde é o produto da cura, ou seja dos cuidados médicos, sacerdotais, etc.  


Queremos, neste artigo, examinar os vários tipos de cura que estão registados no Novo, aliás, no Antigo Testamento e podemos também em algum momento fazer referência a aquelas curas que ocorreram no N.T porque não há uma diferença entre o Antigo e o Novo Testamento. Os dois testamentos, na verdade, se complementam. Sem um Antigo Testamento não teríamos um Novo Testamento. S.Paulo, Apóstolo, que por muitos é considerado o fundador do cristianismo, se bem que o fundador dessa religião, uma “religião do Homem” como diz Mário Ferreira dos Santos, seja Cristo, não negar valor ao A.T., antes pelo contrário, diz que todo A.T., a época conhecido como escritura, é divinamente inspirada.

Comecemos, então, por examinar o conceito cura. O conceito de cura, ou seja, o esquema mental que fazemos de cura é o seguinte: primeiro temos que reconhecer que cura não é como uma cadeira, um pedaço de pão, uma gota de água, etc. Onde é que reside a diferença? A diferença é que uma gota de água, como no exemplo que demos, ou um pedaço de pão, são entes reais, são objectos da nossa experiência mas a cura é um ente de razão. Nunca ninguém viu a cura. Não podemos dizer que lá vai a cura, que temos 2kgs de cura, um metro quadrado de cura, etc., porque a cura não tem extensidade, ela apenas tem intensidade.

O conceito de alguma coisa é a representação mental de um objecto mas nem todo objecto que é objecto de representação mental da nossa mente tem existência real, contudo, não ter uma existência real não significa que todos os objectos ou seja todos os entes de razão são entes ficcionais, que têm existência apenas no espírito humano. De modo nenhum. Embora a cura não seja um ente real o conceito que fazemos de cura tem um fundamento in re porque todos já experimentamos os efeitos da cura em nossos próprios corpos.

A palavra cura significa cuidado, de modo que curar é cuidar. Isso, não podemos confundir com outros termos que a ele se assemelham. Quando as pessoas dizem que elas foram curadas como sinónimo de que elas receberam saúde, estão enganadas. Curar é apenas cuidar. Dar saúde é uma outra coisa. Um indivíduo pode ser curado, cuidado, mas não ter saúde. Isso tem gerado uma grande confusão na mente de algumas pessoas que, por exemplo, vão pedir oração e depois desta ouvem dizer que elas estão curadas quando, na verdade, elas sentem em seus corpos ainda actuar os sintomas da sua doença. Essa pessoa foi curada mas a ela não foi dada saúde.

A cura é um caminho para a saúde.

Há um tipo de cura que provê saúde instantânea para o doente mas há curas que produzem saúde de forma gradual ao doente. Isso tem que ficar bem claro para que possa ser bem entendido e evitarmos as confusões que geralmente são suscitadas sem fundamento plausível que as sustente.

Cristo disse em Marcos XVI: “colocarão as mãos sobre os enfermos e os curarão”. Em Actos dos Apóstolos, depois que S.Paulo escapou do naufrágio foi visitar o pai de Públio, o governador da Ilha de Malta. A Bíblia diz que depois de orar por aquele homem enfermo, Paulo impôs as mãos sobre ele e o curou. Curar é cuidar.

No A.T. temos a cura de Miriam, irmã de Moisés, que por ter murmurado contra o profeta foi atingida por uma lepra. Podemos ver aqui que as nossas palavras podem ser motivos de doença, ou seja, as más palavras que saem da nossa alma, da nossa mente. Portanto, mais uma vez, vemos a grande validade daquele aforisma que diz o seguinte: “mente sã, corpo são”. Purifiquemos, pois, as nossas mentes de todo lixo que as possam contaminar. As palavras que saem de nossos lábios são um medidor do estado da nossa mente e do nosso intelecto.

Temos o caso dos israelitas que murmuraram contra Moisés, o que fez infestar o seu arraial de víboras. O método de cura que Deus providenciou foi uma serpente dependurada numa haste metálica como vemos nas farmácias. É Asclépio, o deus da medicina. Então, uma serpente levantada numa haste é símbolo de saúde. Tudo que os israelitas tinham que fazer era apenasmente olhar para aquela serpente. Quem olhou foi curado e quem não olhou pereceu. Cristo atribuiu a si esse símbolo ao dizer que assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim Ele, Cristo, seria levantado e a todos atrairia para si. Isso tem gerado muita confusão ao ponto de as pessoas dizerem que assim como aquela serpente hasteada é uma representação de Cristo crucificado, logo, a serpente do Éden é Cristo, o verdadeiro Cristo, o verdadeiro filho de Deus, etc. Nós, porém, não aceitamos essa interpretação ocultista que vem da maçonaria (cf. Albert Pike, Moral and Dogmas) e outras organizações esotéricas, que para nada mais servem senão para lançar confusão naquelas mentes cambaleantes que, de algum modo, precisam ser protegidas de certas influências nefastas até que atinjam um certo nível de maturidade que lhes permita enfrentar esses perigos sem nenhum temor de deixar-se influenciar ou dominar por eles.

Cristo é a segunda pessoa da trindade, tendo, no entanto, ou sendo, no entanto, da mesma natureza que as outras duas pessoas. Os escolásticos diziam que a trindade, ou seja, eles interpretavam a trindade da seguinte maneira: o pai simbolizava a vontade divina, o filho o entendimento divino e o Espírito Santo, o amor, de modo que, aquela serpente era símbolo de entendimento, de razão, de inteligência. Não nos esqueçamos que no livro de Génesis está escrito que a serpente era a mais astuta de todas as alimárias do campo. Importa, contudo, dizer que a esperteza não é inteligência mas uma caricatura da inteligência. E a mesma serpente está ligada ao pecado original que foi o comer do fruto da árvore da ciência, ou do conhecimento, do bem e do mal, o que leva alguns a dizer que a serpente é que é a árvore do conhecimento ou da ciência do bem e do mal.

Olhar para a serpente ou para Cristo é olhar para a inteligência, para o entendimento, para a razão. Olhar é uma figura de linguagem para significar a atitude de contemplação que temos que ter ante o entendimento supremo, ante a sabedoria suprema, que é a matesis dos pitagóricos. Contemplar não significa o que muitos têm imaginado como significando meditar ou qualquer coisa parecida. Meditar é uma coisa, contemplar é outra.

O termo contemplação, contemplatio, vem de teoria que era um filão de flores que unia os devotos gregos quando estes estavam diante do tempo de sua ou suas divindades, de modo que teoria é aquela actividade do espírito humano que procura conexionar todos os dados dos sentidos que nos aparece aos sentidos como pedaços soltos num todo unificado. É a isso que se chama contemplação. Essa busca pelos nexos causais nas ciências naturais ou conexões de sentido nas ciências culturais. E isso é saúde para os nossos corpos.

Um outro método é que as pessoas colocavam vinho e azeite nas feridas. Na Bíblia, na simbologia bíblica, o vinho simboliza o sangue de Cristo e o azeite simboliza o Espírito Santo. Já vimos que o Espírito Santo é o amor, a caridade, e Cristo o entendimento. Mais uma vez, o amor e o entendimento não somente curam mas também dão saúde.

Vemos também no Novo Testamento, aquela mulher hemorrágica há doze anos dizer consigo mesma: “se eu tão somente tocar na orla das suas vestes ficarei curada”. Ela tocou nas orlas da veste de Cristo e ficou curada. Muitos tocaram nas vestes de Cristo naquele dia como relatam os textos evangélicos, porém, somente aquela mulher ficou curada. Jesus é o entendimento divino, a inteligência suprema. O que reveste esse entendimento, ou seja, o que reveste o entendimento? Resposta: a nossa imaginatio, a nossa imaginação. A imaginação encobre o entendimento. Para sermos curados só precisamos de tocar no entendimento. E entendimento é Cristo.

A atitude daquela mulher é um grande exemplo para nós que nos dias actuais temos sido afligidos por muitos males. Muitos têm gasto milhões para recuperar a sua saúde ou resolver algum outro problema mas têm falhado miseravelmente. Sigamos o exemplo dessa mulher. 

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