A negritude e o panafricanismo defendem a unidade
dos negros: unidade cultural e unidade política. Só se pode unir as culturas
tomando o que delas há de semelhante e rejeitando o que nelas há de diferente. Como
é que se fará essa unidade? Se fará uma unidade transcendental ou uma unidade
imanente? Uma unidade transcendental requer identificar em cada cultura o que
nelas há de universal. Se for impossível unificar as culturas por cima, a única
coisa que sobra é unificá-las por baixo.
Na filosofia, as principais correntes se destacam e
são a negritude e o panafricanismo.
Devemos ter o cuidado de não confundir uma coisa com
outra.
A negritude é um movimento cultural enquanto o
panafricanismo é um movimento político.
A negritude foi criado por Aimé César. A obra que
esteve na génese desse movimento é o “cahier d´un retour au pay natale”.
A negritude defende a unidade dos negros. O
panafricanismo defende a unidade dos negros. Só que um defende a unidade
cultural e outro a unidade política.
Cultura tal como definida por Olavo de Carvalho é um
sistema de valores em torno do qual um povo constrói seu imaginário colectivo.
Unificar ou seja alcançar a unidade cultura num continente
eivado de uma diversidade, de uma multiplicidade cultural é um desafio tão
grande que não pode ser realizado por um único homem e muito menos num espaço
curto de tempo.
Só se pode unir as culturas tomando o que delas há
de semelhante e rejeitando o que nelas há de diferente. Agora, imaginemos que
seja possível fazer essa unidade cultural o que eu não nego, como é que ela
será feita?
Se fará uma unidade transcendental ou uma unidade
imanente? Uma unidade transcendental requer identificar em cada cultura o que
nelas há de universal. Sem a presença ou a adsência de um elemento que, estando
na cultura, seja superior a cultura nenhuma unidade transcendental pode se dar
nas culturas. Neste caso, uma vez dada a impossibilidade de unificar as
culturas por cima a única coisa que sobra é unificá-las por baixo mas não baixo
no sentido pejorativo ou depreciativo mas baixo no sentido daquilo que está por
baixo de cada cultura, aquilo que sub
esta a cada cultura, ou seja aquilo que é imanente a cada uma delas.
Uma unificação por meio da articulação daquilo que é
imanente a cada cultura significaria uma tentativa de unificar os
dissemelhantes. Ora, unificar os diferentes é você construir um monstro, um Frankenstein.
É você tentar construir uma super cultura feita de retalhos e aí você terá uma
colcha de retalho com o nome de cultura.
Ou seja, uma cultura não surge porque sim. Ninguém
pode criar uma cultura da noite para o dia. A cultura não é um produto
individual. Ela é um produto colectivo. Portanto, ela surge amoldada ao
interesse colectivo mas não ao interesse individual. Isso contudo não significa
que para o indivíduo a cultura seja algo estranho.
Embora a cultura seja um produto colectivo, cada um
de nós pode personalizar a cultura a qual ele pertence. Como? Amoldando a
cultura as suas necessidades axiológicas individuais. O homem pode fazer isso
porque ele tem um nous, um espírito.
E esse nous, esse espírito é
criador. O homem pode criar. E é esse acto criador é que chamamos de poesia. O
homem é um poeta.
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